Como? Eu era descendente de Salazar Slytherin?
Deus!, digo, Merlin! Como isso é possível?
- Você está bem, senhorita Gaunt? - Ele me fitava com preocupação pelo provável paralisação repentina do meu corpo .
- S-sim... só estou um pouco chocada. É muita coisa para digerir...
- Bom, você está com sono? Se estiver, posso ir para Hogwarts e aguardar o amanhecer aqui, se não, podemos partir agora.
- A-agora? M-mas m-inhas coisas... - Falei gaguejando de nervosismo. Não sabia por onde começar.
- Seus pais já sabiam..., não se preocupe com a preocupação deles. Eles arrumaram tudo para você, para essa noite.
- E a Cams? Como ela sabe? Porque ela apareceu aqui do nada? Achei que fazia parte do sonho.
Alvo rio da minha cara
- Ela é uma bruxa, Iaya, ela estava protegendo você esse tempo inteiro, você é muito valiosa para a geração que está por vir, Iaya...
- Ah, - me encostei no sofá - muita coisa para minha cabeça.
E como. Como Camila me escondia isso com tanta facilidade?
- Sei disso, já vi muitos alunos passarem por isso...
- Yah... E-eu trouxe sua mala... - Era Cams, estava ensopada de lágrimas. - Só uma por que você não vai usar seus trapos por lá. Sei que você provavelmente queria arrumar sua própria mala, mas não tinha tempo.
- Camila... - corri para abraçá-la - Você estuda em Hogwarts?
- Não... Estudo em Beauxbatons, mas tenho a impressão que iremos nos ver... Não importa quando. - ela sorriu e pôs o malão ao meu lado
- Ah, eu te amo, Cams! - Falei abraçando-a mais uma vez.
- Filha? - Paro o abraço com livis e vou em direção a eles que estão no pé da escada.
- Pai! Mãe! - Não sei... de um jeito estranho não fazia mais sentido chamá-los assim.
- Vamos sentir saudades, filha. - Disse meu pai me abraçando.
- Boa sorte Yah. - Falou Anninha e me entregou seu ursinho - fique com isso, é pra lembrar de mim.
- Eu volto nas férias para ver vocês... - e acenei já na porta.
Dumbledore já estava levitando meu malão.
- Yah! Coloquei os livros no malão. - Disse Cams piscando para mim.
- Adeus. - Falei isso e peguei no braço de Dumbledore que antes de apartar me avisou.
E não era um sonho mesmo.
- Acho melhor você trancar a respiração. - Fiz isso rapidamente fechando os olhos com força, e quando os abri vi que estávamos no Caldeirão Furado.
J.K Rowling descreveu perfeitamente nos livros, pois quando lia, imaginava idêntico ao que estava agora. Vi que Dumbledore entregara meu malão para um empregado, enquanto o mesmo levava para o andar de cima. Dumbledore e eu nos sentamos em uma mesa e ele pediu três copos de suco de abóbora.
- Três? - perguntei curiosa
- Sim, Srtª Weeling, gostaria muito, mas não poderei acompanhá-la durante suas compras.
- E, então irei sozinha. - suspirei triste, queria alguém para compartilhar aquilo.
- Não, não deixaria, por mais que você conhece o Beco Diagonal, ainda temos a Travessa do Trampo bem ao lado. Por isso chamei Harry Potter. - gelei, e gelei direitinho. Como assim? Não pode ser o meu bruxinho preferido, o lindinho dos olhos verdes que eu idolatrava. Eram muitas perguntas que me deixavam confusa, mas a presença de Harry era tudo que talvez eu precisava para esquecer aquilo tudo e aproveitar um pouco.
- Harry Potter! - Exclamei falando um pouco alto demais - Harry Potter? - Dessa vez sussurrei para Alvo que me olhava com um olhar cômico.
- Sim, Harry Potter. Tenho certeza de que vocês dois se darão muito bem - ele riu do meu estusiasmo
Passou-se dois minutos e Harry chegou, Dumbledore o cumprimentou e foi embora. Sorri largamente vendo aquele menino maravilhoso na minha frente. Ele apenas deu um sorriso bobo e olhou em volta.
O que eu falo? O que eu falo? Eu o abracei o mais devagar que pude. Ele deu leves toques nas minhas costas. Eu pude sentir seu cheiro de pura baunilha. Os poucos segundos e o silêncio que pairou dos nossos corpos mais unidos, meio que pela primeira e última vez.
- Bom... Hm, tudo bem? - perguntei me afastando dele. E fitando com calma aqueles olhos verdes que pareciam um lago calmo.
- Tudo... Você está bem? - ele disse analisando minha cara de sonhadora por olhar tanto para sua face. Eu continuava com minha mente tão longe que nem me importei dele me achar uma louca mais, iríamos ser de casas opostas e provavelmente nunca mais nos falaríamos. Era bom ver ele diante de mim me olhando otimista pelo menos por um tempo. Mesmo que esse tempo fosse curto, apenas meio dia praticamente. Eu preferiria pagar de estranha do que me arrepender de não ter feito nada.
- Iaya? - ele disse se afastando de mim um pouco mais.
O movimento me fez acordar.
- Desculpe - pus a mão na testa pensando em algo rápido - eu tava...
- perdida - ele completou - Eu entendo.
Ele entendia mesmo.
Rimos. Ele tomou seu suco de abóbora bem rápido para que pudermos começar logo.
Ele não enrolou muito o nosso papo. Fomos as compras. Olivaras me vendeu uma varinha de 28cm, pena de Fênix, e pouco flexível. Harry me disse que era boa, pois quando peguei ela, faíscas pratas saíram de sua ponta, achei o máximo, parecia que eu estava brincando de 'Padrinhos Mágicos'.
Depois comprei algumas roupas de frio e Harry me indicou luvas claras. Eu insisti para entrar no banco mesmo Harry achando super estranho minha iniciativa. Eu queria explorar o máximo do que eu conseguia. A tarde passou em um piscar de olhos.
Harry iria dormir no Cadeirão Furado também, ficamos em quartos vizinhos. Depois que organizei minhas caixas de compras tomei um banho e me dirigi ao quarto de Harry. Não havia ninguém ai redor quando eu toquei a porta para entrar. Pus as chaves do meu quarto no bolso e ele gritou do outro lado da porta.
- Quem é?
- Sou eu - gritei também - posso entrar?
Ouvi que enquanto ele vinha para perto da porta derrubou algo no chão e gemeu baixo. Eu me distanciei da porta e esperei.
- Oi, Iaya! - ele se encontrava com outra roupa também. - o que faz aqui? - seria rude se ele não tivesse perguntado como quem não quer nada
Bem que eu queria ficar no mesmo quarto que ele, ia ser um sonho nós bagunçando a noite toda.
- Ah, sei lá... - eu disse me sentindo estranha. Porque mesmo que eu me meti nessa.
- Entra, entra. - ele disse abrindo passagem. E eu atravessei a porta e fui em direção a janela enquanto pensava rápido em um assunto. O quarto era exatamente igual ao meu.
- Isso nunca aconteceria em Hogwarts - falou atrás de mim
Eu ri.
- Verdade, né? Bem, qual sua matéria favorita?
- Acho que história.
- A minha também! - eu virei entusiasmada e Harry estava meio surpreso porque não sabia do meu passado.
- Digo, no mundo trouxa - ri fraco
- Ah, pensando bem, acho que eu também. - e sentou-se na cama
- E qual seu hobby? - já estava me sentindo mal por forçar puxar assunto.
- Sabe, em Hogwarts nós temos tantas tarefas. Mas eu gosto de ficar com os hipogrifos ou com o Hagrid. Você vai conhecê-lo.
- E quem é ele?
- É tipo um nosso "inspetor"- fez aspas com as mãos - como diz no munto trouxa.
Eu o ouvi calma e logo depois inventei que tinha que fazer algo no meu quarto porque estava sendo demais pra mim suportar a cara do Harry de 'não sei o que essa menina faz aqui'.
Amanheceu e quando estava na melhor parte do sono, alguém bate na porta - mais parecia que estava quebrando - E tive que acordar forçada,correndo, para abrir a tal porta. Enrolei o lençol em meu corpo e abri. Uma garota com cabelos loiros escuros estava lá. Reconheci seu rosto na hora, era Hermione Granger. Não vou muito com a cara da Hermione, mas eu passei a gostar dela depois que ela passou a não ser mais a "sabe tudo" de Hogwarts.