Ilusões

By Porzzinsk

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Amizades, romances, brigas e problemas. Todas essas coisas fazem parte da vida de Bruno. More

o quarto
Manhã
Surpresas
Café
Impulso
Após a tormenta
Amor e raiva
Conforto
A Festa
Escalada amorosa
A hora da verdade
Passado e Futuro
Descidas, comidas e brigas

Silêncio

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By Porzzinsk

Acordei nos braços dele. Sim, literalmente, nos braços dele. Quando comecei a abrir os olhos, percebi que eu estava sendo abraçado.

"isso deve estar muito desconfortável para ele."

Foi a primeira coisa que pensei, mas logo que me toquei do que estava acontecendo, abri um sorriso bobo. E foi no meio disso que eu comecei um diálogo na minha cabeça. Foi no meio desse momento de felicidade e daquele sentimento de coração quentinho que comecei uma conversa comigo mesmo. Pode até parecer estranho, mas eu faço isso muito. As vezes eu concordo e discordo das coisas de uma forma muito rápida.

" Caramba, fazia tempo que eu não dormia tão bem, de uma forma tão aconchegante."

"Esse abraço é a coisa mais gostosa que existe."

"Queria ficar aqui mais um pouco."

"Na verdade você pode Bruno!"

"Como assim?"

" Você não tem a primeira aula de hoje. O professor mandou o email."

Eu tinha esquecido, totalmente, desse detalhe. Eu posso aproveitar esse momento. Eu posso deixar meu coração com aquele sentimento de preenchimento por mais um tempo. Falando nesse sentimento, eu não sei como descrever. Vamos pensar como se a coisa que você mais gostasse de comer fosse uma pizza. Agora pensa na pizza mais gostosa que você já comeu. Coloca essa "pizza" no seu momento mais feliz. Só pensa nisso e vai colocando uma coisa na outra. Agora você multiplica isso tudo por muito. Muito mesmo. Seria o resultado disso esse sentimento. Mas como eu disse, não sei descrever. Pode ser que isso não chegue aos pés da verdade sensação.

Por causa desse diálogo na minha cabeça que eu decidi ficar ali mais um pouco. Junior continuava a me abraçar. Eu continuava uma pedra. Não me mexia por nada. Não queria acordar ele. Não queria que ele se mexesse. Tudo estava bom. Estava na maior paz. No maior silêncio.

Falando nele, eu acho ele bom e ruim. Tem dias que o que eu mais quero é ficar sem barulho. Ficar deitado, apenas sentindo o ar entrando e saindo. Inspirando e expirando. Sem nenhuma preocupação. E tem dias que o silêncio pode ser meu pior inimigo. É nele que começam a surgir dúvidas sobre mim mesmo. Dúvidas da minha capacidade, da minha aparência e de qualquer coisa que pode me deixar mal. É com o silêncio que eu já tive meus piores dias e piores pensamentos. Engraçado como uma coisa pode estar em dois extremos. Hoje ele está sendo ótimo, amanha ele pode ser péssimo.

- Bom dia- Junior disse muito baixo no meu ouvido. Foi quase um sussurro.

- Como você sabe que eu estou acordado?- respondi, virando minha cabeça para ele.

- Só senti.- J disse, ainda falando bem baixo.

E foi logo depois dessa fala, que ele me deu um beijo no meu pescoço. Daqueles beijos bem demorados. Eu sentia o toque dos lábios no meu pescoço. Eu estava derretendo por dentro. Todos os pelos do meu corpo arrepiaram no mesmo segundo. Subia um calor pelo meu corpo. O sentimento de desejo surgia e destruía tudo por onde passava. Parecia lava descendo a montanha de um vulcão: não perdoando nada pelo caminho. E era isso que meu corpo fazia comigo: não perdoava nada. E o pior disso foi que eu tentei mexer meus braços, mas Junior me segurou. Ele sabia o que ele estava fazendo eu sentir. Ele sabia que era bom. E sabia também que me segurar faria tudo ficar mais intenso. E ficou mesmo. Parecia que quando me senti preso em seus braços, tudo dobrou. O calor, a vontade de me mexer, a vontade de transar e tantas outras sensações que surgiram nesses segundos.

