Capitulo 16

256 25 4
                                    

CAPITULO 16


Sai da casa de Bella muito abalada, e acredito que ela também ficou sem chão por tudo que ouviu. Duvido que das vezes que Henri veio aqui ele disse mais de duas palavras, dava até para imaginar a cena dos dois juntos. Apesar da meiguice e feminilidade que Bella exalava, ela era controlada. Em momento algum alterou a voz. As palavras que soltei no ar causaram efeito, pois ela não piscou, seus lábios tremiam, seus olhos lacrimejavam e não tinha argumentos. E por que teria? Nada justifica a ação dela. Mas no fundo fiquei com pena de deixá-la naquele estado. Eu realmente gostei muito dela. Depois que entrei no taxi o enjôo voltou, tivemos que parar para que eu vomitasse. Lembrei o que Bella disse sobre a gravidez. Seria possível? A idéia de que isso fosse verdade me deixou ansiosa, alegre e com medo. Talvez não fosse a hora de arrumar um filho, Henri estava voltando a ser feliz agora e depois dessa viagem nem sei se teria casamento. Parei em uma farmácia, comprei alguns remédios para diminuir os enjôos e um teste de gravidez.

Já estava escuro quando resolvi fazer o teste de uma vez. Encarei o resultado com o coração acelerado. Nunca imaginei que poderia sentir tantas emoções em um só momento. Não sei se foi alivio alegria ou tristeza. Talvez todos eles. Alguém bateu na porta. Sai do meu estado de transe e fui atender. Já estava de pijama, dei um grito quando Henri empurrou a porta entrando de uma vez no quarto. Estava muito nervoso e agitado. Usava uma calça escura, blusa branca e o cabelo bagunçado.

-C-o-omo você me achou? O que está fazendo aqui? - gaguejei assustada.

-Não trabalho na CIA, mas não sou nenhum idiota.

-Nunca pensei que fosse um idi...

-Por que fez isso? Eu não posso acreditar que você fez isso, Jade! - me cortou com a voz alterada, chutando uma poltrona. Continuei congelada na porta - Qual é o seu problema? Falou pra mim que não viria mais.

-Não disse isso.

-Mas não era pra vir!

-Mas eu vim, já fiz o que tinha que fazer e fim.

-E do que adiantou? O que conseguiu com isso?

-Eu a conheci. Disse algumas verdades.

-E acha que está certa? Aparecendo na casa dela e dizendo "algumas verdades"? Talvez a tenha deixado triste, irritada, confusa!

-E não foi assim que ela te deixou?

-Não interessa como ela me deixou. Sou homem e não tenho a família que ela tem para cuidar. Você não tinha o direito de ir atrás da minha irmã se intrometendo em uma historia que não te desrespeito - ouvir isso me magoou. - Você só pensou no que te favorece, ou por acaso pensou em como a vida dela ficaria depois dessa sua visita incoerente e infantil?

-Não pensei em mim - aproximei dele - Foi pensando em você que fiz isso. Ou você acha que agi dessa forma porque a ameaça de não nos casarmos mais me favorece?

-Como conseguiu o endereço? - ignorou meu discurso sentimentalista.

-Eu... Pesquisei.

-Quem te deu o endereço? - perguntou num tom ameaçador.

-Não te interessa.

Ele passou a mão no cabelo, deu-me as costas e pude ouvir sua respiração pesada. Então começou a dizer baixo:

-Eu disse... Eu disse que se viesse...

Engoli em seco. Ele só podia estar brincando. Dei um passo em sua direção tocando seu ombro.

-Não seja radical. Está marcado, e todos já foram convidados. Falta somente uma semana.

-Tenho experiência nisso. Sei como cancelar um casamento.

-Olha o que esta dizendo Henri...

-Precisa muito mais que amor para um relacionamento dar certo, já te disse isso uma vez. Confiança é uma das coisas essenciais. Você passou por cima da minha palavra, não me respeitou. Não respeitou meus sentimentos e minha escolha, fez o que pensou ser o certo, agindo conforme a sua vontade - respirou fundo, limpando a garganta - Eu te avisei, Jade. Eu te pedi. Fico como o idiota da historia agora, porque você saiu do país nas vésperas do nosso casamento, contra minha vontade para resolver um assunto pessoal que eu não queria resolvesse.

-Não faça isso comigo. Não á está altura do campeonato, pelo amor de Deus - comecei sentindo minha garganta doer - Fiz isso por você. Sabe o quanto te amo. Vencemos tantas coisas juntos e agora temos a chance de ser feliz.

-Exatamente! Vencemos tantas coisas juntos e parece que isso pra você não basta. Você não agiu por mim porra nenhuma, fez isso por você, pra ostentar seu ego. Se tivesse pensado em mim teria ficado quieta respeitando meu espaço, minha decisão. Não preciso de ninguém além dos meus empregados para resolver assuntos referentes à minha empresa por mim. Sou homem o suficiente para lidar com meus problemas, assim como sou homem o bastante para honrar minha palavra. Não faço ameaças, não confunda meus avisos. - ele se virou. Estava com os olhos lacrimejando, mas frios. Tocou meu rosto com carinho, fechei os olhos sentindo sua mão quente confortar minhas lagrimas. Como viveria sem esse homem? Não daria conta de dar a volta por cima outra vez, não mais. Dessa vez fomos longe demais para deixar tudo se perder. Senti um vento frio bater no meu rosto, então notei que ele havia tirado sua mão. Abri os olhos devagar e encontrei os seus. -Me perdoe... Preciso de ar! - sussurrou saindo do quarto. Soltei um soluço tão alto que me assustei.

Chorei até perder a noção de lugar. Não sei dizer em qual momento da noite fiquei inconsciente. O sono me levou.

Cor a Primeira Vista - Volume II da Série Dê-me AmorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora