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O que eu queria fazer no domingo? Dormir! Queria hibernar o dia inteiro. Meu corpo estava cansado e minha cabeça leve, quase flutuando. E dormir me permitiria sonhar um pouco mais com a noite mágica de sábado. Sem contar que só me restava aquele fim de semana para me preparar psicologicamente para a tal reunião de ex-alunos da Machado, que aconteceria em seis dias. Data em que a cápsula do tempo seria aberta. E enfim, descobriria o que aquela garota amedrontada escreveu para mim. Deixei o celular no silencioso, sem programação para despertar. Que mensagem eu deixei naquele treco? Sinceramente, não me recordava. Mas... Tinha curiosidade de reencontrar aquela menina que um dia eu fui. Se eu pudesse apenas pegar o meu recado e sair sem olhar para os lados, sem falar e sem ser vista por ninguém, seria uma maravilha. Só que esta opção não existia. Já que não havia outro jeito, lá ia eu de volta à escola; encontrar aquela gente. Só torcia para que ele não estivesse lá.

Tomara que ele não vá, por favor!, eu pensava.

Após o banho. Fechei a cortina e liguei o ar-condicionado. Esparramei-me na cama. Dormir é tão bom, não é?

Desmaiei embaixo do edredom.

Barooom... Booom! Booomm!

— Caramba, não se pode mais nem dormir sossegada num domingo?

Acordei bem mal-humorada. Quem abriria os olhos toda sorridente após ser despertada por estrondos horrorosos. Até imaginei que estava sonhando com alguma guerra ou coisa do tipo. Só que não tinha nada a ver com conflitos internacionais. A barulheira lá de fora vinha daqueles insuportáveis fogos de artifícios, que o povo estoura para comemorar algo. Até que gostava de fogos. Na virada do ano eles alegram e colorem o céu. Mas fora dessa data, eles são um pé no saco. Um som perturbador que te impede de ouvir qualquer coisa que esteja a um palmo do seu nariz, porque ele invade a sua cabeça te ensurdecendo por uns instantes. Eu só queria dormir em paz. Caramba. E daí que eram 3 da tarde.

— Ninguém merece ser acordada assim! — Resmunguei, sentada na cama, esfregando os olhos.

Com o susto que levei era impossível voltar a dormir. Peguei o celular na cabeceira da cama, estava desligado. Escutei um monstro roncar dentro da minha barriga; estava morta de fome. Caminhei arrastando os pés até a cozinha. Abri a geladeira, que tristeza. Duas garrafas de água. Quatro limões e meia lata de leite condensado. Ah, na gaveta, uma folha de alface murcha.

Sábado era o dia de fazer as compras da semana e não fui ao mercado para me arrumar para sair com o Théo. Os restaurantes fechados para o horário do almoço. Uma pena que, em Novo Ipê, ainda não tinham esses aplicativos de pedido de comida. Pensei um pouco. É! Tinha que encarar o supermercado. Segui a caminho das compras. Uma das melhores coisas do domingo é a falta de trafego nas vias; nem carros e nem pessoas circulando, o que deixava o trajeto mais agradável. Deu até para admirar a beleza da cidade; os cajueiros e as mangueiras carregados de frutos.

A Menina do CasuloOnde histórias criam vida. Descubra agora