Miss Scarlett e a escrava bra...

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A história se passa no Brasil Colonial do século XVIII e tem como personagem principal Scarllet que teve uma... Plus

Apresentação - Visão geral da história
Introdução
O casamento
O primeiro dia após o casamento
Os meses seguintes
O impedimento de Francisco
Os meses seguintes a morte do escravo
A humilhação a Scarlett se intensifica
Uma possível saída para Scarlett
A afronta e a resposta
Scarlett visita Josefa
Os anos seguintes
A morte
A imensa herança deixada pelo pai
A descoberta
Um novo encontro com Josefa
A execução do plano
O começo da mudança
O outro dia
O início da vingança
A conversa com Josias
O susto de Josias
Os dias seguintes
O fim do luto se aproxima
Um novo encontro com Justina
Scarlett visita Josefa no seu último dia de luto
O fim do luto e a apresentação da verdadeira Scarlett
O começo das punições
Os cuidados com Justina
O início dos trabalhos no novo regime
A história da intensa punição chega ao povoado
A intimação
Uma visita a sua melhor amiga
A audiência
O dia seguinte
O domingo
O castigo mais profundo
A recuperação
A greve
O outro dia
O psicológico
Forçando a comer
O sábado
O Domingo do acerto
O tratamento de Justina
A semana seguinte
A comunidade descobre o ocorrido
A visita de Josefa
A visita do padre
O restante do dia
A descoberta dos devedores
A terceira semana após o intenso castigo
A produtividade
A violência de Scarlett
As horas seguintes
A boa notícia aos escravos
O banquete
O restante daquele dia
A conversa com Justina
O restante daquele dia
A terça-feira
A quarta-feira
A quinta-feira
O sábado
O domingo
A visita a Josefa
O domingo
A Segunda-feira
O novo castigo
A quinta-feira
A sexta-feira
O sábado
O sábado anoite
O domingo
Os dias seguintes
A quarta-feira
A quinta-feira
Sexta-feira
O sábado
O domingo
O dia seguinte
O enterro de Justina
Os anos seguintes
Uma nova visita a Josefa
O domingo
A encomenda
A busca
A negociação
As origens daquela escrava
Scarlett recebe a carta e a responde
35 dias depois, Scarlett conhece a sua nova aquisição
O encontro com Maria
O segundo dia
O primeiro castigo presenciado por Pérola
A segunda semana naquela casa
A recuperação de Pérola
O domingo
A segunda-feira
A terça-feira
A tarde daquele dia
O restante daquela semana
O domingo
A semana seguinte
O retorno de Artur
A promessa
Alguns meses depois
Scarlett chama Artur para o primeiro encontro
O dia seguinte
O encontro com Tisa
A curiosidade de Pérola e a situação de Catarina
As novas tentativas de Scarlett
Uma nova conversa com Gertrudes
Um novo encontro de Catarina e Pérola
O dia seguinte
Os meses seguintes
A proposta
Uma Scarlett incontrolável
Os dias seguintes
Um novo castigo
Semanas depois
Uma nova conversa com Antônio
A fazenda sem Scarlett
Os dias seguintes
Os acontecimentos do passado
A quinta-feira
A sexta-feira
O retorno de Scarlett
A produtividade
O homem misterioso
A dúvida
A pressão para descobrir a verdade
A decisão de Maria
As horas após a punição de Maria
O plano de Scarlett
A verdadeira história do homem misterioso
O sentimento
O encontro de Pérola e Maria
Antônio Dias Filho prepara o plano de vingança
O domingo
Os preparativos finais para a vingança
A missa
Duas horas depois
O dia seguinte
O segundo dia após o ataque
A quarta-feira
A quinta-feira
A repercussão daquela ataque
As semanas seguintes
O aumento da desconfiança de Scarlett
As ocorrências após aqueles terríveis castigos
Uma conversa de Pérola com Gertrudes
Scarlett visita novamente Josefa
Uma nova conversa de Pérola com Gertrudes
As novas tentativas de Scarlett
A terceira revolta naquela fazenda
Scarlett retorna a fazenda
Os meses seguintes
Novos encontros com Pérola
A fúria de Scarlett
O castigo em Artur
O castigo de Pérola
Os dias seguintes
Um mês após aqueles castigos
A decisão
O passar dos anos
Os anos finais daquela viagem
A doença
O destino de Scarlett
Os meses seguintes
A mudança de ares
A princesa
Os meses seguintes
A vingança
A paixão de Tomaz
A desilusão e a redenção
A preparação para a fuga
A fuga
Os primeiros dias após aquela fuga
A segunda fase daquela busca
Uma Scarlett incontrolável
O final daquele ano
A virada do ano
O retorno
A força de Pérola
O destino de Scarlett e da princesa
A vingança
A tentativa de recuperação
Os preparativos
Os acontecimentos seguintes
O ataque
O restante daquele domingo
A continuidade daquela investigação
A situação de Scarlett
A versão de Scarlett
A preocupação de Antônio Dias Filho
Os dias seguintes
O destino de Scarlett
A adaptação
A vida de Pérola e Artur

Os dias seguintes

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Na madrugada da segunda-feira, dia 11 de abril de 1796, às 3 horas da manhã, os homens de Antônio Dias Filho vão até a casa do registrador e a reviram com cuidado para não chamar a atenção dos vizinhos, levando dinheiro, joias e outros pequenos materiais de valor daquele homem, enquanto ele ainda encontrava-se no cativeiro.

Naquele dia, um dos vizinhos daquela casa percebeu a movimentação estranha e olhou discretamente pela janela, quando observou homens a entrar e sair da sua casa, encapuzados. Em um primeiro momento, ele não conseguiu identificar quem eram. Com medo, ele continuou observando, quando viu aqueles homens saíram levando alguns pertences.

Depois dessa ação, eles vão para a casa do seu patrão levando todos aqueles pertences e logo em seguida retornam ao cativeiro colocando aqueles dois homens amarrados, vendados e amordaçados na carroça, os levando para o vilarejo. Ao chegar no Vilarejo que encontrava com as suas ruas completamente vazias, eles entraram pela porta da frente da casa do registrador e prenderam o cavalo dele, como normalmente ficava na parte de fora daquela casa em sua lateral.

Após essas ações, eles tiraram o registrador e o seu escravo da carroça, ainda presos e amordaçados e os levaram para dentro da casa, onde foram amarrados. Antes de irem embora, os trabalhadores de Antônio Dias Filho, deixaram todas as portas e janelas daquela casa abertas, para que alguém pudesse entrar e libertar aqueles homens assim que o movimento naquele vilarejo iniciasse.

Novamente aquele vizinho, ainda acordado, percebeu aquela movimentação estranha na casa, mas, achou que aquilo fosse ação do registrador e seu escravo que estavam a chegar de algum lugar. Como estava muito escuro, ele não conseguiu identificar quem era que realizava aquela ação, haja vista que não existia iluminação pública naquele período e as ruas eram extremamente escuras naquele vilarejo.

Os capatazes de Antônio Dias Filho sabiam que, certamente, no dia seguinte, ao verem que a porta da casa e do comércio daquele registrador estava aberta, alguma pessoa entraria e os encontraria daquela forma em casa, já que o estabelecimento ficava no centro daquele vilarejo, em um local muito movimentado. Com a casa toda revirada, na concepção deles, o comandante trabalharia com a hipótese de sequestro seguido de roubo. Pelo fato dos sequestrados terem ficado vendados o tempo inteiro e não terem escutado qualquer fala dos sequestradores, já que eles se mantiveram o tempo inteiro em silêncio, qualquer pista quanto aos executores daquele ataque seria muito difícil.

