Capitulo 18

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Não havia me arrumado na fazenda. Estive na cidade de Recanto o dia todo, no mesmo salão que fiz o corte do meu cabelo. Pedi que Elisa mandasse fotos da fazenda, mas ela não mandou. Estava mais nervosa por esse fato, de que tudo estivesse de acordo com minha escolha. Ás cinco e meia da tarde pude respirar em paz quando cheguei e me encantei com o serviço contratado. Onde a cerimônia ia ser realizada estava um sonho. Não abri mão do tapete vermelho. Arranjos de flores brancas eram intercalados com as velas no chão. As cadeiras brancas com estofados vermelhos davam um ar sofisticado ao local. Enfeitaram o balanço inteiro de flores, apertei mais os olhos e pude ver pequenas borboletas entre as cordas, deixando o altar romântico. Sorri tentando adivinhar quem era o responsável por essa arte! Um enorme vaso de flores amarelas enfeitava a mesa de madeira rústica combinando com meu buquê. Olhei para o lado e me alegrei com o belo tablado onde seria a pista de dança. Em volta havia mesas quadradas bem posicionadas, e como iluminação, vários varais de luzes. Estava perfeito. Romântico, sofisticado e delicado.

Quase derreti quando apontei na passarela e dei de cara com o homem da minha vida. Seu cabelo bem cortado não estava nem grande demais e nem curto. Seu rosto limpo de qualquer barba o deixava mais novo. O terno bege fazia com que seus traços fortes ficassem mais marcados. Sobrancelhas grossas e negras, o nariz bem recortado levemente arrebitado dava um ar de poder naquele homem. Seu olhar azul dançava de alegria. Estremeci quando um leve sorriso surgiu naqueles lábios finos e grossos ao mesmo tempo. Ele era meu. Todo e inteiramente meu. Que homem, que corpo, que boca... Ai meu Deus! Que perfeição. Não conseguia parar de rir. Chegando ao seu lado papai me deu um beijo na testa, Henri o cumprimentou.

-Não se esqueça quem eu sou.

Rimos. Pareceu uma ameaça, mas Henri nem ligou. Acho que ele não ouviu o que o velho Joe disse. Apenas focou em mim e nos perdemos dentro das nossas almas. A cerimônia acabou e saímos debaixo de uma chuva de arroz. Enquanto caminhávamos para o rumo das mesas, avistei Coronel amarrado em uma arvore próxima. Sorri agradecendo papai pelo carinho de ter se lembrado dele. Cumprimentei todos os poucos convidados, jantamos, rimos das piadas bobas de Bart, nos divertimos vendo as crianças brincar, bebemos muito, estávamos felizes. Todos.

-Venha.

-O que? - sorri sendo puxada por Henri.

-Quero dançar com você.

-De novo meu amor?

Ele me encarou com um olhar lerdo e sorriu.

-Diga outra vez.

-Meu amor!

-Parece um anjo dentro desse vestido me chamando assim.

-Anjos usam botas? - perguntei subindo meu vestido. Encaramos minhas botas e sorrimos.

-Não sei os outros, mas a minha usa.

-Isso aqui é um sonho sabia? Ter você assim comigo, nossa família e amigos. Eu te amo tanto que... Aí! Chega a me faltar o ar.

-Você é perfeita pra mim - disse pegando-me pela cintura e segurando minha mão. Acenou com a cabeça para os músicos e me fitou - Você já sabe que sou um homem com vários favoritismos, e por isso escolhi uma nova música favorita, nossa música.

-Achei que já tínhamos uma.

-Yellow foi você quem escolheu.

-Só por isso? Machista!

Ele riu como se estivesse se desculpando. Tocou meu rosto com carinho e plantou um beijo leve em meus lábios.

-Ela marcou uma fase importante em nossas vidas, e sempre será nossa. Mas essa foi escolhida para marcar essa nova etapa - o som ecoou e as vozes dos convidados cessaram. Mordi o lábio reconhecendo a melodia. Na voz macia de Bart a música Céu de Santo Amaro arrancou-me lagrimas - Lembra-se dela? Eu me recordo perfeitamente. Você emocionada no topo da escadaria da minha casa, ouvindo escondida. Arrancando suspiros da minha boca.

Cor a Primeira Vista - Volume II da Série Dê-me AmorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora