Eu voei com a moto.
Estava morto de preocupação com Diego, mas estava três vezes mais com Lorena. Ela simplesmente não falou nada depois que eu disse que o irmão estava no hospital. Levantou e se vestiu às pressas. Saímos da cabana tão rápido que eu esqueci até de fechar a porta. Achei estranho ela não ter me perguntado o que exatamente Adônis tinha dito ao telefone, o que foi bom, já que Adônis tinha sido bem evasivo quanto a isso. Lorena entrou em choque desde a ligação dele, e ainda nem sabíamos de fato o que havia acontecido.
Diego tinha sido levado ao hospital de Burguesa, e isso em si já era preocupante, visto que para Burguesa só ia o que o hospital de Esperança não podia lidar.
Meia hora de estrada e paramos em frente ao Hospital Memorial Arthur Azevedo. Lorena pulou da moto e jogou o capacete em cima de mim sem nem me olhar. Eu não queria parar para prendê-los no elástico, então sai arrastando os dois de qualquer jeito. Corri para alcança-la, e quando ela parou na recepção eu deslizei no chão liso.
— Diego Sanchez. — Ela disse o nome à recepcionista, que teclou alguma coisa no computador e levantou a cabeça sorridente.
— Ele está em cirurgia no momento, mas a família está na sala de espera no segundo andar, corredor sete.
Ouvi a respiração de Lorena sair forçada, e pedi a todos os santos que o sorriso da atendente sumisse. Como alguém colocava uma mulher sorrindo para informar sobree um paciente em cirurgia?
— Eu sou a única família dele.
Lorena fuzilou a mulher, que pareceu murchar instantaneamente, e saiu pisando forte pelos corredores, procurando o elevador entre as placas. Eu queria que ela parasse um momento para respirar, mas ela não parecia estar disposta a isso. E quando achou a porta do elevador, ficou apertando o botão impacientemente. Segurei sua mão com delicadeza, mas ela a puxou de mim sem me encarar.
Quando o elevador chegou, nós subimos ainda em silêncio. Eu sentindo toda a tensão dela através dos seus poros. Querendo abraça-la e dizer que tudo iria ficar bem. Mas Lorena não é dessas que recebem abraços para se convencer de que as coisas ficariam bem. Era dessas que explodiam, e esse era o meu medo.
O que diabos havia acontecido com Diego?
Chegamos o corredor sete e a sala de espera logo em seguida. Por um momento pensei em encontrar os pais deles por lá, mas só Adônis e Marcos ocupavam o lugar. Ambos levantaram quando nos viram, e Marcos desatou a chorar. Nada bom. Isso não iria ajudar Lorena a se concentrar.
Ela deu a volta na mesa de centro e pegou Marcos pelos ombros, o sacudindo.
— O que foi que aconteceu?
O rosto de homem estava manchado pelas lágrimas. O casaco sujo e o rosto ferido e arranhado eram provas de que algo tinha acontecido a ele também.
Lorena esperou, mas Marcos não parava de chorar tempo suficiente para conseguir formular uma frase com sentido. Então ela explodiu.
— Fala, porra! — Ela gritou e uma enfermeira que estava passando pelo corredor parou para ver se estava tudo bem.
Eu me adiantei e puxei Lorena de cima de Marcos, que soluçava mais a cada minuto. Ela se desvencilhou de mim, de novo, e colocou a mão na cabeça, andando de um lado para o outro.
— Ele não vai conseguir falar se não estiver calmo, Lorena. — Falei firme, pegando um copo de plástico de um suporte e enchendo com água do filtro que estava no corredor.
Entreguei na mão de Marcos, que ainda chorava e tremia. Adônis me lançou um olhar nervoso, algo raro vindo dele, e foi quando me perguntei como ele tinha ido parar ali. Gravei na memória para perguntar depois.
BINABASA MO ANG
A Mais Bela Melodia
RomanceA história de Lorena e Klaus se passa em Esperança, uma cidade pequena, onde vivem entre as desavenças na escola e conflitos pessoais, levando uma cidade inteira a presenciar os escândalos de uma adolescente rebelde e seu rival popular e repleto de...