7 | No te vayas

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7 | No te vayas  – Pandora

 

O semestre estava quase terminando e Piro se aproximava da data prevista para sua viagem. Ainda não sabia quantos dias ficaria por lá, mas levaria consigo a certeza de uma volta triunfante.            

Andava apressado em direção a sala de aula, mais uma vez tinha se atrasado, quando o telefone começou a tocar... Atendeu:

— Alô!

— Bom dia, Piro! Como estás?

— Atrasado como sempre Miranda – Deu um leve sorriso, parando no meio do corredor – E então, está mesmo animada para a viagem?

— Sim! É engraçado como as coisas fluem em uma cadeia de acontecimentos incríveis! Essa viagem veio para dar um norte na minha vida. Não era eu que um tempo atrás queria fazer um estudo, apresentar e tudo mais? Lembra que fiz aquela pesquisa sobre as formigas argentinas, as linepithema humile? Então, nessa semana li algo sobre elas. Estão se espalhando por todo o mundo, elas já são a maior colônia existente, muitas delas viajaram em navios cargueiros e já estão em praticamente todos os continentes. Só que elas são terríveis, caso elas já existam na Amazônia elas podem provocar uma imensa devastação, elas se procriam muito rápido e ainda podem evoluir para uma espécie mais resistente e tudo mais. Por isso estou disposta a ir com você e tentar averiguar esse fato. Elas são capazes de destruírem plantações em pouco tempo, atacam as borboletas, besouros e reduzem a quantidade de pólen das flores de árvores frutíferas. Elas podem detonar toda uma cadeia alimentar existente há séculos e destruir todo o meio ambiente, imagina isso num país tropical como o Brasil. E a Amazônia sendo a maior floresta, elas são uma ameaça real e se eu vier a descobrir a existência delas por lá, posso alertar as autoridades...Nossa com essa descoberta poderei ficar rica e abandonar essa vidinha aqui em meio a essa crise sem fim. – Mirando empolgada respirou um pouco, deixando a vez para Piro.

— Nossa que loucura, ufa! Você está muito empolgada. Isso é bom, vou precisar de gente disposta. Mas se prepare porque vai ser dureza no meio daquela floresta.

— Imagino. Pelo material que você já me trouxe vi que teremos longos dias pela frente. Já escolheu a data certa do voo?

— Verei isso hoje à noite. Tenho que ver se tem voo direto para lá. À noite te ligo. Deixa-me entrar na sala.

— Tudo bem! Vai lá estudar. Beijos.

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            Sobre a mesa do computador o telefone se movia lentamente, em silêncio, alguém queria falar com Clara, que ainda dormia. O aparelho encaminhava—se para borda, logo cairia e Clara acordaria por fim.

— Oi. – Acordou meio confusa com o barulho da queda.

— Bom dia, Alba! Tudo bem? – Clara tinha o hábito de dar o nome errado a novas pessoas.

— Bom dia. Acordei agora! Quem está falando? – Clara era bem clara e direta.

— Sou o Pablo! Lembra que conversamos bastante no bate—papo semana passada? E você me passou seu número.

— Ah, desculpa, sou um pouco esquecida, realmente não me lembro – Clara estava sentada na cama, enquanto falava e bocejava ao telefone.

— Já faz alguns dias. Então, eu gostei muito de conversar com você. Gostaria muito de te conhecer. Me permite?

— Me liga à tarde e quem sabe podemos marcar um encontro.

— Acho que você ainda não se recordou de mim. Sou o rapaz que tem um tio que é produtor de TV...

E o céu de Miramar?Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora