Mais Além do 'Felizes Para Se...

By SamilaGrey

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Estreia.
Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26

Capítulo 18

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By SamilaGrey

Quinze corpos espalhados pelas dependências do castelo, todos abatidos a flechada. Anahí forçou Madison a ir pra torre e tomar um banho; precisava primeiro entender aquele corte, depois cuidar dele. Madison foi, a contragosto, mas não abriu mão da menina, levando o carrinho pra dentro do banheiro com ela. Quando saiu o corte parecia bem menor mas ainda estava aberto, causando uma trilha vermelha de sangue pelas costas pálidas.


Madison: Isso não é necessário. Eu estou curando. – Rosnou, quando Anahí forçou ela a se sentar na beira da cama, de calcinha os cabelos molhados de um lado do ombro, a ferida exposta. Silvou quando o álcool fez o corte queimar.


Anahí: Devagar demais pra não precisar de ajuda. O que há com você? – Perguntou, apanhando a agulha e a linha – Já vi ter ferimentos piores que não causaram nem um arranhão.


Madison: É complicado, uma longa conversa que não vale a pena. O que está fazendo? – Perguntou, alarmada, sentindo a espetada da agulha.


Anahí: Costurando isso. – Madison suspirou, parecendo ofendida.


Madison: Venha aqui, querida. – Disse, puxando a filha pelos pezinhos – Vamos tirar isso de você, hum? – Claire a olhava, tranquila agora. Confiava na mãe.


Anahí: Quieta, Madison! – Ralhou, concentrada.


Madison: Quem tem a titia mais ranzinza do mundo? Você tem! – Brincou, tentando manter a leveza na voz enquanto livrava a filha do vestidinho, porém procurou se mover o mínimo possível. Tirou o laço que combinava com o vestido da garota, deixando-a só de fraldas. – Anahí, posso me mexer por um momento? Preciso carregar Clair. – Pediu, impaciente.


Anahí: Com cuidado. – Deixou, suspendendo a mão.


Madison pegou a filha no colo, usando aquilo como um ponto base para tentar fazer o ódio que a fazia se sentir quente abandoná-la. Funcionou aos poucos; Clair sempre parecia ter o poder de acalmá-la. A menina ficou no colo da mãe por um bom tempo, apenas aproveitando o carinho que recebia, então aproveitou que já estava ali e o seio da mãe estava a disposição e se esticou, aproveitando pra mamar. Madison riu, encantada, sendo repreendida por Anahí em seguida. Houve silencio e quietude em seguida. Madison observava a filha caindo no sono enquanto mamava com um tom de veneração e Anahí pôde enfim terminar a sutura em paz.


Anahí: Pronto. – Disse, passando o algodão com álcool de novo em cima dos pontos, sendo fuzilada pelo olhar de Madison em seguida. – Procure deixar esse ombro em paz por um tempo. – Recomendou, improvisando um curativo em cima do corte.


Madison: Ela precisa golfar. – Comentou e Anahí estendeu os braços. Madison hesitou, mas passou a bebê adormecida.


Anahí usou o vestidinho que estava na cama como proteção pro ombro e levou alguns instantes ninando a bebê, que logo golfou. Clair tossiu brevemente, incomodada, mas logo adormeceu de novo. Madison, que se vestia, mantinha os olhos na filha. Escolhera um vestido solto, sem corpete, nos modelos que Anahí usava. Ela já não estava usando os corpetes, só uma bata, sendo que estava amamentando, o que facilitou.


Anahí: Pronto. – Disse, pondo a bebê no berço – Quer me dizer agora o que está acontecendo com você?


Madison: Eu tive a menina, Anahí, isso me aconteceu! – Rosnou, impaciente, passando o braço pra dentro do vestido. Anahí hesitou – Minha privacidade não foi a única coisa da qual abri mão quando resolvi ter Clair. – Murmurou, desgostosa.


Anahí: Oh. Eu não sabia. – Na verdade ela nem sabia o que Madison era, pra começo de conversa – Então... Agora você é... Normal?


Madison: Agora me ofendeu. – Anahí ergueu a sobrancelha.


Anahí: Desisto de entender você. Me deixe ajudar com isso. – Ela se aproximou, puxando o tecido do vestido, que caiu com uma redoma, a cauda grafite caindo aos pés. – Só me diga se vai ficar bem. – Pediu, baixando o rosto e apanhando os tecidos do vestido, tendendo-os abaixo do busto. Madison passou o broche prata pra ela, que continuou o que fazia.


Madison: Esse foi um dos motivos pelos quais eu gostei de você, lá no começo, sabia? – Anahí ergueu os olhos um momento, confusa, e viu que Madison a olhava com um sorriso terno.


Anahí: Pensei que fosse o fato de que eu aceitara morrer por Alfonso, não a minha habilidade de arrumar vestidos. – Lembrou, passando o broche pra prender o busto do vestido.


Madison: Não, esse foi o motivo pelo qual eu resolvi que você ia viver. – Diferenciou – Decidi que gostava de você por outro motivo.


Anahí: Qual? – Perguntou, terminando de arrumar o vestido – Pronto.


Madison: Porque você se importa. – Respondeu, simples. Anahí hesitou. – Vou ficar bem. Não tão rápido quando antes, mas rápido o suficiente pra você precisar voltar pra descosturar minhas costas. Que ideia. – Brincou, piscando. Anahí revirou os olhos e Madison rumou o berço da filha. Clair dormia encolhidinha. O tempo era sempre frio ali e ela só tinha sua fralda. – Está toda rasgada, Anahí. Pegue um dos meus vestidos, deve lhe servir.


Anahí: Estou imunda. – Percebeu, desgostosa.


Madison: Meu banheiro está à disposição. – Respondeu, ocupada em abrir uma mantinha pra cobrir a filha.


Anahí: Sabe, esse também é um dos motivos pelos quais eu gosto de você, Mad. – Madison ergueu o rosto, na defensiva – Você também se importa.


Madison: Vá pro inferno, Anahí. – Ralhou, terminando de cobrir a filha, que sorriu de leve, relaxando do frio. – Christopher vai estar aqui logo. Não vai ser bonito. É melhor se apressar.


Anahí aceitou a ideia do banho. Teriam uma longa tarde pela frente, e ela decidiu que a agua fria recarregaria suas energias. O banheiro de Madison era todo de louça e mármore branco. Entrou na agua de cabeça, deixando a agua gelada tentar destravar seus músculos, molhando os cabelos. Não havia dado tempo ainda dos cabelos dela secarem, e eles chegaram.


Não foi bonito.


Christopher estava fora de si. Alfonso estava furioso. Ian estava espumando. Ninguém ouvia ninguém direito, o que tornava a comunicação impossível. A bebê Clair se assustou com o clima e começou a chorar, o que agregou o caos. A cabeça de Anahí doía. Ela tentou falar diversas vezes, mas todo mundo estava falando. Pediu agua a uma criada, e quando ela voltou, com a jarra e copos, o tumulto seguia. Bebeu agua, respirou fundo, e nada. O clima da sala finalmente a contagiou: Estava furiosa.


Se levantou tranquilamente, terminando a agua, e apanhou a jarra de um cristal delicado, balançando-a na mão como se estivesse pesando-a, em seguida mirou na parede mais próxima e arremessou a jarra. O som do baque e dos cacos de vidro chamou a atenção de todos (que estavam em estado de total alerta), fazendo-os olhar na direção.


Anahí: Obrigada. – Respondeu, respirando fundo, ao obter silencio – Me dê a menina. – Madison recuou defensivamente com Clair no colo, por instinto. A garota estava sempre na mão dela ou na do pai, e ela não gostava de abrir mão disso. A garota estaria sempre segura com ela. – Vamos, me dê! – Madison cedeu, mas Clair se agarrou a mãe, ainda chorando – Vem com a sua tia. – Insistiu e pegou a menina, se afastando. – Pronto, passou. – Ninou.


Christopher: Disse a você pra não sair! – Disse, nervoso, mas parecendo com medo de tocar Madison e feri-la mais ainda.


Ian: Aqui tampouco era seguro, Christopher. – Mostrou, obvio, apontando a fileira de flechas largadas na mesa.


Christopher: Acertaram minha mulher, Ian, não me peça pra ser diplomático. – Descartou. Alfonso apertava a ponte do nariz.


Madison: Eu estou bem. – Acalmou, e ele se aproximou, virando-a de costas como se pra comprovar – Ai! – Gemeu, quando ele a apertou.


Christopher: Você não curou ainda? – Perguntou, estranhando.


Madison: Essa pergunta está começando a se tornar irritante. Ainda não completamente. – Ele franziu o cenho, vendo ela se virar apertando o ombro, olhando a filha de relance. Anahí estava no outro canto da sala, ninando Clair, que se acalmava aos poucos – Com sorte vou estar 100% antes que alguém me pergunte isso de novo. – Tranquilizou.


Christopher: Eu preciso ver isso. – Decidiu, guiando-a com cuidado pra fora como se o assunto na sala estivesse encerrado.


Alfonso: Christopher, eu tinha mais fé no seu exercito. – Disse, suspirando, os braços cruzados – Você me ajudou a vencer uma guerra que durava anos, mas aqui nós não temos uma evidencia em meses. Nenhuma.


Christopher: Não culpe meus homens, nós mesmos não fomos capazes de achar nada e você sabe disso. – Rebateu, ultrajado, parando perto da porta.


- Senhor. – Todos os rostos da sala se viraram, vendo o soldado ali. Christopher havia tomado a defensiva de Madison antes de perceber que homem era seu – Nós conseguimos capturar o arqueiro que acertou a rainha. – Comunicou, olhando o chão.


Ian: Glória a Deus! – Exclamou, se levantando.


Alfonso: Onde ele está? – Perguntou, de prontidão.


- Nas masmorras, alteza. – Respondeu, contrito – Nós não conseguimos fazê-lo falar ainda.


Alfonso: Vamos. – Ian assentiu, acompanhando-o. Christopher não se moveu – Você não vem?


Christopher: Eu... – Ele hesitou, parecendo tentar se decidir sobre algo – Madison é minha prioridade. Vou em seguida. – Decidiu. Ian deu as costas, saindo.


Anahí: Pronto, menina linda. – Disse, terminando de secar a ultima lagrima no que caíra na pele pálida da bochecha da bebê, que havia se acalmado – O castelo é seguro de novo, certo?


Christopher: Sim. Já foi todo revirado, há homens em todas as entradas. – Confirmou, enquanto Anahí lhe passava a bebê – Oi, amor. Já passou. – Ninou e Clair se agarrou a ele. Anahí era gentil, mas ela preferia o pai.


Anahí: Ótimo, preciso acalmar meus filhos e soltá-los. – Disse, passando a mão no rosto, imaginando o estado de nervos das crianças, ainda presas no quarto trancado – Com licença.


Foi delicado. Nate dormira e essa foi a parte mais fácil. Chord e Rosalie estavam inquietos, assustados com tudo o que viram e viveram. Suri estava apavorada. Vira Madison cair com a flecha nas costas, vira o olhar de Anahí ao manda-los se lançar no chão. Vira a formação de soldados, o som das armaduras se batendo, as ordens dadas aos gritos e a retirada as pressas. Sabia o que aquilo significava: Era guerra outra vez. Anahí precisaria explicar toda a situação (até onde podia ser explicado, maquiando boa parte e chegando a mentir em outra), garantir que Madison estava bem, que todos estavam bem e estavam seguros, até que as crianças se acalmassem. Levaria tempo.


Christopher levou Madison de volta a torre, deixando Clair sentada no meio da cama e apanhou a esposa, abrindo o vestido sem maiores cerimonias. Madison se deixou manusear como uma boneca, fazendo caretas pra Clair, que fizeram a menina rir. Ele achou o curativo, os pontos agora sobre uma linha quase toda cicatrizada de um vermelho escuro, parecendo prestes a abrir novamente se forçada.


Madison: Anahí me costurou, dá pra acreditar nisso? – Perguntou, cortando o silencio, e fazendo bico de peixe pra Clair em seguida. A bebê gargalhou, um som gostoso de ouvir, batendo as mãozinhas.


Christopher: Fez bem. – Avaliou, os olhos percorrendo a ferida – Mad, você já se feriu pior antes e eu vi você curar muito mais rápido. Me bati pra tentar entender isso por anos e... Bem, está sarando rápido, mas... – Ele hesitou, pondo o curativo no lugar e buscou o rosto dela, que estava tranquila – Porque você não curou? Havia algo na flecha?


Madison: Não que eu saiba. Estou curando, querido. – Tranquilizou, acariciando o rosto dele – Só não posso mais fazer isso com a mesma prontidão de antigamente.


Christopher: Por que não? – Perguntou, preocupado. Madison apontou Clair com o queixo e Christopher olhou a menina, que olhava a mãe, risonha, esperando a próxima careta – O que tem Clair?


