* * * * CONTEÚDO IMPRÓPRIO PARA MENORES DE 18 ANOS * * * * *
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Eu soube desde a primeira vez que vi o Tony com ela, naquele restaurante, que o tinha perdido para sempre, mesmo que no início criei esperanças de que fosse apenas um caso passageiro como todos os outros, mas ao ver o brilho nos olhos dos dois no Dark, tive certeza que ele nunca mais seria meu. Sei que nunca o tive de verdade, mas tinha minhas esperanças.
Eu sou uma dominatrix. Nunca permiti ser dominada por qualquer homem. Tony foi o único. Tê-lo como meu Mestre me levava a picos de prazer inexplicáveis. O sexo entre nós dois era de outro mundo. Somente ele me fazia sentir vontade de me submeter.
Vê-lo com aquela mulher, linda e com olhos tão belos quanto os dele me matou por dentro. Um sentimento de perda e ódio foi se apoderando de mim a cada dia que os via tão felizes juntos.
Vi nos olhos dela a insegurança, ela sabia que ele era areia demais para o seu caminhãozinho. O que só facilitou a minha vida. Em cada oportunidade que eu a encontrava usava para provocá-la. Soltava piadinhas e olhares insinuosos, que a desestabilizava com uma facilidade extrema, mas mesmo assim ela me enfrentava. Confesso que ela era corajosa. Queria ver até onde essa coragem toda dela ia. Eu sabia que uma baunilha não se submeteria tão facilmente a uma vida de BDSM. Então resolvi esperar que o teatrinho de casal feliz acabasse. Só que para minha surpresa e infelicidade, ela apareceu no Clube Dark com ele. Passei a noite toda esperando apenas a saída deles. Queria ver a cara dela de horrorizada com tudo, mas não foi o que vi. Pelo contrário, saiu com uma cara de mulher bem comida, realizada. A mesma que eu ficava depois que tinha uma sessão com meu Mestre. Aquilo doeu e eu não resisti. Num momento de distração, enquanto o Tony se dirigia ao caixa, aproveitei e me aproximei da Mariana.
— Você sabe, não é querida? Ele vai se cansar de você. Sempre vai querer mais e você não vai poder dar isso a ele, só eu o conheço o bastante para saber do que precisa. — Falei me aproximando dela.
— Primeiro que para você, é Mariana! Segundo você não sabe nada sobre o Antony, o que eu e ele temos vai muito além da relação de dom e submissa que vocês tiveram. — Jogou isso na minha cara me deixando puta da vida, mas eu não ia deixar isso barato.
— Eu o conheço o suficiente para saber que mais cedo ou mais tarde vai vir atrás de mim. — Respondi e vi pelo espelho que o Tony estava vindo, então rapidamente sai, deixando-a sozinha.
Pela cara que ela fez eu sabia que não demoraria muito. Seria uma questão de tempo e eu sabia ser bastante paciente quando queria.
E foi mais rápido do que pensei. Alguns dias depois o Tony voltou ao Dark. A melhor parte é que veio só. Mas foi para um quarto VIP com aquele barman, metido a dom só porque dá algumas aulas aqui, e a sonsa da Laila. Tentei conversar e me aproximar do meu querido Mestre, mas só fui rejeitada por ele. Homem nenhum fazia isso comigo. Fiquei tão cega de raiva que não pensei direito. Saí da sala furiosa, fui até o vestiário, peguei meu celular e tirei uma foto dos três. Na foto o Tony aparecia sentado, a Laila de joelhos e com a cabeça baixa e o Rick em pé. Liguei para um amigo que trabalha em um site de fofocas contando algumas coisinhas, que imediatamente ficou interessado dizendo que seria a fofoca quente que o ajudaria a ganhar uns pontos com seu chefe. E eu ia conseguir acabar de vez com a possibilidade do meu querido Dom e aquela mosca morta voltarem a ficar juntos. Fiquei tão feliz que peguei minhas coisas e fui para casa mais cedo.
No dia seguinte resolvi ir ao shopping. Queria renovar meu estoque de lingerie para o meu amor. Estava distraída saindo de uma loja quando avistei a sonsa da Mariana no shopping. Ela estava com uma cara triste e um pouco abatida. Sabia que tinha alguma coisa. Juntei um mais um e cheguei a conclusão que realmente haviam terminado. E para que não restasse mais nenhuma volta, dei o tiro de misericórdia. Aproximei-me mais uma vez de mansinho e destilei meu veneno.
— Eu sabia que ele ia se cansar de você! Nossa noite ontem foi maravilhosa! — Vi seu corpo enrijecer, ela sabia que era eu. Mas foi corajosa o suficiente para se virar e me encarar.
— Pois faça bom proveito Vivi! Já usei o quanto quis. — Falou olhando em meus olhos e me desafiando. Sabia que eu estava certa quanto ao fim do romance. Mas não queria discutir com ela. Não podia dar motivos para que desconfiassem que eu entreguei a foto.
— Para você é Viviane. – Disse-me um foda-se silencioso e voltou a olhar a vitrine e eu saí linda e diva andando pelo shopping.
Pela sua resposta e a cara dele ontem no Dark, sabia que alguma coisa havia acontecido. O fato de deixá-la informada que ele esteve ontem no Dark e por último ver a foto na mídia, será o ponto final desse relacionamento.
Caminhei feliz pelo shopping, peguei meu celular na bolsa e enviei um sms para o meu amigo. Marcamos de nos encontrar amanhã para que eu lhe contasse detalhes e entregasse a foto.
Estava dando pulos de alegria por dentro, pois além de acabar com o relacionamento dos pombinho, ainda ia ganhar uma graninha, já que o meu Dom era um rockstar internacional. Irei me dar bem! Ficar com o bofe e com grana.
No dia seguinte encontrei com o Breno e contei tudo que sabia. Não poderia denunciar o clube, afinal eu tinha um contrato de confidencialidade com eles e se descobrissem, o poderoso Chefão que ninguém além da Leda sabe quem é, me tiraria até o último centavo com um mega processo. Então ele escreveu tudo de uma forma bem articulada, de forma que apenas o Tony seria evidenciado com a notícia. Saí desse encontro muito feliz e fui me preparar para mais uma noite no clube. Quem sabe o meu Mestre não apareceria e teria uma noite regada a muito sexo e prazer.
No dia seguinte, a notícia se espalhou e eu fiz minha melhor cara de indignação. Nesse momento me senti uma atriz. Fui muito cuidadosa quando entrei no quarto e tirei a foto. Tive cuidado para que nenhuma câmera me filmasse e parece que meu plano deu certo.
Alguns dias depois fui chamada na sala do Chefão, mas quem estava lá era o barman e o meu Tony. Eles sempre tiveram uma boa amizade, mas não entendi o que estava acontecendo.
— Viviane, por favor, sente-se. — Sério que esse idiota está se achando o rei da cocada preta?
— Oi mestre. — Falei sorridente para o Tony.
— Viviane, foi você que tirou essa foto? — Rick perguntou seriamente.
— Claro que não. De onde você tirou essa ideia? Eu nunca tiraria uma foto para expor os sócios do clube. — Falei com a voz mais tranquila que conseguia. Nunca pensei que iriam desconfiar de mim.
— Confessa. Ninguém, além de você entrou naquela sala aquele dia. — Tony gritou vindo para cima de mim enquanto Rick correu e segurou ele.
— Eu já falei que não fui eu. Deve ter sido aquela sonsa da Laila. Quem sabe ela não pagou alguém para tirar a foto? Vocês não pensaram nisso? — Falei para tirar as suspeitas de cima de mim.
— Não ouse chamar a Laila assim. Não foi ela. Tem tempos que te observo. Só pode ter sido você. É melhor confessar logo, antes que eu descubra e seja pior. — Rick gritou comigo.
— Olha só quem chegou... A Sonsa. — Falei rindo para tentar mais uma vez desviar a atenção de mim.
— Ricardo, preciso falar urgente com você. — Laila virou-se para mim e falou enquanto me olhava. — É bom você estar presente.
— O que houve? — Rick quis saber.
— Eu sei quem tirou a foto. Foi a Vivi. — Laila disse de uma vez só.
— Você é louca? De onde tirou essa ideia sua sonsa. — Falei e fui para cima dela, minha vontade era de quebrar a sua cara por tentar estragar meu plano perfeito, mas o Tony me segurou. Então relaxei sobre o seu toque.
— Eu escutei você conversando ao telefone com a pessoa para quem vendeu a foto. Além de ter visto ela no seu celular quando peguei emprestado com você agora pouco.
— Eu vou te matar sua vaca. Quem você pensa que é, sua sonsa, para me acusar assim? Vadia! — Filha da puta! A vontade que eu tinha era de matar essa água de salsicha.
— Já chega! Pode parar com esse showzinho Viviane. Eu lhe disse que não quero ouvi-la falar assim da Laila. Por acaso é surda? — Rick gritou para mim e não consegui me conter.
— Quem você pensa que é para falar assim comigo? Você não passa de um mero bartender. Eu falo como eu quiser com essa vadia.
— Quem eu sou? Realmente, sou um bartender, mas também sou o dono de cada pedacinho deste lugar — Como assim? O que eu perdi aqui? — E quem paga o seu salário. Portanto, faça o favor de juntar as suas coisas e sumir do meu clube. Não quero ver sua cara nem pintada de ouro. – Um tremor passou pelo meu corpo.
— Você não pode fazer isso. Temos um contrato. Não pode me dispensar assim do nada. — Tentei lembrar-lhe do nosso contrato.
— Não só posso, como vou. Você quebrou o contrato no momento que tirou aquela foto. Agora saia do meu clube. – A raiva tomou conta de mim por estar sendo expulsa do clube.
— Isso não vai ficar assim. Vocês vão me pagar por essa humilhação. — Falei um pouco mais alto enquanto saí batendo a porta e fui recolher minhas coisas.
Eu não acredito que aquilo estava acontecendo. Eu queria matar alguém. Pensei em esperar meu mestre sair da sala e tentar argumentar com ele, mas pela sua cara de raiva, era melhor deixar as coisas se acalmarem.
Quem diria que aquele barman era o dono de tudo isso aqui! Fiquei chocada com essa notícia. Fui para o vestiário e comecei a recolher minhas coisas. A cada brinquedinho e fantasia que guardava o arrependimento do que fiz e do que falei me atingia. Pensei em voltar atrás e pedir desculpas a todos, mas não sei se me ouviriam.
Merda! A minha atitude pode ter acabado com a carreira do Tony. Se isso tiver acontecido aí sim que ele nunca me perdoará. O que eu fui fazer? Agora não adiantava chorar pelo leite derramado. Balancei a cabeça espantando esses pensamento e continuei juntando minhas coisas. De repente escutei passos se aproximando. Levantei o olhar e vi o Rick na minha frente.
— Viviane, isso que você fez não tem perdão. Vim aqui apenas para lhe dizer que vou mover mundos e fundos para destruir sua vida. Você não sabe com quem mexeu, mas agora irá saber. Vou me certificar que você não conseguirá uma vaga nem de puta no cabaré da Leila. E tem mais, não ouse usar o meu nome, do meu clube ou dos meus clientes. Caso contrário seu destino será pior ainda. —Terminou de falar, me virou às costas e foi embora.
Não consegui falar uma só palavra. Senti meus olhos queimarem, mas não ia dar o gostinho de chorar na frente de ninguém. Teria que arcar com as consequências dos meus atos. Eu pedi por isso.
Cabaré da Leila? Nem sabia onde era, mas pelo nome devia ser algum lugar de muito baixo nível.
Terminei de arrumar minhas coisas e fui para casa sem me despedir de ninguém, afinal nunca tive amigos aqui mesmo.