Na segunda-feira, logo pela manhã, conforme previsto, um homem foi até aquele local de registro e não encontrou ninguém. Achando estranho que o cavalo daquele senhor estava ao lado da casa e as janelas estavam todas abertas, ele foi entrando e chamando aquele registrador pelo nome, quando encontrou aquela casa completamente revirada. Assustado, ele entrou mais um pouco por aqueles cômodos e encontrou aqueles homens vendados, amarrados e amordaçados, desesperados, tentando pedir socorro. Imediatamente aquele homem libertou o registrador, que com o seu escravo, foi até o comandante prestar queixa daquele sequestro.

Muito atarefado e envolvido com o caso do incêndio a casa de Scarlett, aquele comandante pediu que um dos seus assistentes fizesse o atendimento inicial, tomando o depoimento daquele registrador. Logo em seguida, eles conversaram um pouco e ele entendeu que aquele senhor foi sequestrado para que os seus pertences valiosos fossem roubados, não conseguindo encontrar nenhuma ligação daquele roubo com o caso de Scarlett. Ele afirmou então que faria uma investigação minuciosa do caso, quando aquele registrador ficou satisfeito e foi para casa. O comandante chegaria lá horas depois para iniciar as investigações.

Naquele dia o doutor continuava a cuidar de Scarlett, que parecia melhor, tendo a sua febre reduzido e as queimaduras a cicatrizar em seu corpo, enquanto era acompanhada por uma assistente que foi contratada para acompanhá-la. Entretanto, ela ainda estava com febre alta e não acordava. O comandante foi algumas vezes naquela clínica questionar se ela havia acordado, pois ela era a peça chave para descrever o que aconteceu naquela casa. Na visão do comandante de polícia, se ela foi encontrada no chão é porque estava lúcida e pode ter visto a origem daquele fogo. Apenas com essa conversa aquele comandante teria a certeza do que aconteceu, conhecendo os detalhes daquele incêndio. Entretanto, Scarlett ainda estava entre a vida e a morte, e ele não sabia quando, e se ela iria mesmo despertar daquele sono profundo.

Na tarde daquela segunda-feira, Antônio foi até o médico buscar informações sobre o estado de saúde de sua patroa, quando aquele doutor disse que a situação dela era muito grave e que não sabia se ela iria mesmo retornar daquele estado de coma. Que o corpo dela foi muito queimado, especialmente, nas suas pernas e suas costas, o que a causava um sofrimento enorme. Naquela conjuntura, apenas um milagre poderia trazer Scarlett de volta.

Então, Antônio, muito devoto, assim que saiu daquela conversa, foi até a igreja pedir pela saúde daquela senhora. Mesmo com os problemas que teve com ela nos últimos meses, Antônio gostava muito de Scarlett desde que ela era jovem. Quando o pai dela faleceu, como ela se abria muito com ele, tendo uma confiança enorme na sua amizade, Antônio começou a tratá-la como se fosse um pai confidente. Portanto, ele tinha um carinho muito grande por ela e ainda queria a ver bem.

Assim que saiu daquelas orações, ele foi em um local daquela cidade onde se postavam cartas, escreveu uma direcionada a mãe de Scarlett e postou naquele Vilarejo para ser levada a Salvador e em seguida direcionada ao Rio de Janeiro. Naquela mensagem ele contava que a casa de Scarlett incendiou-se e que ela estava entre a vida e a morte, solicitando que a mãe viesse para ver a filha o mais rápido possível.

Nesse tempo, o grupo que estava a fugir com Artur, tratava de percorrer a maior distância possível rumo ao sul da Bahia, tentando ficar o mais longe possível das terras daquela senhora. Eles revezavam um tempo a caminhar e outro sentados naquela carroça enquanto se deslocavam. Novamente o calor começou a incomodar aquele grupo, bem como a falta de água e alimento. Mas, mesmo diante dessas adversidades eles estavam felizes no decorrer daquela viagem, pois sabiam que estavam indo rumo a liberdade. 

Durante aquele dia, eles viajaram das 6 horas da manhã até as 22 horas, percorrendo uma distância de 80 quilômetros, pausando apenas quando aquele cavalo já demonstrava não suportar mais tamanho esforço. Pelo segundo dia seguido, eles evitavam serem vistos e dormiram na mata.

Na quinta-feira daquela semana, finalmente os escravos haviam retirado todos os escombros daquela casa e ela estava limpa para que as investigações daquele comandante pudessem prosseguir. Antônio chegou naquele espaço acompanhado de Gildásio e os dois perguntaram aos que estavam a trabalhar no recolhimento daqueles materiais, se eles haviam encontrado algum indício do corpo dos escravos mortos, mas todos eles informaram que não.

Muito preocupado, Gildásio foi ainda mais enfático no seu questionamento:

- Escravos, o comandante de polícia quer esses corpos e vosmicês vão nos dar eles!

- Mas, nós não os vimos senhor. Todo o material está naquele ponto em frente aos troncos, mas não encontramos os corpos desses escravos.

- Se eles morreram nessa casa, os corpos deles têm que estar aqui. Eu não vou chamar o comandante antes que esses corpos sejam encontrados. Vosmicês vão revirar palmo a palmo daquele monte de entulhos e vão me trazer indícios dos corpos desses escravos. E podem começar agora! Ordenava Gildásio de forma severa.

Aqueles escravos estavam muito cansados depois de tantos dias de trabalho. Mas, começaram a caminhar em direção aos escombros, que estavam em uma pilha de mais de dois metros de altura de material queimado, alvenaria, entre outras coisas, começando a retirá-los para ver se encontravam algum indício dos corpos daqueles escravos supostamente mortos.

Antônio então chegou próximo de Gildásio e disse:

- Pelo estado que ficou essa casa eu acho muito difícil que encontrem alguma coisa. Sinceramente.

- O comandante foi categórico Antônio. Ele quer esses corpos e temos que arrumar uma forma de dar para ele. Acho que ele está desconfiado de alguma coisa.

- E do que ele poderia desconfiar?

- Pelo que eu entendi dos questionamentos dele, ele está desconfiado que eu posso ter tentado assassinar Scarlett! Diz Gildásio assustado.

- Mas, isso não faz o menor sentido Gildásio, se vosmicê quisesse que Scarlett morresse não teria tirado ela lá de dentro. Afirma Antônio.

- Eu não sei o que está passando na cabeça dele. Eu sei que ele está desconfiado e que temos que encontrar alguma coisa desses corpos.

- Vamos procurar. Mas, digo mais uma vez, esses corpos foram queimados, escombros estavam espalhados por todos os lados, dificilmente, eles serão encontrados em meio a aquela pilha enorme de escombros.

- Vamos ver se encontram né. Seria muito bom se encontrassem. Afirma Gildásio demonstrando preocupação em sua fala.

A história de que aquele registrador foi sequestrado e roubado no fim de semana se espalhou naquele vilarejo e o vizinho que viu a movimentação naquela casa foi até o comandante de polícia prestar o seu depoimento informando detalhes das ações dos criminosos.

