- 𝘼𝙉𝙏𝘼𝙍𝙀𝙎; (𝘮𝘪𝘯𝘴𝘶...

By godhannie

65.8K 8.7K 16.9K

[COMPRE O LIVRO FÍSICO EM https://www.luoeditora.com/produtos/antares-aqueles-que-nao-tem-perdao-em-producao... More

AVISOS
Prólogo | I can't forgive and I can't forget
001
002
003
005
006
007
008
009
010
011
012
013
014
015
016
LIVRO FÍSICO CONFIRMADO
017
018
019
020
021
022
023
024
025
026
027
028
029
030
031
032
033
034
035
036
037
038
039
040
041
AGRADECIMENTOS + LIVRO FÍSICO
PRÉ-VENDA ABERTA!!!!!!!

004

1.6K 334 196
By godhannie

Os olhos dele pareciam vidro, suas pupilas dilatadas e o corpo imóvel prensado na parede, sem qualquer movimento ou reação, como se estivesse em estado de choque ou preso no labirinto de si mesmo.

Os dois punhos segurados atrás do corpo e a bochecha encostando na parede gelada, até que subitamente foi afastado pra receber socos no abdômen e na maçã do rosto, e mesmo assim, não demonstrou reação alguma.

- Seu ladrãozinho desgraçado! - gritou - Você vai se ver com a polícia.

Polícia.

Só com a última palavra eu consegui sair do transe, meus olhos voltaram a olhar ao redor buscando pela solução mais rápida possível pra impedir que o garoto fosse preso ou atingido mais uma vez, e quando percebi, estava parado em frente ao dono da conveniência que segurava Jisung pela camisa.

- Calma, podemos resolver isso civilizadamente - minha voz evidenciava meu nervosismo.

- Quem é você? - o velho perguntou.

- Não importa - minhas mãos foram rápidas em tirar a carteira do bolso e pegar uma quantia mais que o suficiente pra pagar tudo que estava no chão - Toma, pode ficar com o troco.

O homem olhou pro dinheiro na minha mão, e continuou com a mesma expressão de ódio e a pele vermelha pelo nervoso.

- Do que adianta? Ele sempre vem aqui, é um trombadinha safado que não vai parar de me roubar até levar uma surra de acordo.

Tirei mais dinheiro da carteira, sem me importar se isso era tudo que eu tinha do pagamento desse mês e estendi ao homem de novo.

- Isso é tudo que eu tenho. Essa quantia e você não chama a polícia e não parte pra violência. Quanto ao fato dele roubar de novo, isso não vai acontecer, e se acontecer eu te pago o dobro.

Mesmo insatisfeito, ele acabou por pegar o dinheiro da minha mão e soltar a blusa do garoto que se encolheu ainda mais na parede.

Com rapidez, eu juntei todos os produtos no chão e pedi por uma sacola que foi jogada em mim pelo dono da loja. Empacotei as refeições instantâneas com pressa, e me aproximei com cuidado do garoto que continuava imóvel com os olhos arregalados de medo.

De perto, eu percebi que o canto de sua boca sangrava, um olho estava roxo e suas mãos sobre a barriga que foi atingida. Mesmo assim, ele não demonstrava estar com dor, na verdade, seus olhos não demonstravam sentir absolutamente nada e isso era um pouco assustador.

Eu estendi a sacola, incerto sobre o que dizer e que distância manter de alguém que estava claramente abalado, em pânico, e preso no próprio corpo.

- Acho que isso é seu.

Ele não disse nada. Nem mesmo o seu peito mexia pra mostrar que estava respirando, e quando eu dei mais um passo, ele se afastou e se encolheu ainda mais contra a parede, até que de repente saiu correndo.

Não consegui pensar em muita coisa, e quando percebi, já estava correndo atrás dele e gritando pra que esperasse.

Seus pés tropeçavam na rua e ele virava pra trás com desespero, como se estivesse com medo de mim, e isso me fez diminuir a velocidade pra que ele se sentisse mais seguro.

Assim que virou a esquina, ele desceu o corredor até o mesmo porão de onde saiu e bateu a porta com força.

Eu apoiei minhas mãos sobre os joelhos, com a respiração ofegante e o rosto úmido pelo cansaço. Acabei sentando do lado da porta que ele entrou, tentando raciocinar direito sobre tudo que aconteceu em menos de dez minutos.

Eu não podia dizer que o comportamento dele era fruto do trauma que sofreu ao perder o irmão, até porque até onde eu sei, Bang Chan está desaparecido a pouco menos de três dias, e se tivessem encontrado o corpo já teria notícias na mídia e certamente Gahyeon ia me ligar pra contar.

Entretanto, algo me diz que nada disso é por conta de Bang Chan. Há infinitas possibilidades vindo de um garoto de periferia, sem família ou condições financeiras, sofrendo violência pra conseguir ter o que comer e fugindo de qualquer desconhecido que tenta lhe prestar ajuda.

Pensando nisso, acabo percebendo que talvez eu não esteja parado aqui só por causa da culpa que me leva a querer cuidar dos destroços que sobraram do que eu destruí, talvez uma parcela disso seja realmente vontade de ajudar alguém que parece perdido. Mesmo que seja difícil de acreditar nisso agora, antes de tudo havia bondade no meu coração.

Dei três batidas fracas na porta e esperei alguns minutos, mas ninguém atendeu. Repeti o mesmo processo por mais duas vezes, e continuei sem ter resposta.

Olhei pra sacola laranja do meu lado, sem saber como consegui correr sem derrubar tudo, e acabei me lembrando que toda essa confusão acabou deixando alguém com fome.

Movido pela pontada que senti no peito, insisti em bater na porta mais uma vez, uma última vez antes de ir embora.

- Ao menos abra pra pegar a comida, eu não quero que você fique com fome.

Eu não sabia ao certo se ele estava me ouvindo, mas um barulho vinha de trás da porta e me fazia acreditar que ele estava por perto.

- Eu não vou te fazer mal, sei que só falar isso não te faz sentir seguro, mas eu não vou, você tem minha palavra. Se você não abrir, eu vou embora e deixo a comida na porta, não tem problema.

Continuou em silêncio, me dando a resposta que eu precisava pra saber que era hora de ir.

Deixei a sacola do lado, assim como prometi, e estava pronto pra me levantar do chão quando uma fresta foi aberta.

Jisung estava encostado na porta do lado de dentro, mas o espaço era mínimo e a única coisa que consegui ver foram seus olhos, ainda machucados, que carregavam medo e receio e me olhavam com temor.

Pensei em dizer alguma coisa sobre seus machucados, oferecer algum remédio que eu poderia comprar na farmácia mais próxima ou qualquer outra coisa que ajudasse, mas isso parecia demais.

Ele nem mesmo tirou a corrente da porta, e ainda se mantinha na defensiva, mostrando que qualquer outra tentativa de aproximação minha deixaria tudo pior. Além do mais, provavelmente aquela não era a primeira e nem a última vez que alguém daquele bairro o machucaria, e talvez ele ja estivesse acostumado.

Eu coloquei a sacola no pequeno espaço, e ele foi rápido em agarrar e desempacotar a primeira bandeija de refeição instantânea que viu.

Ele pegou a comida com as próprias mãos, levando os pedaços de carne e arroz na boca e mastigando com desespero, como se não comesse a dias.

Depois de matar um homem, eu não achei que nada fosse doer mais no meu coração do que a culpa, mas vendo aquilo, eu senti dor praticamente na mesma intensidade.

- Meu nome é Lee Minho - sorri amigavelmente - Não precisa me dizer seu nome se não quiser.

Ele me olhou, completamente desinteressado e ainda comendo com pressa. Eu me perguntei se ele não falava, não se sentia confortável comigo, ou se só estava com muita fome e não tinha tempo pra dizer alguma coisa.

- Eu posso voltar amanhã pra te trazer comida?

Ele se assustou, seus olhos se arregalaram e ele parou de mastigar.

- Eu deixo no chão e vou embora, você não precisa abrir.

Seu olhar suavizou, mas ele continuou em silêncio e vagando nos próprios pensamentos, provavelmente avaliando quais os riscos que teria se concordasse com isso.

Por fim, ele acabou por balançar a cabeça positivamente com certo receio, e eu sorri aliviado.

Jisung deixou a bandeija no chão e segurou na porta, pronto pra fechar na minha cara em um pedido silencioso pra que eu fosse embora, mas antes disso, ele me olhou com alguns grãos de arroz no queixo e um olhar mais calmo do que todos os outros que ele me deu.

- Obrigado - sussurrou com a voz baixinha.

Eu sorri, feliz quando a porta de madeira bateu praticamente no meu rosto.

Na lista das incontáveis coisas que me matam por dentro a cada segundo que passa, ter matado uma pessoa é a que mais me condena, mas em segundo lugar e não menos doloroso, saber que a única família de Bang Chan está caindo em um buraco sem fundo me coloca uma responsabilidade que eu não sei se posso cumprir.

Me aproximar dele não é impossível, por mais que pareça difícil, e ajuda-lo é é o que vai me dar menos trabalho. Entretanto, me aproximar e ajudar alguém tão sozinho e complicado com o interesse de curar uma ferida que é só minha, me faz sentir pior do que já sou.

Se Jisung viesse a confiar em mim no futuro, o que eu faria? Se eu conseguisse ajuda-lo e ele acabasse me vendo como a pessoa que Bang Chan era pra ele, me afastar faria um estrago muito pior.

É um labirinto sem saída, que parece ficar ainda mais assustador a cada corredor que eu viro, percebendo que está tudo arruinado e eu nunca vou poder consertar o que fiz.

Assim que entro no carro e me apoio no volante, perco todo o ar dos pulmões quando um pensamento atinge meu coração e acaba com o pouco de saúde mental que me restava.

Se um dia Han Jisung descobrisse que eu sou o homem que matou seu irmão, eu estaria matando-o também?

Continue Reading

You'll Also Like

623 69 6
Seo Changbin é um cantor muito comentado nas redes sociais, ele era muito famoso. Até que um dia um garoto foi ao show dele, Changbin se sentiu muito...
19.9K 2.9K 16
Han queria fazer uma trend que viu no twitter expondo os jeitos seu ficante o chamava, mas sem expor o nome de seu ficante. O que ele não sabia era q...
15.1K 2.8K 12
O que acontece se você se juntar um pseudo egocêntrico apaixonado por um cartunista possuidor de uma delicadeza tão suave quanto uma lixa?
24.2K 3.3K 20
Minha mãe fala que eu sou um homem mas, eu não me sinto assim. Me desculpe mãe, mas eu sou uma mulher. ------ • Esta fanfic é apenas uma adaptação pa...