Sim, Chef

By bmt5hh

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Parceria com: @camilacinica Camila tem o sonho de ser uma chef de cozinha e, quando suas amigas lhe inscrevem... More

Capítulo 0 - Apresentações
Capítulo 1 - Masterchef Brasil
Capítulo 2 - O ratatouille de Camila
Capítulo 3 - No fundo do estúdio
Capítulo 4 - Bella
Capítulo 5 - Ninguém em casa
Capítulo 6 - Barriga de porco
Capítulo 7 - PF e a ativona
Capítulo 8 - Fubá e água
Capítulo 9 - Vida amorosa
Capítulo 10 - Tomate meio seco
Capítulo 11 - Campo Grande
Capítulo 12 - Praça das massas
Capítulo 13 - Contramão
Capítulo 14 - Lenço azul
Capítulo 15 - A casa de Lauren
Capítulo 16 - Capricorniana
Capítulo 17 - Cidade maravilhosa
Capítulo 18 - O armário
Capítulo 19 - Encontros
Capítulo 20 - Lugar de "famoso"
Capítulo 21 - Risoto de camarão
Capítulo 22 - Alessandra e Biscoito
Capítulo 23 - Manjericão
Capítulo 24 - No flagra
Capítulo 25 - Surpresas de Natal
Capítulo 26 - Rabetona
Capítulo 27 - Vermelho
Capítulo 28 - Risoto de limão siciliano
Capítulo 29 - Problema de comunicação
Capítulo 30 - Praça de doces
Capítulo 31 - Fodinha
Capítulo 32 - Pré-vestibular
Capítulo 33 - Minha mulher
Capítulo 34 - Palavreado da europeia
Capítulo 35 - Mensagens
Capítulo 36 - Estripulia
Capítulo 37 - Novas percepções
Capítulo 38 - Família feliz
Capítulo 39 - Família feliz pt. 2
Capítulo 40 - Primeira classe
Capítulo 41 - Morena
Capítulo 42 - Internacionalizada
Capítulo 43 - Donna
Capítulo 45 - Sanduíche do calçadão
2ª fase - Capítulo 1 - Cartão
2ª fase - Capítulo 2 - No fundo do estúdio
2ª fase - Capítulo 3 - Ano sabático
2ª fase - Capítulo 4 - Rabo doce
2ª fase - Capítulo 5 - Casalzão da p...
2ª fase - Capítulo 6 - Carão
2ª fase - Capítulo 7 - Proposta
2ª fase - Capítulo 8 - Pitica
2ª fase - Capítulo 9 - Noite longa
2ª fase - Capítulo 10 - Minha casa
2ª fase - Capítulo 11 - Sextou
2ª fase - Capítulo 12 - Apostas
2ª fase - Capítulo 13 - Arregona
2ª fase - Capítulo 14 - Negócios
2ª fase - Capítulo 15 - Allison
2ª fase - Capítulo 16 - Reinauguração
2ª fase - Capítulo 17 - Belo Horizonte
2ª fase - Capítulo 18 - Garotinha chorona
2ª fase - Capítulo 19 - Café da manhã
2ª fase - Capítulo 20 - Viagem
2ª fase - Capítulo 21 - Infeliz
2ª fase - Capítulo 22 - Tic tac
2ª fase - Capítulo 23 - Amendoim
2ª fase - Capítulo 24 - Carnaval
2ª fase - Capítulo 25 - Nossa receita
2ª fase - Capítulo 26 - Filha
2ª fase - Capítulo 27 - Pituquinho
2ª fase - Capítulo 28 - Segunda chance
2ª fase - Capítulo 29 - Leoa
2ª fase - Capítulo 30 - Massas e peixe
2ª fase - Capítulo 31 - Extremos opostos
2ª fase - Capítulo 32 - Final do Masterchef
2ª fase - Capítulo 33 - Pintura
2ª fase - Capítulo 34 - Praia
2ª fase - Capítulo 35 - Chá de bebê
2ª fase - Capítulo 36 - Gael e Matteo
2ª fase - Capítulo 37 - Mamadeira Masterchef
2ª fase - Capítulo 38 - Nota de repúdio
2ª fase - Capítulo 39 - Caos
2ª fase - Capítulo 40 - Malas
2ª fase - Capítulo 41 - Orgulho
2ª fase - Capítulo 42 - Luzinha
2ª fase - Capítulo 43 - Banana com mel
2ª fase - Capítulo 44 - Cabide
2ª fase - Capítulo 45 - Benjamin
2ª fase - Capítulo 46 - Fairmont
2ª fase - Capítulo 47 - Andiamo
2ª fase - Capítulo 48 - Coisa heteronormativa
2ª fase - Capítulo 49 - Mac and Cheese
2ª fase - Capítulo 50 - Circo
2ª fase - Capítulo 51 - Peneira
2ª fase - Capítulo 52 - Amar é mais do que dizer do amor

Capítulo 44 - Finanças

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By bmt5hh


oi merda

não consigo chegar berrando com as notícias recentes, não tem nem condição (eu era bem fa do chadwick, entao...)

mas tamo aqui pra mais um 

eu espero muito que voces gostem e eu to bem ansiosa pra saber o que vocês vão achar desse caralho, então sem mais delongas

boa leitura nesta porra 


Como todas as coisas boas chegam a um fim, após as festas de final de ano, elas tinham de voltar para o Rio de Janeiro para trabalho e compromissos, então, se viram no aeroporto de Roma mesmo contra as suas vontades. Camila pegaria o resto das suas roupas e moraria na casa dos pais de Lauren com tranquilidade, mas, como ela não podia, tinha que voltar para a vida real em seu país natal.

A despedida de seus pais tinha sido triste, pois sabiam que não veriam a filha por meses, no mínimo.

Se acostumando com o tratamento VIP no aeroporto, Camila aproveitou a sala de espera e depois foram para o carro que as levaria até o avião de forma tranquila, estava até um pouco sonolenta. Dessa vez não fez perguntas idiotas porque já sabia o que iria acontecer e, chegando no avião, foram para a cabine que lhes era destinada.

– Só tem uma coisa que eu não vou sentir falta: o frio. – Decretou deitando-se na cama da cabine de forma preguiçosa.

– Então vamos parar de ligar o ar pra você dormir, né? – Camila levantou a cabeça, encarando a namorada que estava sentada na poltrona olhando o cardápio.

– O que? Você faria isso comigo? – Perguntou fingindo estar chocada, se enfiando dentro do edredom.

– Sim, faria. – Respondeu encarando a cartilha a sua frente. – Se você não gosta de frio, vou te deixar dormir no calor. Que tipo de namorada eu seria te privando do que você gosta?

– Eu não vou mais dormir com você então. – Falou de forma séria, vendo Lauren largar o menu de lado, indo apertar o botão para chamar a aeromoça.

– Veremos. Vai querer alguma coisa de comer? – A mais nova negou com a cabeça. – E de beber? – Outra negação.

A aeromoça veio e Lauren pediu uma taça de vinho, dispensando a mulher em seguida. Não pediu nada de comer porque haviam comido no aeroporto, apenas queria seu vinho para passar a viagem. Lauren veio se sentar ao seu lado quando o pedido chegou e, apesar de tudo, Camila percebeu que ela estava quieta e pensativa, nem mesmo parecia manter os olhos na televisão por muito tempo. Levantou-se de onde estava confortavelmente deitada e ficou mais próxima do rosto da mais velha, acariciando-o.

– Amor... – Chamou, obtendo sua atenção com os olhos verdes encarando os seus. – Quer conversar? – Perguntou, vendo que a resposta foi uma breve negação com a cabeça.

– Não... Quero ficar quieta. – Respondeu de uma forma que sabia que não era rude, era apenas o seu jeito de falar algumas coisas. Imaginou que a hora de ir embora fosse a mais difícil da viagem, porque sabia o quanto Lauren os amava e iria sentir falta deles.

– Tudo bem, amor. – Respeitou sua decisão e ficaram quietas assistindo o que passava na TV, até que Lauren caiu no sono e Camila também, porque estavam cansadas do voo que pegaram de Nápoles até Roma e sabiam que ainda tinham uma longa viagem pela frente.

Camila foi a primeira a acordar, algumas horas depois, e decidiu usar o direito que tinha de tomar banho naquele momento, já que não queria deixar para depois.

Quando voltou, Lauren também estava acordada, sentada na cama com uma taça de vinho.

– Pedi nossa janta. – Avisou, vendo a mais nova assentir.

– Obrigada, meu amor. – Disse se aproximando para lhe dar um selinho. – Está se sentindo melhor?

– Um pouco. – Disse vendo Camila se sentar ao seu lado. – Vou ficar bem. Não se preocupe. – Assegurou, segurando sua mão e dando um beijo.

Logo em seguida a aeromoça entrou os seus pedidos e elas jantaram, ficando deitadas na cama até quase a hora de chegar no Rio de Janeiro, quando começaram a se ajeitar para sair do avião. Guardaram os agasalhos que não usariam tão cedo dado o calor do cão que fazia na cidade em pleno mês de janeiro e saíram do avião quando pousou, pegando suas malas e correndo para encontrar Ashley, que lhes esperava.

I missed you, whores! – Disse abraçada nas duas ao mesmo tempo, ouvindo Gisele dar uma risadinha de fundo.

– Espero que não tenha me xingado. – Camila disse se afastando da americana para abraçar Gisele.

– Pior que eu xinguei. – Admitiu, levando um tapinha.

– Me dá mais um abraço, Lauren, eu não ligo se você não gosta, anda, estou com saudades da minha melhor amiga. – Lauren acabou abraçando porque não tinha opção.

Até mesmo seu Antônio ganhou dois abraços apertados quando elas finalmente o viram, entrando no carro em seguida para ir para a casa de Lauren no Jardim Botânico. Seu aniversário e aniversário de namoro delas de um ano seria no dia seguinte e, depois disso, voltariam a rotina normal das duas.

Camila sabia que o resultado do vestibular dela sairia dali a alguns dias e a ansiedade voltou com tudo, por mais que a avó de Lauren tenha garantido para ela em italiano e em português que ela iria passar sim e que se não passasse era porque o sistema de vestibular do Brasil era injusto – o que não era mentira.

Quando chegaram, Camila largou tudo no chão para se jogar no tapete com Manjericão e Biscoito, os dois estavam empolgados demais. O cachorro correu logo para Lauren pedindo atenção, o que não demorou a receber, a chef também tinha sentido saudades deles.

Pouco tempo depois, Lauren pediu licença e foi para o quarto, estava cansada e queria um banho. Ashley e Camila não disseram nada, estava introspectiva e, de acordo com a assistente, era sempre assim quando voltava sem previsão de vê-los tão cedo. Mesmo fechada, Lauren era muito apegada a sua família.

Camila decidiu preparar alguma coisa para comer e o fez enquanto conversava com as duas, essas que não demoraram muito para irem embora, deixaram um beijo para Lauren e se foram. A mineira terminou tudo e subiu, entrou discretamente no quarto e viu que estava vazio.

A luz do closet estava acesa e vinha barulhos de lá, quando chegou na porta, viu a namorada reorganizando as roupas, suas e dela, nos compartimentos separados dos armários. Suspirou observando por alguns minutos, mas foi percebida logo em seguida, abrindo um sorriso fraco em sua direção.

- Tudo bem? – A chef assentiu pendurando alguns de seus terninhos. – Quer comer? Fiz hambúrguer.

- Estou sem fome. – Disse baixo. – Grazie.

- Ei... – Lauren parou o que estava fazendo e encarou a namorada na porta. – Eu te amo.

- Também te amo. – Sorriu fraco se esticando para selar seus lábios.

- Vou te deixar sozinha, estou na cozinha se precisar de alguma coisa. – Piscou antes de sair.

Lauren suspirou agradecida, não disse nada, mas ficou extremamente satisfeita com a atitude de Camila, não muito diferente da forma que normalmente fazia. Sempre lhe dava espaço quando percebia que precisava e se mostrava presente para qualquer coisa, mas somente isso, não invadia seu espaço pessoal ou reclamava.

Ficar longe de sua família não era tão difícil quando era mais jovem, assim como seus pais e sua avó, estava correndo atrás de sua carreira e dando duro. Mesmo sempre colocando a família em primeiro lugar, nem sempre as coisas funcionavam dessa forma. O tempo mais longo sem vê-los havia sido dois anos, a faculdade não havia sido fácil para si. No entanto, estava chegando em uma fase que queria estar mais presente para todos, sua avó e seus pais estavam envelhecendo, parecia que sempre tinha cada vez menos tempo para estar com eles e isso era algo que fazia uma confusão em sua cabeça. Ao mesmo tempo em que sabia não ser possível, nunca iria pedir para que viessem para o Brasil, mesmo sabendo que atenderiam na primeira vez e não tinha como largar tudo para voltar, nem mesmo era um plano.

