Insensatez (Em Andamento)

Par JadeBSand

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No seu aniversário de 22 anos, Ester é sorteada na promoção de uma rede de supermercados. O prêmio: uma viage... Plus

Ester
Capítulo 1: Uma Pequena Insensatez
Capítulo 1: Uma pequena Insensatez (segunda parte)
Capítulo 2: Acerto de Contas
Capítulo 2: Acerto de Contas (segunda parte)
Capítulo 3: Miguel
Capítulo 4: A saga do Anel
Capítulo 5: Procurando Miguel
Capítulo 5: Miguel
Capítulo 6: Contato
Capítulo 7: De novo
Capítulo 8
Capítulo 9 (Miguel)
Capítulo 11: uma proposta
Capítulo 12: uma proposta (continuação)
Capítulo 13: O esconderijo
Capítulo 14: Voltamos
Capítulo 15:
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20

Capítulo 10

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Par JadeBSand

Atenção, amados: Eu estou repostando capítulos já publicados com algumas alterações. Me perdoem pelo incômodo e pela demora :/


Por que ele tinha que ser tão bonito e tão cheio de si? Pois era assim o Miguel Braga Garcia Filho, além de bem vestido e cheiroso. Era impossível passar por ele e não olhar uma segunda vez. Quando o encontrei para cuidar dos assuntos do laboratório, tive que me conter para não ficar de boca aberta. Que homem! Porém, ele estava agindo de maneira fria e distante, mais interessado em detalhes técnicos dos laboratórios do que em mim e na minha filha. Pelo menos ele estava facilitando tudo e eu não tive que obrigá-lo a comparecer no dia marcado.

Nesse interim, acabei por não contar à tia Elda nada do que tinha acontecido a respeito do anel. Ela ficou eufórica demais quando, ao chegar de sua viagem com o namorado, me encontrou já acertada com Miguel, e ficou ainda mais frenética ao vê-lo na tarde do dia seguinte. Fiquei envergonhada vendo-a se desmanchar em elogios exagerados e enchê-lo de perguntas bobas. Por sorte, isso durou apenas alguns minutos.

Eu tinha certeza de que o exame ia dar positivo, mas fiquei muito ansiosa enquanto o resultado não saía. Tanta coisa absurda me acontecia, e se acontecesse mais alguma, eu ficaria louca. Era uma tarde de quarta-feira feira quando eu soube que o exame tinha ficado pronto. Fui buscá-lo. Fizemos tudo de comum acordo. Miguel foi um verdadeiro cavalheiro nesse sentido.

Em casa, tia Elda deu pulos de alegria quando constatou o resultado do exame. Ela ainda estava cética quanto à veracidade das minhas convicções e não acreditava que aquela mocinha sem graça de dois anos antes seria capaz de pegar um homem como o Miguel, nem que por apenas uma noite. O que ela não sabia era o estado lastimável em que Miguel se encontrava na ocasião.

— Quer dizer que você não estava brincando, não é, querida? — perguntou ela. — Foi sorte esse homem ter concordado em fazer o exame e estar arcando com todas as despesas. Tantos homens não são assim.

— Claro que eu não estava brincando! O que a senhora pensa de mim? Sim, foi sorte, mas ele não parece muito animado com o resultado.

— Bobagem, os homens são assim mesmo. Se ele saiu lá de Portugal para vir resolver isso, é porque ele é um bom rapaz. Isso é raro.

Sim, bem raro. Mas tia Elda não sabia que o maldito anel era sempre o motivo de o bonito do Miguel vir atrás de mim.

— Uma sorte você ter roubado a pulseira desse homem, hein, Ester. Não fosse por isso, Alice nunca conheceria o pai lindo que ela tem. E que voz de ator ele tem, não é? Tomara que você consiga fisgar de vez esse homem. Não seja boba. Talvez ele goste de você.

Me engasguei com o suco que estava tomando. Tia Elda falava cada coisa! Se ela soubesse que além da pulseira eu tinha pegado várias outras coisas...

Falei que o Miguel tinha descoberto uma traição no dia do casamento e as condições em que o encontrei na rua.

— Coitado, deve ter sido difícil passar por tudo aquilo — disse minha tia, sonhadora. — Tomara que o coração dele não tenha endurecido para o amor. Ele é tão gentil!

— Mas o que é que a senhora está falando, tia? Ele deve ter uma namorada, uma mulher magra e sem filhos, fina, viajada. Eu e ele foi só uma fatalidade, quer dizer, uma casualidade. