Capítulo 2

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O apartamento que Tommy dividia com Louis era espaçoso, mas não refletia a elegância do bairro. Louis sabia o que seu dinheiro podia comprar, e o fazia, enchendo o ambiente de peças de designer caríssimas, mas sem levar em consideração se elas combinavam. Tommy tinha um trabalho duro pela frente, tentando ajeitar a decoração sem ferir os sentimentos do seu noivo. O bar era abastecido com tudo que havia de melhor, como se eles estivessem em um restaurante cheio de estrelas no Michelin e não na sala de casa. Tommy preparava mais uma rodada de mojitos, com álcool para ele e Baby, virgem para Ella.

-Então é isso. Às vezes tenho a impressão de que eu e Zach só continuamos juntos por teimosia – Baby concluiu, sentada no chão, abrindo a bolsa e a fechando em seguida. – Cacete, o Louis não deixa fumar aqui, né?

-Ele ia ter um derrame, e não faça isso com o meu noivo porque eu ainda não me casei e fiquei rico – Tommy disse. – Sossega que depois a gente vai no terraço fumar.

-Você tem é fixação por fumar trepado nos lugares, filho – Ella comentou. – Mas então, Baby, vocês são teimosos, ok. Mas não é birra, certo? É vontade de ficar junto porque vocês se amam.

-Ella virou florzinha, né? – Tommy comentou.

-Demais – Baby concordou.

-Podia dar um murro em vocês para vocês largarem de ser abusados, mas vou dar conselho – Ella, que estivera deitada, se sentou no sofá para pegar o mojito virgem que Tommy trouxe para ela. – Relacionamento é ajuste mesmo.

-Não fale das coisas que você abriu mão para ficar com meu pai – Tommy gemeu.

-Eu abri mão de um monte de coisas para ficar com seu pai.

-É? Tipo o quê? – Baby perguntou, curiosa.

Ella pareceu pensar um pouco e por fim disse:

-Eu troquei o chá por café... temporariamente – Acrescentou de última hora. – Gente, não é possível que eu não tenha aberto mão de nada!

-Viu? – Baby falou. – Nem o Tommy abriu. Só ganhou um apartamento chique.

-Mas tenho que trepar no terraço para fumar.

-E depois o beija com boca de cinzeiro? – Baby falou.

-Eu escovo os dentes, tenho um estoque de balas – E, ao ver que as amigas o olhavam com ceticismo, concluiu: - Vou parar de fumar até o casamento.

-E já tem data?

-Não. Mas retomando o assunto, e você, Ella, trocou a sua juventude por... – Tommy se calou, e nem foi por causa do olhar assassino da amiga. Foi porque mudou mesmo de ideia. – Trocou nada. Às vezes acho que sou mais velho que o meu pai. Certeza que a Angie é.

-Sua irmã é mais velha que a minha avó, e olha que ela é jurássica – Baby respondeu.

-Maldade com a Angie – Ella, que estava em um estado de espírito generoso e que, além disso, gostava muito da Angie, pelo menos mais que Baby, defendeu. – E depois, o Tom é uma pessoa surpreendentemente tranquila de se lidar.

Tommy se engasgou com o mojito e Baby, rindo também, deu uns tapinhas nas costas dele.

-É sério! – Ella insistiu. – Não sei de onde vem a fama dele.

-De infernizar a minha vida – Tommy falou.

-Não conheço esse lado dele, mas dizem que o padrinho é teimoso para um caralho.

-Minha mãe pode contar uma semana de história sobre o gênio dele.

-Reza a lenda que ele deu um soco no Axl Rose uma vez.

Quando a Vida Acontece - Vol. 4Onde histórias criam vida. Descubra agora