O fato era que a despedida doía demais e gostava de espaço para se resolver sozinha quanto a isso.

Camila não voltou para o quarto até a hora de dormir, assistiu um filme na sala, conversou com as amigas sobre o passeio e até interagiu com os seguidores, o que não havia feito muito no tempo em família. Quando chegou, Lauren já estava dormindo, parecia até um anjo de tão serena que estava. Mesmo sendo cedo, trocou de roupa após um banho rápido e se deitou a abraçando por trás.

Acordou na manhã seguinte sozinha na cama, era sempre estranha a sensação de não ter nada ao seu redor, principalmente depois de todo chamego que passaram. Vincou as sobrancelhas olhando ao redor procurando algum sinal de Lauren, mas estava tudo em completo silêncio. Não havia nenhum bilhete no travesseiro, absolutamente nada que lhe indicasse onde ela poderia estar.

Se sentou um pouco confusa, correu para o banheiro e fez sua higiene rapidamente, saiu do quarto e rumou para a escada, a casa parecia completamente vazia. Manjericão estava preguiçosamente deitado no sofá, Lauren já havia desistido de tentar fazer com que não subisse e até assistia televisão com o mesmo no colo, enquanto biscoito ficava na caminha.

- Feliz um ano de namoro. – Quase desmaiou de susto com a voz rouca e baixa em seu ouvido, os braços firmes passando por sua cintura e então os lábios quentes em seu pescoço.

- Amor, que susto. – Murmurou levando a mão para trás até alcançar seus cabelos antes de se virar e encarar os olhos mais lindos que já havia visto em sua vida. Tinha um sorriso aberto, daqueles que somente Lauren sabia dar quando estava extremamente feliz, não conseguia mentir nesse quesito. – Feliz um ano de namoro. Feliz aniversário. Não de namoro, mas seu. – Já que Lauren resolveu fazer aquele pedido no dia de seu aniversário, mas acabava que elas precisavam comemorar as duas datas. Se aproximou beijando seus lábios de forma apaixonada. – Você é absolutamente tudo para mim.

- Você não tem noção do que fez na minha vida desde o momento que decidiu que iria me amar. – Disse baixinho mantendo-a perto. – Grazie per tutto, mas principalmente por me fazer a mulher mais feliz do mundo.

- Eu vou chorar. – Camila disse já com os olhos marejados, passou os braços por seu pescoço e puxou para um abraço apertado. – Amor, você não pode me fazer chorar. – Lauren riu enfiando o rosto em seu pescoço, beijou o local e se afastou encarando os olhos chocolates.

- Eu tenho um presente. – Piscou se soltando, somente para segurar sua mão e puxar em direção a área externa.

- Eu também tenho um presente! – Rebateu.

- Eu falei primeiro, então eu entrego primeiro. – Piscou, continuando a caminhar com a outra atrás de si.

- Que ódio!

Camila não pensou duas vezes antes de segui-la, estava que não conseguia controlar o sorriso besta, principalmente ao avistar uma mesa preparada para tomarem café, de onde estava, conseguia ver todos os seus pratos preferidos, incluindo suas deliciosas panquecas de maça.

Em cima da cadeira tinha três caixas de tamanho diferente, uma que parecia de sapato, não estava embrulhada, mas era completamente preta, uma menor branca com um delicado laço azul e outra baixa verde de camurça.

- Esse primeiro é a lembrança. – Lauren sorriu pegando a caixa maios e lhe entregando. Não demorou nada para abrir e arregalar os olhos encarando o par de tênis que havia namorado em uma das milhões de vitrines italianas. Era um lançamento exclusivo e como uma amante de All Star não estava acreditando.

- Você não existe. – Negou rindo. Lauren revirou os olhos negando, mas sorria também lhe estendendo a caixinha verde. Era outra lembrança, mas dessa vez algo clássico, um lindo colar com um pingente, não precisou de muito para se derreter ao ver três corações delicados com as iniciais M, B e L. – Amor! – Agarrou seu pescoço beijando seu rosto. – Eu amei.

- É obvio que amou. – Piscou. – É a nossa família.

- É tão bom ver que reconhece Manjericão como nosso filho legitimo.

- E por último, mas não menos importante... – Lhe estendeu a caixinha branca, que logo abriu. – Nossa família tem uma tradição que começou muito tempo atrás. – Começou a explicar. – Venho de uma família de cozinheiros e quando comecei a estudar meu pai me deu isso... – Camila abriu a boca ao pegar a bandana preta de dentro da caixa. – Representa nossas raízes, não só de onde vemos, mas as raízes que nos fazem amar tanto a gastronomia. – Lauren viu seus olhos marejados e sorriu. – É sua vez de brilhar, Camila. – Sussurrou. – Tem um mundo inteiro lá fora para você desbravar e eu tenho certeza que você vai brilhar.

- Amor, eu... – Não sabia se falava ou se chorava. – Eu não posso...

- Não tem mais volta. – Riu baixinho, pegou a bandana e em uma barra especial mostrou o pequeno C bordado em dourado ao lado de outras três letras, M, L e L. – Matteo, Lorenzo e Lauren. – Explicou. – E agora você.

Emocionada, Camila vestiu a bandana mesmo sabendo que não iria usar naquele momento, selando tudo com um longo beijo nos lábios rosados de sua namorada. Lauren não cansava de lhe proporcionar momentos perfeitos que faziam seu coração se encher de gratidão e amor pela italiana.

Elas tomaram café em clima de harmonia e no final do mesmo, Camila ficou aliviada por ter comprado um presente para Lauren, mesmo sabendo que a mulher não gostava, do contrário, ficaria extremamente sem graça por ter ganhado presentes "em vão".

Ela não teve tempo de planejar um dia cheio de coisas especiais porque elas estavam na Itália, mas conseguiu pedir a Clara algumas dicas do que poderia agradar uma mulher que tinha tudo como Lauren e descobriu um perfume italiano que Lauren gostava quando era mais nova e morava na Itália. A mais velha havia parado de usar o mesmo porque depois havia descoberto outros perfumes que ela gostava e porque não vendia no Brasil, mas Clara garantiu que seria um ótimo presente.

E, de fato, apesar de ficar sem graça, a mais velha gostou bastante do perfume, inclusive disse que já iria usar e ficou muito agradecida pelo carinho e pela lembrança de quando ela era adolescente, foi um gesto que só fez reforçar o quanto Camila amava e se importava com ela.

– Vamos, se arrume, vamos almoçar. – Camila franziu o cenho, fingindo confusão, enquanto as duas assistiam uma série na Netflix.

– Vamos? – Perguntou divertida, sentindo os braços em volta de sua cintura.

– Sim, vamos, mia dolce metà. Vou te levar em um lugar que ainda não fomos. – Bicou seus lábios, vendo que Camila começou a se afastar.

– Eu que deveria estar te levando em algum lugar, é seu aniversário, benzinho. – Murmurou dando um beijinho na ponta de seu nariz.

– Não me importo. É nosso aniversário também. – Disse de forma sincera, porque nunca sabia lidar com muita atenção no dia de seu aniversário e, aquela altura, gostaria até mesmo de esquecer que estava um ano mais próximo dos quarenta do que estava antes.

Alessandra sempre fazia grandes comemorações, lhe dava presentes, tudo o que ela sabia que Lauren não gostava, porque era seu jeito de agradar. Já Camila procurava respeitar o que ela gostava e não gostava e tentava somente fazê-la ter um dia legal, o que era suficiente. E isso não era de forma nenhuma uma comparação as duas, apenas uma constatação que Lauren costumava fazer em sua cabeça quando coisas assim aconteciam.

– Tudo bem, meu amor. O que devo vestir? – Perguntou no pé da escada, ensaiando começar a subi-la. Ficava nervosa quando Lauren lhe levava a lugares chiques e não lhe avisava, porque sentia que não estava vestida adequadamente.

– O que quiser. Se não quiser vestir nada, tudo bem também. – Observou, ouvindo a gargalhada gostosa da outra ecoar pela sala.

– Você não vale um centavo, Lauren Jauregui. – Disse de forma dramática, começando a subir as escadas. A chef assentiu.

– Eu sei. – Piscou, vendo Camila acabar de fazer seu caminho para o segundo andar e sumir de suas vistas.

Confiou no que a outra disse sobre vestir o que quisesse e o fez, colocou uma saia branca que ia até o meio das coxas e uma blusa clarinha e bem fresca, visto que estava muito calor. Lauren que lutasse se decidisse levá-la em um lugar chique de última hora, porque ela não poderia estar vestida de forma mais simples e confortável. Passou pouca maquiagem e deixou os cabelos soltos tomarem a forma que bem entendessem, já que não queria passar um tempo modelando-os.

Saiu do banheiro bem distraída, segurando uma toalha na mão e o celular na outra. Quase infartou quando encontrou Lauren pronta, às vezes elas tomavam banho em outro banheiro da casa enquanto se arrumavam, porque nunca prestava quando iam tomar banho juntas. A italiana usava um macacão cinza claro que, apesar de ser folgado, caía perfeitamente com seu corpo e realçava suas curvas pelas quais Camila era tão apaixonada. Usava saltos altos como sempre e os cabelos presos em um rabo de cavalo no alto da cabeça.

– Que susto, porra. – Foi a primeira coisa que conseguiu dizer ao encontrar aquele mulherão parada no meio do quarto.

– Susto porquê? Nunca me viu não? – Perguntou divertida, se aproximando para enlaçar sua cintura com os braços. – Sei la donna più bella che abbia mai visto. – Camila abaixou a cabeça, envergonhada.

– Para. – Bateu no seu ombro de leve. – Parece que não tem espelho. – Murmurou largando a toalha em cima da cama para poder ser abraçada propriamente.

– Tenho. – Virou Camila de costas para si, deixando as duas de frente para o enorme espelho do quarto.

– Infelizmente eu vou ter que tirar foto. – Anunciou já desbloqueando o aparelho em suas mãos para tirar fotos com a outra, dessas no espelho que ela gostava de guardar. – Mas, só pra avisar. – Disse guardando o aparelho após tirarem algumas fotos. – Eu tenho outro presente para você.

Mia dolce metà... – Lauren começou a contra argumentar, sendo interrompida logo em seguida.

– Não se preocupe, eu sei que você vai gostar. – Afirmou. – E eu sei que você não gosta de muita papagaiada e respeito muito isso, mas apenas saiba que eu vou te mimar sim no dia do seu aniversário e você que lute. – Lauren acabou por assentir com um sorrisinho e as duas se encaminharam para fora da casa, indo no restaurante que Lauren queria levá-la.

Era um restaurante mineiro que havia aberto próximo do Del'Mare até, de um chef que era seu conhecido de longa data. Lauren, que não era nem um pouco exagerada com surpresas e presentes, reservou o segundo andar inteiro do lugar para que elas pudessem ter privacidade de se tocar e se beijar quando quisessem, sabendo que os garçons não iriam falar nada do que vissem para ninguém, já que eram todos discretos por irem muitas pessoas famosas ali.

O local ainda estava ornamentado com rosas, com a luz média e tocando músicas de fundo que Camila gostava, a mineira não podia estar mais embasbacada em como Lauren sempre conseguia se superar. Mesmo sendo clichê, ela amava seu lado super romântico e era apaixonada por cada uma dessas surpresas, seja quando chegava de viagem com um buquê de rosas mesmo não sendo nenhuma data especial ou quando fazia coisas como essa.

O almoço foi muito agradável e tranquilo, Camila estava apaixonada pela comida do lugar e fez Lauren prometer que iriam lá mais vezes porque queria provar os outros pratos. Era culinária mineira, mas de uma forma mais requintada, com toques e criações especiais do chef. Desceram para o primeiro andar por volta das três horas da tarde, Lauren estava na recepção aguardando o chef que era seu amigo que disse que viria cumprimentá-la antes dela ir embora e Camila do seu lado, olhando o salão cheio de forma distraída.

O chef começou a se aproximar de forma simpática e logo deu um abraço em Lauren, que elogiou a comida e o local. Na saída do restaurante, Camila não era acostumada a prestar atenção nessas coisas, mas notou como a conta era alta e Lauren sempre pagava nesses casos, algo que era de praxe porque ela não tinha condições, mas que sempre lhe incomodava. A sensação de ser "bancada" era estranha demais, ao mesmo tempo que era confortável porque ela não precisava se preocupar com dinheiro, era bizarro porque ela se sentia mal quando se lembrava disso.

