compreensão

462 19 10
                                    

- Me deixa ir para o meu quarto por hoje, por favor? - Olhei para as minhas próprias mãos, as quais além de geladas, estavam trêmulas. - Eu só preciso ficar sozinha.

- Vamos conversar um pouco primeiro? - Ele disse simplesmente e então comecei a sentir o quente de minhas lágrimas caindo de meus olhos.

Tento conter o choro, quando noto que não consigo controlar mais se quer os soluços. Sem pensar muito, apenas saí correndo em direção do quarto sem se quer olhar para atrás ou por onde ia.

Entro sem trancar a porta, com intenção de me trancar no banheiro, mas sinto que não posso mais correr, simplesmente não consigo empurrar se quer um segundo a mais o que estou sentindo e simplesmente me deixou cair de joelhos a lateral da cama.  Cubro os ouvidos evitando a minha própria voz e meus próprios ruídos.

Tudo estava explodindo dentro de mim e não haveria nada mais o que fazer sobre isso. Minha respiração está quente e cada vez mais superficial e uma sensação que transita entre raiva, medo e agonia, me levam a um inexplicável desejo de gritar, chorar, apertar a mim ou algo de arranhar a minha própria pele.

Estava impossível conter as lágrimas quando ouvi a minha própria voz, antes mesmo de entender totalmente o que estava fazendo.

- Sai daqui! Sai, sai! - Disse notando Thailor se aproximar. Sinto um certo desespero tomar conta e então me levanto procurando qualquer coisa pelo quarto.

- Lucia, se acalma, vamos conversar. - Ele disse tranquilo, mas eu peguei o primeiro travesseiro que encontrei sobre a cama e joguei nele, pois, não queria o machucar, apenas que ele não viesse.

- Eu não quero conversar, sai daqui! - Gritei ainda procurando o que jogar nele, que simplesmente pegava o ou desviava. - Eu não quero ficar calma, quero ficar sozinha!

- Está tudo bem... - Não deixei ele concluir com a almofada que acerto, e logo outra. - Lúcia, para, não vou te fazer mais perguntas. - Ele seguia tranquilo. - Apenas...

Inevitavelmente grito e sinto que quero me proteger ao mesmo tempo que quero o atacar. Volto a pensar em me trancar no banheiro quando percebi que ele já estava perto.

-Não encosta em mim! - Gritei deixando a uma pelúcia, a qual seria a próxima a voar, cair ao chão. - Se você encostar em mim... - Vejo que ele ainda me observa a minha respiração está visualmente pesada e Thailor demonstra principalmente estar preocupado. - Se você encostar em mim, eu vou sumir, não encosta em mim! - Gritei o mais alto que poderia enquanto me sinto cair de joelhos novamente, com as mãos no rosto, ambas próximas aos ouvidos.

- Está bem, eu estou aqui. - Apesar de o ouvir, eu já não conseguia processar o que dizia. O ouvia, mas a compreensão logo fugia de mim. - Quer um o seu bichinho? - Ele se apressa para pegar a pelúcia que havia derrubado. Eu observo, mas mesmo estando consciente de que estou com uma baixa compreensão e capacidade de armazenamento, não consigo fazer nada sobre isso.

Peguei a pelúcia e desisti de tentar voltar a me proteger, apenas aceitei e o que estava acontecendo enquanto abracei e escondi o rosto no urso. O choro escapa, mas antes esse viesse sozinho, o que o acompanha é de fato muito pior, o impulso de afastar se mistura a uma certa ira trazendo a luz um desejo sincero de se gritar, apertar, afastar tudo e todos...

Seguro a pelúcia quase no rosto, enquanto minha respiração quente, começa a machucar nos pulmões, apesar do quão difícil seja, contínuo lutando contra esse sentimento, com o profundo arrependimento de não ter trancado a porta.

Conto BDSM: O doce mundo de Lúcia Where stories live. Discover now