Capítulo quatro

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Noah narrando:

Neste final de tarde, paira sobre Londres um frio de rachar, sinal de que um inverno nada gentil que se aproxima. A primavera está indo-se embora e deixa para trás um rastro de folhas secas sem fim. São redemoinhos delas, esvoaçando pelo chão do estacionamento da empresa e aterrissando em poças de água.

-Bem._Louis olha para mim, enquanto caminhamos debaixo do seu guarda-chuva verde-musgo. Seus olhos se arregalam com espanto e interesse.-Que história maluca._meu amigo diz, em completo tom de deboche.

-Não brinque._repreendo, passando as mãos em meu rosto congelado.

-Não estou brincando._reviro meus olhos.-Isto tudo é mesmo muito maluco, mas nesta história, eu estou do seu lado.

-Lá vêm você com essa idiotice de "história"._paramos ao lado do meu carro. Enquanto eu abro a porta, Louis muda o ângulo do guarda-chuva e continua a abrigar os dois, embora ainda entre água em meu carro.-Não há qualquer história.

-O que vocês tiveram foi breve, mas foi uma história._respiro fundo, evitando não perder a paciência com meu amigo.-Você está em fase de negação, eu compreendo.

-Impressionante, você tem sempre uma merda na ponta da língua para me dizer._abano a cabeça estupefato e entro no meu carro, atirando minha maleta sobre o outro assento.-Você é demais.

-É nítido que ver ela mexeu com você.

Mas ele tinha enlouquecido, só pode.

-Louis, está chovendo pra caramba, já reparou? Tem água entrando no meu carro!

-Está bem. Hoje vez você escapa, mas amanhā vou torturá-lo até você confessar a verdade.

-Não há nenhuma verdade a ser dita.

-Claro que há.

De repente, sua determinação férrea me fez rir ironicamente. Eu não conheço outra pessoa tão perseverante quanto Louis. Ele é um osso duro de roer, um pé no saco.

-Vá à merda.

Meu amigo sorri, encolhe os ombros e recua. Fecho a porta, dizendo-lhe adeus com a mão, e estendo um braço para enfiar a chave na ignição. Suspiro pausadamente e, após alguns minutos, arranco com o carro, vendo de relance meu amigo entrar em seu veículo.

Quase uma hora depois, consigo chegar em meu apartamento e trato de procurar um lugar para estacionar.

Ativo o alarme do meu carro e saio do mesmo, ouvindo o barulho alto da chuva ecoando por todo estacionamento.

Felizmente, eu não moro tão longe de onde trabalho, o que acaba facilitando minha vida. O One Hyde Park residencial está implantado de frente para o Hyde Park, no coração do distrito de Knightsbridge, uma das áreas mais nobres e caras de Londres.

Pego o elevador e minutos depois chego em meu andar. Abro a porta do meu apartamento, empurrando-a e entrando no ambiente.

Este possui dois mil setecentos e oitenta metros quadrados. Apesar de achar este cobertura extremamente grande, gosto cada detalhe e de cada cômodo aconchegante e acolhedor.

Sigo para meu quarto, começo a me despir, preparando-me para tomar um banho, enquanto o dia que tive volta a assombrar-me. Meus pensamentos giram em torno daquela mulher, lembrando-me das suas atitudes ruins e pretensiosas, do seu olhar frio e cortante. Recordar-me dos seus olhos verdes claros deixa-me desconcertado e incomodado, o que é insuportável.

Eu tinha me sentido atraído por ela.

Novamente.

Quem é que me vai culpar? Alina sempre foi uma mulher linda e interessante, qualquer homem ou mulher fantasiaria com ela.

Apenas diga que me amaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora