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Setembro de 2019 – Mouwalk Univesrsity – EUA
Quando acordo, na mesma cama que jurava ter abandonado quando fui para a faculdade, ainda estou exausta.
Ouço barulhos que denunciam que meus pais já estão na cozinha fazendo o café da manhã.
Não enrolo muito na cama, logo me levanto e desço as escadas de carvalho em direção a cozinha. Mamãe tem dois pratos nas mãos, prontos para receber os ovos mexidos que meu pai está fazendo.
Agradeço mentalmente por ser ele quem está fazendo nosso café hoje.
- Bom dia, querida. – Minha mãe fala quando me vê.
- Bom dia. - Comprimento.
Atravesso o corredor e me sento a bancada alta da cozinha.
Mamãe se senta ao meu lado.
- Está tudo bem? - Ela pergunta.
Dou de ombros.
- Estou ok. - Respondo fraco.
- As primeiras semanas na faculdade não foram o que você esperava, não é? - Meu pai se vira para juntar-se a nós na bancada.
Ele me dá um sorriso tímido e passa as mãos pelo meu cabelo.
- Não. - Digo. - Mas vai melhorar.
Estamos os três na cozinha, mas o ambiente nunca pareceu tão vazio antes.
Comemos em silêncio, e acabo por perceber que a semana toda foi marcada por momentos como estes. Nós três em silêncio, sem saber como falar um com o outro.
Quem diria que alguns dias fora de casa já mudariam nossa relação.
Meus pais me amam, não tenho a menor dúvida disso. Mas sei que a vida deles foi tão difícil nos últimos dois anos quanto a minha.
Eu sabia que o sonho deles de ter uma grande família tinha sido perdida com a morte de Sky, e por alguns meses depois do acidente, o meu coma os deixou extremamente devastados.
Quando acordei, onze meses depois, meus pais fizeram questão de me colocar em uma espécie de caixa de vidro, protegida de tudo que poderia me machucar de alguma forma.
A volta para casa não foi fácil, e os boatos que rolavam pela cidade eram maldosos e cruéis, fato que me abalou tanto quanto a meus pais.
Os primeiros meses após minha recuperação foram de cuidados excessivos, e quando um ano completou pós acidente, minha vida finalmente começou a andar nos eixos.
A aprovação para a NYU, mesmo depois de um ano sem estudar, foi como um novo sopro de vida na casa. Porém, o trauma do acidente fez com que meus sonhos não pudessem ser levados a diante.
