Cor a Primeira Vista - Volume II da Série Dê-me Amor

Final capitulo 15

Até o dia em que fui viajar, precisei tomar muito chá de camomila. Andava com uma garrafinha térmica praticamente. Estava difícil agüentar o mau humor de Henri, meu emocional sensível, a preparação corrida para o casamento e os casos do escritório. Não disse para ele que eu estava indo para Portugal nesse fim de semana, para evitar discussões. Somente Bruce sabia, sem querer saber. Decidimos que eu não dormiria em sua casa antes do casamento, o que facilitou minha fugida nessa viagem. Não estávamos brigados, ele só se fechou um pouco depois da nossa discussão. Não falei sobre o assunto mais, nem que ia nem que não ia, para evitar estresse.

Cheguei a Lisboa e hospedei-me no hotel Tivoli Lisboa. Estava morta de cansada e fui tomar um banho. Queria poder entender de onde vinha tanto sono ultimamente, deduzi que talvez fosse o efeito tardio do chá de camomila, só pode. Passava das duas da tarde quando resolvi ir atrás da megera Bella. Coloquei minha calça flare estampada num tom claro e blusa branca, salto alto e óculos de sol. Conferi se o convite do casamento estava na minha bolsa enorme e sai. O endereço que Bruce me passou é de Cascais, uma vila portuguesa no Distrito de Lisboa. O táxi entrou na propriedade por uma passarela de cascalho branco e pequenos pinheiros. Paramos em frente à mansão antiga rosa, muito linda. Estava ali com o coração acelerado, com muito medo de tudo, mas em momento algum pensei em voltar a trás. Havia ligado antes, me fingido ser repórter de uma revista super famosa de arquitetura.

Um homem uniformizado abriu a enorme porta e pediu que o seguisse. Fiquei de queixo caído com a decoração, com cada acabamento e detalhe daquele lugar. O hall de entrada era pequeno, mas muito luxuoso. Não sei explicar o piso, mas ele era branco com triângulos beges e contornos de faixas pretas - parece horrível e difícil de imaginar, mas vai por mim, é um super e caríssimo piso planejado - a escadaria também era preta, vasos de flores escuras enfeitavam os cantos do hall. Caminhamos até a sala, deixei escapulir um "nossa" por vislumbrar tanto luxo. O mordomo - eu acho que ele era isso - olhou-me e sorriu, como se dissesse: É, realmente é linda.

Sofás brancos, almofadas na cor dourada e salmão, davam um ar sofisticado ao lugar juntamente com o imenso tapete branco sobre o piso de madeira. Cortinas enfeitavam a janela de vidro que ia do teto ao chão, uma clareira de pedra de mármore escuro tirava o fôlego de qualquer um, e mais mil detalhes que meu cérebro não sabia descrever. Fiquei até com medo de pisar no tapete, mas não dei uma caipira, como eu era. O homem sumiu assim que ouvi uma voz feminina ecoando pela casa juntamente com os "tec-tec" do seu salto alto. A tal da Bella estava de costas conversando com uma moça uniformizada, um assunto sobre "as crianças", deduzi que ela deveria ser a babá. Nunca vi foto dela em lugar nenhum e vendo-a de costas eu não tive duvidas de que ela também era bonita. Seus longos cabelos negros estavam presos em um rabo de cavalo. Usava um vestido tubinho branco e sapato com transparência que identifiquei na hora como um Louboutin. Ainda bem que não fiquei por menos com minha sandália Jimmy Choo.

Quando ela se virou, eu levantei sorrindo com carisma. Ela também sorriu, expondo seus lindos dentes brancos. A semelhança com Henri era muito forte, os dois pareciam gêmeos. Suas sobrancelhas finas arqueadas marcavam o olhar azul desafiador, assim como o de Henri. Ela não era uma gostosa. Tinha pouco seio, pouca bunda e pouca coxa. Era magra e maior que eu. Cada passo que dava parecia estar desfilando, andava feito pluma e com uma sofisticação que eu nunca teria na vida, lembrava o jeito de Valentina, só que menos esnobe. Ela parou na minha frente estendendo a mão, ainda sorrindo.

-Srta. Marquart! É um prazer recebê-la em minha casa - disse mansa. Até sua voz era rica.

-Prazer em conhecê-la Sra. Montes. - sorriu pegando em meu braço, conduzindo-me para sentar ao seu lado no sofá. -Sua casa é extremamente linda, parabéns - elogiei olhando para os lados - Você tem bom gosto.