Continuamos caminhando até nos deitarmos na areia e ficarmos observando as estrelas.

— Então, "garota desconhecida". — eu digo e sinto a mesma rir ao meu lado. — O que aconteceu lá na festa? — pergunto e me viro encarando a garota ao meu lado, ela acompanha meu movimento fazendo com que ficássemos cara a cara.

— Eu briguei com meu pai. — seu olhar fica triste e ela olha para a areia que havia entre nós. — Eu briguei muito feio com ele, e depois recebi uma mensagem de Rue dizendo que haveria uma festa na casa de Mitch, e eu disse: por que não? — ela diz se embolando um pouco nas palavras. — Mas como a casa de Mitch é longe da minha, decidi pedir para o cara que fez isso comigo me levar. Ele não brigaria comigo, ele sabe o quanto é difícil minha relação com meu pai. Então eu fui até ele chorando para ele me levar até a festa para pelo menos, poder me distrair um pouco dos problemas com meu pai. — ela diz e logo percebo que lágrimas começam a escorrer pelo seu rosto molhando o mesmo enquanto borrava a maquiagem que havia ali. — Então ele me deu uma água com açúcar para me acalmar e me trouxe para a festa. Eu não lembro de muito coisa, só me lembro que entrei na festa e bebi um pouco, e quando percebi, ele estava parado lá me olhando. Ele foi em direção ao quintal, e fui atrás do mesmo. E lá e-ele- — ela tenta dizer mas começa a gaguejar tentando controlar as lágrimas. — Ele tentou fazer coisas comigo, Harry. Coisas ruins. Eu me lembro de falar para que ele parasse o que ele estava fazendo. Mas ele não parava. Ele simplesmente ignorava tudo que eu dizia. E eu não conseguia me mexer, meu corpo estava mole. Eu não sei se era por conta de alguma bebida que tomei ou algo do tipo. Mas eu só sentia e ainda sinto um pouco meu corpo sonolento. E você o que fez com que você fosse aquela festa? Ou você vai me dizer que você foi porque queria se divertir, porque sua cara me diz o contrário. — a morena finaliza olhando diretamente nos meus olhos.

— Meu Deus, nós temos que denunciar essa cara, ele literalmente te drogou e tentou te estuprar. — digo isso e percebo que minha voz sai mais alto do que eu esperava, mas eu não ignoro.

Que tipo de ser humano faz isso?

Minha indignação era notável e minha única vontade agora era de meter a porrada nesse cara e proteger a garota que eu conhecia a apenas algumas horas.

— Você acha mesmo que a polícia iria acreditar em dois adolescentes chapados, Harry? — ela pergunta sarcástica e percebo que seu olhar triste em mim. — Agora me conta sua história. — ela se senta e limpa as lágrimas que escorriam pelo seu rosto.

— A minha mãe... ela se matou. —digo em um sussurro mas  sei que a garota ouviu, e logo sento na areia, ficando ao seu lado. Meus olhos automaticamente encaram o céu escuro, onde poucos pontinhos brancos brilhavam. — Ninguém sabe o porquê, ou quando isso aconteceu. Só sei que cheguei em casa, e percebi que o lugar estava mais silencioso que o normal, então decidi subir e verificar os quartos para ver se tinha alguém em casa. — meu olhar se volta para a morena que me encarava com uma expressão triste. Sinto meus olhos arderem e logo sinto as malditas lágrimas  quererem cair sobre meu rosto, respirei fundo antes de retornar a falar, sentindo minha garganta se fechando a cada palavra que eu falava. — E então, abri a porta do quarto dela e vi... o corpo dela em cima da sua cama e vários frascos de remédios vazios espalhadas na mesma. Eu só me lembro que comecei a gritar alto, tão alto que os vizinhos escutaram. Eles chamaram a ambulância, mas era tarde demais... Eu fico imaginando, o porquê de ela fazer isso? Por que Deus coloca as pessoas no mundo para sofrer ao ponto de cometer um ato desses? Eu espero que ela tenha encontrado sua paz, e que seja feliz aonde quer ela esteja. Eu só queria ela ao meu lado, mas se ela fez isso, talvez ela sabia que não havia mais esperanças nesse mundo. — digo secando as lágrimas dos meus olhos.

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