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2017.


— Pipoca doce ou salgada?

— Pipoca doce — eu falei com um sorriso quase infantil no rosto.

— Vamos dividir um balde bem grandão? — Ele perguntou também parecendo um menino.

— Por mim tudo bem — concordei enquanto caminhávamos até a entrada. — Mas com calda de chocolate, se quiser com caramelo pega um só para você.

— Tu que manda. Muita calda de chocolate.

Estávamos na frente do letreiro reluzente no qual estava escrito em vermelho: World Park. Passamos pela bilheteria. Ele entregou os tickets e um rapaz de camisa polo e boné com a logomarca do parque prendeu nos nossos braços pulseiras verdes fluorescentes. Entramos e caminhamos lado a lado. Estava bem cheio, para uma segunda-feira.

— Vamos tirar uma foto? — Sugeriu Théo.

Apenas balanço a cabeça como resposta, negando.

— Só uma, vai!

— Nããã... Não.

Ele insistiu. Fez uma carinha fofa. Acabei aceitando. Tiramos uma foto fazendo caretas com a montanha russa de fundo. Preferi não ver, apesar de Théo dizer que ficou ótima. Eu sabia que se olhasse para ela, veria um dos gremlins (na sua forma gosmenta) no lugar do meu rosto. Podia ser uma idiotice, mas era assim que me via no espelho e em fotografias. Era aquela coisa; de tanto te falarem algo, isso acaba se tornando uma verdade absoluta na sua mente. Já fui comparada com tantos seres horrendos que acabei me enxergando desse jeito. Minha mãe dizia que eu era linda. Gabi também. Théo elogiara os meus olhos e o meu sorriso. Mas, por mais que eu me esforçasse, não conseguia enxergar beleza nenhuma em mim. E eu sabia que isso era algo ruim.

Pedi a Théo que não publicasse a foto. Ele concordou e disse:

— Nossa primeira foto juntos, vou guardar só para mim — comentou Théo. — Não quer que eu te mande?

— Hoje não. Mas um dia quem sabe eu te peça essa foto — falei. — Então trate de guardá-la mesmo, viu.

— Nossa! Como tu é mandona.

Revirei os olhos e sai andando apressada. Muitas pessoas esbarraram na gente. Alguns me levaram para um lado e Théo para o outro. Ele me alcançou, segurou a minha mão e falou:

— É só para gente não se perder.

Assenti. Caminhamos de mãos dadas pelo parque. Meu coração batia acelerado. Théo sorria. Parecíamos um casal de adolescentes, completamente perdidos sem saber como agir. Théo pegou o gigantesco balde de pipoca. Resolvemos ir primeiro ao circo. Entramos e sentamos em poltronas próximas ao picadeiro.

A Menina do CasuloOnde histórias criam vida. Descubra agora