Capítulo 21

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-Você mentiu, Cassie – Oyekunle falou. Era dia da folga dela, o dia em que deveriam levar Sabine para jantar. Ele abordou o assunto assim que ela acordou, já sabendo que não iriam a parte alguma naquela noite. Pelo menos, não juntos.

Ele estava revoltado. Pela mentira. Por uma doença ter sido usada por algo tão mesquinho quanto ciúmes.

-Não menti... tanto assim – Ela falou, olhando em todas as direções menos nos olhos dele.

-Não tem uma parte do que você falou que seja verdade! Porra, te contei na confiança, não pra você ficar deturpando para sair por cima nas suas brigas com a Sabine.

-Nós não estávamos brigando! – Cassie se apressou em explicar. – Espero que isso ela também tenha te contado! Nós estávamos conversando, tomando café da manhã.

-Eu sei, antes de você sair correndo pra me levar os remédios. Que remédios eu tomo, Cassie?

Ela ficou muda, o olhar vazio.

-Como você ia levar alguma coisa para mim, se você nem mesmo sabe o que eu tomo?

-Tá, mas não foi briga!

-Foi, sim. Você e a Sabine estão competindo sei lá por que desde que você veio para cá. Aliás, seu encanamento quebrou mesmo, né?

-Claro que quebrou! – Cassie respondeu, revoltada.

-E não deram previsão para o conserto?

-Não, não deram.

Oyekunle soltou o ar, frustrado. Por fim, olhou nos olhos dela e disse:

-Melhor você ver se não dá para ficar com uma amiga.

-Você... Você está me expulsando? – Ela perguntou, parecendo murchar.

-Não, estou terminando com você – Ele disse, e foi tão direto que Cassie levou algum tempo para reagir:

-Você está terminando comigo porque eu tentei afastar aquela interesseira de você?

-Se é isso o que você pensa, Cassie, você não escutou uma palavra do que eu falei.

-Escutei muito bem o que você falou, Oyekunle. Muito bem – Ela disse, com lágrimas nos olhos. – Ela estava disposta a te conquistar e, eu, a lutar por você. Guerra é guerra.

-Não viaja, Cassie! – Ele deu um meio sorriso sarcástico. – Estava tudo superlegal com a gente até você pirar porque a Sabine não se tocou que tinha gente em casa e saiu pelada do banheiro. Você lutou essa guerra sozinha. Você contra você mesma.

-Oyekunle, não faz isso – Ela começou a chorar.

Ah, merda. Mas que merda. Oyekunle já havia namorado muito. Alguns fins foram bons, outros foram ruins, e alguns outros foram melodramáticos. E ele continuava sem saber como agir em situações que iam além do: "então tá, estamos combinados assim, vai cada um ser feliz do seu jeito". Ele deu uns tapinhas completamente babacas nas costas da Cassie, dizendo:

-Não fica assim, vai. Vai ser melhor desse jeito.

-Não é minha... culpa. – Cassie soluçou. – Foi... tudo... ideia da sua mãe.

-O quê?!

-Não falar que você tinha AIDS, mas o resto foi ideia dela, até o encanamento quebrado.

-Então o encanamento não quebrou e tudo saiu da cabeça da minha mãe?!

Não que sua mãe não fosse capaz de algo assim, mas no reino das ideias, não na vida real. Ela era maluca e dela se esperava qualquer tipo de maluquice. Mas enfiar a Cassie no apartamento dele já era demais, até porque ela sempre conspirava contra os seus relacionamentos, nunca a favor.

Quando a Vida Acontece - Vol. 4Where stories live. Discover now