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Estava apreensiva com a reação que ele pudesse ter ao ver o meu rosto; zombar dando risadinhas ou arregalar olhos assustado. Como não era uma voz conhecida, pensei em não aceitar a ajuda que me oferecera. Mas, aquele latejar aumentava a cada segundo acompanhado de rápidas fisgadas, o que me fazia querer aceitar a ajuda de qualquer um, independente da sua reação.

Permaneci em silêncio.

— Moça, tu está bem? — Ouvi mais uma vez a voz aveludada, estava mais próxima a mim.

— Não estou nada bem, eu preciso de ajuda sim — respondi, enrugando o rosto, ainda de costas para ele. — Acho que machuquei o pé. Está doendo muito.

Game over. A dor venceu o medo.

— Calma! Tu solta devagar do poste e apoia o teu braço no meu ombro — pediu ele, curvando-se um pouco para o lado. — Não precisa ter medo. Eu te seguro, confia em mim.

Segui as suas instruções. Assim que sustentei o meu corpo sobre o dele, enlaçando o braço em volta do seu pescoço. O rapaz me ergueu e me puxou para mais próximo dele. Segurando-me pela cintura. Nós nos afastamos do poste, que continuou balançando num preguiçoso ziguezague. Levantei a cabeça, os sinais da chuva já haviam desaparecido. No céu o sol reinava imponente e solitário. Seus raios formavam um enorme caleidoscópio na atmosfera, que embaçou a minha visão. Cobri meu rosto com uma das mãos. A claridade escapou pelos vãos dos dedos, esquentando as maçãs do rosto e me impedindo de ficar com os olhos abertos por alguns segundos.

— Tu consegue pisar no chão ou eu terei que te carregar no colo, moça? — Perguntou o rapaz.

Então cruzamos nossos olhares pela primeira vez e percebi algo diferente. Calma, nada de amor à primeira vista como nos clássicos filmes de comédia romântica. Não. Foi um pequeno detalhe que me chamou a atenção. Ele não estava com aquela habitual expressão sobressaltada que geralmente encontrava na maioria das pessoas diante de mim. Ele parecia não enxergar o problema no meu rosto. É claro que ele estava vendo. Óbvio. Ele estava com o rosto tão próximo ao meu que dava para sentir o calor da sua respiração na minha bochecha e notar uma fina gota de suor escorrer pela sua testa. Continuei calada, com os olhos pousados nos dele, meio paralisada e um pouco pensativa.

— Já que não respondeu, vai ser no colo mesmo — disse ele, me afastando do chão. — Com licença.

Ele me carregou em seus braços até um banco, próximo ao pequeno coreto do parque, o mesmo em que amarrei o cadarço do meu tênis. Ele caminhou devagar. Teve o cuidado de não deixar os meus pés se tocarem, para que a dor que sentia não fosse ainda maior. Neste momento, entre seus braços, me questionei o porquê dele não ter falado nada. Era sempre a primeira coisa que me perguntavam: é de nascença ou foi acidente?

A Menina do CasuloWhere stories live. Discover now