Capítulo 9

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Sem dúvidas, um dos seus vestidos mais bonitos estava pronto. Baby não era modesta, mas, ainda assim, às vezes era atingida por um rasgo de genialidade suprema e ela conseguia exceder a si mesma, o que não era tarefa fácil. Havia sido rápido, maravilhoso, fabuloso. Havia tirado umas fotos para as suas redes sociais porque, né? Todo mundo adorava dizer que a Jo era boazinha, aliás Jo havia sido simpática até com a Baby, e não era todo mundo que conseguia. Claro que ela não iria se opor.

-Mamãe! – Millie correu para recebê-la quando ela chegou em casa e Baby ergueu o vestido mais alguns centímetros.

-Oi, garota! Calma com o vestido!

-Ficou pronto? – Zach entrou na sala, vindo da cozinha com o lanche da Millie.

-Ficou tudo! Eu vou te mostrar, Millie, mas não encosta, pelo amor de Deus. Depois que a tia Jo usar, ela pode fazer o que quiser. Mas é um vestido muito precioso.

-De brilhantes? – Ela perguntou. O valor de tudo para Millie ultimamente se dava de acordo com o número de brilhantes que possuía.

-Isso, de brilhantes! – Imaginários, mas tudo bem.

-Estou curioso para ver esse vestido precioso de brilhantes – Zach falou, ajudando Millie a subir na cadeira e colocando um iogurte e uma banana na frente dela.

Baby abriu a capa e tirou o vestido. Ela sabia que Zach não entendia muito do assunto, mas ele disse que estava incrível e ela apreciou o esforço. Ela também não entendia muito de livros, mas dizia a mesma coisa do que ele escrevia. Quando ela tinha tempo de ler, claro.

-Cadê os brilhantes? – Millie perguntou, a boca rosada de iogurte.

-São os brilhantes mais valiosos do mundo. Os invisíveis. Vou guardar o vestido, só um minuto. Deus me livre acontecer alguma coisa com ele.

Baby foi para o quarto contando que a Alex ainda estava fugindo de casa, que isso era ridículo, e que, ainda por cima, ela fez Les Paul fugir junto.

-Você já tentou conversar com ela? A sério? – Zach perguntou, da sala.

-Por quê? Você acha que ela tá falando sério? – Baby perguntou, interessada. Pensou em deixar o vestido pendurado na porta do armário, para estar pronto para ir amanhã na Jo. Não, algo podia acontecer, melhor guardar do lado de dentro. Mas o que poderia acontecer?

-Ok, a Alex é meio pirada, todo mundo sabe disso. Mas não é piração demais largar o marido de não sei quantos anos do nada?

Pois é, essa era a parte que deixava Baby incomodada. Ela voltou para a sala e se sentou à mesa também.

-Eu não sei. Meu pai é um cara maravilhoso. Os amigos o amam e, como pai, ele sempre foi o melhor. Não foi pouco nos criar sozinho depois que minha mãe morreu, não. Mas ele também é bem galinha. Ele foi um canalha com a minha mãe e todo mundo acreditou que ele sossegou, mas sei lá...

-Você acha que ele pode ter mesmo olhado para a tal da fisioterapeuta?

-Eu espero que não.

-Mas não foi isso o que eu quis dizer, sabe – Zach se explicou. – Sei lá, a Alex me passa a ideia de ser uma criança de quarenta e tantos anos. Vai que ela está incomodada com alguma outra coisa e somatizou assim? Sei que é psicologia barata, mas não é possível?

Era estranho, mas a Alex era estranha. Logo, era possível, sim. Millie escorregou para fora da cadeira e Baby raspou o final do seu iogurte e ficou pensativa.

-Não é que eu não leve a Alex a sério – Baby falou depois de alguns momentos. – Na maior parte do tempo, se você passar o que ela diz por uma peneira, saem coisas muito boas. Sábias mesmo.

Quando a Vida Acontece - Vol. 4Where stories live. Discover now