Conto BDSM: O doce mundo de Lúcia

Um dia qualquer

Atravesso os portões da universidade e sigo o meu trajeto até o local da primeira aula. Música alta nos fones de ouvido, dentro dos meus próprios pensamentos. Não pretendia encontrar ninguém, sempre estive melhor sozinha, ainda assim quando passei perto dele, foi inevitável não olha-lo por alguns segundos.

Sem me abalar ou fazer qualquer gesto, sigo buscando pela sala, que por sorte esta aberta. Mais um dia e o mesmo de sempre. Alguns entram e saem da sala, outros conversam pelos cantos, o professor passa a matéria na tela, envia o material por e-mail...

É tudo muito simples, na verdade. No intervalo, sento em um banco qualquer e abro um livro, retorno duas paginas e volto a ler. Normalmente existe dois modos em mim, ou leio tão concentrada que ignoro a existência do mundo externo ao ponto de se quer ouvir os sons, ou estou tão centrada no mundo externo que leio sem realmente registar o que li. Estava agora no segundo caso.

O professor que daria a próxima e última aula do dia passa por mim, eles estão conversando, digo o professor e um Mestrando que divide por vezes sala com a minha turma daquela matéria. Vejo por cima do livro que eles apontam-me e falam algo, eu finjo estar centrada no livro, por outro lado, sei ser coisa de minha cabeça, o saguão esta lotado, se quer deveriam estar apontando para alguém, mas sim para algo.

Vejo que já esta no horário, guardo o livro e vou logo para o laboratório. Apesar de ser a matéria que eu mais aprecio no curso, linguagem de programação, gostava de sentar no fundo, afastada dos demais jovens, assim conseguia mais silêncio e ninguém tentando falar comigo.

Como de costume, a turma mestrando chega logo em seguida e ocupa a mesma área que me agrada. Se tratam de adultos de verdade, são quietos e focados, não estão jogando tempo fora. Organizo as minhas coisas em uma bancada, ligo o meu notebook e o computador da bancada. Cada coisa em seu lugar, tenho algumas pequenas manias. Logo a sala fica barulhenta e pouco depois, o professor entra com a sua tradicional xícara de café em mãos.

Os dias passam assim, semana após semana. Não me incomoda, me sinto mal de ter pessoas de mais a minha volta e um certo desespero a tudo que envolva tire o meu controle do entorno, coisas fora de meu controle significam perigo, falar com pessoas desconhecidas ou muitas pessoas ao mesmo tempo, isso agonia... Sozinha mantenho-me estável, focada e longe das crises emocionais. Na minha bolha, na minha vida. Falar ao público é algo que só me interessa quando estou liderando, neste caso, se quer faz diferença se falo para algumas centenas de pessoas ou se estão filmando. Garanto saber do que falo, simples assim.

Reparo que, aquele quem ocupa a bancada ao lado é sempre o mesmo, ele parece insistir em sentar-se ali, tal como três de seus colegas parecem ser bem íntimos, também vejo que ele ignora as garotas que dão em cima dele, vejo que ele é focado. É eu tenho observado ele por altos, mas também conheço a sua fama, pelo o que as garotas falam dele, nas vezes que insistem em minha presença por acreditarem que eu gostaria de "amigas".

Ele aparentemente é bem-sucedido com sua empresa de desenvolvimento de software, além do ar de homem forte e decido. As garotas não só o acham bonito, como se interessam nos benefícios de ter noites com ele. Não observo as conversas com detalhes, posso estar ali, mas a minha mente costuma estar longe. Do que me interessaria este tipo de "relação"? Um esquema, como elas chamam. Saem com um e mais mil, revezam os que julgam melhores, de olho em benefício, curtindo a juventude, acreditam estarem certas fazendo isso. Me pergunto se há alguém do corpo docente ou dos alunos mais velhos com quem elas não tenham saído, ou pior, se elas estão ali realmente buscando uma profissão? Logo deixo esses pensamentos irem, não é de minha conta.

A aula começa, os estudos deles são totalmente paralelos ao de minha turma, hoje é dia de prova, estou tranquila, como sempre. Não costuma ser difícil para mim.