AVISOS
1) Eu passei mal o fim de semana todo (ainda estou passando mal) por isso não postei capítulos novos esse final de semana. Me perdoem. Por isso esse capitulo será mais longo, ele terá o tamanho de um capitulo normal, mais um extra.
2) Não se esqueçam de votar nos capítulos (chequem se votaram em todos), comentar bastante e seguir a Tay aqui no Wattpad e no Instagram. Conto com vocês.
Azriel
Maleah estava ajoelhada e aos prantos no chão, havia corpos para todos os lados e o Sombras da Lua... O sombras da Lua estava em chamas.
- É minha culpa - Maleah dizia repetidamente ao lado de um corpo de uma criança que segurava um pequeno entalhe de madeira nas mãos - É tudo minha culpa.
Dei uma olhada ao redor, e por um breve momento a visão de todos aqueles corpos alados carbonizados no chão conseguiu me paralisar. Conseguiu me fazer perder o fôlego. Centenas... Centenas de Illyrianos que ousaram sonhar com uma vida melhor, sonhar com uma vida longe das amarras hierárquicas desses acampamentos, que ousaram sonhar em serem... livres. Estavam mortos, estavam todos mortos. Era como se alguém tivesse socado a boca do meu estomago inúmeras vezes.
Após a triste contemplação de todo aquele desastre, meus olhos se voltaram para aquela que já era a dona do meu coração. Conjurei minha sombras e carinhosamente as rocei nos braços dela. Caminhei lentamente até Maleah e me ajoelhei ao seu lado.
- É tudo minha culpa, Az - Ela continuava a sessão de auto martírio olhando fixamente para aquele pequeno corpo - Ela me deu um dos entalhes da sorte dela, mas ficou com o outro. Essa é Zoe, minha Zoe. - Ela chorava copiosamente - Eu fiz isso a ela, eu a matei Az. É tudo minha culpa.
- Ei, não - Passei meus braços sobre os ombros dela e falei bem próximo ao seu rosto - Nada disso é sua culpa, Ma. Você foi muito corajosa, o seu ato de marchar para fora das proteções desse acampamento libertou muitas outras fêmeas além dessas. Isso sim é sua culpa. Você é a responsável por estender a esperança há muito perdida para milhares de outras fêmeas presas a uma vida sob o julgo de machos autoritários. Então se está falando sobre isso Maleah, você é culpada sim.
Ela finalmente olhou para mim, seus olhos estavam vermelhos de tanto chorar e o rosto sujo de fuligem estava marcado pelo caminho das lágrimas. Eu queria tomá-la em meus braços e arrancá-la dali nesse exato momento. Ver Maleah destruída pela dor da culpa feriu minha alma profundamente, era como se a dor dela fosse a minha. Era como se estivéssemos dividindo o mesmo fardo. Como se fossemos duas partes distintas de uma única coisa.
- Não foi culpa sua, Maleah - Coloquei minhas duas mãos em seu rosto, Limpei suas lágrimas com meus dedos calejados, lágrimas que já se misturavam com as cinzas que choviam ao nosso redor - Não foi culpa sua, meu amor - Beijei sua testa.
Ela se desvencilhou do toque de minhas mãos e me abraçou. Maleah colocou a cabeça no meu peito e chorou, chorou e chorou... Em meio a tremores e soluços, a segurei com força contra o meu corpo e tentei dar a ela a força de que ela precisava. Se ficar ali, chorando em meus braços era o que ela precisava, então seria isso que eu daria a ela.
Não sei por quanto tempo ficamos parados daquele jeito. Sendo honesto, não estava nem um pouco incomodado em mantê-la em meus braços sentindo o seu calor contra o meu corpo. Se Feyre estivesse aqui, tenho certeza de que desejaria desenhar essa cena. Dois grandes pares de asas em meio as cinzas. Mas por mais que a cena fosse bonita, toda essa fuligem poderia nos fazer mal.
- Ei, Ma - Com muita relutância afastei o corpo dela do meu - Temos que voltar para casa para buscar ajuda e descobrir o que realmente aconteceu aqui - Olhei fixamente nos seus olhos - Vamos descobrir quem é o culpado e ele irá pagar pelo o que fez a esse acampamento. Eu juro pela a minha vida.
Maleah riu entre lágrimas e então me confessou:
- Eu já sei quem fez isso - Ela balançava a cabeça em negativa enquanto apontava ao redor - Raoni é o responsável por isso. Ele queimou essa pessoas por minha causa, ele destruiu a vida delas por minha causa. Ele me ameaçou, disse que não adiantava negá-lo. Quanto mais eu fugisse, mais as pessoas que eu me importava sofreriam. Isso foi só uma prova do que ele é capaz. Ele quer que eu caminhe por vontade própria até ele.
Fúria primitiva tomou conta de mim.
- Então ele que espere - Não me preocupei em esconder o temperamento - Espero que ele seja paciente porque se depender de mim, ele nunca irá encostar nenhum dedo em você - Ri com deboche - Se não entender por bem, ele entenderá por mal. Você não é só importante para mim, Maleah. Você é uma herdeira legitima da Corte Noturna e irmã do Grão Senhor mais poderoso que já existiu. Espero que ele esteja pronto para enfrentar a fúria de Rhysand.
Ela se encolheu ao ouvir minhas palavras.
- Eu... Eu não... - Maleah não sabia ao certo o que dizer.
- Nós protegemos nossa família, Ma. É a única coisa que precisa entender. E você, coisinha alada, agora é parte dessa família - Abri um sorriso acolhedor para ela - Mesmo que Raoni marchasse contra nós com mil exércitos, eu não permitiria que você se juntasse a ele. Você é minha e de mais ninguém -Dei um beijo em seus lábios salgados pelas lágrimas e sujos de fuligem - Ah! não posso esquecer, você é do seu irmão também. Ele destruiria o mundo para te manter em segurança.
Ela me mostrou a língua, abriu um sorriso tímido e então se levantou.
- Muito obrigada pelas palavras... Obrigada por tudo na verdade, eu não sei o que seria de mim se você não estivesse aqui comigo - Ela ficou na ponta dos pés para me dar um beijo de gratidão - Eu amo...
As palavras de Maleah foram interrompidas por um barulho estranho atrás de alguns destroços do que antes parecia ser uma grande tenda púrpura. Passei Maleah para trás de mim, talvez os soldados de Raoni ainda estivessem aqui. Talvez ainda estivéssemos em perigo. Ouvimos o estranho barulho mais uma vez e então o barulho de alguém tossindo.
- Merda - Maleah exclamou - Acho que alguém sobreviveu - Os olhos dela se iluminaram com esperança e então ela correu em direção ao som.
- Maleah! - Gritei inutilmente enquanto ela corria em direção aos destroços da tenda - Pode ser perigoso.
Não adiantaria brigar, ela não desistiria até ter certeza de que não havia nenhum sobrevivente. "Proteja minha irmã" Rhys me ordenou, então era isso o que eu faria. Espero que ela não tenha a mesma ideia que eu, espero que a emoção e a esperança a façam esquecer de que tem asas.
Estiquei minhas longas asas e levantei voo, voei por poucos metros e aterrissei bem ao lado da fonte do barulho.
Para minha surpresa, Maleah estava certa. Não era nenhum soldado de Raoni que estava ali. Lila, a mãe de Agnes, saia coberta de fuligem de trás de sua antiga tenda púrpura. A mesma tenda em que ela fez o parto de Kale. Quase não a reconheci por debaixo de toda aquela sujeira.
- AHHHHH - Lila levou as mãos ao peito - Você me assustou menino, pensei que eram um daqueles capangas do Raoni - A fêmea tossiu várias vezes - Eles chegaram aqui ontem a tarde. Queimaram tudo e foram embora. Mas a única coisa que não entendi foram como conseguiram. Esses encantamentos nunca falharam.
"Raoni?" Maleah havia nos confidenciado que nunca contou para ninguém de seu passado com o auto denominado rei das sombras. Como Lila sabia que tinha sido ele? Como ela o conhecia?
Maleah finalmente nos alcançou. Ela estava ofegante pela corrida e por toda aquela fumaça no acampamento em ruinas. Mas quando viu quem conversava comigo... As duas fêmeas não contiveram as lágrimas quando se olharam, Maleah apressou o passo na direção de Lila e jogou seus braços sobre o corpo da amiga em um abraço apertado.
- Eu pensei... Eu pensei que estivessem todos mortos... Ah Lila - Maleah estava chorando novamente - Sinto muito, Lila. Eu sinto muito. Fui tudo culpa minha.
- Meu amor, a culpa não é sua - A fêmea acariciou o rosto de Maleah - Eu sabia que isso aconteceria um dia. Sabia que eles nos encontrariam.
- Eles? - Maleah franziu o cenho.