- Para- eu tentei falar, mas não consegui. O prazer não deixava

-Para- por fim consegui dizer.

Ele me soltou na hora, e de forma muito rápida virou seu corpo e ficou em cima de mim. Seu braços seguravam os meus punhos. Suas pernas cruzaram as minhas coxas. Eu estava preso. Nós nos encarávamos. Ele olhava bem nos meus olhos. Olho com olho. Perna com perna. Braço com braço. Era isso que eu sentia. Era essa conexão dos corpos.

- Eu gosto de você- Júnior disse em alto e bom som.

- Na verdade, eu gosto muito de você.- Júnior disse de forma rápida, tentando corrigir o que tinha dito anteriormente.

Eu não sabia o que responder. Eu gostava dele, isso não dava mais para enganar. Posso enganar você caro leitor, mas não a mim mesmo. As vezes posso omitir um pensamento, ou um desejo. Mas eu minto para mim mesmo. E como muitos dizem: a pior mentira é aquela que contamos para nós mesmos.

Não tenho dúvidas de que eu queria acordar com o Junior aqui comigo por um bom tempo, para não dizer sempre. Eu quero. Quero mesmo. Porém não posso envolver ele na minha vida. Não é um lugar que ele merece estar. Tenho muitos problemas. Não quero envolver ele nisso. Ele não merece. Ele é muito bom para mim.

- Vem aqui e me beija- eu disse.

E ele foi. Me beijou bem forte. Aqueles beijos bem excitantes.

Eu não respondi que gostava dele.Mas isso não pareceu abalar ele. Ele sabe que eu gosto. Acho que consigo transmitir isso para ele. Outra coisa que ele sabe, é que eu tenho medo de envolver ele na minha vida. É por esse motivo que eu gosto cada vez mais do Junior. Ele entende, não julga( mesmo eu tendo medo dele fazer isso), e simplesmente tem empatia.

Um beijo daqui, uma mão dali e foi assim que começou minha manhã. Eu e Junior, basicamente nos masturbamos. Não vou contar sobre isso, foi um momento muito intimo. Poderia parecer hipocrisia dizer isso, mas não. A nossa primeira noite achei válido contar para vocês. Poderão ter mais noites que eu contarei, mas o que aconteceu essa manhã não. Só vou falar que foi bom. Muito bom.

Depois disso fui pro banho. Junior não foi comigo. Ainda não estamos tão íntimos.

"Se é que um dia vamos ser."- penso.

**

Tomei café, me arrumei e fui para a faculdade. Hoje fui com Junior de novo. Não fui na frente, do lado dele. Sentei atras. O João sentou na frente. Não me importei. É até bom.

- Hoje o dia vai ser um saco! Tenho que ajudar os meninos da república a buscar as bebidas e organizar a casa para a festa de amanhã.- João disse.

- Mano, se precisar de ajuda, me avisa. Beleza?- Junior falou.

-Pode deixar que falo sim. Provável que a gente vai precisar sim- João respondeu rindo.

-Em qual lote que os ingressos estão?- perguntei.

- No final do terceiro- João disse.

- Caralho e quanto que está isso?- perguntei.

- vinte cinco reais. Mas não preocupa, peguei primeiro lote para todo mundo lá do nosso "ap".-João disse.

- Não é atoa que eu te amo né João- eu falei, abraçando ele pelo banco.

- Bruno tenho que te pedir uma coisa.- João disse.

Vish, lá vem.- respondi

João riu

- Sabe aquela sua amiga a Lorena, fala para ela ir amanhã. Chama a Mariana também.Fala para elas que eu consigo ingresso mais barato. Especial para elas.- João falou.

-Uai. Vai chamar a Luna não?- falei de imediato.

- Nossa, tinha esquecido dela. Mas ela nem está no Brasil seu idiota.- João disse.

Junior começou a rir. Eu comecei a rir.

- Estou enchendo seu saco só.- falei ainda rindo

Falando na Luna, ela é a ultima do meu quarteto de amigas. A Luna está na Austrália. Bem tipico do jovem classe média, eu sei. Porém não vou negar não, queria estar na Austrália sendo um jovem de classe média. A Luna faz arquitetura. Ela conseguiu uma bolsa de estudos por um ano e meio em uma faculdade de Sydney. A Luna era super hétero aqui no Brasil, mas a garota mal chegou na Austrália e revelou ser uma verdadeira sapatão. Eu achei foi ótimo, mais uma para o meu bonde. Mas assim, não que minha opinião seja necessária. Luna é bem branquinha. Tem os olhos verdes, cabelos morenos. Ela é simpática e sorridente. Vai demorar até eu falar dela por aqui. Não nos veremos por um longo período de tempo.

- Idiota- disse João.

Junior e João ficaram conversando o resto do caminho até na faculdade.

Eram quase nove horas. Minha aula só começa as dez.

**

João desceu do carro perto do prédio 3. Eu sentei na frente e fui até a biblioteca com Junior. Ele estacionou o carro. Descemos e nos despedimos. Agora só nos vemos a noite.

Quando eu já estava saindo, Junior me puxou e me deu um beijo.

"Caramba, estamos no meio da faculdade."- pensei.

-O que foi isso?- perguntei um pouco sem graça.

- Apenas vontade.- J respondeu.

Eu ri quando ele falou isso. Fiquei um pouco sem reação. Não estava esperando aquele beijo.

- Mas não se preocupa. Não estou criando nenhum tipo de obrigação. Sei que não estamos juntos, apenas ficando. Sei muito bem disso, não quero confundir as coisas.- Junior disse.

Aquilo me pegou de jeito. Eu esperava que eu fosse falar umas coisas daquela, não Junior.

Não sabia bem o que responder. Então puxei ele de volta e dei outro beijo.

- Entendi sua resposta- J disse.

- Estamos entendidos então.- respondi.

-Quando quiser me responder dessa forma, pode ok? Não acho nenhum pouco ruim.- Junior disse encolhendo os ombros.

-Tchau "botininha"- eu falei. E sim, ele estava de botina. E mais uma vez reparei muito tarde.

- Tchau poc- ele disse.

E nisso, cada um seguiu seu caminho para a aula. Na verdade, apenas Junior. Eu ainda tenho tempo até minha próxima aula.

Decidi então falar para a Mariana e Lorena da festa de amanhã, antes que eu me esquecesse. Acabei mandando mensagem.

As duas responderam que estavam afim de ir na festa.

"Ufa! Agora tenho companhia para dançar."- pensei

**

São três horas. Minhas aulas acabaram por hoje.

Fui na cantina do prédio 12 e comi uma salada de frutas.

Hoje vai ter Palestra de Direito Eleitoral em uma das salas Naves. Essas salas são gigantes, por isso o nome. Elas tem formato de uma nave alienígena. São redondas. Cabem umas trezentas pessoas dentro delas. Elas ficam todas no prédio 4. Na verdade o prédio 4 é quase que, unicamente, composto por essas salas naves. Tem as salas e gramados. Muita grama. A galera adora ir para lá fazer Yoga, meditação, fumar, fazer roda de conversa, e mais um monte de coisa.

Eu estou longe do prédio 4, então preciso ir rápido para lá. Se não vou chegar atrasado.

**

Cheguei em casa em torno de umas seis e meia.

Comi um misto quente assim que cheguei. Depois fui para o meu quarto. Coloquei meu celular para carregar e fiquei deitado. Não estava com paciência para ler e nem ouvir música. Só fiquei ali. No silêncio. Apreciando meus momentos. Apreciando tudo o que eu podia apreciar. Pela noite me aguardava uma coisa que eu não estava afim de presenciar.

Acabei pegando no sono, pois acordei assustado com uma batida na porta do meu quarto. Me deu um frio na barriga. Se for Junior estou encrencado. Preciso sair hoje a noite e ele vai ficar me perguntando coisas. Não estou a fim de mentir na cara dura.

-Posso entrar Bruno?- Era paulo perguntando.

-Entra- respondi aliviado.

-Posso pegar seu carregador do computador emprestado? O meu estragou.- Paulo disse.

-Pode sim. Está ali na mesa.- falei.

Paulo pegou o carregador, agradeceu e saiu do quarto.