Não que fosse por maldade ou por achar que Lauren se incomodava, porque sabia que não, mas era uma sensação estranha de qualquer maneira. Passou a vida inteira sob o controle de seus pais, não só financeiro, como controle sobre onde ela podia ir ou não e agora ela finalmente tinha liberdade para fazer o que queria e ir onde quisesse, mas ainda parecia que estava presa de alguma maneira por saber que todas essas coisas eram feitas com o dinheiro de outra pessoa.

Claro que muitas vezes se sentia mal por pensar esse tipo de coisa, visto que muitas pessoas queriam oportunidades como ela estava tendo para trabalhar e estudar e de quebra uma pessoa incrível que lhe tratava como uma rainha e lhe ajudava em tudo o que estivesse ao seu alcance, mas qualquer ser humano que não gosta de se aproveitar dos outros, seria capaz de compreender o lados de Camila.

Ela não estava com Lauren porque ela era influente no mundo da culinária, tinha um restaurante conceituado no mundo inteiro, aparecia na TV toda a semana ou era podre de rica. Não, ela nunca se apaixonou ou se impressionou com nenhuma dessas coisas, ela amava Lauren pela sua essência, seu jeitinho único, sua personalidade e por admirar a pessoa que ela era, mas nada disso tinha a ver com os seus bens materiais ou qualquer outra coisa do tipo.

Além de tudo tinha o fato de que Lauren era mais velha e estavam em momentos completamente diferentes de suas vidas. Apesar de nunca trazer esse assunto à tona porque sabia que Lauren ficava facilmente surtada quando lembrava que Camila tinha 21 anos e ela 36, era algo que lhe deixava insegura. Lauren podia ter literalmente qualquer mulher do mundo, principalmente uma que fosse da sua idade, que estivesse na mesma página que ela com relação a carreira e maturidade, mas não, ela havia escolhido Camila e por vezes a mais nova pensava nisso. A mineira tinha certeza de que queria ficar com ela, mas não queria falar sobre isso porque tinha medo de plantar algum tipo de dúvida na cabeça de Lauren e ela ficar imaginando e questionando suas escolhas até decidir que talvez Camila não fosse a melhor pessoa para ela se relacionar no momento.

A pior parte de toda a questão de idade é que isso não iria modificar. A questão financeira talvez fosse mudar, porque Camila ia entrar na faculdade, se formar, arrumar empregos melhores, queria abrir seu próprio negócio e quem sabe um dia ela não fosse precisar se preocupar com o fato de ser sustentada porque iria deixar de ser, mas um fato é que Lauren sempre seria quinze anos mais velha do que ela. Elas sempre seriam muito diferentes por conta disso e, como todo relacionamento tem seu lado bom e seu lado ruim, a parte negativa às vezes parecia pesar mais.

Mia dolce metà? – A voz de Lauren lhe despertou. – Mi stai ascoltando? – Perguntou acariciando seu ombro de forma delicada.

– Sim. Desculpe, meu amor. – Respondeu virando-se para a namorada, percebendo que já estavam dentro do carro e ela estava tão desligada que não fazia ideia nem de para onde estavam indo.

Stai bene, amore mio? – Assentiu, sentindo uma carícia gostosa na bochecha.

– Sim, amor. Desculpa. – Lauren negou com a cabeça, como se fizesse que não era nada.

– Perguntei se quer ir pra casa agora. – Repetiu, vendo Camila pensar por um momento.

– Tanto faz, benzinho. – Sorriu, beijando sua bochecha. – Tem alguma coisa que você queira fazer?

– Aceita ir ao teatro comigo? – Perguntou, acariciando sua mão e os dedos de forma delicada.

– Que convite formal. – Brincou. – Está tentando me conquistar, chef Jauregui? – Ergueu as sobrancelhas, vendo Lauren levantar os ombros.

– Eu acho que eu não preciso disso pra te conquistar. – A mineira abriu a boca, fingindo choque.

– Que convencida! – Bateu de leve em seu ombro. – Só por isso a resposta é não.

– Vamos para casa, seu Antônio. – Lauren anunciou vendo Camila revirar os olhos e cutucar o ombro do homem.

– Vamos para o teatro, seu Antônio. Ela não entende piada nenhuma, tudo pra mim. – Virou-se para a italiana. – Era brincadeira, benzinho. – Selou seus lábios. – Além do mais, hoje é seu aniversário, a gente tem que ir onde você quiser.

– Então vamos para casa ver Trato Feito. – A mais nova negou firmemente.

– Esquece o que eu disse sobre aniversário, isso aqui é uma ditadura e você não pode escolher. – Lauren ficou séria daquela maneira que Camila sabia que só não tinha pulado no colo dela por respeito ao seu Antônio.

– Tem certeza? – Levantou uma sobrancelha e Camila engoliu em seco.

– Acho que não? – A mais velha se aproximou, colando a boca em seu ouvido.

– Achou certo. – Se afastou porque não iam ficar de safadeza com o senhor no carro e continuaram conversando normalmente até chegarem ao teatro.

Camila preferiu que Lauren escolhesse a peça e então assistiram a Ricardo III, visto que era uma das que demoraria menos para começar. O espetáculo tinha cerca de duas horas e, ao saírem dali, já estava anoitecendo. Resolveram então jantar em um restaurante na orla, à caminho da casa delas, o qual já haviam frequentado algumas vezes.

O restaurante não era longe, foram conversando sobre a peça que haviam vistos e o almoço agradável. No entanto, Camila não conseguia se desligar dos pensamentos chatos que ainda estavam rodando sua mente, mesmo querendo, as vezes se sentia um fardo na vida de Lauren, principalmente economicamente.

Tentou deixar de lado ao menos durante o jantar, não queria de forma alguma estragar seu dia, queria que tivesse o melhor aniversário do mundo, assim como sempre fazia nos seus. Lauren não percebeu os indícios de distanciamento da namorada, não por estar desatenta, mas Camila às vezes poderia ser muito boa em disfarçar o que estava sentindo ou algo que estivesse acontecendo.

Foram para casa um pouco mais tarde que o previsto, o clima agradável e propício fez com que só fossem dormir de madrugada, depois de várias rodadas de sexo e muitas declarações de amor. A surpresa extra que Camila tinha era uma langerie que tinha comprado para usar naquele dia, que fez o efeito desejado. Na manhã seguinte, Camila foi a primeira a acordar, mesmo com a cabeça ainda cheia, o cansaço lhe fez ter uma boa noite de sono, mas nem isso havia sido suficiente.

Deixou a namorada na cama ao constatar que ainda tinham um tempo antes de precisarem se arrumar para saírem. Tomou um banho mais lento que o normal, massageou os cabelos como se estivesse massageando o próprio cérebro, exausta daqueles pensamentos insuportáveis e que estavam lhe incomodando.

