PRÓLOGO - A culpa me transformou

816 49 10
                                    

PRÓLOGO

Henrique Molinari

Dez anos atrás

Estava trazendo meus pais para uma festa surpresa de bodas de ouro, no meu jatinho particular. Confesso que foi uma guerra para convencê-los a vir, demorou meses até que minha mãe desse uma resposta definitiva.

-Não vamos fazer isso meu filho. Não precisamos comemorar nada - disse minha mãe enquanto servia chá.

-Claro que precisam! Temos que comemorar tudo nessa vida mãe, e vocês estão juntos há tanto tempo que merecem esse momento.

-Concordo com você Henri - papai sorriu - Tenho sorte de ter achado sua mãe. Se eu pudesse comemorava esse milagre todos os dias.

Ela deu um olhar melancólico para ele, e tive certeza de que corou um pouco. Sorri admirando-os. Meu pai amava minha mãe, e ela também o amava demais. Eu acreditava em casamento por causa deles. Não havia encontrado ninguém que atraísse meu olhar da forma como os dois se olhavam, claro que eu gostava de Valentina, mas sonhava em encontrar a mulher que me fizesse sentir assim, como meu pai sentia ao sorrir para minha mãe. Ela ainda não havia despertado isso, mas era uma boa moça, respeitosa, linda e parecia gostar de mim. Tínhamos tudo para dar certo, e eu tentaria.

-Acho que devemos fazer mãe, vai ser lindo! Pensa só: Pombos voando na hora do beijo, flores frescas num campo verde, pessoas bonitas, champanhe, véu e grinalda... Perfeito! - Bella dizia eufórica.

-Que isso minha filha? Nada de pombos ou véu e grinalda.

-Então aceita fazer mãe? - perguntei ficando animado.

-Tudo bem, três contra um!

Rimos batendo as mãos - eu, meu pai e minha irmã -, sempre fomos um time.

-Só que com uma condição.

-Qual? - perguntamos juntos.

-Tem que ser aqui, minha terra Itália.

Os dois concordaram na hora, mas eu não.

-Henrique, é melhor que seja aqui. Eles já estão cansados para ficar fazendo viagens assim. - Bella aconselhou.

-Nada disso, é só um vôo. Reformei toda a mansão esperando essa data. Sabem o quanto acho isso que vocês têm bonito.

-E sabemos que você também adora um paparazzo - papai ironizou.

-Por favor! Faça isso por mim, só essa vez.

-Para Henrique! Mamãe já disse que não ora.

-Você não entende Bella, já está tudo pronto.

-É só arrumar novamente, só que dessa vez aqui. Você que não entende, eles não podem viajar assim.

-Parem vocês dois! - meu pai pediu - Sua mãe e eu temos idade suficiente para decidir isso. Sem mais palpites, Bella.

-Já deixo avisado, caso a decisão sábia de vocês seja "sim", eu não concordo com essa viagem.

Todos se olharam, esperando para ver quem seria o primeiro a abrir a boca, mas ninguém fez isso. Bella saiu da cozinha, mamãe foi atrás dela e eu fiquei tomando meu chá encarando o olhar gelado do meu pai.

-Vai dar certo meu filho - resmungou levantando-se.

-Espero que sim.

-Sua mãe nunca soube dizer não a vocês, acho que podemos dizer que isso é um defeito dela.

Cor a Primeira Vista - Volume II da Série Dê-me AmorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora