Capítulo 18 - Assustando

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— Deve ser teu cheiro, você está usando tudo que é da Ana nos últimos dias. - Jack deu de ombros, tirando o casaco. 
— Não o perfume, juro. - Leila garantiu - Será que alguém esteve aqui?
— Claro que não, a casa fica trancada o dia inteiro, você sabe. E a portaria do condomínio, teria nos avisado sobre alguma visita. Aliás, sem estarmos em casa, nem deixam entrar. Além do mais, o perfume da Anastasia é caro e muito raro. 
— Então como explica esse maldito cheiro aqui Jack?! 
— Você deve ter derrubado algum perfume dela, é isso. - Foi até a penteadeira - Não disse? Tem um frasco caído e sem tampa aqui. 
— Mas eu não mexi nisso, Jack.
— Você deve ter esbarrado enquanto se arrumava hoje cedo, gatinha. 
— ESTÁ SURDO? EU DISSE QUE NÃO MEXI, NEM ESBARREI EM MERDA NENHUMA! - Gritou dando um soco na parede.  
— Vou relevar porque você deve estar de TPM. - Jack revirou os olhos e tirou a roupa para tomar banho. 
— Eu só tô preocupada com a vidente. 
— Esquece essa droga de vidente! 
— Fácil falar né? Não foi pra você que ela rogou aquela praga infeliz! - O lembrou. 
— Vou tomar banho que ganho mais, hoje você está muito chata. - Avisou saindo de perto da amante. 

[...]

[...]

[...]

Três dias depois...

29 de outubro.

Desde o dia em que Sia lhe disse palavras de agoro, Leila estava tensa. Por mais que tentasse, não conseguia esquecer nenhuma palavra. E a proximidade do Halloween a deixava ainda mais apreensiva.
— Já entrevistei tanta gente, ninguém quer trabalhar nesta casa. Tenho certeza que tem dedo da vaca da Kate nisso mesmo. - Leila resmungou jogando o celular longe de raiva.
— É claro, ela nos acusou de assassinato aos quatro ventos, as pessoas tem medo de nós agora. E isso é péssimo, pois essa casa está podre. Você não limpa nada! 
— Jack, quando deixei de ser governanta mandei para aquele lugar a ideia de voltar aos fazeres domésticos! Não vou lavar um copo nunca mais na vida, entendeu? - Cruzou os braços. 
— E a casa vai ficar imunda assim? - O loiro questionou olhando ao seu redor. 
— Se está tão incomodado com isso, vá e limpe gatinho. 
— Você é muito folgada mesmo, até a Anastasia que era podre de rica limpava essa casa, enquanto armávamos o lance de enlouquecê-la. 
— Está me comparando a ela, Jack?!
— Nem se eu pudesse, conseguiria. - O jovem respondeu pondo seu terno, pegando sua maleta e saindo de casa. 
— Ué, o que ele quis dizer com isso? - Leila perguntou-se coçando a cabeça - Que não estou a altura da vaca da Anastasia?! 
~*~
Enquanto Leila não estava conseguindo viver bons dias, Anastasia estava se divertindo e muito no quartinho da empregada. A cada briga de Jack e Leila, um sorriso largo surgia em seu rosto. Apesar disso, não estava se sentindo nada satisfeita. 
Aquilo para ela, era só o começo. 
— Ana, você já conseguiu gravar os dois confessando o que fizeram com você? - Kate perguntou durante um telefonema.
— Sim, eles já falaram sobre o assunto várias vezes, com todas as letras. Já tenho as provas de que armaram pra me colocar no manicômio. - A jovem respondeu enquanto assistia o que rolava na mansão através das câmeras.
— Então... O que ainda faz aí dentro?
— Você sabe, quero dar o troco naqueles desgraçados. 
— O troco perfeito é coloca-los na cadeia. Não acha?
— Não Kate, isso é muito pouco ainda. Não esqueça de fazer aquilo que te pedi ontem, okay? Beijos! - E desligou. 
~*~
Assim que Jack saiu pra jogar tênis no meio da tarde, Leila continuou tentando contratar novos funcionários para a mansão, sem obter êxito. Depois, foi tomar um longo e relaxante banho de piscina. Enquanto isso, Anastasia aproveitou para seguir com o plano. 
[...]
Quando voltou para dentro de casa no começo da noite, Leila notou que algumas luzes estavam acesas. 
— Ué... - Murmurou indo apaga-las. 
Em seguida, foi tomar banho. 
Quando saiu do banheiro, sentiu sede mas ao descer para a cozinha a fim de beber água, percebeu que a luz da sala e da cozinha estavam acesas.
De novo. 
— Ué, já tinha apagado isso aqui. - Disse para si, ficando confusa. 
Leila caminhou até a geladeira e a abriu, quando ouviu três passos. Virou-se rapidamente, mas não havia ninguém ali. 
Aparentemente.
— JACK? É VOCÊ?! - O chamou - JACK? Argh, deve ter sido impressão. - Suspirou pegando a jarra de água para tomar. 
De repente, enquanto bebia água Leila ouviu um grande barulho de algo sendo quebrado. Assustada, derrubou o copo no chão, saindo em seguida para entender a origem do barulho. 
— Como esse vaso foi cair no meio do chão da sala? - Perguntou-se engolindo em seco ao mesmo tempo em que Jack chegou em casa. 
— Boa noite, gatinha. - Falou jogando sua raquete no chão. 
— Jack, foi você que quebrou esse vaso agora?
— Lê, eu acabei de chegar. Esqueceu? Como quebraria o vaso se estava do lado de fora de casa?
— Não sei, mas esse vaso quebrou agora.
— Ah, deve ter sido o vento. - Deu de ombros, alongando os braços.
— A janela está fechada, não tem como ter sido o vento. - Analisou. 
— Então você mesma deve ter esbarrado aí sem querer.
— Impossível, estava na cozinha há segundos. Jack, tem alguma coisa errada acontecendo aqui. 
— Tem sim, você e suas paranóias. - Revirou os olhos, desamarrando o tênis - Lê, você acha que isso foi obra do quê? De fantasmas?
— Não, é que...
— Gatinha, fantasmas não existem. Nós sabemos disso, afinal, fingimos para Anastasia que eles existiam. Mas era mentira, tudo mentira, para enlouquecê-la. Não esqueça disso.  
— Eu sei Jack, mas a Anastasia está morta. MORTA! Só que esse vaso caiu e pra isso ter acontecido, alguém tem que ter derrubado ele. - Argumentou.
— Acha que tem mais alguém nessa casa?
— Acho. 
— Opa... - Ele pegou a raquete do chão - Quer saber? Pra você esquecer de vez essa bobeira vamos revistar cada canto dessa casa! Juntos! Eu e você. Okay?
— Okay. - A loira concordou. 
Jack foi a cozinha e pegou uma faca. Em seguida, ao lado de Leila foi de quarto em quarto verificar se não havia mais alguém na casa. 
Depois de revistarem alguns cômodos debaixo, só restavam poucos lugares para verificar. 
— Bem, agora só falta a área de serviço e os quartos dos empregados. - O loiro comentou abrindo um dos quartos - Argh, isso está podre. Era o quarto de quem?
— Do nosso jardineiro. - Leila espirrou por conta da poeira.
— Viu? Não tem ninguém, assim como não deve ter em nenhum outro lugar da casa. Estamos em um condomínio fechado, o que mais tem aqui é segurança. É impossível um ladrão conseguir passar pelos grandalhões da portaria.
— Eu sei - Leila cobriu o rosto entre as mãos - É que aquela vidente...
— Quer saber? Não vou ficar vasculhando quarto por quarto não. Nós vamos ligar pra portaria e perguntar se alguém veio até esta casa pra você ficar mais tranquila e pronto! - Decidiu. 
— Por quê?
— Por que tô com preguiça e me sentindo ridículo com uma raquete de tênis e uma faca de cozinha na mão. Vamos! - A puxou de volta para sala, enquanto de dentro do quartinho da governanta, Anastasia suspirava aliviada por não ter sido flagrada por eles.
— É... A sorte desta vez está ao meu lado. - Ana sussurrou sorrindo. 
[...]
— Então vocês garantem que ninguém entrou na casa? - Jack perguntou durante uma ligação a central do condomínio, no viva-voz - Certeza mesmo? Porque se eu souber que foram incompetentes, mando demitir todo mundo. Não, não precisa vir checar nada, foi só uma dúvida mesmo. Okay, boa noite - E desligou - Viu? Ninguém sequer se aproximou da mansão. - Confirmou jogando o celular no sofá. 
— Ótimo! Agora me sinto bem mais segura. - Suspirou aliviada - Vamos tomar um banho juntos pra relaxar?
— Vamos!
[...]

Duas da madrugada. 

Leila e Jack estavam dormindo, quando de repente, a loira ouviu um barulho, abrindo os olhos.
Levantou-se descalça mesmo e caminhou para fora do quarto. Em seguida, desceu as escadas até a sala de estar e do nada, a televisão da sala ligou em um canal onde estava passando um filme pesado de terror, cheio de gritos e sangue. 
— CÉUS! - Assustada, Leila levou as mãos ao peito - Tem alguém aí? - Olhou para os lados - Eu sei que tem! Quem está aí? Cadê o controle dessa maldita televisão? - Olhou para o sofá e o aparelho estava lá - Opa. - O pegou nas mãos e desligou - Pronto. JACK! JACK! - O chamou. 
— Que foi Leila? - O loiro perguntou descendo as escadas correndo. 
— A televisão ligou sozinha, do nada.
— Deve ser algum bug do sistema. 
— Jack, acho que tem alguém aqui.
— Ah, não! Eu já revistei essa cara inteira e não vou fazer de novo. Lê, para com isso. Você está insuportável já. Ninguém entrou na casa, não tem ninguém a não ser nós dois aqui dentro. Entendeu? - Perguntou segurando os braços dela e a olhando nos lados.
— Jack, você não está por trás disso. Está?
— Quê?
— Você não está armando esse circo todo para me enlouquecer e desta forma, evitar que eu consiga minha parte da herança, está?
— Não acredito que está me perguntando isso.
— Você fez isso com sua ex-mulher, por quê não faria comigo? Jack, se pensa que vai se livrar de mim fácil assim, está muito enganado.
— Para com isso, Leila. Eu jamais faria isso contigo. Se você está ficando louca é por mérito único e exclusivamente seu. Assuma de uma vez por todas e pare de me encher o saco. 
— Quero minha parte da herança da Anastasia. 
— Mas nem eu peguei a minha ainda! Tem um monte de processos antes disso, espólio, testamento. Não é tão fácil quanto você imagina não, oras! Espera... Está mesmo desconfiando de mim?
— Sinceramente? Agora desconfio até da minha sombra. - Afirmou o olhando  nos olhos. 

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Pra vocês começarem o dia bem, ta aí mais um capítulo com Jack e Leila bem lascados kkkk

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