Lila respirou fundo e então disse:
- Eu sei que escondi muitas coisas de vocês, me arrependo por isso. Mas fiz o que fiz para mantê-los a salvo.
Maleah deu um passo para trás e balançou a cabeça confusa.
- Escondeu o que? A história sobre sua irmã?
- A mãe de Cassian? - Perguntei sobressaltado.
- Ela está viva - Maleah afirmou.
- Ela... ela está viva? - Eu estava em completo choque - Isso não é possível... Isso... Por que não me contou antes? Cassian merece saber.
- Porque não cabia a mim a contar - Ele disse com um olhar arrependido - Lila disse que contaria ao Cassian e a Agnes. É um assunto de família, eu queria contar, mas precisei respeitar a decisão dela.
Estava pronto para encher Lila de perguntas quando ela ergueu a mão para que eu não ousasse começar o sermão e disse:
- Não há um dia que eu não me culpe por esconder essa verdade de minha filha e do meu sobrinho - O semblante da fêmea indicava que ela estava falando a verdade - Olhe ao meu redor e veja o que meus segredos me trouxeram. Eu estou pagando por todo o meu egoísmo. Então por favor, sem mais julgamentos.
Ela respirou fundo mais uma vez.
- Minha irmã não foi vendida a um senhor da morte pelo meu pai. Ela mesmo deu sua vida a ele em troca da proteção de Cassian. Ela me fez jurar não contar a ninguém - Lila falava baixinho como se os ventos do acampamento pudessem nos delatar - Ela mesmo se vendeu em troca da proteção do filho, minha irmã sabia que Cassian tinha um alvo nas costas por ser... por ser filho de Enalius.
- Merda - Xinguei
- A cada 10 mil anos, Enalius visita os Illyrianos e seduz uma fêmea para que ela gere um guerreiro perfeito. Minha irmã foi a escolhida 500 anos atrás. Mas ela sabia que ninguém acreditaria em sua história. Quem acreditaria que uma jovem fêmea solteira engravidou de um deus da guerra? Então ela trocou sua liberdade pela segurança do menino. Ela só queria que ele tivesse uma chance. E por anos, guardei o segredo dela.
- Pela mãe - Maleah parecia incrédula - Raoni havia mencionado que Cassian era o herdeiro de Enalius, mas não sabia que a ligação deles era estreita dessa forma. São pai e filho.
- Raoni? - Lila parecia confusa - Como o conhece?
- Eu... Eu... cheguei a ser levada por ele uma vez quando era mais nova - Maleah confessou - Mas e você, como o conhece?
Lila riu incrédula.
- Não manuseio poções por acaso, Maleah. Sou curandeira por um motivo - Ele abaixou os olhos por um momento - Sou uma bruxa. Você sabe bem o que Raoni faz com as bruxas, sabe o que ele as obriga a fazer com o canto delas. Quando eu vivia entre eles, o pai dele ainda estava vivo e era ainda mais cruel que seu filho. O pai de Agnes foi um dos seus piores oficiais, por isso ele me enojava tanto. Meu maior medo era de que ela manifestasse o poder das sombras de seu pai. Como não o fez, fugi de lá com minha filha. Mas, na noite anterior da minha fuga, todas as bruxas foram convocadas e uma de nós foi capaz de revelar a profecia. Ela disse que o verdadeiro rei das sombras já tinha nascido e que o descendente de Enalius lutaria ao lado dele. - Lila engoliu em seco - Seu maior erro foi revelar que não seria Raoni, ela acabou decepada naquela noite.
- Como se a verdade fosse culpa dela - Retruquei irritado.
- Quando voltei para casa e minha irmã me contou a história da concepção de Cassian, eu revelei a ela tudo o que a profecia dizia e então ela fez o que fez. Me julguem, mas se escondi a verdade foi porque minha irmã pediu. Eu menti porque ela me pediu... E naquele dia na tenda... Por pouco não contei toda a verdade a Cassian, por pouco não resisti a aqueles olhos tão parecidos com os da minha irmã. Eu tive que abandoná-lo, tive que abandonar meu próprio sobrinho ainda criança. Porque se o pai de Agnes me encontrasse, em nome do seu senhor ele mataria aquele que ajudaria a destruir Raoni. Não podia arriscar.
A dor estampada no rosto de Lila fez meu coração doer.
- E quando te vi Maleah, quando percebi que o poder das sombras espreitavam sob sua pele, eu soube que ele iria atras de você. Eu sabia que um dia ele tentaria reivindicá-la, que tentaria tomá-la para si.
- No dia em que destruí aquele acampamento, foi a última vez em que ouvi o canto da bruxa que atraia os encantadores das sombras. Ele realmente não desistia.
Lila abriu um sorriso terno.
- Quando eu ouvi o que você havia feito com aquele macho naquela tarde, eu tive certeza de que eles te estuprariam e surrariam a noite inteira - Ela olhou abriu ainda mais seu sorriso gentil - E então cantei aquela canção de bruxa uma última vez. Cantei na esperança de libertar o poder que havia dentro de você, Maleah. Na esperança de despertá-la e mostrar o que você realmente era. E quando te vi nua, caminhando com aquelas sombras em espirais que sufocavam cada um daqueles machos, eu pude finalmente aquietar minha alma, pois pelo menos uma vez havia usado o canto da bruxa para algo bom.
Maleah levou as mãos a boca e lágrimas rolaram dos seus olhos.
- Então foi você.... - Ela parecia incrédula.
Lila balançou a cabeça em afirmação.
- A mãe é muito esquisita - soltei uma gargalhada genuína - É como se ela tivesse ligado nossos destinos de propósito, só porque sabia que enfrentaríamos o mesmo mal no final.
- Ah! - Lila disse como se finalmente se lembrasse de nos dizer alguma coisa importante - Tem alguém que irá adorar vê-la.
Lila passou os braços pelos de Maleah e a conduziu para longe daquela bagunça.
- Sinto muito por ter escondido tanto de vocês - Ela se lamentou ao encostar a cabeça nos ombros de Maleah ao conduzi-la para frente - Sei que não justifica, mas fiz o que fiz por amor.
Caminhamos por cerca de quinze minutos até que chegamos em uma fonte de água que descia da fenda de duas montanhas. Eu conhecia bem aquele lugar, Maleah havia ficado nua ali como vingança por eu ter tocado no ponto sensível de suas asas. Foi ali que eu soube como algumas coisas ainda eram traumáticas para ela, mas foi ali também que vi seu corpo pela primeira vez.
As lembranças provavelmente mudaram o meu cheiro, porque Maleah enrijeceu as costas e Lila olhou para trás com confusão e estranheza estampada no rosto.
"Merda de olfato Illyriano"
Pela bondade da mãe o momento constrangedor não durou muito tempo, pois a fêmea nos orientou a entrar na água e nada para dentro da fenda entre as montanhas. E quando finalmente o fizemos, meu coração se apertou com alívio e gratidão. Do outro lado da montanha crianças brincavam e corriam, algumas fêmeas tentavam silenciá-los, mas não puderam. Havia sim pessoas feridas, asas queimadas, pernas quebradas, mas.... A maioria ainda estava viva, a maioria deles estava ali.
- MALEAH - uma voz infantil soou enquanto um pequeno corpo corria na direção dela e pulava em seu colo em um abraço apertado - Eu senti tanto a sua falta.
- Como? - Ela parecia incrédula - Eu vi o entalhe... vi o corpo...
- Zoe aprendeu a fazer esses entalhes - A mãe da menina informou - Ela os distribui por aí porque acredita que eles dão sorte.
Maleah a apertou com força.
- Por coincidência ou não, na tarde em que fomos atacados, Konan havia ganhado um entalhe de Zoe. E ele teve sorte e coragem o suficiente de nos guiar até aqui. Muitos morreram lutando para que a maioria estivesse aqui hoje. Mas Konan não foi um deles, ele lutou bravamente e nos trouxe até aqui.
- E se sobrevivemos, Maleah - Lila abraçou os próprio braços - Foi porque você nos ensinou a lutar, você nos ensinou a sobreviver. Então se estamos seguros aqui, é por sua culpa. Você é culpada sim, culpada por nos dar a chance de viver a vida que nunca tivemos.
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Gostou da História? Então comenta e curte bastante. Muitas das minhas teorias estarão presentes nessa fanfic. Abordaremos inúmeras histórias aqui, espero que vocês se divirtam.
Todo sábado teremos capítulos novos, mas se vocês baterem as metas capítulos extras serão postados no decorrer da semana.
PLÁGIO É CRIME
O livro é da Sarah J. Maas, mas a história é minha. Se eu vir pessoas utilizando os meus textos, ou parte deles denunciarei. Não só no site, mas criminalmente. O Texto é minha propriedade intelectual e isso se configura plágio. Cuidado!