A princesa desacertada (e seu...

By LadysDePemberley

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Essa é uma história com princípios e analogias cristãs. NÃO CONTÉM HOT! Tudo que a princesa Flora queria era... More

Personagens Principais
Prólogo
Um
Dois
Três
Quatro
Cinco
Seis
Sete
Oito
Nove
Dez
Onze
Doze
Treze
Quatorze
Quinze
Dezessete
Dezoito
Dezenove
Vinte
Vinte e um
Vinte e dois
Vinte e três
Vinte e quatro
Vinte e cinco
Vinte e seis
Vinte e sete
Vinte e oito
Vinte e nove
Trinta
Trinta e um
Trinta e dois
Trinta e três
Trinta e quatro
Trinta e cinco
Trinta e seis
Trinta e sete
Trinta e oito
Trinta e nove
Quarenta
Quarenta e um
Quarenta e dois
Epílogo
Agradecimentos
Pedido Especial

Dezesseis

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By LadysDePemberley

Philip, a princípio, estava estranhamente inquieto, contudo, se recusava a dizer uma palavra sequer a seus companheiros no início da caminhada. Depois, passou a assoviar uma antiga canção apreciando a vista da estrada, ladeada de flores que emanavam um agradável perfume.

— Um belo dia, não acham? — Philip se expressou pela primeira vez desde que haviam saído do Vilarejo das virgens.

— Philip — Jasper, desconfiado com o tom agradável dos modos do mestre aproximou-se —, está tudo bem?

— Maravilhosamente bem, caro Jasper! Maravilhosamente bem!

E, inesperadamente, Philip deixou escapar uma gargalhada alta, dessas que fazem todo o corpo tremer e obriga a pessoa a inclinar os ombros para frente. Flora e Jasper se entreolharam, estranhando ainda mais o comportamento do homem. Quando a risada cessou, Phil virou-se para os companheiros e com um sorriso travesso desafiou:

— Quem aceita apostar uma corrida?

Ele não esperou a resposta dos outros dois. Fez Ezer cavalgar acelerado pela estrada sentindo o prazer do vento batendo de encontro ao seu rosto. Tudo parecia intenso e divertido.

Jasper e Flora, ainda atônitos, seguiram rapidamente atrás de Philip e estranharam quando o cavaleiro reduziu a marcha de uma só vez até parar completamente seu animal.

— Ele está... — Flora indagou a Jasper ao observar Philip logo a frente.

— Sim, está caindo — Jasper respondeu vendo o corpo de Philip cada vez mais inclinado para o lado.

Flora não pensou duas vezes, adiantou-se e alinhou seu cavalo com de Philip que mantinha os olhos fixos num ponto na estrada à frente.

— Isso é tão lindo! — ele expressou antes de relaxar e cair para o lado, sendo rapidamente aparado por Flora.

— Philip! — Flora gritou usando seu ombro para tentar manter o corpo do homem erguido, contudo, ele era pesado demais para seus delicados braços. — Jasper, ajude-me!

Enquanto Jasper pensava uma maneira de resolver a questão, Phil, sentindo o corpo suave da jovem encostado ao seu, virou lentamente a cabeça e a encarou com os olhos brilhantes.

— Tão linda! — ele exclamou avaliando o rosto de Flora e, ao contrário do esperado, aconchegou-se desajeitadamente no colo dela, permanecendo com as pernas em sua sela.

— Philip, o senhor precisa se erguer para poder descer do seu cavalo — ela exclamou com as mãos levantadas sem saber como lidar com aquele contato íntimo e indecoroso, evitando tocá-lo a todo custo.

— Se eu descer, você me ajudará? Cuidará de mim, como fez quando eu estava doente? — Phil ergueu o corpo com dificuldade, usando as mãos para dar apoio até conseguir encarar o rosto dela. — Sou um homem de sorte viajando ao lado de uma linda mulher.

— Agora já chega! — Flora exclamou se sentindo constrangida, o rosto colorindo-se de vermelho. — Jasper, nos ajude!

Jasper àquela altura já havia descido do seu animal e colocou-se do outro lado do cavalo de Philip. Chamou a atenção do cavaleiro que se virou e bastante desajeitado desceu de sua sela apoiando-se no ombro do rapaz.

— Jasper, Jasper! — Philip disse com a voz embargada, dando alguns tapas no peito do seu escudeiro. — Um grande homem! Sim, um homem de valor a quem devo muito da minha vida. Eu amo tanto você, meu jovem!

— Definitivamente ele não está bem! — Jasper declarou e passou o braço sobre os ombros de Phil sustentando os passos falhos dele.

Flora também desceu de sua montaria e guiou os três animais atrás de Jasper e Philip, o último continuava a assoviar alegremente enquanto tentava dar passos largos apoiado no primeiro. Encontraram uma clareira ao lado da estrada e estava nítido que o grupo precisaria de uma longa pausa, até descobrirem o que se passava com Phil.

— Eu reconheço esse lugar — Philip disse depois de se sentar na grama e olhar ao redor. — Nada de novo para mim.

Flora e Jasper se entreolharam tentando encontrar uma explicação plausível para o comportamento inadequado dele. A expressão de Philip tornou-se, então, séria, os olhos distantes, fixos na colina ao fundo.

— Geração vai e geração vem; mas a terra permanece para sempre — ele proclamou demonstrando emoção no falar. — Levanta-se o sol, e põe-se o sol, e volta ao seu lugar, onde nasce de novo. O vento vai para o sul e faz o seu giro para o norte; volve-se, e revolve-se, na sua carreira, e retorna aos seus circuitos. Todos os rios correm para o mar, e o mar não se enche; ao lugar para onde correm os rios, para lá tornam eles a correr.

— Isso é contagioso? — cogitou Jasper coçando a cabeça.

Philip permaneceu emotivo, ignorando a interrupção do seu escudeiro.

— Todas as coisas são canseiras tais, que ninguém as pode exprimir; os olhos não se fartam de ver, nem se enchem os ouvidos de ouvir. O que foi é o que há de ser; e o que se fez, isso se tornará a fazer; nada há, pois, novo debaixo do sol. Há alguma coisa de que se possa dizer: Vê, isto é novo? Não! Já foi nos séculos que foram antes de nós. — Ele levou a mão até o peito e suspirou antes de abaixar a cabeça. — Nada novo, nada muda, tudo igual.

Jasper e Flora, atônitos, mantiveram-se inertes, observando o drama do cavaleiro. Flora piscou algumas vezes e só reagiu quando Phil ergueu a cabeça e sorriu para ela. Parecia enfeitiçado, sem conseguir desviar os olhos dos seus.

— Melhor montar o acampamento, Jasper — Flora disse entregando a ele as rédeas dos cavalos. — Impossível partirmos com ele assim.

Quando Flora voltou-se novamente para Philip, ele estava deitado na relva verde, debruçado sobre um dos braços observando, encantado, os movimentos dela. Ela já tinha suas suspeitas quando puxou o ar com força para os pulmões e, resignada, caminhou até ele e se abaixou, mantendo uma distância segura dos braços fortes do homem.

— Me diga, senhor, qual seu nome?

— Philip — ele respondeu prontamente e com um sorriso sedutor completou: — Mas você pode me chamar como quiser, princesa.

— Você sabe quem eu sou? — ela questionou sentindo o rosto corar com o flerte direcionado a ela.

— A princesa Flora, mulher que tem atormentado os meus sonhos. — Philip virou-se de bruços e apoiou o queixo nas mãos, olhando fixamente para ela. — Dona de uma beleza sem igual, a única entre tantas outras, capaz de fazer meu coração disparar, que tira o ar dos meus pulmões e faz cessar meus temores quando se aproxima com suas delicadas mãos e lábios rosados. Eu os beijaria se pudesse.

Flora levantou-se de uma só vez. O rosto ardeu e sem olhar para trás, afastou-se bruscamente dele. Embora suas suspeitas estivessem certas e, aparentemente ele havia sido dopado, não havia gostado nada das palavras ditas num tom ridiculamente meloso — principalmente porque algumas delas a lembraram de Henry.

— Não te apresses em irar-te, porque a ira se abriga no íntimo dos insensatos — gritou Philip ao notar o comportamento tempestuoso da jovem. — Apenas disse a verdade, foi a senhorita quem perguntou.

Jasper estava tentado a rir, contudo, também permanecia preocupado. Nunca havia visto Philip agir daquela maneira e percebeu logo que preferia muito mais o rígido cavaleiro ao galanteador barato.

