c a p í t u l o. 17

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Agosto de 2019 – Mouwalk Univesrsity – EUA

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Agosto de 2019 – Mouwalk Univesrsity – EUA

- Você não devia ter falado sobre isso. – Antes que eu possa me conter, as palavras saem da minha boca.

Ninguém parece perceber a quem exatamente dirijo a questão, e todos me encaram em expectativa.

- Como é? - O senhor O'conell me olha, abismado.

- É pessoal. - Afirmo. - Tenho certeza de que se ela quisesse falar com você sobre isso, ela falaria.

- Eu não... - Ele parece confuso quando eu jogo as palavras sobre ele.

Não deixo que o professor termine sua sentença e me levanto para ir atrás de Fire, porém, não dou mais de quatro passos antes que uma mão puxando meu braço interrompa minha caminhada.

Sei que é Daniel antes mesmo de me virar.

- É sério que você vai atrás dela? - Ele esbraveja na minha cara - Você não percebe mesmo o que ela está fazendo com você, não é? É isso que ela faz, ela é manipuladora, é maluca!

Meu sangue ferve e seguro meu amigo pelo colarinho, afastando-o de mim.

- Nunca mais fale dela dessa forma. – Cuspo as palavras com mais raiva do que pretendia. - Você não a conhece como eu.

Sei que agora tem pessoas olhando para nós, incluindo nossos amigos.

- Você vai se arrepender de ir atrás dela. - Ele diz, como um aviso.

- E isso é problema meu. - Falo, ríspido. - Eu não sei o que você tem contra ela, mas ela foi minha melhor amiga antes mesmo de você existir na minha vida.

Isso o atinge como um soco.

- Você está cego por ela. - Ele defere.

Passo as mãos pelos cabelos, frustrado.

- Fire precisou de mim depois da morte do Sky, e sabe o que eu estava fazendo? - Pergunto – Eu estava me escondendo... – aponto um dedo em direção ao peito de Dan – com você. Por que a gente estava morrendo de medo de que a polícia batesse a nossa porta perguntando sobre a noite da formatura e a gente tivesse que contar que estávamos bêbados, chapados e...

- A GENTE NÃO MATOU ELE! - Ele grita, um urro frustrado bem do fundo da garganta.

O senhor O'conel vem até nós, colocando uma mão no ombro de cada um.

- Se acalmem rapazes, não precisamos discutir isso aqui. - Ele tenta apaziguar a situação.

Olho para o homem a minha frente com nojo.

Ao meu redor, algumas pessoas nos olham de boca aberta.

Chad, que raramente demonstra alguma emoção, parece chocado.

Tiro violentamente a mão do professor do meu ombro e corro para a porta.

Fire não deve estar longe daqui.

Caminho para fora da sala, há mais pessoas no corredor do que eu esperava. Tenho certeza que Fire não teria vindo por aqui, principalmente se ela estivesse chorando.

Talvez ela fosse direto para seu quarto, mas para isso teria que passar pelo refeitório, que também estaria cheio.

Resolvo sair do campus.

Talvez ela tenha ido para os jardins ou para a sala da Noite de Saco Cheio.

Quando chego lá, a porta pesada de vidro está trancada.

Fire está aqui a apenas uma semana, não conhece a universidade bem o suficiente para ter um esconderijo secreto.

Depois de alguns minutos passando pelos corredores do segundo andar, resolvo subir para o terceiro.

Para minha surpresa, as salas de música e dança estão vazias, aparentemente todos estão na aula da Disciplina Comunitária.

Ando devagar até a sala dos instrumentos e ao mesmo tempo em que torço para ela estar lá, tenho medo de não saber o que vou dizer quando a encontrar.

Quando adentro a sala, Fire está sentada em um canto com a cabeça apoiada nas mãos e os cotovelos nos joelhos.

Meu coração se parte em um milhão pedaços.

Ela não fala nada, mas sei que tem consciência de que eu entrei no recinto.

- Fie... – Seu apelido sai baixinho dos meus lábios, tanto que me pergunto se ela sequer me ouviu.

Ela não diz nada e ouso me aproximar um pouco mais.

Tenho medo de que qualquer passo em falso a assuste e a faça correr de mim.

- Fire. – Falo novamente, dessa vez um tom mais alto.

Ela respira pausadamente, como se estivesse reaprendendo a soltar o ar depois de ter se afogado.

Quando me olha, seus olhos estão vermelhos de tanto chorar.

Isso me assusta de uma forma que nunca achei que ninguém poderia se assustar.

Caminho até ela, com um pouco mais de pressa e urgência, e a seguro em meus braços.

A princípio acho que ela vai me afastar, que vai me empurrar e xingar.

Mas não.

Ela apenas se aconchega mais em mim.

Meus olhos pesam e lágrimas começam a cair quando menos me dou conta.

Fire soluça em meus braços, seus ombros chacoalhando conforme e seu coração bate forte perto ao meu.

Não sei quanto tempo exatamente ficamos assim, mas a cada momento em que ela cai no choro novamente, a aperto mais contra mim.

- Fie. – Chamo quando ela começa a se acalmar.

- Eu não me encaixo aqui Cas. – Ela diz, e ouço magoa em sua voz. – Nunca vão me deixar esquecer o que aconteceu, eles vão continuar falando sobre mim, seja sobre o orfanato ou o acidente. Será que eu nunca vou poder ter paz? - Seu tom é de súplica e seguro seu rosto em minhas mãos com delicadeza.

Não sei o que dizer, sei que não lido bem com esse tipo de situação.

Mas ela precisa de mim neste momento, sei que precisa.

E vou estar aqui.

Depois de tanto tempo, vou estar aqui por ela.

- Fire, eu sinto muito, muito mesmo. – E é verdade. - Se eu pudesse voltar no tempo, faria tanta coisa diferente.

Ela olha no fundo dos meus olhos enquanto digo isso, e ao mesmo tempo que essa é a melhor sensação do mundo, é a mais apavorante.

Não sei o que ela vai dizer em seguida e a imprevisibilidade me apavora.

Mas ela nada faz.

Apenas se aconchega mais em mim.

Apenas se aconchega mais em mim

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