Madison: Dar à luz a ela me custou algumas coisas, e vamos deixar assim. Me deixou mais... Vulnerável, porque ela é parte de mim e quando saiu do meu corpo, levou um pouco com ela. Estou me adaptando com o jeito que as coisas são agora, mas estou bem. – Garantiu. Christopher olhou Clair novamente, desconfiado.


Christopher: Você sabia disso? Quando decidiu tê-la? – Madison piscou e assentiu.


Madison: Oh, sim. Só não sabia exatamente o quanto ela levaria. Veja, mulheres como eu não são feitas para terem filhos. Se nós tempos, há um preço a ser pago. Estou bem com isso. – Explicou, dando de ombros.


Christopher: E se tivéssemos outro bebê ele deixaria você ainda mais fraca? – Supôs, tentando entender a linha de raciocínio.


Madison: Jesus, Christopher, acabei de ter um filho seu e você já quer me engravidar de novo? – Brincou, e ele ergueu a sobrancelha – Sim, levaria seu próprio bocado, como Clair fez. – Respondeu, por fim. Christopher não se demovia das coisas fácil. Ele assentiu, pensativo, então olhou a filha de novo, se aproximando da cama. Clair o olhou, interessada. Talvez fosse entrar na brincadeira.


Christopher: E quando crescer ela vai ser como você? – Perguntou, olhando a bebê na cama. Madison se aproximou, tocando o dossel e olhando a filha com carinho.


Madison: Não. Ela é sua filha também. – Lembrou. Clair parecia entediada com a conversa, mas raramente fazia birra se estava com os pais – Não sei dizer ao certo o que ela vai ser, mas tenho certeza que será melhor que eu. Uma versão aprimorada. Não é, princesa? – Perguntou, erguendo a mão na direção da filha, que tinha uma mãozinha na boca.


Christopher: Ela viu algo? – Perguntou, beijando o ombro de Madison com carinho. Em seguida começou a vesti-la de novo, sendo que a havia despido as pressas. Novamente ela se deixou manusear, achando graça.


Madison: Não. Tem sangue frio, essa dai. Nem ligou, não é? Você não liga pra nada. Não liga não. – Brincou, fazendo vozinha fina pra Clair, que riu. Christopher sorriu de canto, olhando a menina sentadinha no meio da cama enorme – Só chorou mesmo com a gritaria, e você estava aqui. Ai! – Gemeu, segurando a mão dele, que ao refazer o trabalho que Anahí fizera tão cuidadosamente com o busto do vestido, apertara demais o tecido, pressionando o corte dela – Vamos, deixe que eu faço isso. – Pediu, apanhando o broche na mão dele.


Christopher: Machucada. – Murmurou, vendo-a ajeitar o tecido e prender o broche abaixo dos seios. Isso reacendeu o ódio dele com toda força – Preciso ir. Fique bem. – Ela assentiu e ele saiu em passadas largas.


Nas masmorras, a situação não era agradável. O arqueiro que flechara Madison não conseguiu fugir a tempo, sendo abatido por soldados de Christopher. Se encontrava amarrado em uma cadeira, e apesar do tempo em que já estava sendo interrogado, não dissera nem uma única palavra. Havia sangue vindo por sua testa, pelo nariz e pela boca, um olho estava inchado, mas nem assim.


Alfonso: Você não vai morrer. – Continuou, informando. O homem só o olhou – Você não tem permissão pra morrer. Vai ser ferido e vamos curar você só pra recomeçar tudo, até você falar. Temos tempo aqui. – Avisou, frio.


Ian: Quem mandou você? – Insistiu, impaciente. O homem o olhou, ainda ofegando pela ultima pancada, particularmente dolorosa, em sua barriga. Tossira sangue na hora, mas ainda assim não falava – É alguém pelo qual valha a pena passar por isso? Eu duvido. – Alfonso suspirou, nervoso, passando a mão pelo rosto.


- Ele não fala, alteza. Já tentamos todos os tipos de pergunta, ele não responde nem o próprio nome. – Informou o soldado que era responsável pela parte física do interrogatório. Ian assentiu e o soldado avançou, acertando o homem com uma pancada no rosto que ecoou pela masmorra. O homem apenas grunhiu com o murro, mas não falou.


Alfonso: Você não atirou na rainha pra matar o tempo, sabe disso. Vamos, quem mandou você? – Rosnou, se aproximando.


Ian: Esse é o interrogatório mais irritante pelo qual eu já passei. – Murmurou, respirando fundo como se tentasse manter a cabeça no lugar.