O comandante o questionou se ele havia visto quem fez aquela ação, mas ele informou que estava muito escuro em frente a aquela casa e que ele não viu quem foi. A sua versão estava muito parecida com a versão dos sequestrados, que informaram que foram retirados daquela casa e retornaram para ela na madrugada daquele domingo para segunda-feira. O fato narrado por aquele senhor era verídico, entretanto, essas informações, por não haver identificação dos criminosos, deixavam a situação difícil de ser solucionada.

Logo após colher aquele depoimento, ele foi novamente a casa daquele registrador e pegou mais informações com ele sobre o crime. A hipótese principal era que aquela ação havia sido de sequestro seguido de roubo, pois, os principais pertences de valor daquela casa haviam sido levados pelos criminosos.

Naquele dia Artur estava chegando na divisa do que é atualmente o Estado da Bahia com o Estado de Minas Gerais. No meio do caminho eles não tiveram nenhuma abordagem. Chegaram até a encontrar pessoas naqueles trilhos, mas não os questionaram nada e eles seguiram viagem cavalgando e percorrendo em média, mais de 12 horas por dia e dormindo sempre em matas.

Em um dos vilarejos que passou, Artur foi ao mercado e comprou uma grande quantidade de frutas o que pôde os abastecer no decorrer daqueles dias de viagem. O maior problema que eles tinham enquanto percorriam aquelas distâncias era conseguir água. Aquelas terras eram muito secas e tinham poucos riachos. Eles esperavam que no decorrer da caminhada nas Minas Gerais esse problema diminuísse.

Scarlett até aquele dia ainda não havia acordado do seu estado de coma, mas a sua febre já havia diminuído e as suas partes machucadas, de acordo com as avaliações do doutor, pareciam estar a melhorar um pouco, entretanto, para realizar mais testes, ele precisaria que Scarlett estivesse lúcida. O retorno de Scarlett também era algo que estava a deixar aquele comandante ansioso. A cada dia que passava, ele ficava ainda mais intrigado com as características incomuns daquele incêndio.

Naquele vilarejo, Antônio Dias Filho acompanhava toda aquela situação a distância. Ele sabia que Scarlett estava muito mal e que poderia morrer a qualquer momento. Entretanto, tinha preocupações de que ela pudesse acordar e que tivesse condições de dizer quem foi que realizou aquele ataque a ela, o que poderia complicar a situação de todos aqueles escravos fugitivos e a própria situação dele, dependendo dos caminhos daquela investigação. Por esse motivo ele ficava sempre monitorando as novas notícias.

No sexto dia daquela fuga, Artur e os demais membros daquele grupo que fugiu da fazenda encontraram um grande rio, o Rio Jequitinhonha, na divisa de onde é hoje o Estado de Minas Gerais com a Bahia. Artur perguntou a alguns moradores de uma casa que eles encontraram no caminho, onde aquele rio nascia? Então aqueles homens o responderam que, de acordo com informações que eles tinham recebido de viajantes, aquele rio nascia próximo do arraial do Tijuco, a terra dos Diamantes. Rezava a lenda que o Rio Jequitinhonha tinha diamantes no decorrer de todo o seu percurso. Aqueles homens que moravam ali, haviam chegado a pouco tempo em busca de pedras preciosas ou ouro dentro daquele rio.

Artur ficou muito feliz com aquela informação. Ele queria chegar exatamente ao Arraial do Tijuco e viajar a beira do Rio era uma estratégia interessante para conseguir água e alimentos no decorrer do percurso. Então ele contou essa novidade às suas acompanhantes e todas ficaram muito felizes que teriam água por um longo tempo seguindo aquele trajeto. A única coisa que eles precisavam se preocupar era com as tribos indígenas, pois, elas também costumavam ficar ao lado desses grandes rios. Naquela época, todo o cuidado era pouco, pois os índios para proteger as suas terras e tribos, costumavam atacar qualquer viajante que os ameaçasse.

No sétimo dia após aquele incêndio, no dia 17 de abril de 1796, Scarlett finalmente acorda, entretanto, o seu estado era de desespero absoluto. Assim que acordou, ela gritava de dores extremas em sua perna e suas costas, que estavam a cicatrizar das intensas queimaduras, mesmo depois de tantos dias. Ela chorou muito de dor, quando aquele doutor tentou acalmá-la, mas as suas dores pareciam estar mesmo insuportáveis.

Como saída aquele doutor lhe deu uma quantidade enorme de bebida forte, para que ela pudesse se controlar e, pelo menos, parar de gritar de forma tão desesperada. Além de todos as dores que sentia nesses pontos devido as queimaduras, Scarlett ainda estava a sentir dores insuportáveis na região de sua barriga e da sua costela na parte da frente, que tinha sido quebrado um fio, tanto ao lado esquerdo quanto do direito, em meio aos golpes ministrados por Aurindo no decorrer daquelas agressões no dia que aquele quarto foi incendiado. Aquela sensação de dor tremenda estava fazendo aquela senhora respirar de forma ofegante o que a trazia um desespero ainda maior.

Quando Scarlett acalmou um pouco, extremamente bêbada, o doutor questionou:

- Onde está a doer senhora?

- Está tudo a doer senhor. Eu não vou aguentar sentir tantas dores, as minhas costas doem, e minha barriga dói, acima dela também dói, mas de todas essas dores, as minhas pernas é onde está mais insuportável. Eu preciso que o senhor arrume uma forma de resolver isso doutor. Está doendo muito! Afirma aquela senhora ofegante e demonstrando um desespero enorme a chorar.

O doutor então pegou alguns remédios para dor e deu a Scarlett para que ela tomasse, além daquelas bebidas que havia dado em grande quantidade a ela, para ver se conseguia, pelo menos, relaxar um pouco. Logo em seguida, ele tirou os lençóis da perna de Scarlett e o desespero daquela senhora foi ainda maior. O local em que ficavam os seus pés estava enfaixado, os seus pés não estavam mais ali. Quando ela desesperada e chorando muito, ainda sentindo muitas dores, questionou:

- Senhor, onde estão os meus pés que eu não estou sentindo e nem vendo eles?

- Senhora Scarlett, quando a senhora chegou aqui os seus pés estavam completamente queimados, assim como as suas pernas abaixo dos joelhos. Eu esperei que a senhora acordasse para ver a sua sensibilidade quanto as pernas, antes de saber o que fazer, mas quanto aos seus pés eu não pude fazer nada, eu sinto muito.

- O senhor quer dizer que eu perdi os meus pés? Que não vou mais poder andar?

- Sim senhora, infelizmente não tinha o que ser feito. Eles haviam sido completamente queimados em meio a aquelas chamas.

Scarlett chorou de forma ainda mais aterrorizada naquele instante. Ela nunca havia se imaginado sem poder andar em sua vida. Super independente e forte, dificilmente ela conseguiria lidar com aquela situação. E nem isso minimizava as suas dores, que com o passar do tempo, foi apenas aumentando, com a diminuição do efeito daquela bebida.

Para examinar a situação daqueles pontos atingidos pelo fogo, aquele doutor começou a tocar em partes da perna daquela senhora, visando identificar até onde ela ainda tinha alguma sensibilidade, quando ela disse que não sentia nada até pouco abaixo dos joelhos e que sentia muitas dores exatamente naquele ponto.

