Sim, Chef

By bmt5hh

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Parceria com: @camilacinica Camila tem o sonho de ser uma chef de cozinha e, quando suas amigas lhe inscrevem... More

Capítulo 0 - Apresentações
Capítulo 1 - Masterchef Brasil
Capítulo 2 - O ratatouille de Camila
Capítulo 3 - No fundo do estúdio
Capítulo 4 - Bella
Capítulo 5 - Ninguém em casa
Capítulo 6 - Barriga de porco
Capítulo 7 - PF e a ativona
Capítulo 8 - Fubá e água
Capítulo 9 - Vida amorosa
Capítulo 10 - Tomate meio seco
Capítulo 11 - Campo Grande
Capítulo 12 - Praça das massas
Capítulo 13 - Contramão
Capítulo 15 - A casa de Lauren
Capítulo 16 - Capricorniana
Capítulo 17 - Cidade maravilhosa
Capítulo 18 - O armário
Capítulo 19 - Encontros
Capítulo 20 - Lugar de "famoso"
Capítulo 21 - Risoto de camarão
Capítulo 22 - Alessandra e Biscoito
Capítulo 23 - Manjericão
Capítulo 24 - No flagra
Capítulo 25 - Surpresas de Natal
Capítulo 26 - Rabetona
Capítulo 27 - Vermelho
Capítulo 28 - Risoto de limão siciliano
Capítulo 29 - Problema de comunicação
Capítulo 30 - Praça de doces
Capítulo 31 - Fodinha
Capítulo 32 - Pré-vestibular
Capítulo 33 - Minha mulher
Capítulo 34 - Palavreado da europeia
Capítulo 35 - Mensagens
Capítulo 36 - Estripulia
Capítulo 37 - Novas percepções
Capítulo 38 - Família feliz
Capítulo 39 - Família feliz pt. 2
Capítulo 40 - Primeira classe
Capítulo 41 - Morena
Capítulo 42 - Internacionalizada
Capítulo 43 - Donna
Capítulo 44 - Finanças
Capítulo 45 - Sanduíche do calçadão
2ª fase - Capítulo 1 - Cartão
2ª fase - Capítulo 2 - No fundo do estúdio
2ª fase - Capítulo 3 - Ano sabático
2ª fase - Capítulo 4 - Rabo doce
2ª fase - Capítulo 5 - Casalzão da p...
2ª fase - Capítulo 6 - Carão
2ª fase - Capítulo 7 - Proposta
2ª fase - Capítulo 8 - Pitica
2ª fase - Capítulo 9 - Noite longa
2ª fase - Capítulo 10 - Minha casa
2ª fase - Capítulo 11 - Sextou
2ª fase - Capítulo 12 - Apostas
2ª fase - Capítulo 13 - Arregona
2ª fase - Capítulo 14 - Negócios
2ª fase - Capítulo 15 - Allison
2ª fase - Capítulo 16 - Reinauguração
2ª fase - Capítulo 17 - Belo Horizonte
2ª fase - Capítulo 18 - Garotinha chorona
2ª fase - Capítulo 19 - Café da manhã
2ª fase - Capítulo 20 - Viagem
2ª fase - Capítulo 21 - Infeliz
2ª fase - Capítulo 22 - Tic tac
2ª fase - Capítulo 23 - Amendoim
2ª fase - Capítulo 24 - Carnaval
2ª fase - Capítulo 25 - Nossa receita
2ª fase - Capítulo 26 - Filha
2ª fase - Capítulo 27 - Pituquinho
2ª fase - Capítulo 28 - Segunda chance
2ª fase - Capítulo 29 - Leoa
2ª fase - Capítulo 30 - Massas e peixe
2ª fase - Capítulo 31 - Extremos opostos
2ª fase - Capítulo 32 - Final do Masterchef
2ª fase - Capítulo 33 - Pintura
2ª fase - Capítulo 34 - Praia
2ª fase - Capítulo 35 - Chá de bebê
2ª fase - Capítulo 36 - Gael e Matteo
2ª fase - Capítulo 37 - Mamadeira Masterchef
2ª fase - Capítulo 38 - Nota de repúdio
2ª fase - Capítulo 39 - Caos
2ª fase - Capítulo 40 - Malas
2ª fase - Capítulo 41 - Orgulho
2ª fase - Capítulo 42 - Luzinha
2ª fase - Capítulo 43 - Banana com mel
2ª fase - Capítulo 44 - Cabide
2ª fase - Capítulo 45 - Benjamin
2ª fase - Capítulo 46 - Fairmont
2ª fase - Capítulo 47 - Andiamo
2ª fase - Capítulo 48 - Coisa heteronormativa
2ª fase - Capítulo 49 - Mac and Cheese
2ª fase - Capítulo 50 - Circo
2ª fase - Capítulo 51 - Peneira
2ª fase - Capítulo 52 - Amar é mais do que dizer do amor

Capítulo 14 - Lenço azul

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By bmt5hh

SEGUINTE PORRA CARALHO NÃO VOU ME DEMORAR PORQUE ESTAMOS NO MEIO DE UMA MISSÃO

PROMETI NO MEU TWITTER APÓS CONVERSAR COM A BRUNA SOBRE QUE NÓS IRIAMOS LIBERAR UM CAPÍTULO HOJE, SÁBADO E, COMO VOCÊS SABEM, HOJE TEM ELIMINAÇÃO NO BBB, PAREDÃO ENTRE A MINHA THELMINHA, BABU E RAFA, ENTÃO É O SEGUINTE, SE O BABU SAIR, EU POSTO OUTRO CAPÍTULO NESSA MADRUGADA, ENTENDERAM?

SE O BABU SAIR VOCES VAO LER OUTRO CAPITULO EM POUCAS HORAS

E O QUE VOCES PRECISAM FAZER PRA ISSO?

VOTAR!

"gabi mas eu não acompanho bbb" NÃO ME INTERESSA CARALHO FODA-SE QUE TU NÃO VE O PROGRAMA VOCE QUER QUE UM HOMEM MISOGINO VA PRA FINAL? 

EU ACHO QUE NÃO.