Quando terminou, percebeu que Lauren já estava acordarda, sentava na beirada da cama olhando algo em seu celular enquanto enrolava algumas mechas na ponta dos dedos, suspirou completamente hipnotizada. Não mentia quando dizia que era uma das mulheres mais lindas que já havia visto no mundo, era muito charmosa, cheirosa e amorosa, como se tivesse tirado a sorte grande em ser escolhida por ela.

Além de todos os fatores que amava nela, a admirava como nenhuma outra pessoa. Tinha em Lauren uma inspiração pessoal e profissional, queria ser como ela era dali alguns anos. Ter o próprio negócio, uma vida estável, não depender de ninguém e talvez esse fosse o ponto principal de sua admiração.

Voltou a atenção para frente e se encarou no espelho por alguns segundos, era duro demais pensar como um futuro como o que desejava estava tão longe e abstrato. Ter talento e estar prestes a começar a faculdade não lhe garantia absolutamente nada e sabia que se sentiria uma falha se, ao fim das contas, tudo se resumisse somente a uma expectativa frustrada.

Não tinha em seus planos terminar com Lauren, não conseguia ao menos pensar, mas o medo do futuro e a insegurança do presente lhe deixavam com a sensação de que, se tudo desse errado, precisaria sim buscar seus próprios passos, nem que fosse rumo ao fracasso. Não aceitaria ficar em suas costas ou a sua sombra, sabia como as coisas eram, por estar com Lauren, sabia que portas iriam se abrir e não queria ser sucedida por ser namorada ou o que fosse da grande Chef Lauren Jauregui, mas por ser a talentosa Camila Cabello.

Tirando a questão de que, por quanto tempo iria ter de ficar as suas custas se as coisas fossem daquela forma? Tinha a péssima mania de pensar no futuro como algo negativo, como um copo meio vazio, no entanto, não se importava se, na frente, isso significasse não quebrar a cara.

Fechou os olhos suspirando, tentando mandar embora toda a nuvem de insegurança e orgulho que estava sobre sua cabeça, estava tudo bem naquele momento. Não poderia alimentar um sofrimento antecipado e estragar tudo que tinha no presente.

- Bom dia, bella. – Lauren entrou no banheiro alheia a toda confusão da namorada. Beijou sua cabeça após lhe dar um meio abraço por trás, parando ao seu lado para fazer sua higiene matinal. Camila engoliu em seco encarado seu reflexo em silêncio. – Minha terapeuta mudou todo o meu horário, acredita? – Suspirou negando. – Pelo menos será pela manhã agora. Você já se resolveu com a sua? – Lhe perguntou começando a escovar os dentes.

Camila piscou seguidas vezes acordando do transe, negou com a cabeça, começando a passar a escova por suas mechas.

- Ela vai se mudar, terei que achar outra.

- A minha é...

- Não! – Disse chamando a atenção da chef, que lhe encarou pelo espelho com as sobrancelhas arqueadas. – Você sabe que não tem como me consultar com ela.

- Mas amore mio... – Enxugou a boca e as mãos se virando para encará-la de verdade, mas Camila manteve os olhos em seu reflexo enquanto penteava os cabelos. – Tem um plano para mais de duas pessoas, não é muito, te incluo no meu. É perto, bem indicad...

- E é uma fortuna, mesmo com promoções. – Deixou a escova sobre a pia e deu as costas indo para o quarto. Lauren suspirou negando com a cabeça, mas foi atrás, a seguindo até o closet.

- Camila, isso...

- Qual a dificuldade de entender a palavra "não"? – Disse irritada se virando com uma calça jeans na mão. Os olhos verdes estavam intrigados, não tinha como Lauren saber que aquele assunto já estava perambulando pela mente de Camila desde a noite passada. – Ainda não sabemos como a situação da faculdade irá ficar, eu não posso gastar mais do que já gasto. Tenho que juntar e não ser pega de surpresa.

- Eu não disse para você pagar a fortuna que diz ser. – Disse a palavra em tom de deboche, era um assunto que lhe tirava constantemente do sério. – Vai ser inserido no meu plano.

- Não quero que gaste mais comigo, Lauren. – Disse ajeitando a calcinha antes de partir para o sutiã. Lauren somente revirou os olhos, cruzou os braços e continuou lhe encarando. – Eu já não te dou trabalho o suficiente?

- Não é possível que estou ouvindo isso. – Deu as costas para a namorada, incrédula. – De novo esse assunto? – Apoiou as mãos na cintura quando a mineira saiu do closet após vestir uma blusa branca. – Já disse que não é problema nenhum, é pro seu bem. Eu quero cuidar de você!

- Eu preciso da minha própria independência para me manter bem, Lauren! – Disse irritada. – Já faz um ano e você ainda não entendeu isso. Existem algumas coisas que eu não posso fazer e isso é um saco, mas as outras, eu quero fazer por mim mesma. É um saco depender do seu dinheiro para tudo, como se eu não...

- Por que você esta sempre me resumindo ao dinheiro que eu gasto com você? – Interrompeu falando no mesmo tom, só que mais embolado pelo sotaque.

- Porque você sempre reduz minhas necessidades a uma obrigação sua. – Disse. – Você é minha namorada, não minha patrocinadora!

– Camila, eu querer e poder te ajudar financeiramente não é o fim do mundo. – Rebateu, tentando manter um tom mais calmo, porque via que a outra estava se alterando muito, chegava a estar com o rosto vermelho.

– Não é o fim do mundo pra você, que está acostumada com essa merda! – Lauren apenas a encarou enquanto ela gritava, sem conseguir entender o motivo daquele surto e o que ela havia feito de errado para desencadear aquilo. – Eu moro na sua casa, trabalho no seu restaurante, você paga todos os nossos rolês caros, você pagou um ano de cursinho pra mim, tem um carro a minha disposição, entre muitas outras coisas, isso não é normal! – Camila parecia perder o controle a cada palavra que dizia, terminando de por uma blusa.

– Não é normal... eu pagar as coisas pra mulher que eu amo sendo que eu tenho dinheiro pra isso? – Perguntou sem entender exatamente qual era o problema que Camila queria apontar ali e nervosa porque queria o fim daquela discussão. Não sabia lidar direito com esses momentos porque se ela já tinha que pensar muito pra falar coisas normalmente, numa briga era pior, porque ela precisava pensar rápido e agir rápido e tinha medo de falar ou fazer a coisa errada.