— Ofereça bastante água para ele — Flora, já recuperada do constrangimento inicial, instruiu Jasper. — Quanto mais água melhor.

— O que ele tem? — Jasper questionou depois de espiar o mestre deitado relaxado sobre a grama, cantarolando canções de ninar.

— Creio que armaram para ele no vilarejo.

— O chá? — Jasper perguntou retoricamente e após a confirmação de Flora, levou as mãos até a cabeça. — Por mil pastos! A jovem pretendia forçá-lo a um casamento!

— E seria muito bem sucedida, despertando um completo libertino desses! — Flora concluiu e adiantou-se para ajudar Jasper com os pertences deles.

— Se a senhorita não tivesse ido até ele... Flora, salvou a vida de Philip!

— E ganhei o que em troca?

Como se estivesse ouvindo a pergunta, Phil encheu o peito de ar para gritar com força.

— Você roubou meu coração! Ele agora faz Tum-tum-tum-tum.

Flora revirou os olhos e apressou-se em procurar algumas folhas específicas para preparar outro chá que ajudaria nos efeitos colaterais provocado pela substância usada pela jovem no vilarejo. Se seu palpite estava certo, provavelmente um chá de cogumelo vermelho deveria ser o responsável por deixar Philip fora de si, e com algumas folhas de rougicera ela poderia aplacar um pouco a reação indesejada.

Phil continuava a declamar, inquieto, versos de todos os tipos. Embora demonstrasse confuso, Flora observou que suas falas tinham certo sentido e a todo o momento ele declamava mensagens e palavras que, segundo Jasper, foram ensinadas pelo rei de Or. Ela precisava admitir que enquanto preparava o chá muitas coisas pronunciadas por Philip mexeram com sua alma. O coração ficou inquieto, mas, ao mesmo tempo, confortado. Pegou-se concentrada e meditando sobre as mensagens contidas nas palavras do — nenhum pouco sóbrio — Phil.

Decidiu que na primeira oportunidade, questionaria o cavaleiro sobre o que ele havia dito. Com o chá de rougicera pronto, caminhou cautelosa até onde ele estava, sentado com os joelhos erguidos e as mãos apoiadas no chão.

— Beba, Philip. Vai fazer bem a você! — Ela estendeu lentamente a caneca com o líquido fumegante.

Phil demorou um pouco a obedecer a instrução de Flora, porém, quando pegou o objeto em sua mão, a encarou com a rigidez de seu semblante habitual.

— Morgana sem dúvidas é mais bela que a senhorita, contudo, ela não chega aos seus pés, Flora. Jasper estava certo, você não é e nunca será como ela.

Com a curiosidade atiçada, embora estivesse desconfortável com o comentário de Phil, ela se sentou ao lado dele aguardando que ele ingerisse toda a bebida — ao menos essa foi a desculpa dada a si mesma.

— Quem é Morgana? — ela indagou depois de espiar Jasper à distância distraído afiando a espada.

Phil bebeu metade do chá e limpou a boca com a manga de sua camisa.

— Uma víbora da pior espécie. Passeia por aí exalando charme e beleza, armando ciladas para homens desprevenidos — ele respondeu e parecia bem consciente do que dizia.

— Homens como você? — Flora foi astuta em perguntar.

— Idiotas! — Phil riu e bebeu mais um grande gole de sua bebida. — Idiotas como eu!

— Você não é idiota, Philip — ela declarou sem saber de onde aquilo tinha vindo. Constrangida, olhou para o chão, evitando encarar os olhos dele.

Philip bebeu o resto do chá, entregou a caneca nas mãos da princesa e decidiu que deveria ficar de pé, o que, obviamente, não era uma boa ideia. Flora, percebendo as intenções dele, ergueu-se no mesmo instante, a tempo de oferecer auxílio quando um cavaleiro cambaleante não conseguiu manter-se erguido. As pequenas mãos dela seguraram firmemente os braços dele, que levantando a cabeça, encarou os mais profundos olhos de Flora.

— Amo você, princesa.

Indignada, ela se afastou deixando o homem se espatifar no chão em meio a uma crise de risos.

— Me avise quando ele voltar a si! — ela pediu a Jasper passando por ele de cabeça erguida e pisando duro.

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