Logo que ele saiu, olhei meu celular e vi que eram quase oito horas. Precisava começar a me arrumar. E foi o que eu fiz.

Tomei banho e me vesti. Coloquei uma calça marrom, daquelas que marcam bem a bunda, e uma blusa preta. Eu estava usando um all star preto também. Passei glitter na ponta dos dos olhos também. Mas não foi na ponta de dentro dos olhos e sim na beirada. O glitter escolhido foi da cor preta.

Eu uso a cor do glitter de acordo com o meu sentimento. Hoje é preto pelo motivo de eu não querer me submeter ao que me aguarda. É preto por eu estar sozinho nisso, sem amigos para contar. É preto por que representa o vazio que eu tenho dentro de mim. É preto por representar a tristeza que eu sinto das coisas que eu fiz e vou fazer.

Posso até estar parecendo brega na sua imaginação, mas não estou. Estou tremendamente bonito. Bonito para fazer coisas que eu sinto nojo.

**

Eu estava na Porta do Hotel Canários. Já eram nove e meia. Entrei.

O saguão é grande e bem bonito. Tem algumas cadeiras almofadadas do lado direito e do lado esquerdo um corredor. Tem uma placa indo para o corredor, mas não consigo ler o que está escrito.

As paredes estão cheias de quadros. Quadros bem bonitos.

Foi nas cadeiras do meu lado direito, que eu encontrei ele. Na hora que ele me viu, levantou.

Raul Callizoto é um homem alto e bonito. Não posso falar que ele é feio. Ele não é. Ele está vestido com uma roupa diferente do que eu sempre vejo. Ele está com uma camiseta social branca e uma calça jeans. Sempre vejo ele de terno na faculdade.

Ele veio andando na minha direção. Parou na minha frente.

Tudo o que eu sinto é ódio. Quero matar esse homem. Quero bater nele. Quero bater muito nele.

- Boa noite Bruno. Que bom que você veio. Já estava ficando preocupado.- Callizoto disse.

"Como se eu tivesse a opção de não vir né seu merda"-pensei

- Sou pontual. Nenhum minuto a mais nem a menos.- respondi com uma expressão um pouco fechada.

- Então não vamos perder tempo. O nosso quarto está no sétimo andar. Apartamento 125. Pode subir primeiro. Vou encomendar umas bebidas. Eu já subo.- Callizoto disse.

"Nosso quarto meu cu."

"Morre homem."

"Meu deus eu quero chorar."

"E se eu for embora?"

"Não posso ir embora."

"Como eu fui ter tanto azar de existir um vídeo meu."

"Quero ir embora."

"Vontade de ligar para o Junior."

"Eu só quero dormir."

"Só quero chorar."

"Só quero desaparecer."

E foram esses pensamentos que foram minha companhia durante todo o caminho até o sétimo andar.

Por fim entrei no quarto. O quarto é muito chique. É gigante. A cama é gigante. Tudo aqui é gigante.

Sentei na cama, tirei meus sapatos. Não iria tirar mais nada, a não ser que fosse obrigado.

Passou apenas cinco minutos desde que eu entrei no quarto e Callizoto entrou.

Ele chegou com várias bebidas. Ele fazia as coisas como se eu não tivesse ali, e para mim estava ótimo. Quanto menos comunicação melhor.

Ele encheu um copo com vodka e me deu.

-Bebe- ele disse.

Em uma golada eu virei tudo.

Ele encheu meu copo mais uma vez e me deu.

-Bebe- ele disse.

Bebi tudo mais uma vez.

Isso se repetiu por mais duas vezes.

Meu corpo já estava começando a ficar mais mole. Mais solto. Ainda bem que ele me deu essa bebida, se não eu não sei o que eu faria. Eu estava muito nervoso antes, mas agora meus sentidos iam aos poucos desaparecendo.

Ele sentou do meu lado. Colocou a mão na minha coxa.

Subiu um sentimento de medo na minha barriga. O sentimento dominou meu corpo. Ninguém falava nada no quarto. O silêncio estava sendo naquele momento a pior coisa.

Doutor Callizoto veio perto de mim e beijou meu pescoço.

Eu só queria sair correndo dali. Eu queria vomitar. Eu queria gritar. Berrar.