– Não, não é, Lauren! – A mineira respondeu, gritando para expressar a angústia que ela sentia dentro de si. – Não é normal você basicamente me sustentar e continuar agindo como se fosse uma situação confortável! – Lauren enfiou as mãos nos bolsos da calça que ela usava porque não sabia o que fazer com elas, sua mente começou a ficar confusa, parecia que ia dar um nó a qualquer momento. Tinha muito tempo que não se sentia assim falando com Camila e a sensação era um pouco assustadora.

– Você não está confortável? Eu não te dou conforto? – A mais velha perguntou elevando o tom de voz, porque estava muito confusa para processar a fala toda da mais nova. A mineira apontou para si quando disse a última frase, seu tom era quase histérico quando finalmente falou.

– Aí, tá vendo, esse é o problema! Você fica tratando a situação assim! Não é tão simples, Lauren! Para! – Lauren tirou a mão dos bolsos e saiu da porta do closet, seus olhos verdes perdidos procurando entender o motivo de toda aquela gritaria e desespero, quando o dia anterior tinha sido tão perfeito e simbólico para as duas.

– De que jeito você quer que eu trate, Camila? – Indagou vendo a outra esfregar a testa como se estivesse com uma dor de cabeça forte.

– De qualquer maneira que não seja assim! Você não tá nem escutando o que eu tô tentando te dizer! – Lauren esfregou os olhos, encarando a namorada.

– Eu não estou entendendo, você está incomodada com o fato de eu pagar as coisas pra você, mas se eu não pagar, você vai fazer como? – Perguntou de forma genuína, não queria ser grossa ou jogar nada na sua cara. Estava tão confusa que não pensou em como a frase iria soar mal para a outra, que ficou cheia de lágrimas nos olhos instantaneamente.

– Eu esperava qualquer coisa de você, menos que você fosse começar a jogar isso na minha cara! – Disse com a voz embargada, diminuindo o tom, e engolindo o choro.

– Eu estou jogando o que na sua cara, Camila? – Lauren nunca esteve tão confusa em toda a sua vida no meio de qualquer discussão.

– Você tá jogando na minha cara que eu dependo de você, e você acha que eu não sei disso? – Apontou o dedo para Lauren de maneira acusatória.

– Camila, em que momento eu disse isso?

– Eu não sou burra, Lauren! – O choro deu lugar a raiva e ela voltou a gritar pelo quarto. – Pra um bom entendedor, meia palavra basta. – Completou com a voz um pouco mais baixa, enquanto Lauren vasculhava seus pensamentos tentando entender o que ela havia dito que estava fazendo Camila se sentir daquela maneira.

– Eu só tô tentando te dizer que eu não me importo de fazer as coisas por você e você sabe disso! – Falou começando a se chatear porque não parecia haver uma maneira de resolver aquela situação sem estresse, gritos e lágrimas. – Eu não tô jogando nada na sua cara, isso não faz sentido, bella.

– Não adianta tentar por panos quentes, eu sei o que eu ouvi e eu sei o que você quis dizer! – Lauren esfregou o rosto, ela não tinha mais o que dizer. – O fato de eu depender de você não te dá o direito de falar assim comigo! – Camila gritou mais uma vez e Lauren trincou os dentes.

Cazzo, para de gritar, você entendeu tudo errado! Deixa eu explicar.

– Não tem nada pra explicar, Lauren! Não precisa jogar na minha cara que eu sou sua obrigação!

- Não é uma obrigação, de onde tirou isso? – Indagou confusa. – Eu faço porque não me importo, só quero que você tenha tudo do bom e do melhor.

- Eu me importo. – Disse lhe encarando. – Eu me importo muito, é uma situação muito desconfortável para mim. – Ajeitou a calça. – Eu vou resolver isso.

Lauren passou as duas mãos pelo rosto, suspirou negando com a cabeça, queria responder que aquela atitude era muito orgulhosa, mas provavelmente iria piorar ainda mais a discussão. Já não era tão raras as discussões sobre o mesmo tema como no início, Camila parecia se ofender por cada real seu, sempre frisando como era uma diferença enorme entre elas, como era um problema.

Ficava muito chateada com a atitude, primeiro que não entendia porque ela não conseguia enxergar que não tinha problema algum, que ela gostava de lhe dar conforto. E segundo que era como se a mineira programasse seu cérebro para relembrar do assunto nos piores momentos e completamente do nada.

- Va bene. – Assentiu colocando as mãos para o alto, como se recusasse, não queria brigar como se fossem duas adolescentes.

- Eu vou resolver isso. – Somente assentiu antes de se virar em direção ao banheiro e entrar, batendo a porta com um pouco de força.

Camila revirou os olhos, não entendia porque era tão difícil da namorada entender o quão estranho era aquela situação. Ser bancada não estava em seus planos e pior ainda sentir que alguém estava fazendo demais por si. Não tinha uma preocupação na casa, Lauren havia bancado seu cursinho e várias outras coisas, lhe enchia de presentes e etc. Às vezes se sentia uma pessoa horrível, como se estivesse se aproveitando do coração bom da italiana.

Sabia que Lauren tinha muito dinheiro, nunca havia ousado olhar quando estava fazendo alguma operação bancária ou coisa parecida, se sentiria ainda pior, mas não era boba e tinha consciência que os dígitos em sua conta eram muitos. Dinheiro que havia conquistado com muito suor, trabalhava duro, se dedicava muito e não achava justo que simplesmente gastasse com qualquer outra pessoa que deveria estar se bancando.

Desceu sem esperar pela namorada, a empregada já havia chegado e estava na cozinha, preparando o café. Perguntou-se por quanto tempo a mulher esteve ali ou se tinha ouvido alguma coisa, mas se tinha, não começou nada além de um bom dia educado como toda terça e quinta. Respondeu rapidamente, não estava muito para conversar, só queria tomar seu café isolada de todo o mundo.

Quando Lauren desceu, já arrumada e com uma cara nada agradável, parou na porta da cozinha cumprimentando a mulher e procurando por Camila, a mesa estava posta e não parecia ter sido tocada. Fechou ainda mais a cara pensando que talvez pudesse já ter saído, se fosse o caso, seria a atitude mais imatura que já havia tido em todo tempo de relacionamento.