- Ótimo, porque o interrogatório acabou.


Foi muito rápido. O soldado precisou sair da frente em um rompante, saindo da linha do clarão prata que cortou o ar. Antes que pudessem perceber, o homem grunhia desesperadamente, havia sangue por toda parte e um braço, cortado quase perto do ombro, caído no chão. O baque quebrou a madeira do braço da cadeira, que caiu também. Ian se antecipou, puxando a própria espada e barrando o próximo golpe de Christopher. O choque das espadas causou um barulho alto, metálico, e os dois se mantiveram.


Ian: Perdeu o juízo?! – Perguntou, lívido. Era a primeira pessoa que conseguiam capturar em meses de busca.


Christopher: Ninguém machuca minha mulher e vive. É a lei. – Rosnou, puxando a espada. Ian se manteve, empurrando-o, e o som de aço raspando tornou a encher a masmorra. O soldado esperava, perto, sem ter certeza se interferia ou não. Alfonso observava o preso com uma expressão curiosa, os olhos verdes indo e vindo.


Ian: Prioridades, Christopher, é a única testemunha que temos! – Rebateu, irritado.


Houve um barulho de vidro quebrando e Christopher oscilou pra frente com a pancada que recebeu na nuca, revelando Anahí atrás. Segurava o que parecia ser o que sobrara de uma garrafa de vidro. Ian aproveitou a vantagem e desarmou o outro, se afastando com as duas espadas.


Anahí: Garrafas são uteis. – Determinou, tranquila, girando o pedaço de vidro na mão – Madison me alertou de poderíamos ter problemas aqui. – Explicou, tranquila, respondendo ao olhar de Christopher, que pressionava a nuca – Mas estava ocupada demais brincando com Clair, aparentemente. Cristo, que bagunça. – Comentou, entrando na masmorra, observando a sujeira enorme que envolvia um membro decepado no chão. – Olá, você. – Disse, alcançando Alfonso. Ele a abraçou com um braço, lhe beijando a têmpora – Como estamos?


Ian: Estávamos em zero antes de Christopher chegar, agora estamos um braço abaixo de zero. – Comentou, debochado.


Alfonso: Que tipo de pessoa perde um braço e nem sequer grita? – Perguntou, a mão firme ao redor dela, observando o homem que grunhia o mais alto que podia, mas ainda assim se mantinha.


Ian: Só pode ser brincadeira. – Murmurou, avançando na direção do preso, mas não bateu dessa vez.


Ian o apanhou pela maxilar, apertando-o até abrir a boca... Revelando um pedaço mínimo do que já fora uma língua, agora cortada e o resto cicatrizada, perto da garganta. Houve um suspiro geral nas masmorras.


Alfonso: Ele não tem como falar. O mandante lhe cortou a língua só para garantir que não falasse caso o pegássemos. É mais sério do que pensei. – Suspirou.


Anahí: Poderíamos fazê-lo escrever. – Supôs, e os outros a olharam, mas ela olhava diretamente para Christopher – Oh, espere. Alguém acabou de cortar o braço dele fora. – Desprezou, impaciente.


Ian: Você. Ei, olhe pra mim. – Se antecipou – Você sabe escrever? – O homem assentiu brevemente – Certo, você é canhoto ou destro? – Alfonso se interessou, observando. Anahí era canhota e sua caligrafia era impecável. O homem apenas o olhou, ofegando de dor – Olhe pro braço que você usa pra escrever. – Orientou, simplificando.


O homem ainda ofegou por alguns instantes, então olhou pro lado direito, onde o toco que restara do braço sangrava furiosamente. Mais suspiros no salão.


Alfonso: Dia difícil. – Comentou, frustrado. Christopher parecia... Tentar se controlar, mas seu olhar ia para a espada tomada por Ian com frequência. Madison machucada não era algo que ele soubesse lidar; Madison machucada e sem conseguir se curar, pior ainda. Por mais que a razão dissesse que precisavam de informações, ele só queria que pagassem pelo que foi feito.


Anahí: Precisamos de um médico. Urgente. – Apontou pra fonte de sangue que já fazia uma poça no chão. – Nós vamos tentar curá-lo. – Explicou, vendo os olhares questionadores – E em seguida trazer alguém para ensiná-lo a escrever com a mão que sobrou. Ou alguém tem uma ideia melhor? – Perguntou, irônica.


Só houve silencio. Na falta de alternativa melhor, era o que seria feito.

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