Capítulo 33

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O dia havia amanhecido e Zach acordava com a sensação de estar sendo estrangulado. Antes que entrasse em pânico, percebeu que, na realidade, era um pé não mais tão minúsculo assim bem em cima da sua garganta. Foi nessa hora que ouviu a Baby:

-Argh, eu não consigo me mexer.

Ele olhou para o lado e viu que o resto da menina que não estava sobre ele, estava sobre Baby. Ele reprimiu uma risada.

-Quando foi que ela começou a ocupar tanto espaço?

-Até onde eu sei, ela nasceu há dois dias. E você sabe de quem é a culpa, né?

-Do crescimento dela?

-Não, da nossa cama ter sido sequestrada.

-Dos trovões? – Zach sorriu timidamente e tirou o pé de Millie de cima dele. Sem acordar, ela se mexeu um pouco e se ajeitou melhor sobre o estômago de Baby.

-A gente não pode trazê-la para cá sempre, Zach – Baby se mexeu minimamente para tentar tirar o cabelo o rosto, mas seus braços estavam presos e ela desistiu, impaciente: - O que a gente faz agora?

-Você, eu não sei, eu tô super de boa – E virou de barriga para cima, os braços cruzados sob a cabeça, como se quisesse provar um ponto.

-Já sei, conversa comigo enquanto não posso me levantar. Você me deve essa. – E imitou o Zach, engrossando a voz: - Tadinha, Baby, tá trovejando. A gente a leva pra nossa cama só até ela dormir ou a tempestade passar, vai.

-Você é bem reclamona – Zach riu.

-É o meu nome do meio. Posso fazer uma pessoa chorar de tanto fazer mimimi.

-Sério? Não parece você. Você tem alguma personalidade secreta?

-Tenho múltiplas personalidades.

Zach ficou em silêncio, olhando o teto, e pensando em todas as mil coisas sobre as quais gostaria de conversar:

-Já pensou que, em quase dois anos, a gente nunca viajou? Eu viajei com a Millie e o Victor, mas não com você.

-É porque você está me devendo uma viagem à Costa Rica. Passar na cara é minha outra especialidade.

Zach sorriu e não respondeu. Ele também ficava com o coração pesado quando lembrava daquela viagem fracassada no final do ano anterior.

-Você não vai roer a corda da lua de mel não, vai? – Baby perguntou, desconfiada.

-Não roo a corda de nada – Ele garantiu. – Mas, antes, a gente podia fazer uma viagem com a Millie. Está entrando o verão. Uma praia nesse continente mesmo.

Baby ficou calada por tanto tempo que Zach perguntou:

-Ei, tá me ouvindo?

-Posso negociar a casa da Sardenha do Eddie por um final de semana. Deve ser mole, ele vive emprestando para todo mundo.

-Ótima ideia! Viu, como tinha um sentido em trazer a Millie pra cama?

Como resposta, Baby ficou incrivelmente nostálgica e começou a contar sobre a sua infância e adolescência com Tommy e a madrinha na casa da Sardenha, com a Angie também, mas esta sempre foi meio enjoadinha e nunca brincou com eles. Ah, claro, e também havia o Eddie e uma pá de crianças, e Eddie tinha um barco enorme, ela nunca sabia se era lancha ou iate, e os levava para passear e ver as ilhas e às vezes sair em buscas de tesouro.

-Tesouro? Já achou algum?

-Achava toda vez. Normalmente era Kit Kat.

Millie tornou a se mexer e, dessa vez, tirou a cabeça de cima de Baby, ficando enroscada ao seu lado. Zach falou:

Quando a Vida Acontece - Vol. 4Where stories live. Discover now