Mas só permaneci quieto. Parado. Parecia uma estátua.

Ele começou a ir me beijando sentido minha boca.

De repente senti um tapa bem forte no meu rosto.

-Você não vai cooperar não?- Callizoto disse.

Senti um frio na espinha.

"Esse cara é louco. Ele pode me matar a qualquer momento. Preciso entrar nesse jogo."- pensei

Eu estava doido para chorar. O meu rosto ardia. Doía.

-Preciso beber mais para relaxar.- eu disse.

Fui até as bebidas e virei mais alguns copos de drinks.

Tudo começou a ficar em um movimento lento.

O medo sumiu. E no lugar dele surgiu o prazer. Pode ser estranho falar isso, mas quando eu fico tonto eu fico com meus sentidos sexuais mais aguçados. Eu posso fazer coisas que eu não quero e mesmo assim sentir prazer. E era o que estava acontecendo. Péssimo, eu sei.

Fui para a cama. Começamos a nos beijar. Mas agora eram beijos mesmo. Eu beijava ele com vontade.

Raul Callizoto começou a passar a mão dentro da minha calça.

Ele tirou a minha blusa.

Ele tirou a minha calça.

Eu só queria sumir. Eu já estava tonto, pelo menos alguma coisa boa.

"Quero sumir."

"Quero sumir."

"Quero sumir."

"Quero sumir."

"Quero sumir."

"Quero sumir."

"Quero sumir."

"Quero sumir."

Isso era a única coisa que eu pedia dentro da minha cabeça. E foi o que aconteceu.

Eu estava ali, mas não estava. Meu corpo estava presente, mas minha mente não. Meu corpo fazia o que era necessário para manter a vontade do outro homem realizada. Minha mente estava desaparecida. Eu não faço ideia de onde eu estava dentro da minha própria cabeça.

Eu só agradeço de não estar mais ali. Pelo menos minha mente não.

**

Minha consciência só voltou ao normal quando eu estava parado na porta do meu apartamento. Não sei quanto tempo fazia que eu estava ali. Mas eu não conseguia me mexer. Tudo doía.

Não só minha mente voltou ao normal. Meus sentidos voltaram também. Pelo menos dor eu sentia. O resto ainda estava fraco. Devo ter bebido mais. Não lembro.

Comecei a andar e sentia muita dor. Alguma coisa estava errada. Minhas pernas tremiam.

"O que esse homem fez comigo?"- pensei

Lágrimas escorriam no meu rosto.

Comecei a andar um pouco melhor. Mas doía ainda.

Fui para o meu quarto. De lá fui para o meu banheiro. Tomei um banho.

Foi um banho de purificação. Eu limpava a minha pele. Eu esfregava com tanto ódio meu corpo, que ficava tudo vermelho e ardendo.

Por fim percebi que eu tinha uma marca de mordida perto da minha virilha. Era uma mordida feita com força. Dava para ver a marca dos dentes. Estava roxo já.

Fiquei parado um tempo bom ali no box do banheiro. Fiquei sentindo a água bater no meu rosto. Olhei para baixo e vi que a água do chão estava normal. Foi ali que eu senti que eu estava limpo. Enfim, limpo.

Me sequei. Me troquei. Coloquei meu celular para despertar as oito. Me deitei.

Estava faltando alguma coisa aquela noite. Estava faltando o Junior ali comigo.

Me levantei com um pouco de dificuldade e fui para o quarto dele.

Bati na porta, mas ninguém respondeu. Entrei mesmo assim. E lá estava Junior deitado. Fui até na direção dele.

Mexi nele. Fiquei cutucando o ombro dele até acordar.

- O que foi?- Junior disse assustado.

-Sou eu- falei.

-Posso dormir aqui?_ perguntei.

-Claro que pode amor, vem cá.- J disse.

Ele abriu as cobertas com o braço e mostrou onde era para eu deitar.

Entrei no meio dos braços dele e pedi que me abraçasse com força. E ele fez.

Me sentia seguro. Ele me protegeria de qualquer coisa.

E fiquei ali deitado olhando para o quarto até pegar no sono. O silêncio agora era agradável de novo.

Por fim dormi. Dormi no silêncio.

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