19 | ¿Adónde fue Cecilia?

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19 | ¿Adónde fue Cecilia? - Kany Garcia

 

Os dias se passaram em Miramar e pouco a pouco, Clara não vendo êxito na recuperação de Alonso, foi o deixando de lado por estar envolvida em muito trabalho e suas visitas a ele foram diminuindo gradativamente.

Alonso logo causaria muitos danos e tristeza em sua casa. Já havia contraído uma gigantesca dívida com o tráfico. Para manter o seu vício já recorria a venda dos objetos de casa. A mãe já não sabia o que fazer, ele não queria ser internado e ela dedicava-se a trabalhar para tentar sanar as dívidas do filho. Era comum a presença de traficantes a sua porta cobrando dinheiro e ela dava o pouco que tinha para livrar o filho de um evento pior. Nem mesmo a Clara ela recorria, deixando transparecer que existia uma animosidade entre elas e as pessoas daquela cidade, ela não se abria para ninguém. E carregava solitariamente aquela imensa dor de viver.

O programa de Clara acabara de sair do ar e ela, há dias sem ter noticia de Alonso, resolveu ligar para ele. Fez duas ligações frustradas. Já podia imaginar a situação dele. Pensar nele agora lhe fazia mal e toda vez que pensava ficava amargurada. Pegou sua bolsa e saiu do set de filmagem em direção ao estacionamento sem cumprimentar ninguém.      

Antes de entrar no carro ouviu seu telefone tocar.

— Olá. – Atendeu prontamente, sob o sol do meio dia.

— Clara, tudo bem? – Aquela voz era bem conhecida o que causou nela um frio pelo seu estômago e a voz continuou ao seu ouvido: — Sou eu... seu pai!

Não esperava que fosse ele, naquele instante antes de atender só pensava em Alonso. Sua maquiagem rapidamente nublou e seu rosto empalideceu.

— Oi. Estou bem!

— Por onde você anda?

— Estou saindo da emissora.

— Como assim emissora?

— Olha! Tem muitas coisas que você não sabe de mim e nunca procurou saber. Estou há semanas apresentando um programa na TV.

— Desculpa. Mas estou te ligando para tentar ficar mais perto de você. Podemos nos encontrar?

— Não se preocupe. Não se faz necessário manter vínculo comigo. Eu sou adotada mesmo! – Naquele estacionamento não tinha ninguém para ver seu mal estar.

— Preciso falar com você!           

— Não posso. Estou com um amigo precisando muito da minha atenção, realmente estou sem tempo. – Queria se livrar daquela velha imagem de família falida.

— Quero lhe dizer algo, me dê apenas 10 minutos.

— Estou indo almoçar. – Engoliu a saliva e passou a mão na testa que descia um suor firo. – Se quiser aparecer no restaurante La Marea estarei lá, só não posso demorar.

— Tudo bem. Irei.

Clara já almoçava quando seu pai aproximou-se da mesa.

— Oi, filha, não quis me esperar?

— Olá. Estava com muita fome. – O clima não era dos mais agradáveis. Parecia pairar no ar uma nuvem negra, serenando um impetuoso rancor.

— Você está tão linda! – Disse o pai, baixando a cabeça e deixando cair uma lágrima sobre o cardápio. – Que vida confusa é essa nossa? Quero muito que me perdoe por toda a negligência desses últimos tempos. Eu menti o tempo todo para você...

E o céu de Miramar?Where stories live. Discover now