Capítulo 02

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As noites eram a pior parte. Primeiro ela precisava estar em todos os lugares: Nate ficava arisco, Chord; elétrico, Rosalie, energética e Suri, impaciente. Quando por fim os colocava todos pra dormir se via sozinha na torre dos dois. Tomou um longo banho de banheira, se perfumando, se vestiu e foi pra cama que era grande demais pra ela. Nate ressonava no berço perto a cama, mas era do pai dele que ela sentia falta. Se esticou na cama, agarrando o travesseiro de Alfonso como consolo, e assim adormeceu.

A rotina da manhã não era muito mais calma que a da noite.

Anahí: Alguma novidade? – Perguntou, ao entrar no salão, e o soldado que a acompanhava negou com o rosto, olhando o chão.

Soldado: Nenhuma, alteza. – Anahí assentiu.

Suri: Mãe? – Chamou, e Anahí virou o rosto – Posso falar com você, um instante?

Anahí: Sempre. – Ela notou o olhar acanhado da menina – Você pode ir. – Dispensou, e o soldado saiu.

Suri havia crescido. Era agora quase uma adolescente, o corpo começando a se moldar, mas Anahí sempre a veria como uma menina de dentes de leite. Ela chamou a menina com a mão e as duas terminaram nos degraus do trono. Suri sorriu de canto. Anahí era rainha, mas voltava a ser normal quando estava com ela.

Anahí: É agora que você vai me contar o que tanto tem te perturbado? – Perguntou, tirando o um fio liso do rosto da menina.

Suri: Seu vestido é bonito. – O vestido de Anahí deixava uma longa cauda, branca e dourada, esticada no chão.

Anahí: O seu também é. – Respondeu, retirando a coroa e pondo com cuidado na menina. Suri riu gostosamente, sentindo a coroa grande demais escorregar pelos seus cabelos – Melhor assim. – Ande, sabe que pode me contar qualquer coisa.

Suri: Promete que não conta pro papai? – Anahí assentiu.

Anahí: Eu nem sei onde seu pai está. – Admitiu, erguendo a sobrancelha. Suri fez uma careta. Aquele olhar significava problemas pra Alfonso. Anahí ofereceu o dedinho – Prometo.

Suri: Eu estive procurando... Nas bibliotecas e registros... – Anahí assentiu – Eu não pude encontrar... – Ela hesitou.

Anahí: Nunca tenha medo de me dizer nada. – Tranquilizou.

Suri: Uma foto de... Dulce. – Anahí hesitou – Um retrato ou pintura.

A verdade correu pelos dedos como água, não se pôde evitar. Nos registros da guerra ficou a ordem de Alfonso a Paul, a ultima frase antes de matá-lo, avisando que Dulce María o esperava no inferno. Todo o resto ou o por quê daquilo eram segredo, mas a frase estava em todos os livros de história. Conforme Suri crescera, optaram por contar a verdade. O mínimo possível, mas a verdade. A menina levou um tempo para administrar que a mãe não a amava, ou mesmo a queria. Anahí e Alfonso estiveram lá em cada minuto do processo, e por fim ela aprendeu a lidar com a verdade.

Anahí: Não encontraria. Não restou nada de Dulce María para que fosse lembrado. – Suri assentiu. Anahí hesitou por um momento, uma fisgada incomoda na boca do estomago. Por que Suri queria a imagem da outra agora? – Por que você está buscando por ela? – Perguntou, quieta.

Suri: Eu não... – Ela hesitou, como se brigasse com as palavras – Eu não quero me parecer com ela, mamãe. – Confidenciou, erguendo os olhos pra encarar Anahí.

Anahí: Oh, meu amor. – Disse, sorrindo de canto e ajeitando a coroa na cabeça da menina.

Suri: Eu não quero. – Repetiu, amarga.

Mais Além do 'Felizes Para Sempre' - Uma história de Just One More About LoveOnde as histórias ganham vida. Descobre agora