- 𝘼𝙉𝙏𝘼𝙍𝙀𝙎; (𝘮𝘪𝘯𝘴𝘶...

By godhannie

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AVISOS
Prólogo | I can't forgive and I can't forget
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LIVRO FÍSICO CONFIRMADO
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AGRADECIMENTOS + LIVRO FÍSICO
PRÉ-VENDA ABERTA!!!!!!!

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By godhannie

O tic-tac do relógio marca exatamente uma hora da tarde do dia vinte e sete de setembro. A sincronia dos dois ponteiros é a única coisa que pode me entreter, mas a parede branca onde o relógio está arde meus olhos que sofrem com a insônia.

Um homem está sentado em uma cadeira atrás de mim e eu não posso vê-lo, mas sei que está me vigiando. Na minha frente, há uma mesa com um computador, alguns papéis e pastas que não consigo ler, e na parede está o relógio que parece ser a única coisa que faz barulho na sala depois da arritmia do meu coração.

Nunca pensei que todos os meus esforços me trariam pro lugar que eu mais fugi, mas pensar nisso fazia meu coração bater mais rápido do que o triplo da velocidade do ponteiro dos segundos, por isso, meus olhos caíram sobre a parede branca e permaneceram ali.

Alguém abriu a porta tão bruscamente que quase me fez saltar da cadeira. Um homem entrou, se sentou na cadeira a minha frente e eu reparei no quanto ele parecia jovem pra alguém que trabalha na polícia. Era magro, baixo, o rosto cumprido e os olhos pretos assim como os cabelos. Logo eu o reconheci.

- Sou Seo Changbin, o investigador responsável pelo caso - disse com um pouco de frieza.

- Eu sei quem você é.

- Isso não tem relevância agora - respondeu - vamos começar a gravar seu depoimento. Está ciente que mentiras só vão resultar no aumento da sua pena, certo?

Ele buscou por alguns papéis na gaveta, enquanto isso eu passei a olhar pra fina camada de pó que cobria o vidro da mesa. Estava começando a perceber que focar em detalhes era uma válvula de escape pra fugir dos pensamentos que me levavam a ele.

Changbin agora tinha um gravador em mãos, foi iniciado assim que ele tinha um novo papel na mesa e um outro capanga do seu lado.

- Vamos lá, Lee Minho, o que você fez quando acordou no dia cinco de maio?

A luz vermelha do gravador piscava em minha direção, e sinceramente, o fato da luz me colocar mais pressão que Changbin soava engraçado.

- Bom, eu tomei banho, aquela coisa de higiene matinal. Você não faz isso também?

Changbin mordeu os lábios, ele fazia isso toda vez que tentava esconder que estava irritado. Ele é bom em esconder sentimentos, mas a linguagem corporal dele o expõe. Ele suspirou, como se estivesse tentando recuperar a estabilidade antes de dizer qualquer coisa.

- Vou recomeçar a gravação, se você fizer qualquer comentário imbecil vai responder por desacato.

O gravador parou e voltou a piscar, Changbin repetiu a pergunta e meus olhos caíram sobre minhas mãos, e as algemas rodeando meus pulsos. Pensar que o momento que eu mais temi havia chegado, me trazia um turbilhão de sensações ruins em uma fração de segundos, mas, pensar que a verdade finalmente seria dita em alto e bom som me fazia sentir menos culpado do que realmente sou.

- No dia cinco de maio, eu fui pra faculdade. Era um dia normal, quer dizer, eu achei que seria um dia normal também. A pior parte de uma desgraça é que você não pode a prever.

05/05/17 11:36
Dia do crime

- Você falta tanto que às vezes penso se você morreu e esqueceram de me avisar - disse com a boca cheia de comida - mas aí você aparece aqui e é como se fosse um soldado que voltou vivo da guerra, sabe? É histórico.

- Eu vim na aula semana passada - bebi um gole do suco - você exagera.

Ir pra faculdade nunca foi meu forte. Eu nunca quis cursar administração, mas não é como se meus pais me dessem alguma liberdade de escolha, já que os negócios da família sempre passaram de geração em geração e infelizmente a minha geração chegou.

Antes de irem morar no exterior meus pais pagaram minha faculdade, me deram um carro, casa e dinheiro todo mês pra que eu e minha irmã nos sustentassemos. Depois que eu reprovei dois anos seguidos, eles me disseram que continuariam pagando a faculdade pra que eu tomasse jeito e um dia me formasse, mas decidiram nunca mais falar comigo até que isso acontecesse.

Desde então, eu me sustento trabalhando em uma loja de conveniência pra não usar do dinheiro deles, enquanto frequento a faculdade uma vez a cada duas semanas, pois sair de lá é a mesma coisa que me considerar um órfão.

Na verdade, não é era tão ruim assim. Em momentos como esse, onde eu e meus dois amigos comemos juntos e eles tagarelam enquanto eu fico em silêncio, é onde eu vejo que ir pra faculdade pode ter um lado bom, mesmo que mínimo.

- Uma vez o professor de matemática financeira quis tirar você da lista de chamada. Ele achou que era alguém que tinha trancado a matrícula - Hongjoong riu.

- E então Seonghwa disse pra deixar porque você vinha passear aqui às vezes - Mingi completou.

- E todas às vezes me arrependo.

Mingi e Hongjoong não eram amigos tão próximos, mas eles sabiam o motivo das minhas faltas e faziam piadas disso pra que eu não me sentisse tão culpado por faltar. Na verdade, eu nunca me culpei por ser o pior aluno da faculdade, a única coisa que me culpo é não ter coragem de ir em busca do que eu quero e abandonar o plano de vida que meus pais fizeram pra mim.

