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2017.


A manhã estava agradável. O sol escondido por entre as nuvens de um céu dourado levemente alaranjado. A grama verdinha. A pista de corrida quase vazia. Eu cansada após mais noite mal dormida. E Théo todo animado para correr.

— Pronta? — Perguntou Théo alongando as pernas. — Vou pegar leve porque eu tenho as pernas mais compridas que as tuas. Ah! Ah! Ah!

Minha cabeça não estava muito boa. Até doía um pouco. Meu corpo também não estava lá nos seus melhores dias. Só que o que eu menos queria ali naquela hora era pegar leve na corrida. Sabe a produção de endorfina? Era disso que eu necessitava. Então, tratei logo de avisar o meu parceiro de pista que não viesse com moleza para o meu lado.

— Só para te avisar eu já participei de meias maratonas, vamos ver quem tem mais fôlego, não é? — Eu o provoquei olhando por cima do ombro, estendendo os braços. — E eu não vou pegar leve com você. Nenhum pouco leve.

— Tu está me desafiando?

— Estou e você já está há algumas passadas atrás de mim. — Dei uns tapinhas nas costas dele e disparei na pista. — Vai ficar aí parado? Assim eu ganho fácil.

— Vai valer o que para quem ganhar? — Perguntei assim que ele me alcançou. — Você pode me dar uma das suas garrafas de vinho de Bento. Para mim, é um bom prêmio.

— Ah, então tu tem certeza que vai ganhar de mim?

Fiz que sim com a cabeça. Ele riu e me acompanhou. Corremos num ritmo intermediário nem muito devagar e nem muito acelerado, alternamos trote moderado e forte. Apesar das pernas mais curtas corri mais rápido que ele fácil, fácil. Notei o seu esforço para me seguir. Fizemos um percurso de 30 minutos. Ele fez uma cara de não aguento mais.

— Ok! Tu ganhou. A garrafa de vinho é tua. — Ele parou esbaforido na pista, curvado com as mãos nos joelhos.

Não disse a ele que eu também estava ficando sem fôlego. Por causa da luxação ficara muitos dias sem correr. Até recuperar o ritmo levaria mais um tempinho. Sentamos na grama. Ela ainda estava numa temperatura acolhedora. Estávamos suados, ele um pouco mais fadigado que eu.

— Tu era uma menina peralta, né? — Questionou ele, ainda ofegante, sentado ao meu lado.

— Mais ou menos, por quê? — perguntei deitada na grama.

— Por nada... Só imaginei aqui...

— É por causa das cicatrizes, não é? — Apontei para os meus joelhos.

A Menina do CasuloOnde histórias criam vida. Descubra agora