No entanto, segundos depois, a porta se abriu e Manjericão entrou correndo junto com Biscoito. Os dois foram direto em sua direção, mas não pularam, esperaram o carinho rápido que a chef podia dar. Camila lhe encarou em silêncio e entrou no cômodo, sentando a mesa após lavar as mãos.

Talvez aquele tivesse sido de longe o café mais perturbador que já havia tido, não conversaram, cada uma se concentrou em sua comida e em seus respectivos meios de comunicação. Ainda estavam bravas pela briga mais cedo, cada uma por seus motivos que, infelizmente, não eram claros para a outra.

Quando terminaram, seu Antônio já estava aguardando, Lauren não iria para o restaurante no turno do almoço, tinha alguns compromissos, somente iriam se ver novamente no jantar. Camila se manteve encarando o lado de fora com os braços cruzados e fones de ouvido, Lauren aproveitou o comportamento absurdo para trabalhar mais um pouco no iPad respondendo e-mails.

Quando o carro parou em frente ao Del'Mare, Lauren bloqueou o celular e se virou para a namorada, que parecia tão sem saber o que fazer quanto ela. A diferença era que Camila olhava seus dedos em seu colo.

- Nos vemos mais trade. – Disse. – Bom trabalho. – Disse séria.

- Obrigada. – Foi tudo que respondeu antes de sair e bater a porta do carro. Lauren fechou os olhos passando a mão pelo rosto, confusa de se sentir perdida no que estava acontecendo.

- Que cara feia... – Amanda brincou assim que viu a amiga entrar no vestiário. Cruzou os braços rindo. – Caiu da cama?

– Preferia ter caído. – Respondeu de forma desanimada, vendo a mulher por a mão em seu ombro.

– Tudo bem com você? – Camila maneou com a cabeça.

– Mais ou menos, é coisa da minha cabeça! Vai passar. – Amanda assentiu, respeitando o momento dela se ela não queria falar naquele momento o que lhe incomodava.

– Tudo bem, se quiser conversar, eu estou aqui, ok? – Camila assentiu com um sorrisinho, agradecendo o apoio e logo se ajeitou para começar a trabalhar, vestindo o avental e indo na direção na praça das massas.

Ficaria com Juliana hoje, o que em partes era um alívio, porque não queria passar horas em pé ao lado de Lauren, ainda que não fosse o momento de conversar nem nada, achou que ficariam desconfortáveis, porque ainda não tinham tido uma briga séria desse tipo.

Tentou se dedicar ao máximo ao que fazia, como sempre, querendo dar o melhor de si para obter os melhores resultados. Aquele era o momento em que tudo ficava do lado de fora da cozinha e ali o único traço de sua personalidade que se mostrava era o de quem queria continuar aprendendo e se aperfeiçoando, aproveitando as oportunidades que tinha. Resolveria seus problemas com Lauren depois, se é que aquela confusão toda tinha jeito.

Sabia que tinha estrapolado um pouco pela manhã nas palavras e na forma de lidar com a situação perante a confusão da mais velha, mas não via outra maneira de dizer que estava incomodada. Lauren e ela viam tudo de forma muito diferente, a postura da outra de dizer que não se incomodava era inquietante porque Camila se incomodava e isso deveria ser resolvido de uma maneira, não só com aquela pose de "sou rica então está tudo bem".

Não sabia como iria enfiar isso na cabeça dela e nem como iria explicar com palavras gentis, porque não queria passar a impressão errada. Não queria terminar o relacionamento ou nada do tipo, ela só precisava de espaço e de que Lauren parasse de ficar lhe oferecendo esse tipo de coisa a todo momento, porque isso lhe deixava constrangida e a mais velha nunca conseguia entender quando ela dizia que não queria, ainda que explicasse os seus motivos.

Pensou que talvez deveria ter guardado para si por mais um tempo antes de falar com ela da maneira que falou de manhã, mas simplesmente não conseguiu aguentar ter o mesmo diálogo milhares de vezes. Camila dizia que não queria que Lauren lhe pagasse alguma coisa e a italiana começava a insistir dizendo que estava tudo bem e que ela queria e podia ajudar, o que era verdade.

Acontece que ela já morava na sua casa, já era praticamente sustentada com ela porque não precisava pagar absolutamente nada dentro de casa – e nem teria como pagar nada a outra deixasse, já que as contas eram altíssimas – e nem as vezes que saiam juntas, porque Lauren sempre bancava tudo. Seu salário era todo para si – e ele não era muito – e ela quase não tinha com o que gastar, já que tinha tudo o que queria. Ainda que soubesse que a outra não fazia por mal, ela não conseguia se livrar dessa sensação de incômodo, principalmente quando começou a perceber o quanto iria demorar para ela conseguir ter o mínimo de independência que fosse.

Indo para a faculdade, teria que trabalhar menos horas por dia porque a carga horária do seu curso era bem alta e isso implicava que ela iria receber menos, porque não achava justo receber a mesma coisa do que outras pessoa que trabalhariam mais que ela. Isso só a faria depender ainda mais de Lauren para absolutamente tudo por vários anos. Tinha medo dessa situação desgastar o relacionamento delas, porque era muito ruim quando ela não conseguia pedir alguma coisa que precisava por vergonha ou quando Lauren descobria que ela não pediu e gerava uma pequena discussão porque a italiana ficava brava da namorada não saber que poderia falar com ela para absolutamente tudo.

Imaginou quantas dessas pequenas discussões elas iam aguentar. Quantas vezes ela iria se irritar pela sensação de impotência. Quantas vezes iria se sentir mal por se sentir dependente da outra. Ela não sabia se iriam aguentar muito. 


e aí, pessoal, o que vocês acharam desse caralho? vocês escolheram lados da briga ou entendem o lado das duas? comentem T U D O porque to seca pra saber 

não esqueçam de seguir a @ camilacinica no perfil dela porque semana que vem sai fic nova, tá um hino

outra coisa, pra quem viu aqui semana passada, não esqueçam de ir lá no canal do yt que eu to fazendo uns episódios no the sims 4 baseado em fanfics, e a série de sim, chef tá ficando t u d o e tem ep todo domingo, deem like e se inscrevam no canal pra assistirem todos os episódios lá (eu linkei aqui o quarto, mas lá vocês encontram a playlist com todos os ep e amanhã tem mais um)


enfim, gente, é isso, eu espero que vocês tenham gostado

sábado que vem eu volto com um novidades além do capítulo (que também tem a ver com sim chef, mas não é vídeo nem nada, aguardem e verão)

obrigada por lerem, eu amo vocês

beijos de luz



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