- Um dia vai dar certo, hyung. Você ainda vai vender seus roteiros - ele me deu tapinhas na cabeça como se eu fosse um filhotinho - agora vamos, Joong quer passar na biblioteca antes da aula começar.

27/09/17 13:31
Departamento de Polícia de Seoul

- Depois da aula eu passei em uma cafeteria e fui direto pra casa. Minha irmã, Lee Gahyeon, estuda o dia todo e devia chegar em casa por volta das oito, mas ela me mandou uma mensagem tarde da noite.

- O que dizia na mensagem? Você pode me mostrar em seu celular?

- Claro, se você me entregar ele - debochei.

O homem que ficou parado ao lado de Changbin saiu da sala por alguns segundos, voltou com meu celular e colocou em cima da minha mão ainda algemada.

Quando abri a mensagem de Gahyeon naquele dia, meu coração doeu como se fosse a primeira vez que li. Qualquer lembrança daquele dia era horrorosa, até mesmo a blusa que eu usava me fez sentir tão mal que eu precisei queima-la.

- Aqui - entreguei o celular a Changbin.

[Irmã 💕] 00:18
Eu estava numa festa.

[Irmã 💕] 00:18
Pode vir me buscar?

[Minho] 00:18
Por que não me atendeu? Quase liguei pra polícia porque você não teve coragem de me mandar um sms se quer

[Irmã 💕] 00:19
Agora não, eu to sozinha. Vem me buscar.

[Irmã 💕] 00:19
Vi Yunho com uma garota.

[Minho] 00:19
To indo

[Minho] 00:20
Me manda a localização

- O que você viu quando você chegou? Detalhe o máximo possível.

Não era bom visualizar qualquer coisa referente aquela noite, mas quando eu tentava juntar todos os detalhes dentro da memória era como se eu me colocasse dentro dela. Era cortante, a memória em si era como uma parte de mim mesmo que me devorava de dentro pra fora. Era impossível esquecer, e pior que isso, era impossível perdoar a mim mesmo.

- Era uma rua vazia, só havia casas trancadas, árvores e dois postes de luz acesos. Nada mais que isso.

- E onde estava Gahyeon?

- Em lugar algum - engoli em seco, minha voz começava a falhar - eu a procurei e a chamei, mas estava tudo escuro. Quando cheguei perto de um beco, escutei ela gritar.

Changbin parecia um pouco apreensivo agora, quase como se tivesse cuidado ao me fazer reviver a história que destruiu minha própria vida. Eu nunca duvidei que por dentro ele tivesse um pouco de compaixão, porque às vezes ele dava pausas nas perguntas como se estivesse me oferecendo uma fração de segundos pra respirar fundo um pouco.

Senti um nó se formar na minha garganta, a única coisa capaz de me fazer chorar era lembrar dessa noite, mas descobri que conta-la em voz alta era ainda mais assustador do que vive-la de novo. Quando Changbin continuou em silêncio, percebi que ele não estava me dando um tempo mais longo, ele só não sabia como continuar.

- Eu entrei no beco - disse antes dele - Gahyeon estava encolhida como se algo estivesse pronto pra ataca-la. Eu vi a sombra de um homem na parede. Não consigo descreve-lo antes que me peça.

Agora, as pausas eram feitas por mim. Contanto três tic-tac's do relógio, eu respirava fundo e segurava as lágrimas que insistiam em se formar nos meus olhos. Changbin e os outros dois homens continuavam em silêncio.

- "Eles me obrigaram. Eu não queria. Me desculpa" - suspirei - foi isso que o homem disse. Ele tinha uma faca, e acertou Gahyeon no braço.

- Você o impediu?

- Eu o empurrei e nós brigamos. Ele foi mais forte que eu, segundos depois ele estava em cima dela de novo. Ele tentou... - minha voz se quebrou - tentou comê-la. Ele queria carne humana.

Por um momento, consegui me lembrar dos olhos negros e da pele branca do homem. Pude ver o sangue de Gahyeon em seu uniforme depois que ele mordeu e arrancou um pedaço de seu ombro.

- E então, você o matou - afirmou com frieza.

- Eu o empurrei contra a parede e ele bateu a cabeça. Quando ele caiu no chão, eu pensei que tivesse desmaiado já que a batida foi fraca. Então... - acabei derrubando a primeira lágrima - ele fechou os olhos e morreu nos meus braços.

- Foi o que eu disse, você o matou - insistiu.

- Eu não sinto que o matei. Já tinham feito isso antes.

- Quem você sugere?

- Eu não sei. Assim que ele morreu, eu fugi e voltei duas horas depois, mas o corpo já não estava mais lá. É só isso que eu sei.

Changbin bufou, como se sua compaixão tivesse ido por água abaixo assim que eu não assumi um erro que não era meu.

- É muito difícil você ser inocentado Minho, há muitas provas contra você e nenhuma que favoreça sua historinha de canibal. Vamos continuar com a investigação, mas eu sei que você é o culpado. Você matou Bang Chan.

Então, ele encerrou a gravação e saiu da sala. A luz vermelha finalmente parou de piscar e o peso em meus ombros ficou mais leve.

Está feito. Eu confessei toda a verdade, e nada disso vai fazer com que eu durma em paz. Todas às vezes que fecho os olhos vejo seu corpo falecendo em meus braços, o sangue de Gahyeon e as luzes da polícia.

Ainda assim, todas às vezes que eu abria meus olhos de manhã e via os olhos dele, era como injetar morfina em minhas veias e acabar com toda a dor que me machuca e todos os fantasmas que me atormentam. Por isso, quando a cela é trancada, a última coisa que me preocupa é quanto tempo vou passar dentro dela.

Eu já sabia que estava condenado por matar um homem, mas o que me condenou de verdade foi amar a mesma pessoa que destruí.

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