O doutor chegou a conclusão de que aquela parte de baixo dos joelhos de Scarlett estava morta e ele precisaria fazer uma nova cirurgia ali o mais rápido possível. Que provavelmente as dores que ela estava a sentir eram em suas veias que estavam sendo interrompidas pela parte morta de sua perna, causando uma espécie de entupimento das veias, o que trazia uma sensação de dor tremenda.

Ele precisaria fazer aquele procedimento cirúrgico de nova amputação no dia seguinte, no máximo, quando ele teria ajuda da sua assistente, que não estava naquela clínica hoje. Mas, o problema maior era como aquelas cirurgias eram feitas naquele tempo. Scarlett provavelmente sofreria muito em meio a aquele procedimento, pois, naquela época esse tipo de operação era feito de forma completamente artesanal, sem nenhuma anestesia local, pois esses remédios anestésicos sintéticos não existiam ainda naquele período. Para aliviar as dores de Scarlett, ele deu a ela ainda mais bebidas, até que ela ficou completamente bêbada. Então ela dormiu no final daquela tarde, ficando por horas e horas em sono profundo.

Naquela noite a informação de que Scarlett estava viva e havia acordado se espalhou naquele vilarejo rapidamente. Aquela notícia trazia felicidade para alguns e preocupação para outros. Quem ficou mais preocupado foi Antônio Dias Filho que no momento em que recebeu a notícia estava em um bar a beber e mudou o seu semblante de feliz para preocupado assim que soube que ela havia despertado.

Poucos minutos depois, ele se despediu dos amigos e foi diretamente a casa do primo para poder conversar sobre as suas preocupações. Matias o recebeu assustado pela hora, quando questionou:

- Aconteceu alguma coisa séria primo?

- Aconteceu sim. Vosmicê acredita que aquela senhora acabou de acordar?

- Scarlett? Questionou Matias assustado, quando fez uma nova pergunta: - Mas, ela não estava entre a vida e a morte naquela clínica? Ainda conseguiu viver?

- Parece que sim meu primo. Agora a coisa ficou preocupante. Espero que ela não tenha visto Artur, porque se ela o viu, irá dizer isso ao comandante de polícia e essa investigação pode provar que ele está vivo e foi o mandante dessa história e ainda provar que eu estava envolvido. Afirma Antônio Dias Filho demonstrando uma preocupação extrema naquele momento.

- Isso é mesmo muito preocupante. O que será que deu errado heim?

- Eu não encontrei com Artur depois do atentado. Eu deixei a carroça lá pra eles e fui embora, com medo de que alguém viesse atrás deles e prendessem a nós todos. Mas, pelo que eu havia entendido estava tudo certo. Pra mim eles tinham colocado fogo na casa e ela não iria sobreviver a aquele incêndio. Mas, parece que eu estava enganado. Pelo que eu escutei no bar o capataz dela chegou e encontrou o corpo dela em chamas deitado no chão do quarto, apagou aquele fogo e a tirou da casa, tendo conseguido a levar entre a vida e a morte para o médico. Agora ela acordou.

- Temos que ver agora o que ela vai dizer. Aquele comandante não vai ficar em paz se descobrir que isso foi um atentado. Vosmicê tem que tomar muito cuidado daqui pra frente primo. Nada de cometer erros.

- Eu preciso casar logo. Eu queria acabar com essa vingança antes de me casar, já adiei o meu casamento por duas vezes. Não posso adiar mais.

- Não pode mesmo. O povo já está ficando desconfiado desses seus adiamentos. Eles estão comentando na cidade. Tem que ser em julho, conforme prometeu.

- Vai ser. A minha noiva já está inquieta e a família dela também. Não posso adiar mais.

- Vamos esperar que dê tudo certo. Contra vosmicê ninguém tem nenhuma prova. Vamos ver como as coisas vão se encaminhar nos próximos dias. Qualquer coisa eu estou aqui.

- Muito obrigado meu primo. Eu vou indo para casa. Parece que não foi dessa vez que eu fiquei livre dessa senhora. Afirma Antônio Dias Filho com um semblante triste.

- Ela é mais dura na queda do que eu imaginei também meu primo! Afirma Matias em despedida, quando vê seu primo montar no cavalo e ir embora.

No outro dia, Scarlett acordou de madrugada, desesperada, sentindo as mesmas dores descomunais do dia anterior, quando aquele doutor, a deu ainda mais bebidas. Ele aguardava a chegada da sua assistente às 8 horas para iniciar aquela operação.

Logo pela manhã, aquela assistente chegou e sabendo que Scarlett estava sobre efeito dos remédios e de bebidas, o doutor preparou tudo para aquela cirurgia. Ele teria que fazer a amputação nas duas pernas de Scarlett até a altura abaixo dos joelhos, em uma parte que ele julgava estar totalmente saudável, para evitar que a morte de suas células continuasse a ocorrer. Para que aquele procedimento fosse executado, ele amarrou as pernas de Scarlett e pediu que a sua assistente a segurasse.

Aquele procedimento era realizado de forma muito arcaica naquele período, o qual os médicos normalmente atuavam sem nenhuma formação acadêmica. Aquele doutor havia aprendido o ofício com um tio, utilizando mais da prática do que de qualquer conhecimento teórico, como era comum entre os médicos que trabalhavam nos pequenos vilarejos da colônia.

Para iniciar aquela operação, ele pegou um serrote e foi caminhando em direção a aquela cama, quando Scarlett assustada, o questionou:

- O que o senhor vai fazer doutor?

- Pelo estado que essa parte está, teremos que amputá-la Scarlett.

- Como assim doutor? Questiona aquela senhora a arregalar os olhos demonstrando um semblante aterrorizado.

- As suas penas nessa parte estão totalmente mortas Scarlett, por isso tem sentido tantas dores. Temos que retirar a parte morta e estancar o sangue da parte viva, para que vosmicê não sinta mais dores e possa viver a sua vida de forma normal. Afirma aquele doutor.

- Viver uma vida normal com as minhas pernas cortadas doutor? Isso não faz o menor sentido! Afirma Scarlett demonstrando desespero, mesmo estando bêbada.

- Eu preciso fazer esse procedimento Scarlett. É para o seu bem!

- Não doutor, eu não quero. Eu prefiro morrer assim do que ter que ver o senhor cortar as minhas pernas. Afirma Scarlett a chorar copiosamente, demonstrando desespero ao imaginar a dor que sentiria em meio a aquela operação.

- Eu preciso Scarlett. Se eu não fizer isso, não terei como salvar a sua vida.

- Eu não quero que salve a minha vida. Eu prefiro morrer do que passar por isso doutor. Afirma ela com um semblante aterrorizado e ainda com os seus olhos arregalados.

- Como o seu médico eu não posso deixar! Afirma aquele doutor de forma direta.

- Eu não vou deixar vosmicê fazer isso comigo! Eu não quero! Afirma Scarlett a mover o seu corpo insistentemente tentando evitar que aquele procedimento fosse realizado.

O doutor ordenava que aquela assistente segurasse as pernas de Scarlett, mas a assistente não conseguia. Então ele falou com Scarlett de forma firme:

- Senhora Scarlett eu preciso fazer o meu trabalho. Se a senhora não deixar que eu salve a sua vida por bem, terei que fazer isso a força.