TODO O VOTO AJUDA, VOTA NO BABU E NÃO ME IRRITA, SÓ CLICAR NO LINK, É SUPER SIMPLES VOTAR NO BABU, VOCE QUER CAPITULO OU NÃO CARALHO? VOTA NO BABU PORRA

VOU DEIXAR O LINK NOS COMENTÁRIOS DESSE PARAGRAFO, SÓ DEPENDE DE VOCÊS (e do resto do Brasil kkkkkkkk)

ENTÃO É O SEGUINTE, FAZ A IVY E VOTA NO BABU!! SE VOCÊS JÁ ESTIVEREM VOTANDO CONSIDEREM UM MIMO PRA DESCANSAR UM POUQUINHO E DEPOIS VOTAR DIRETO ATÉ A HORA DA EDIÇÃO

VAMO VAMO VAMO FORA BABUUUUUUUUUUU FICA THELMINHA <3 (rafa que lute, to nem ai)

~PAUSA PARA UM SURTO~

outra coisa que eu queria deixar bem claro, PRESTEM ATENÇÃO NO QUE VOCÊS TÃO LENDO

NO OUTRO CAPÍTULO TINHA VÁRIAS PESSOAS COMENTANDO QUE A LAUREN SE AUSENTOU DO RESTAURANTE PORQUE ESTAVA COM MEDO/RECEIO DE ENCARAR A CAMILA E ETC

GENTE VOCÊS ACHAM MESMO QUE UMA MULHER SUPER DEDICADA A PROPRIA CARREIRA, SÉRIA, COMPROMETIDA, QUE RALOU PRA C A R A L H O PRA CHEGAR ONDE ELA ESTA, RENOMADISSIMA EM SEU RAMO IRIA SIMPLESMENTE DEIXAR DE IR TRABALHAR POR CAUSA DE UMA PIRRALHA DE 19 ANOS? 

RESPEITA A PERSONAGEM CARALHO ELA TEM UM MONTE DE REUNIAO UM MONTE DE COISA PRA FAZER FORA DO RESTAURANTE (nesse caso ela estava viajando e descansando um pouco com os pais) PRESTEM ATENÇÃO NA CONSTRUÇÃO DO PERSONAGEM PRA NÃO HAVER ESSES ERROS DE INTERPRETAÇÃO QUE ATRAPALHAM NA PERCEPÇÃO DE VOCÊS DA HISTÓRIA 

~FIM DO SURTO~

BOA LEITURA, TRADUÇÕES NAS NOTAS FINAIS CARALHOOOOOOOOOOOOOO

Camila fez o bolo com Mariana pentelhando igual uma criança pegando recheio e massa crua para comer enquanto conversavam sobre diversos assuntos, Chris acendeu a churrasqueira e abriram algumas cervejas enquanto a festa não começava. Diferente do que esperava, participou da festa, ficou bêbada e até desceu até o chão com pessoas que tinha acabado de conhecer.

Quando se deitou na cama já era quase três da manhã, sabia que seria um parto para acordar no dia seguinte, mas não se importou. Estava feliz e tranquila pelo dia ter sido tão bom, incluindo os diversos elogios que recebeu pelo bolo e pelo pão de alho maravilhoso que havia ajudado a namorada de Chris a fazer. Mariana não parava de repetir que seu bolo tinha sido feito por uma chef de cozinha, até tentou lhe corrigir, mas era besteira naquele ponto, apenas aceitou e foi ser feliz.

Pensou em guardar um pedaço e levar para Lauren ou até mesmo lhe mandar uma foto quando ficou pronto, mas avaliou bem e ainda não tinham intimidade para tal coisa e não queria ser a pessoa chata que acha que confunde educação com intimidade.

Quando o relógio despertou no dia seguinte quase não acreditou que já passavam as dez horas, precisou levantar correndo para não se atrasar. Perder o horário do ônibus poderia ser fatal para que conseguisse chegar na hora certa e não levar uma bronca. Juntou tudo de qualquer jeito, enfiou na bolsa, tomou banho e saiu comendo uma banana pela rua e tomando um iogurte, guardando o outro para quando acabasse. O mesmo iogurte que precisou dividir com uma criança no ponto de ônibus, tendo que comprar um suco qualquer depois.

Ao chegar no restaurante, as coisas já estavam agitadas, não tinha sinal algum de Lauren e isso a deixou um tanto quanto desanimada e só piorou quando Juliana lhe entregou a blusa dizendo que Lauren havia ido no horário do almoço e não iria para o jantar. Quis engolir a blusa inteira e deixou bem claro quando quase furou o fundo do armário a socando lá dentro.

Ainda ficava irritada e assustada toda vez que pensava no sonho estranho que havia tido, não se sentia normal e nem ao menos entendia o porquê, mas no fundo parecia maravilhoso.

- Por Deus, Camila. – Murmurou terminando de dar um nó bem apertado em seu avental. – Se toca, garota. – E foi essa sua deixa para entrar na cozinha e se concentrar em qualquer coisa que não fosse sua chef fujona.

E assim o tempo foi passando, todos os dias era a mesma coisa, a mesma rotina e os mesmos olhares quando Lauren estava na cozinha. Trabalharam juntas muitas vezes, receberam elogios e o tanto que aprendeu não pode colocar em seu caderninho de vida. Mesmo com tudo ainda um pouco confuso, não poderia estar mais feliz e realizada.

Lauren deu um jantar especial para os funcionários quando a temporada do Masterchef deu início contando até mesmo com a participação especial de Paola, que estava no Rio para um evento. Helena havia avisado que ela sempre fazia aquilo, pois dizia que se conseguia desenvolver um bom trabalho no programa era porque tinha a tranquilidade de deixar o restaurante em boas mãos. Camila não pode deixar de se derreter completamente pela atitude, Lauren era tão grata e humilde que todos os pequenos gestos ainda lhe tocavam.

- Mas dessa vez é um pouco mais especial... – Disse de pé na ponta da mesa, Camila sentiu os olhos intensos sobre si e então todos lhe encararam. – Também é para celebrar a evolução que teve e seu talento. Foi uma trajetória incrível. – E sorriu de lado, fazendo a mais nova engolir em seco sem saber o que dizer enquanto todos aplaudiam. – E para vocês verem o que eu passei também. – Riram, mas Camila só conseguia prestar atenção no roso contido e discreto da chef, que não lhe desviava a atenção também.

O jantar foi uma prova de nervos para os dois lados, Lauren se sentia péssima por não conseguir de forma alguma evoluir sua amizade com Camila, apesar de não se importar mais em ser pega lhe encarando, não fazia mais que isso. Enquanto todos se divertiam e se deliciavam com a comida feita especialmente pelas duas chefs, Lauren tomava seu vinho quase em silêncio olhando de longe Camila conversar com Paola.

Cruzou os braços encostando-se a mesa próxima a Juliana e Antunes, inicialmente com a intenção de conversar, mas a cena estava mais interessante. Camila sorria e falava animada enquanto movimentava as mãos, adorava sua forma atrapalha de falar, animada e comunicativa ao extremo, sentia um pouco de ciúmes por nunca ter conseguido ter uma conversa assim com ela.

Sempre parecia retraída e encolhida, como se não soubesse o que dizer e, de fato, não duvidava que fosse isso. Até mesmo na cozinha, quando falava um pouco mais firme, Camila parecia se tremer inteira e se questionar, como se estivesse errada. Suspirou tomando mais um gole, desistindo ao menos naquela noite de se aproximar, tinha que pensar e trabalhar muito em si para conseguir, talvez pedisse a ajuda de Paola.

No entanto, mais um mês se passou e absolutamente nada de novo aconteceu. Camila já estava começando a ficar incomodada com a situação, queria se bater toda vez que iria falar com Lauren e seu cérebro parecia derreter, queria que ela lhe desse um pouco mais de espaço, mal sabia que do outro lado da história acontecia a mesma coisa.

- Ashley, preciso que resolva o problema no banco para mim. – Lauren disse quando o carro parou na porta do restaurante. Estava bem cedo, mas ainda tinha algumas coisas para resolver no escritório.

- Se fosse eu a achar o seu cartão iria gastar tudo. – Disse brincando, fazendo Lauren revirar os olhos. Odiava se lembrar do nervoso que passou ao chegar em casa de uma viagem e perceber que havia perdido seu cartão. Graças ao que era mais sagrado, o banco tinha serviço vinte e quatro horas e conseguiu bloqueá-lo antes de alguma coisa acontecer.

- Mas sério... Está horrível ter que pagar as coisas no crédito. – Reclamou.

- Esse é o tipo de problema que nós queríamos ter, não é, seu Antônio? – A loira brincou com o motorista, que apenas riu assentindo.

Lauren revirou os olhos mais uma vez e saiu se despedindo. Entrou rapidamente e foi direto para o escritório deixar suas coisas, era final de mês e tinha muitas contas para fechar, não sabia se iria conseguir ficar na cozinha e nem se sairia cedo. Cumprimentou os funcionários e foi para o refeitório, entrou tão distraída enquanto conversava com Bianca que nem conseguiu reparar em nada.

- Vitório, prepara um sanduíche para mim, por favor. – Pediu ao cozinheiro que estava organizando as coisas. Não tinha muita fome.

- Opa, pra já, chef. – Agradeceu mais uma vez e deu aval para Bianca efetuar o pagamento e fazer o pedido de alimentos que estavam em falta. Suspirou olhando em volta enquanto fazia uma massagem em seu pescoço e finalmente viu, no fundo do refeitório, Camila sentada.

Vincou as sobrancelhas encarando a mulher quase encolhida na parede encarando uma maçã como se fosse a coisa mais interessante do mundo, não era tão grande a distância de onde estava e por isso conseguiu ver os olhos vermelhos e inchados. Seus pés caminharam apressadamente até a mesa de forma involuntária com um misto de preocupação e confusão quando a viu limpar o rosto com a blusa e negar, tapando o mesmo com as mãos.

Lauren se aproximou hesitante, não sabia se tinha intimidade para fazer aquilo, mas não iria deixar Camila naquele estado sem ao menos lhe perguntar o que havia acontecido. Ela nem pareceu notar a sua chegada, focada em o que quer que estivesse passando por aquela cabecinha. Ainda hesitante, mas mais preocupada do que com medo de parecer invasiva, sentou-se na frente da mais nova, que levantou um olhar medroso para si.

- Oi, Camila. - Ela deu um mínimo sorriso ao ver que Lauren havia vindo falar consigo, mas parecia que nada fazia muito sentido naquele momento. - Você não está bem. - Não era uma pergunta. - O que houve? - Camila ergueu os ombros como se dissesse que não tinha o que ser dito.

- Eu.... não quero te incomodar com isso, Lauren. - Falou ainda muito desanimada, abaixando a cabeça porque não queria que Lauren soubesse. Seu único medo era que Lauren achasse que aquilo iria afetar o seu trabalho e Camila sabia que não iria, ela continuaria dando tudo de si ainda que sua vida fora dali estivesse uma bagunça.

- Não é incômodo. - Lauren afirmou. As duas tinham muitos problemas de comunicação no que dizia respeito a uma tentar se aproximar ou decifrar a outra, mas sinceridade não era um desses problemas. Camila simplesmente sabia que Lauren estava falando a verdade naquele e em todos os momentos que elas conversaram. Ela era séria e objetiva demais para parecer que estava mentindo sobre algo, ainda que fosse pra agradar alguém. - Eu quero saber o que te aflige. - Decretou e logo quis se corrigir porque não queria parecer mandona. - Se você quiser e puder compartilhar, óbvio. - Acrescentou.

Percebeu que Camila olhou para os lados quando algumas pessoas começaram a entrar no refeitório, claramente incomodada com a exposição. Várias pessoas a cumprimentaram de longe e muitos até acharam que Lauren estava dando uma bronca nela, já que tinha cara de choro e estava sentada com a chef em um cantinho, mas não era esse o caso. Lauren olhou em volta novamente e se virou para a mais nova.

- Se quiser podemos conversar no escritório. - Ofereceu. - Só se você quiser. Mas pode confiar em mim. Quero te ouvir e tentar te ajudar se houver algo que estiver ao meu alcance. - Camila acabou por assentir e seguiu Lauren para o andar de cima, onde ficava seu escritório.

Lauren parecia tão solícita e incomodada com a sua expressão que ela não hesitou em concordar em sua cabeça que era ok compartilhar o que estava acontecendo com ela. Lauren tinha um jeito estranho de ser fechada, mas parecer ser uma pessoa na qual ela podia confiar que ela simplesmente estava prestes a dividir com ela algo que não havia contado para ninguém ainda porque não sabia o que fazer e não queria ninguém dando opiniões imbecis.

- Quer uma água? - Lauren perguntou quando entraram no local, que era bem decorado com tons mais puxados para o escuro. Tudo ali gritava Lauren e por um momento ela ficou curiosa para saber como sua casa deveria ser, parecia que tinha personalidade assim como todas as outras coisas sobre sua chefe.

- Não, obrigada. - Disse baixo.

- Pode se sentar, por favor. - Indicou uma cadeira que ficava em frente a mesa principal. Camila achou que Lauren fosse se sentar do outro lado da mesa, mas não, ela puxou uma cadeira e ficou bem a sua frente. Em um gesto inesperado, mas reconfortante, Lauren segurou suas mãos, ela queria demonstrar naquele momento que toda sua atenção era de Camila. - Me conta o que aconteceu. - Pediu de forma atenciosa.

- Bom, eu... - Camila suspirou. - Você sabe que eu moro com duas outras pessoas, certo? - Lauren assentiu. - Acontece que uma foi transferida para São Paulo e vai morar lá, até aí não ia ter muito problema porque eu poderia dividir as despesas com a Chris, mas ela também vai se mudar para a casa da namorada... - Ela engoliu o choro porque não queria ficar se debulhando em lágrimas toda a hora. - Eu... Eu não sei o que fazer, sabe? A notícia me pegou de surpresa, eu preciso arrumar outro lugar pra ficar e rápido. - Lauren concordou com a cabeça, processando a informação. - Eu estou me esforçando ao máximo com tudo pra tudo dar certo e aí acontece isso? - Suas lágrimas tornaram a escorrer de novo.

Lauren não sabia muito bem o que fazer quando as pessoas choravam na sua frente, mas ela ficou desesperada quando viu Camila fazê-lo. Ela imediatamente tirou um lencinho do bolso de dentro do blazer e lhe estendeu, debilmente esticando a mão para acariciar seu ombro.

- Desculpa, nada disso é culpa ou problema seu. - Disse quando percebeu que estava se acabando de chorar dentro do escritório da outra. - Desculpa. - Repetiu e Lauren negou com a cabeça.

- Não é pra se desculpar, está tudo bem. - Respirou fundo quando uma ideia louca passou pela sua cabeça. - Pode desabafar comigo.

Camila secou um pouco das lágrimas e ficou apenas apreciando o carinho que estava recebendo, que passou do ombro para o seu rosto antes que qualquer uma das duas percebesse o que estavam fazendo. Lauren se sentia angustiada com aquela situação, parecia que era ela que estava sem ter onde morar. A ideia quase absurda passou pela sua cabeça de novo e ela externou antes que ficasse em silêncio e que se martirizasse por não ter dito nada independente da resposta.

- Venha morar comigo.

- Que? – Camila disse ao escutar as palavras. Os olhos arregalados da chef a sua frente indicava que nem mesmo ela havia se escutado. – O que... você disse? – Repetiu, querendo socar sua cara por estar fazendo aquela pergunta. Observou os olhos castanhos confusos pairando sobre si, da mesma forma com que ela estava consigo mesma. – Eu disse... – Se afastou momentaneamente encarando seus joelhos para voltar a atenção a mulher, repetindo. – Você pode ficar na minha casa.

- Lauren... Não... Eu... – Camila piscou diversas vezes como se custasse a acreditar naquela proposta. – Não, eu vou... Não precisa.

- Camila. – Suspirou após passar as mãos pelos cabelos. – Não me leva a mal, eu não sei por que disse isso dessa forma.

- Você não precisa...

- Me deixe terminar. – Pediu, e a mesma assentiu. – Va bene. – Murmurou antes de continuar. – Eu sei que pode parecer muito estranho, mas eu costumo ajudar as pessoas. – Lauren queria poder ter uma tecnologia que traduzisse tudo que queria dizer, mas não sabia como usar as palavras na maioria das situações e essa era uma das maiores de suas frustrações. – Eu poderia te oferecer para ajudar a manter um lugar ou alguma coisa assim, mas não é necessário.

- Mas é a sua casa.

- Lo so, lo so. – Balançou a cabeça e por mais que a outra não tenha entendido as palavras, entendeu o gesto. – Mas veja, a minha casa é grade, tem espaço e é perto daqui. – Mordeu o lábio inferior. – Eu quero te ajudar.

- Que? – Lauren suspirou já começando a se irritar consigo mesma. Levantou-se passando a mão no rosto enquanto outra foi para a cintura. Camila apenas observava tudo, cada segundo mais chocada e surpresa com o que a mais velha dizia.

- Eu quero te ajudar, Camila. – Repetiu, como se tivesse explicado. – Você... É talentosa demais para deixar que qualquer outra coisa te tire o foco. Poucas pessoas evoluem tanto em tão pouco tempo, veja... – Se aproximou novamente sentando na beirada da cadeira. – Tem dois meses que está aqui e nem parece a mesma pessoa do primeiro dia. Eu quero que você vá longe, muito longe. – Disse com o coração aberto.

Camila quis voltar a chorar, não pela merda de situação que estava enfrentando em sua vida particular, mas em como Lauren estava sendo gentil e atenciosa naquele momento, parecia transparente e verdadeira como nunca. Foi como um sopro de vida em seu coração, como se alguém se importasse verdadeiramente com ela, o que não acontecia há bastante tempo.

- Me deixa te ajudar. – Disse baixinho tocando discretamente sua mão e a segurando bem forte. – Sei que foi uma proposta pouco ultraje e até indelicada. Peço desculpas e, se não quiser, eu entendo. – A mais nova mordeu o lábio inferior com os olhos marejados, desviou a atenção de suas mãos juntas para os olhos verdes e quase perdeu o fôlego com o que viu ali, era algo tão puro e tão bonito que ela não conseguia descrever. – Se não aceitar, tudo bem, mas eu irei lhe ajudar de alguma forma.

- Lauren... – Tentou, mas não conseguiu completar a frase.

- Eu queria que alguém tivesse feito isso por mim quando eu precisei porque eu sei que existem outras pessoas que desistem dos próprios sonhos por falta de suporte. – Declarou assistindo a mulher tentar segurar o choro, mesmo que as lágrimas escorressem sem tamanho por suas bochechas. – Eu não te conheço, Camila, mas eu me vejo em você. – Quase sussurrou. Em um ato súbito de coragem, levou a mão até sua bochecha e secou algumas lágrimas dali. Observou a pele macia e delicada, o rosto bonito e tão abatido, estava cortando seu coração. – Uma pessoa que largou tudo para correr atrás de um sonho, eu sei como é difícil.

- É muito difícil. – Murmurou soluçando. Por um momento, todos os problemas de sua vida vieram a tona. O cansaço físico e emocional, se colocava muita pressão para dar certo, para segurar a oportunidade de sua vida, ainda tinha o problema com seus pais e tantos outros que mal conseguia listar. – Está sendo muito difícil. – Lauren apenas ficou em silêncio deixando que falasse. – No final do dia vale muito a pena, mas... – Fechou os olhos suspirando. Lauren mordeu o lábio inferior quando sentiu seus olhos marejados, era como se sentisse sua dor. – Eu estou exausta.

Retirou o pequeno pano de sua mão e o jogou na mesa, estava molhado, logo se esticou e pegou uma caixa de lenços. Retirou dois e quando Camila pensou que iria lhe entregar, o direcionou para seu rosto e delicadamente enxugou suas lágrimas, tudo isso sem soltar suas mãos. O sentimento de abandono constante e solidão desapareceram aos poucos, sorrateiramente lhe fazendo sentir especial, importante e querida por alguém. Pelo menos por alguns instantes, encarando os olhos verdes em um tom claro, cuidadosos, esqueceu-se de como a vida estava sendo difícil.

- Se tiver mais alguma coisa, eu sinto muito. De verdade. – Disse descansando a mão em seu joelho, queria lhe abraçar e proteger do mundo. – Eu só quero que saiba que você é importante para mim, para nós, aqui dentro somos uma família. – Explicou. – E por isso quero tanto que aceite minha ajuda, estou fazendo de coração. – Encarou os olhos castanhos quando levantou a cabeça. – Pode ficar na minha casa o tempo que precisar, pense na sua faculdade, na sua carreira e primeiramente em você. Sei o quanto se esforça aqui, eu vejo, todos nos vemos. – Deu um sorriso de lado. – Você merece muito todas as portas que estão se abrindo e se posso te ajudar de mais alguma forma, não pensarei duas vezes antes de faz... – Lauren mal teve tempo de terminar de falar antes do corpo de Camila se chocar com o seu em um abraço apertado e repleto de gratidão e carinho.

Lauren ficou tensa com o primeiro contato, nunca havia estado tão próxima de Camila em um contato tão espontâneo e urgente. Nos primeiros momentos ela não sabia muito bem o que fazer, Lauren tinha dificuldade de lidar com pessoas e isso era óbvio, mas ela gostava e queria demonstrar que gostava de Camila, então obrigou seu cérebro a funcionar e a abraçou delicadamente de volta, envolvendo-a em seus braços.

Essa que voltou a chorar, dessa vez, de alívio porque iria ter onde ficar. Ainda estava um pouco sem graça de aceitar porque elas tinham uma relação ainda não decifrada com olhares e momentos não decodificados que não necessariamente as faziam próximas, mas, no momento, era realmente a melhor opção para si. Ainda por impulso, quando começaram a desfazer o abraço, ela fez questão de beijar-lhe a bochecha, contato que deixou Lauren ainda mais travada porque não sabia o que fazer.

Ela lhe deu mais lenços para limpar o rosto e limpou o seu próprio, vendo Camila ficar de pé e olhar no relógio de forma nervosa, sabia que estavam em cima da hora para ir trabalhar e Lauren sequer havia vestido o dólmã ainda.

- Obrigada por isso, Lauren. Você não sabe o quanto isso significa para mim. – Lauren assentiu, não querendo contrariar, mas sim, talvez ela tivesse uma ideia porque já viveu as mesmas coisas, mas não tinha ninguém para lhe ajudar.

- Quando você precisa sair de lá? – Perguntou já pensando que iria mandar mensagem para Ashley ajeitar tudo e levarem as coisas de Camila para sua casa.

- Já era para eu ter saído. – Falou meio acanhada, com vergonha de confessar o quão ruim estava a sua situação. Lauren assentiu devagar, enfiou uma mão no bolso e tirou o celular de lá.

- Que horas eu posso mandar alguém lá amanhã para buscar suas coisas? – Perguntou ainda com o aparelho na mão, como se fosse falar com alguém imediatamente sobre.

- Eu preciso de um pouco de tempo para ajeitar tudo... – Coçou a cabeça. – Umas dez horas? Assim eu consigo ajeitar as coisas para não deixar ninguém esperando... Quer dizer, eu não tenho tanta coisa assim, só minhas roupas. – Confessou levantando um pouco os ombros, porque estava envergonhada de admitir que ela não tinha quase nada com exceção de pertences pessoais.

- Entendi, então um carro normal dá? – Camila fez que sim com a cabeça.

- Dá, eu só cheguei aqui com uma mochila e uma mala... – Lauren digitou algo rapidamente na tela.

- Ok. Obrigada por ter avisado, eu iria mandar um caminhão pequeno ou algo assim. – Camila deu um sorrisinho.

- Não, não precisa, eu não tenho nada lá, todas as coisas são das outras meninas. Eu só tenho parte dos meus pertences pessoais. – Explicou e viu Lauren tirar o blazer, pendurando o objeto na cadeira porque sabia que elas tinham que descer e ela iria vestir a dólmã para começarem o trabalho.

- Parte? – Perguntou antes de conseguir se conter. Camila assentiu, respirando fundo.

- Parte... – Suspirou. – Eu deixei quase tudo em Minas. – Lauren enfiou o celular no bolso.

- Não conseguiu buscar? Se quiser eu posso... – Camila a interrompeu, provavelmente pela primeira vez na vida.

- Não! – Elevou um pouco a voz e logo se corrigiu. – Eu... Não me dou bem com meus pais. Uma hora dessa já deve estar tudo no lixo. – Ela forçou um risinho e Lauren cerrou os punhos por saber que ela não podia fazer nada nesse aspecto para ajudar a mais nova.

- Eu... Eu sinto muito. – Falou um pouco sem jeito, ela estava ficando irritada consigo mesma porque sentia que não conseguia manter uma conversa sem parecer uma esquisita. Uma coisa era fazer isso com Ashley ou Paola, elas a conheciam e sabiam que era seu jeito, mas Camila não e Lauren não queria que ela pensasse nada de errado sobre si. – Eles deveriam ter orgulho de ter uma filha como você. De verdade. – Camila abaixou a cabeça, um pouco lisonjeada, mas ao mesmo tempo triste, porque sabia que isso jamais iria acontecer.

- Acho que nunca vai acontecer. – Falou de forma sincera. – Eles são muito conservadores, da igreja e tal e eu sou gay. – A informação não era surpresa para Lauren porque meio mundo dentro daquele Masterchef sabia que ela e Nathalie estavam ficando durante as gravações do programa.

- Então quem perde são eles. – Lauren concluiu, repetindo algo que as amigas de Camila já haviam lhe dito. – Você é uma mulher incrível. Não deixe que ninguém, nem mesmo seus pais, te digam o contrário. – Afirmou olhando dentro de seus olhos castanhos, que brilharam imensamente com o elogio. Em um movimento rápido, Lauren viu que estavam em cima da hora para descer e ela não se importaria se Camila quisesse alguns momentos para si, mas ela iria descer porque era a chefe e tinha que dar o exemplo. – Tenho que descer. – Constatou e se levantou, se inclinando para beijar sua testa antes mesmo que percebesse o que havia feito. Entrou em pânico nos dois segundos seguintes, mas logo relaxou quando Camila abriu um sorriso lindo. – Se quiser ficar aqui, não tem problema, acho que você precisa de um tempo para si.

- Não, eu vou descer, vamos trabalhar. – Levantou e começou a seguir Lauren para fora do escritório.

Elas foram até o vestiário e Camila quis ter forças para não olhar quando Lauren começou a desabotoar a blusa social, mas ela não conseguia. Era como um acordo silencioso. Camila podia olhar Lauren se trocando em todas as chances que ela tivesse assim como Lauren podia olhar Camila fazendo qualquer coisa sem disfarçar sempre que ela quisesse e aparentemente elas nunca conversariam sobre isso.

Camila colocou o avental e Lauren estava acabando de abotoar seu dólmã, quando direcionou sua atenção para a mineira.

- Vai almoçar antes. – Indicou o refeitório, vendo que Camila negou com a cabeça. Era uma porta de teimosa.

- Não, vamos começar o serviço e depois eu...

- Vai almoçar, Camila. Aposto que não comeu nada hoje. – A outra maneou com a cabeça. – Então, vai. Quando você acabar você começa o serviço.

Camila não discutiu mais, apenas foi para o refeitório e almoçou rapidamente. Foi para a cozinha se sentindo muito melhor do que antes, afinal, pelo menos agora ela tinha onde morar.

- Você fez o que? – Ashley quase gritou do outro lado do telefone. Lauren suspirou passando a ponta dos dedos em sua sobrancelha, péssima ideia ter voltado em sua sala para pegar outro prendedor de cabelo e ter atendido ao celular. – Lauren, eu não...

- Ashley, eu fiz o que achei certo. – Decretou a interrompendo. – Eu não vou negar ajudar a uma pessoa que precisa.

- And that's okay, but... Você poderia ajudá-la a pagar um lugar, I don't know... Falar com alguém, mas...

- Mas a casa é minha, está quase vazia e é praticamente ao lado do restaurante. – Disse já começando a se irritar com os questionamentos da mulher. Lhe dava total liberdade, mas não gostava quando confrontava suas atitudes daquela forma. – Já está feito, eu ofereci porque eu quis. Não tem necessidade de alugar um lugar, quero ajudar Camila... – A mulher fez silêncio do outro lado, provavelmente contrariada.

Sabia pelo seu tom que estava achando uma ideia absurda, era uma loucura colocar uma pessoa que não conhecia dentro de sua casa e no fundo entendia perfeitamente, mas algo dizia que era o certo a fazer. Não disse nada porque não era da sua conta, mas achava absurdo de perigoso que Camila tivesse que atravessar a cidade sozinha daquela forma e ainda mais depois de dizer que não se dava bem com os pais, só queria que ela ficasse em segurança.

- Okay, okay. – Ashley disse por fim. – You're the boss.

- Va bene. – Lhe respondeu deixando o corpo cair na cadeira. – Já fez o que eu te pedi?

- Estou fazendo agora, não tinha entendido antes.

- Tudo bem, quando estiver tudo organizado me mande uma mensagem, assim que der eu falo com ela e te respondo.

Encerraram rapidamente a conversa e não quis continuar ali matutando, apenas descer para dar início aos trabalhos. Camila estava na praça com Helena, mas não deixava de prestar atenção e conferir se estava bem, mesmo que parecesse um pouco melhor, menos animada e falante que antes, mas tranquila. Não conversaram muito sobre aquele assunto durante a noite, apenas sobre assuntos profissionais, mas antes de ir embora, se aproximou quando percebeu que estava sozinha.

- Já resolvi tudo com Ashley. – Disse baixo, Camila assentiu olhando para os lados para ver se alguém estava prestando atenção. Não queria que pensassem que estava se dando tão bem na cozinha por ter alguma ligação com Lauren. – Se quiser, tiramos sua folga amanhã para resolver tudo. Desculpa, não posso deixar que falte, pois isso atrapalharia o turno de algu...

- Lauren, não! – Negou baixinho. – Eu não quero... Não, eu não quero tratamentos especiais. – Os olhos castanhos estavam levemente arregalados. – Por Deus, eu não pensei nisso, eu só... – Parecia muito sem graça e desesperada para lhe explicar as coisas.

- Calma. – Disse. – Eu não pensei isso, estou dizendo por que, você sabe, não tem problema ter um imprevisto e precisar de um dia, não me importo, as pessoas daqui sabem que possuem essa liberdade de me pedir esse tipo de coisa. – Explicou. – Mas esse mês está muito apertado, algumas pessoas pegaram essa virose maluca e...

- Está tudo bem. – Camila disse por fim tocando seu pulso. – Podemos trocar a minha folga, eu entendi e você me entendeu. Está perfeito. – Lauren quase a abraçou ali mesmo por resolver o problema de falar o que ela estava pensando que ela tinha.

- Va bene. – Assentiu tomando uma respiração longa. Camila também estava se irritando muito com aquilo. Uma hora pareciam que sabiam conversar como dois seres humanos, logo em seguida já não sabiam nem mesmo o alfabeto, estava vergonhoso. – Amanhã meu motorista estará te esperando às nove, pode ser? Sei que falei às dez, mas...

- Está ótimo. – Encurtou.

- Va bene. – Assentiu também, mesmo sem saber por que. – Ele irá te levar direto para a minha casa, vou ajeitar tudo para você arrumar suas coisas. E, Camila, eu só queria te pedir uma coisa...

- Não é preciso, eu sei. – A interrompeu. – Eu sou discreta e não iriei falar nada para ninguém. Não se preocupe com isso, não vou trair sua confiança.

- Não acho que vá. – Passou as mãos pelos cabelos. – Só queria... você sabe, reforçar.

- Eu não sei como continuar te agradecendo... – Suspirou apertando a alça da bolsa entre os dedos. – ...por tudo que está fazendo por mim.

- Não precisa. – Segurou seus ombros apertando de leve com um sorriso de canto. – Estou fazendo de coração, não se preocupe.

- Tudo bem. – Respirou fundo sorrindo de volta. Lauren se afastou e cruzou os braços, mais uma vez sem saber como iriam se despedir. – Eu... vou correndo falar com Bianca sobre a folga.

- Tudo bem, isso pode deixar que eu falo. – Apontou para a porta. – Pode ir, sei que não pode perder o ônibus e hoje não consigo te levar, vou ficar até mais tarde em reunião. – O que era verdade, pois não havia conseguido resolver o que tinha pendente antes, mas não era algo ruim, foi por uma boa causa.

- Até amanhã então... – Camila deu alguns passos para trás acenando sem graça. Realmente queria descobrir o que fazer e como agir perto de Lauren, uma vez que estaria em sua presença muito mais tempo do que antes.

Ainda estava em um meio estado de choque, não tinha conseguido expressar reação alguma de forma concreta. Primeiro focou no trabalho e então no fato de que tinha um lugar para ficar no Rio e não iria precisar mudar todos os seus planos e então que o lugar era a casa de Lauren. Simplesmente a casa de sua chefe, a casa de Lauren Jauregui.

Parecia a calma antes da tempestade em sua mente, sabia que iria ficar chocada quando a ficha realmente caísse, mas enquanto isso somente permitiu que a frase rodasse sua cabeça um milhão de vezes. Chegou em casa com dor, encontrou Chris encaixotando varias coisas e outras mil e uma fora do lugar, tinha mais três de seus amigos e Mari, todos estavam fazendo a mesma coisa.

Chamou as duas e disse que havia arrumado um lugar e que iria embora no dia seguinte, Chris se desculpou mais uma vez por e Mari lhe ofereceu ajuda, essa que foi negada. Elas estavam mais ocupadas que ela e por isso, depois de dizer que estava tudo bem, mesmo com um pouco de raiva por não terem avisado para que ela tivesse tempo, ofereceu ajuda.

Tomou um banho tranquila e cochilou por alguns minutos, não tinha dormido nada nos últimos dias, estava tão preocupada que passava quase a noite inteira dividida entre chorar, entrar em desespero e procurar algum lugar na internet. Quando acordou, mandou mensagem para suas amigas avisando que estava tudo bem e que havia achado um lugar, a mesma mensagem que mandou para o grupo que tinha com Nathalie e Rafael, esses que estavam falando com ela com mais frequência.

Sua relação com Nathalie ainda estava estranha, mas já se falavam diariamente, era um clima meio tenso de amizade, o que estava odiando. Ainda tinha os sentimentos confusos sobre Lauren e os sonhos, mas não havia dito nada, apenas não entravam nesse assunto ou mérito.

E depois de ajeitar todas as suas coisas na mala e alguns itens novos na mochila, saiu para ajudar as meninas, que ainda teriam muito trabalho pela frente.

Camila ficou ali ajudando as outras com as coisas que estavam arrumando e empacotando até que seu celular vibrou no bolso e ela viu que era uma mensagem de Lauren dizendo que estava na sua porta. Respirou fundo com seu estômago revirando de nervoso, havia se sentido muito dessa maneira desde que havia se mudado para o Rio, mas aquilo era completamente diferente. Ela estava se mudando para a casa da mulher que a aterrorizava dormindo e acordada, quando estava na frente dela parecia que não sabia o que dizer ou fazer, mas, dormindo, teve um sonho pra lá de erótico e não sabia como lidar com isso.

- Quer que eu te ajude a descer? – Camila negou com a cabeça, afinal, ela só tinha uma mala e uma mochila de coisas, não precisava de ajuda para isso e não queria incomodar ninguém.

- Não, tudo bem, eu só tenho isso. – Indicou e as duas assentiram, indo lhe dar um abraço rápido e se despedir.

Não foi nenhuma despedida dolorosa porque haviam passado pouquíssimo tempo juntas e Camila não estava muito feliz com a forma a qual foi avisada que elas iriam se "desfazer" do apartamento, então não era como se achasse que fosse sentir falta delas. Se Lauren não fosse um anjo e não estivesse a ajudando, ela não fazia ideia de onde iria ficar nessa cidade enorme e perigosa.

Ficou bem surpresa quando abriu o portão e viu que Lauren estava do outro lado, como se estivesse esperando para lhe ajudar a levar suas coisas. Sabia que ela podia ter simplesmente mandado o motorista, mas queria fazer as coisas pessoalmente e aquilo provocou uma sensação de nervosismo duplo na mais nova.

- Bom dia, Camila. – Lauren disse, sempre de uma forma estranhamente formal e com seu forte sotaque italiano.

Ela estava um pouquinho mais confortável do que Camila estava acostumada a ver, mas, ainda assim, era a mulher mais elegante que havia visto e sabia que só aquela blusa devia ter custado mais do que sua mala inteira de roupas. Tinha as mãos para trás, os olhos apertados por causa do sol e seus cabelos e sua roupa balançavam ao vento. A essa altura, com aquele vento e aquele sol, Camila já devia estar parecendo um saco de batatas podre, mas Lauren estava ainda mais bonita se ela arriscaria dizer.

- Bom dia, Lauren. – Camila tinha um pouco de nervoso da forma como Lauren falava porque lhe obrigava a ser formal também e ela não sabia agir dessa maneira sem parecer artificial, ainda que Lauren não parecesse se importar com isso.

- Tudo bem? – Disse tirando as mãos de trás do corpo, mas sem parecer saber o que fazer com elas. Camila assentiu.

- Sim, e com você?

- Estou bem. – Respondeu olhando para a pequena mala da outra e a mochila em suas costas. Camila reparou o movimento e logo começou a falar:

- Viu, não é muita coisa. – Balbuciou, muito sem graça. – Eu poderia ter ido até de ônibus. – Brincou, mas logo em seguida percebeu que Lauren não entendeu a brincadeira.

- Não teria cabimento isso. – Esticou o braço para tocar a alça de sua mala. – Posso? – Camila estava acanhada e não sabia como dizer não, então se limitou por assentir, até porque, sabia que Lauren desceu do carro justamente para ajudá-la com as coisas. Colocou a mala no porta malas do carro enquanto Camila entrava no veículo e entrou atrás de si, fechando a porta. – Podemos ir, por favor. – Indicou ao motorista e Camila viu o carro andar, deixando Campo Grande aos poucos.

De dia era um caos, tinha muito trânsito pelo meio do caminho e as duas estavam quase em pânico porque não sabiam ser normais uma com a outra. Camila imaginou como iria viver na mesma casa que aquela mulher se não conseguia falar com ela e Lauren estava pensando no que ela podia fazer para se sentir mais confortável e se comunicar melhor, às vezes tinha vontade de dar um grito somente para expressar o que ela não conseguia dizer com as palavras. E não porque era em português, porque, quando vivia na Itália, ela era muito pior.

- Está muito calor hoje. – Camila começou a puxar assunto da forma mais estranha possível, quando percebeu que estava suando e ficou sem graça porque Lauren notou também. Após alguns segundos, Lauren enfiou a mão no bolso da calça escura que usava e retirou um lenço de pano azul claro, que lhe entregou.

- Pode usar. Não é bom ficar com o rosto molhado no ar condicionado. – Explicou, se sentindo uma mãe no segundo seguinte. – Está limpo, eu não usei. – Completou, ao perceber que Camila parecia sem saber o que fazer com aquele pano na mão.

- Não, não é por isso. – O lenço tinha um cheiro bom e Camila se secou cuidadosamente, dobrando do lado do contrário, na intenção de devolver. – Você... sempre carrega lenços de pano com você?

- Sim. – Respondeu como se fosse algo normal, mas logo percebeu que talvez não fosse pela expressão de Camila. – Isso é algo ultrapassado?

- Um pouco? Bom, não foi uma crítica, estou grata. – Após ter certeza de que não era possível tocar a parte suada do lenço, estendeu de volta para Lauren, que tocou na sua mão e delicadamente empurrou de volta contra o seu corpo, como se dissesse que não precisava. Sua mão era quente e seu toque muito gentil, quis tentar lhe devolver o lenço mais vezes apenas para que Lauren voltasse a lhe tocar.

- Pode ficar. Acho que você vai descobrir que um lenço é sempre necessário. – Lauren recolheu a mão e Camila deu um sorriso gentil em agradecimento.

- Não neguei isso, é só que é ruim de lavar toda a hora, costumo andar com aqueles descartáveis. – Lauren assentiu e depois maneou com a cabeça.

- Acho que a sua geração é um pouco confusa, vocês querem ser ecológicos, mas preferem usar lenço de papel que você joga fora do que lenço de pano que você pode ter um só. – Camila nunca havia parado para pensar por esse lado e Lauren quis retirar o que disse porque não queria ofender.

- Isso faz sentido! – Concordou e sinalizou com o lenço na mão. – Vou passar a usar. Obrigada. – Se interrompeu quando percebeu algo que a outra disse. – Minha geração? Nossas idades não podem ser tão diferentes assim. – Camila jogou verde para ver se conseguia descobrir algo sobre a mulher, nem que fosse a sua idade. Lauren deu um sorrisinho de canto e passou a mão nos cabelos de forma tão charmosa que a mineira quase suspirou.

- Você ficaria surpresa.

Traduções:

Lo soeu sei

And that's okay, bute isso tá ok, mas

I don't know eu não sei

Okay, you're the boss – okay, você é a chefe

NÃO VOU ME DEMORAR MUITO AQUI ESTOU INDO VOTAR NO BABU MAIS DO QUE A IVY VOTOU DURANTE A TEMPORADA

FICA THELMINHA MINHA RAINHA <3

OBRIGADA POR LEREM, EU AMO VOCES

ESPERO VER VOCES DAQUI A POUCO PORRAAAAAAAA VAI VOTAR NO BABU

BEIJOS DE LUZ NO CORRIMENTO DA CALCINHA

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