Uma hora depois eu estava tomando banho. Debaixo do chuveiro deixei as lágrimas caírem. Eu sei que fui muito burra. Agi sem pensar. Só queria separar o Tony da Mariana. Não pensei que poderia destruir sua carreira, o clube e perder o meu emprego. Como fui idiota. Agora tinha que arrumar uma maneira de arrumar dinheiro para sobreviver. Pela forma que o Ricardo falou, tinha certeza que ele não estava brincando.
Realmente ele não brincou. Não estava conseguindo arrumar emprego em nenhum clube de dança da cidade. Nem mesmo os de stripper. Sorte que ainda tinha meu carro e algum dinheiro guardado, senão eu estava ferrada.
Tentei entrar em contado com alguns clientes do Dark, mas nenhum deles queria falar comigo. Apenas um atendeu minha ligação e foi através dele que fiquei sabendo que todos os outros estavam sabendo do que fiz e ficaram com medo de se expor.
Depois de alguns meses fui obrigada a me mudar para um aluguel mais barato e começar a me prostituir para arrumar algum dinheiro. Era muito difícil ser prostituta nas ruas. Além da humilhação de estar ali como um pedaço de bife em uma vitrine, você ainda precisava brigar com as putas mais antigas para ter direito a ficar nos pontos delas. Fui escorraçada diversas vezes por elas. Nenhum dos pontos “bons” estavam disponíveis, então para não vender meu carro e não morrer de fome minha única solução foi parar no Dezão.
O Dezão para quem não sabe era um local onde os caras pagavam dez reais para te foder por dez minutos. E eu cheguei a esse nível. Foi muito difícil no começo, chorei e cheguei a tomar banho com água sanitária, de tanto nojo que sentia, mas precisava me sustentar. Aqueles homens sujos, na maioria das vezes fedendo, se deitavam sobre mim e me lambiam. Alguns queriam me beijar e eu desviava virando o rosto, mas eu precisava comer e pagar o aluguel. Precisava sobreviver. Então fui obrigada a permanecer ali.
Estabeleci uma rotina e assim consegui me adaptar e sobreviver. Eu chegava, tirava minha roupa, colocava um preservativo feminino para garantir qualquer risco de doença, abria minhas pernas e mandava o homem entrar. Ele não podia me tocar, apenas me foder. Então eles já entravam de pau duro.
Eu colocava a camisinha neles, sentava na beira da cama e eles me fodiam até gozar e completar os dez minutos. Quando tudo se tornou mecânico, eu consegui estabelecer uma rotina e faturar em média duzentos reais por dia, fora os cem reais que pagava para a casa me deixar atuar ali. Então eu precisava manter uma média de trinta homens por dia para me manter. Isso era muito difícil. Mesmo tudo sendo mecânico, eu não sentia prazer com nada daquilo. Eu tinha nojo de mim.
Um belo dia um senhor com feições humildes entrou no quarto e quando já estava pronto para me comer, ele olhou em meus olhos e disse:
— Você, uma jovem tão bonita, não deveria estar aqui. — Não tinha palavras para responder ao seu comentário. — Deveria estudar e arrumar um emprego descente.
— Bem que eu gostaria, mas já passei da idade.
— Quantos anos você tem?
— 38. — Respondi. — O senhor está perdendo parte do seu tempo com essa conversa toda. — Disse sem querer alongar a conversa.
— Sabe de uma coisa, eu não vou te comer. Toma aqui o seu dinheiro. Vou te deixar aqui com os minutos que lhe resta para pensar na vida. Dê um rumo nela. Pela sua cara imagino que já teve tudo e agora está sem nada. Será que esse é o caminho mais fácil? Se deitar com vários homens por dia? Pense nisso! —Disse-me enquanto fechava a calça e arrumava suas roupas. Jogou vinte reais em cima da cama e saiu do quarto.
Eu fiz o que ele me disse, aproveitei o resto do tempo e fui pensar no que ele falou, mas já era tarde para mim. Infelizmente esse foi o fim que eu plantei para mim e agora estava colhendo.
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