- Eu não vou deixar doutor. Eu não quero. O senhor precisa respeitar as minhas vontades! Afirma aquela senhora demonstrando ira em sua fala, ao mesmo tempo que chorava desesperadamente.

- Eu estou aqui para salvar vidas Scarlett e farei isso com a sua vontade ou não.

Então aquele doutor, começou a pegar cordas e amarrar o corpo de Scarlett em várias partes, enquanto ela o agredia verbalmente. Muito revoltado, por um momento, ele pegou panos e amordaçou aquela senhora depois de amarrar todo o seu corpo e suas pernas. Scarlett estava desesperada sentindo o seu corpo tremer de uma forma incrível. O seu desespero era tão grande que o seu sangue começou a bombear de forma muito intensa, o que trouxe a impressão de que os efeitos daquela bebida estavam a diminuir a cada segundo que se passava.

Quando aquele doutor a questionou:

- Vamos fazer isso por bem ou eu terei que intervir de uma forma mais abrupta. Eu quero salvar a sua vida e vou fazer isso. Se puder me ajudar, tenho certeza que será bem melhor para a senhora.

Então ele tirou aquele pano da boca de Scarlett e ela chorando muito disse:

- Por favor doutor, não faz isso comigo. Eu não vou suportar sentir tantas dores.

- Lhe darei mais remédios e água ardente para que possa suportar Scarlett, mas preciso da sua ajuda nesse momento. É uma cirurgia muito delicada.

- Eu vou tentar me controlar senhor. Afirma Scarlett, quando lágrimas caem insistentemente dos seus olhos.

O doutor pegou grandes doses de remédios e deu a Scarlett. Logo em seguida, no intuito de dopá-la, ele lhe deu também uma grande quantidade de bebida forte. Ela tomou o máximo que pôde e ficou completamente bêbada, em um estado quase de coma alcoólico.

Ao ver que ela estava completamente bêbada, o doutor pediu que aquela enfermeira segurasse de forma firme a perna direita de Scarlett que já estava amarrada, no intuito de firmá-la para que ele pudesse serrá-la. Ele pegou o serrote e iniciou aquele procedimento, serrando um pouco abaixo dos joelhos daquela senhora. Scarlett, quando ele iniciou aquele procedimento, estava em um estado quase de inconsciência devido as bebidas que tomou. Entretanto, o choque de adrenalina que ele sofreu quando aquela parte do seu corpo começou a se cortar, foi tão intenso, que imediatamente ela se despertou, sentindo dores insuportáveis.

Sangue começou a jorrar para todos os lados daquele ponto do consultório, era uma operação incrivelmente invasiva naquele período. Scarlett não tinha outra reação a não ser mexer os seus braços, que ainda estavam desamarrados, chorar de forma incontrolada e gritar como nunca havia gritado em sua vida. Os seus gritos de dor eram tão extremos, que em todos os pontos daquele vilarejo podiam ser escutados. Aquela senhora estava a sofrer de forma muito intensa durante aquela operação.

A cada segundo que passava o corte era mais profundo e aquele doutor tinha que fazer aquele procedimento, de serrar a perna daquela senhora, de forma rápida para que ela não perdesse tanto sangue. Por esse motivo, ele agia de forma ainda mais abrupta colocando força naquele serrote, aumentando indescritivelmente a dor que ela estava a sentir, haja vista que todo aquele procedimento estava a ser realizado sem anestesia, pois naquele tempo não existiam ainda as anestesias sintéticas.

Scarlett sentiu tanta dor naquele momento que começou a balançar aquela cama de forma abrupta, mas, sabendo que aquele procedimento era a única forma de tentar salvar aquela mulher, aquele doutor prosseguiu serrando aquela perna, enquanto sangue voava ainda mais intensamente, cada vez que ele aprofundava aqueles cortes. Em meio a aquele desespero de Scarlett tentando movimentar o seu corpo, a assistente ficava a tentar segurá-la para que a sua parte operada se mantivesse firme, no intuito de que o doutor tivesse condições de continuar a serrar aquele ponto.

Cada serrada que aquele doutor dava na carne de Scarlett, a dor parecia que estava indo diretamente no seu coração. O fato de ela não poder mover para tentar dissipar um pouco daquela dor, por estar amarrada e segura pela enfermeira, parecia aumentar exponencialmente o seu sofrimento e aquela sensação de tortura. Ela estava incontrolável naquela cama, agitando o seu corpo, mesmo amarrada, da forma que conseguia para tentar dissipar um pouco daquele sofrimento, mas, quando aquele doutor começou a serrar o seu osso, ela não suportou e desmaiou imediatamente, deixando a situação mais tranquila para que aquele doutor pudesse dar prosseguimento naquele procedimento terrível.

Aproveitando que Scarlett havia perdido a consciência, aquele doutor cortou as partes necrosadas das duas pernas daquela senhora abaixo dos joelhos, isolou aquelas veias principais, limpando o sangue e a enfaixou de forma que provavelmente cicatrizaria nos próximos dias. O doutor, depois de limpar aqueles pontos, não encontrou indícios de células mortas daquela parte para cima dos seus membros o que o trouxe mais tranquilidade. Depois de realizar aquele procedimento, ele imaginava que as dores que Scarlett estava a sentir naquele ponto cessariam quando ela acordasse.

No dia seguinte, Scarlett acordou sem sentir muitas dores nas pernas a não ser no ponto em que houve a amputação. Ela estava mais aliviada e aquele doutor passou alguns remédios para dor. Com as dores mais suportáveis em suas costas, que já estavam a cicatrizar e nos seus fios de costela que haviam sido quebrados, aquela senhora não precisou tomar bebidas naquele dia, conseguindo ficar lúcida e com uma dor suportável, apenas com os remédios ministrados pelo doutor.

Ao encontrar o doutor, demonstrando mais tranquilidade, Scarlett questionou:

- O que aconteceu doutor, eu não estou conseguindo me lembrar de nada?

- A sua casa pegou fogo senhora Scarlett. E a senhora infelizmente teve queimaduras muito sérias em boa parte do seu corpo.

- Quando foi isso?

- No domingo, já tem uns oito dias.

- Meu Deus! Eu fiquei esse tempo todo dormindo? Questiona aquela senhora assustada.

- Sim senhora.

- Como está a minha fazenda?

- Não se preocupe com ela senhora, Antônio está tomando conta de tudo. Em pouco tempo ele deve chegar aí. Ele sempre vem te visitar na parte da tarde.

- Eu não vejo a hora de saber com ele como as coisas estão lá. E a operação doutor? Como foi?

- Eu ainda não posso tirar esses curativos, porque preciso deixar um pouco mais para a cicatrização. Só poderei tirar daqui alguns dias. Mas, me parece que deu tudo certo Scarlett.

- O senhor quase me matou doutor. Eu nunca senti tantas dores em minha vida. Nem aquele dia que o senhor limpou as minhas feridas doeu tanto. E olha que eu pensei que não era possível sofrer mais do que aquilo. Eu não vou poder andar nunca mais não é doutor? Questiona aquela senhora com um semblante triste.

- Vosmicê tem escravos Scarlett. Eles podem te colocar em cadeiras e te levar para onde quiser. Pode viver de forma tranquila como outros senhores vivem.

Então aquela senhora começa a chorar demonstrando uma tristeza enorme pela sua situação.

Naquela tarde Antônio foi visitar Scarlett, quando eles conversaram sobre o que ocorreu na fazenda:

- Olá Senhora Scarlett. Diz Antônio ao abraçá-la.

- Tudo bem Antônio?

- Melhor agora ao ver que a senhora está tão bem! Afirma ele em tom animado.

- Bem Antônio? Eu não vou conseguir andar nunca mais! Como poderia estar bem nesse estado? Questiona Scarlett demonstrando tristeza em sua fala.

- Senhora, pela forma que vi a senhora da primeira vez que cheguei aqui, a senhora nasceu de novo! Eu achei que a senhora não iria suportar tantas queimaduras em seu corpo. Foi tudo muito extremo.

- Ainda sinto muitas dores. Mas, o que aconteceu efetivamente, como está a minha casa?

- Quem estava lá na hora era o Gildásio senhora e ele te salvou mais uma vez. Na versão que ele me passou, ele acordou de madrugada quando viu fumaça em todo o seu quarto, imediatamente quando ele abriu a porta, todo o corredor já estava a pegar fogo. Foi então que ele entrou no seu quarto e viu a senhora deitada de frente para o chão. Ele abafou o fogo com uma coberta e tirou a senhora de lá. Mas, a senhora estava muito mal, entre a vida e a morte. A senhora ficou mais de 7 dias desacordada.

- Acho que era melhor se eu tivesse morrido Antônio. Ontem eu passei por um procedimento aqui que achei que não podia existir algo tão tenebroso nessa terra. O doutor cortou a minha perna com um serrote, como se tivesse a cortar um animal. A dor é terrível demais para vosmicê imaginar. Diz aquela senhora com um olhar triste.

Antônio naquele momento, engole seco, ele realmente não podia imaginar a dimensão da dor que aquela senhora sentiu. Então Scarlett questionou:

- E como está a minha fazenda?

- A casa grande queimou tudo senhora. Teremos que alugar uma casa aqui no vilarejo por enquanto, assim que a senhora receber alta e depois realizar a remontagem da casa. Queimou todos os cômodos, tudo!

- Eu perdi a minha linda casa e todos os meus móveis?

- Sim senhora. Infelizmente sim.

- E Artur, como está o meu escravo amado?

Antônio queria arrumar uma forma de dizer aquilo para aquela senhora de forma mais amena, ficando um tempo em silêncio, mas, viu que ela estava com um olhar ainda mais desesperado e disse depois de engolir seco:

- Infelizmente, Artur morreu no incêndio!

O desespero de Scarlett foi extremo naquele momento. Ela gritava insistentemente:

- Artur não! Eu não acredito que perdi Artur também! Ele não pode ter morrido lá! Gritava aquela senhora chorando copiosamente em sofrimento profundo.

- Quando Gildásio acordou, ele olhou para os quartos deles senhora e estavam todos em chamas. Morreram Artur, Pérola, Maria e Tisa. Dos que estavam no segundo andar, só se salvaram Gildásio e a senhora! Responde Antônio.

Scarlett parecia não acreditar naquilo que estava ouvindo, tamanha a perda que aquilo representava para ela. Aquela senhora tinha Artur como o seu amado, o qual ela poderia desfrutar das coisas boas de sua vida, a quem estaria ligado a ela no decorrer de toda a sua existência nessa terra. Agora, na concepção dela, estava morto.

Depois de ouvir aquelas falas de Antônio, Scarlett não disse mais nada, ficou em silêncio a chorar por um bom tempo, enquanto pensava em tudo que viveu de bom com aquele escravo em sua vida. Em meio a aquelas reflexões, parecia que Scarlett estava chegando a conclusão de que havia perdido quase tudo de bom que teve enquanto esteve nessa terra. Ela não teve sorte no amor com ninguém. Primeiro perdeu Luis, depois Murilo, em poucos dias Tenório e agora Artur. Tantas dores seguidas, estavam a maltratar demais o seu coração.

Ao ver que aquela senhora não queria conversar mais, Antônio a deixou reflexiva, se despedindo dela, prometendo retornar no dia seguinte. Triste em ver aquela senhora que ele tanto gostava naquele estado de tristeza profunda, ele vai para casa preocupado, pois os escravos a aquela altura não haviam encontrado ainda indícios dos corpos de Artur, Pérola, Tisa e Maria, mesmo depois de uma pressão enorme de Gildásio, que no dia anterior havia colocado três daqueles escravos no tronco e lhes aplicado um castigo de 25 chibatadas, para que eles pudessem procurar ainda mais intensamente os restos mortais daqueles escravos naquele entulho.

O doutor percebe que Scarlett estava abalada com tudo o que descobriu. Ela não falava nada naquela tarde enquanto ele ia ministrar os remédios para ela. Depois de tocar em suas pernas, ele percebeu que elas pareciam estar se recuperando. Ele tocou também em suas costas e viu que aquelas queimaduras estavam a terminar de cicatrizar muito bem. Mas, quando ele tocou na barriga de Scarlett e nos pontos em que aquela costela havia machucado, aquela senhora gritou intensamente, e ele percebeu que ela precisaria de mais repouso.

Ainda naquele dia, o comandante foi até aquela clínica para tentar falar com Scarlett, mas, o doutor disse que ela não tinha condições psicológicas para falar com mais ninguém naquela tarde, pois havia descoberto que os seus escravos mais valiosos haviam morrido e ela estava muito triste com isso. Aquele comandante entende e diz que voltaria no outro dia.

Depois daquele castigo extremo que alguns daqueles escravos receberam, aquele grupo de aproximadamente 15 negros, começou a fazer uma busca minuciosa em meio a aquele entulho visando encontrar algum indício dos corpos daqueles escravos que dormiam no segundo andar daquela casa. Muito nervoso e se sentindo pressionado pelo comandante de polícia, Gildásio deu 24 horas para que aqueles escravos encontrassem o que ele ordenava, ou ele dobraria o castigo aplicado aos escravos no dia anterior e dessa vez castigaria todos os escravos que estavam a trabalhar naquele grupo. Essa ameaça deixou aqueles cativos muito preocupados e eles intensificaram a busca. Desesperados, eles ficaram até tarde a revirar aqueles entulhos, mas não encontravam nada.

Assim que amanheceu a quarta-feira, Gildásio muito revoltado, reuniu aqueles 15 escravos e os questionou de forma severa:

- Encontraram escravos, encontraram o que eu ordenei?

- Não senhor, podemos dizer que esses corpos não estão aqui. Nós reviramos cada centímetro desse entulho e não os encontramos. Ou alguém tirou eles daqui antes da gente chegar ou eles não estavam na casa quando o incêndio aconteceu. Afirma um daqueles escravos demonstrando convicção em sua fala.

Naquele momento Antônio estava a chegar naquele espaço, quando ele escuta essa última fala.

Como resposta, Gildásio diz:

- Pois vão todos para o tronco. Eu ordenei que encontrasse e não encontraram. Cada um de vosmicês vai levar 50 chibatadas por não terem me dado aquilo que ordenei que encontrassem.

- Mas, senhor, é impossível encontrar algo que não está aqui. Nós reviramos todo o entulho por dias. O senhor pode ver, está todo espalhado. Eles não estão aqui senhor. Afirma um outro escravo demonstrando desespero em sua fala.

- Eu não quero saber! A minha ordem foi que encontrassem, se não encontraram serão castigados! Afirma aquele senhor de forma revoltada, quando Antônio intervêm.

- Os escravos têm razão Gildásio. Eu já havia reparado que seria muito difícil encontrar os restos mortais desses escravos em meio a todo esse entulho. E nem bem sabemos se eles estão mesmos aí. Passaram muitos escravos nessa casa antes desses. E sabemos que os escravos têm rituais para funeral. Podem ter tirado esses restos mortais, os levado e enterrado em outros lugares. Afirma Antônio.

- Se tivessem feito isso, teriam nos dito Antônio? Afirma Gildásio.

- As vezes não. Quando aquela mulher africana morreu nessa fazenda, eu fiquei sabendo que ela morreu no tronco e estava lá no momento da revolta dos escravos. Entretanto, quando a revolta acabou, ela não estava mais lá e nunca mais encontraram o corpo dela. Os escravos não gostam que violem os túmulos dos seus entes queridos, acham que eles merecem um descanso eterno e em paz. Por isso podem não terem dito nada.

- Eu não acredito em nada disso Antônio. Esses escravos é que não procuraram direito! Afirma Gildásio.

- Nós procuramos senhor! Reviramos isso tudo aqui por umas três vezes. Eles não estão aí.

- Cale a boca escravo! Eu não quero mais nenhuma palavra de vosmicês, preguiçosos! Afirma Gildásio de forma irada. Quando complemente a sua fala: - E como vamos justificar isso para o comandante? Eu preciso saber, pelo menos, quem foi que enterrou esses escravos, se é que isso aconteceu?

- Diga a ele que os corpos não foram encontrados. Que se ele quiser achar, que os seus homens procurem. Ele é o investigador. Isso não é papel nosso. Afirma Antônio de forma tranquila, deixando aquele homem para trás, de forma que ele não tivesse mais o que argumentar.

Então ele liberou aqueles escravos os deixando em seus galpões e foi imediatamente a delegacia a conversar com o comandante:

- Senhor, eu ordenei que aqueles escravos revirassem cada palmo daqueles escombros, mas, eles não encontraram os restos mortais daqueles escravos que morreram no incêndio.

- E como o senhor me explica isso? Questiona aquele comandante demonstrando seriedade.

- Tem várias hipóteses senhor. Uma delas é que teve um grupo de negros que entrou primeiro naquele lugar e pode ter levado esses escravos e os enterrado, sem que dissesse a ninguém onde esse enterro foi realizado.

- Que hipótese mais estapafúrdia é essa. Isso não faz o menor sentido. Afirma aquele comandante, quando diz em complemento: - Mandarei os meus homens revirarem todo aquele entulho nos próximos dias. Se eles não encontrarem esses escravos, para mim, até que Scarlett me diga o que aconteceu naquela casa, trabalharei com a hipótese de que eles estão vivos e que eles podem ter sido os responsáveis por esse incêndio mal explicado. Afirma aquele comandante de forma convicta.

Sem ter o que dizer, Gildásio simplesmente concorda, pede para se retirar, cumprimenta aquele comandante e sai daquela sala pensando na hipótese apresentada por ele. Para aquele matador que estava naquela casa, essa hipótese não fazia muito sentido, pois, depois que ele acordou, viu aqueles quartos a pegar fogo e provavelmente aqueles escravos estavam dentro deles a dormir quando aquelas chamas se intensificaram. Mas, ele entendia que nenhuma hipótese poderia mesmo ser descartada.

Na tarde daquele dia, o comandante foi até o local em que Scarlett estava e conversou com ela sobre aquele incêndio:

- Olá senhora Scarlett bom dia! É muito bom ver que a senhora está a se recuperar.

- Bom dia comandante! Se recuperar, o senhor sabe que nunca mais poderei andar em minha vida. Scarlett reponde em tom desanimado.

- O importante é estar viva senhora. E isso a senhora está. Então agradeça, pois pela forma que vi a sua casa, especialmente o segundo andar dela, foi um milagre a senhora ter saído de lá ainda com vida.

- Antônio me contou senhor. Eu perdi a minha casa, os meus móveis maravilhosos. Eu ainda não consigo acreditar nisso. Afirma Scarlett demonstrando um certo desespero.

- A senhora se lembra de alguma coisa que aconteceu?

- Não, eu me lembro que eu fui dormir normalmente naquela noite como sempre fazia em meu quarto. Mas, depois não me lembro de mais nada. Só que acordei há dois dias aqui com uma dor insuportável nos meus joelhos e que no dia seguinte o doutor arrancou partes de minhas pernas com um serrote. É tudo que lembro até o momento senhor. Afirma aquela senhora em tom triste.

- Estamos investigando e tem uma coisa que tem me intrigado bastante. Nós não achamos os restos mortais dos seus quatro escravos que ficavam no segundo andar. A senhora acha que tem alguma chance deles terem saído com vida e fugido daquela fazenda?

- Pelo que Antônio me contou eles estavam mortos. Afirma aquela senhora sem entender muito bem o que estava a acontecer.

- Gildásio também me disse isso em meu primeiro interrogatório senhora. Mas, o que prova uma morte são os corpos e isso ainda não foi encontrado. O que a senhora que conhece aquela fazenda suspeitaria, quanto a isso?

- Como o senhor sabe, Artur fugiu esses dias para longe e iniciamos uma busca por ele. Mas, não acho que ele teria fugido novamente. Eu não sei senhor. Precisaria de mais detalhes para poder dizer o que pensar a respeito. Afirma aquela senhora se mostrando confusa com aquelas informações.

- Tudo bem senhora. Eu vou fazer o seguinte. Pedi que os meus homens revirassem aquele entulho da sua casa novamente. Talvez eles sejam mais eficientes do que os seus escravos e descubram alguma coisa. Eles tem cachorros que podem facilitar esse trabalho. Mas, isso para mim continua um mistério! Eu vou pedir a senhora, se lembrar de qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, por favor, mandem me chamar imediatamente.

- Claro senhor. Caso me lembre de alguma coisa que aconteceu naquela noite eu peço sim para que lhe chamem.

- Muito obrigado senhora. Eu continuarei investigando. Se isso foi um acidente, infelizmente eles acontecem, mas se foi algo programado eu vou descobrir.

- Eu agradeço muito pela atenção ao meu caso senhor. Afirma Scarlett, quando aquele comandante sai do seu quarto e parte daquele consultório.

Scarlett ficou o restante daquele dia a tentar lembrar de alguma coisa que aconteceu naquela noite. Mas, ainda não conseguia se lembrar de nada. Parecia que o seu cérebro havia apagado as informações daquele momento de terror que ela passou, quando foi agredida e viu o seu corpo a queimar em cima daquela cama. Nada daquilo aparecia em sua mente.

Então aquele comandante foi conversar a sós com o doutor assim que saiu do quarto de Scarlett:

- Doutor, por um acaso ela disse alguma coisa sobre o que aconteceu naquele incêndio desde que acordou?

- Não senhor, no primeiro dia que acordou ela demonstrava sentir dores insuportáveis. E eu tive que a fazer dormir, pois ela não parava de gritar.

- E onde eram essas dores?

- Nas suas pernas senhor. Os seus pés estavam completamente queimados quando ela chegou e eu tive que amputá-los. As suas pernas também estavam muito queimadas e ela sentia dores, principalmente nos pontos abaixo dos joelhos que estavam mais queimados e eu também os amputei.

- O senhor entende o motivo de ela ter queimado tão intensamente os pés doutor?

- Não senhor. Eu não consigo entender o porque isso aconteceu. Eu questionei isso a Gildásio, mas tudo que ele me disse é que a encontrou deitada no chão de costas enquanto o seu corpo queimava nas costas.

- Tudo bem. Eu agradeço. Eu pedi a Scarlett que qualquer coisa que se lembrasse era pra me chamar. Conto com a ajuda do senhor para isso.

- Claro comandante, assim que ela se lembrar de algo eu mando chamar o senhor.

- Muito obrigado. Diz aquele comandante, enquanto sai ainda mais intrigado com aquela situação relatada.

O comandante imaginava que, se tem um ponto do corpo que não é comum se queimar intensamente são os pés. Esse ponto tem uma pele mais grossa e o ser humano tem condições de movimentar ele intensamente em caso de queimaduras. Gildásio que havia visto Scarlett pela primeira vez, em meio a aquelas chamas, falou que ela estava a queimar as costas, mas, em nenhum momento relatou sobre queimaduras em seus pés. Aquela situação de Scarlett tinha muitas dúvidas que não estavam bem esclarecidas para aquele comandante e ele refletia muito sobre essas questões.

Assim que chegou a delegacia ele pediu a um dos oficiais que chamasse Gildásio, ele queria interrogá-lo mais uma vez depois daquelas novas informações que conseguiu. Em menos de uma hora Gildásio estava naquela sala e ele começou a questioná-lo:

- Por favor Gildásio, me conte um pouco mais sobre aquela noite.

- Era uma noite normal senhor. Eu fui dormir por volta das 11 horas como sempre fazia em meu quarto. Não me recordo de nada em especial que me chamasse atenção naquela noite.

- O senhor chegou a ver os escravos do segundo andar naquela noite?

- Não senhor. Eu normalmente ia para o meu quarto mais cedo, antes de dormir. Naquela noite eu entrei no meu quarto por volta das 9 horas e desse momento em diante não vi mais ninguém.

- Quem foi a última pessoa que vosmicê viu nessa noite?

- Uma mucama que foi ao meu quarto levar água senhor. Depois dela eu não vi mais ninguém.

- Essa mucama está lá na fazenda?

- Sim senhor, normalmente realizando os seus trabalhos.

- Scarlett disse que Artur havia sido capturado há pouco tempo em uma busca que mobilizou toda essa região, o senhor suspeita que ele pode ter fugido novamente?

- Bem, eu não sei. Se eu pudesse afirmar, depois de tudo que vi naquela noite e das chamas nos quartos deles, eu diria que ele não sobreviveu senhor.

- Mas, acha que ele teria condições de tentar buscar a sua liberdade? Essa era uma vontade dele naquele momento?

- Eu fiquei sabendo que dias antes ele foi pedir perdão a senhora Scarlett por tudo o que a fez. As pessoas diziam que ele estava arrependido e queria ter ela de volta em sua cama, ou melhor, o contrário, queria estar de novo na cama daquela senhora.

Imediatamente aquele comandante se assusta, pois ele não sabia desses casos extraconjugais de Scarlett. Quando questiona:

- Como assim senhor? Scarlett tinha um caso com esse escravo?

- Sim senhor. Eles tinham um caso escondido há muito tempo. E depois que ele fugiu, eles não se deitaram mais. Scarlett estava a castigar o escravo pela fuga quando ele foi pedir perdão a ela.

- Mas, ele foi pedir perdão porque?

- Por ter fugido. Ele queria reatar essa relação com ela.

- O senhor acha que tem alguma chance dele estar blefando para ela, para conseguir se livrar de novos castigos?

- Talvez sim. Mas, Artur tinha uma questão importante, assim como o seu pai, dizem que ele era muito viril e mulherengo. E pelo que disseram tinha 3 meses que ele não se deitava com nenhuma mulher. Dizem as escravas que era por isso que ele não estava a suportar mais e queria fazer amor com a sua dona.

- E vosmicê sabe se isso aconteceu?

- Senhor, por favor, se Scarlett souber que estou contando isso para o senhor ela me mata. Eu não poderia ter dito isso a ninguém. Ninguém sabe disso!

- Estamos em meio a uma investigação. Eu preciso saber de todos os detalhes do que acontecia naquela casa.

- Eu não sei senhor. Mas, peço, por favor, não questione isso a senhora Scarlett, pois ela vai saber que fui eu que contei e vai querer me matar. Afirma aquele matador de aluguel com um semblante aterrorizado.

- Tudo bem Gildásio. Eu não vou questionar isso a ela. Quero saber uma outra coisa. Quando vosmicê encontrou Scarlett, como ela estava?

- Ela estava desmaiada e de costas, virada a frente para o chão senhor.

- Ela estava com alguma parte do corpo a queimar?

- Sim senhor, ela queimava nas costas, por toda a extremidade do seu corpo.

- Vosmicê viu se ela estava a queimar também os pés naquele momento?

- Não senhor. Foi tudo muito rápido. Quanto a isso eu não reparei direito, mas, acho que não.

- As roupas que ela estava foram levadas para o hospital?

- Sim senhor, ela foi levada para lá com as roupas que estava no momento em que se queimou.

- Muito obrigado Gildásio. Eu já estou satisfeito. Eu quero que nos próximos dias tente se lembrar do momento em que pegou Scarlett. Eu quero saber se os pés dela estavam a queimar naquele momento ou não. Isso é muito importante para mim. Afirma aquele comandante.

- Tudo bem senhor. Eu vou tentar lembrar e qualquer coisa eu lhe informo.

- Muito obrigado Gildásio o seu depoimento foi muito importante.

Então Gildásio sai daquela sala e aquele comandante vai imediatamente ao consultório do doutor, quando o questiona sobre aquelas roupas que Scarlett usava ao chegar naquele hospital. O doutor diz que aquelas roupas foram jogadas no lixo. Então ele caminhou até o porão daquele consultório e começou a pegar o lixo que estava naquele espaço. Eles reviraram juntos aquelas pilhas de lixo que seriam queimadas nos próximos dias, quando, finalmente, em um deles, encontrou as roupas que Scarlett estava quando o seu corpo foi queimado. Aquelas roupas íntimas, cobriam todos o corpo das mulheres, eram folgadas, de cor branca e ficavam normalmente abaixo dos vestidos, enquanto ela os usava no dia a dia. Anoite as senhoras usavam apenas elas para dormir.

Aquele comandante começou a analisar aquele tecido e descobriu novas evidências daquele fato. Havia um pouco de sangue no ombro esquerdo daquela roupa. A sua parte da frente, estava praticamente intacta na maior parte dela, enquanto as costas estavam, praticamente, toda queimada. Misteriosamente, na parte da frente, aquela roupa terminava na altura dos joelhos e aquelas pontas estavam completamente queimadas. O que aquele comandante achou mais curioso é que daquele ponto para cima, na parte da frente, as queimaduras pararam abruptamente, algo que na visão dele era inexplicável. Naquele dia ele teve certeza, há um mistério muito grande quanto a esse incidente na casa daquela senhora e eu vou descobrir o que aconteceu naquela casa quando ela pegou fogo, pensou ele.

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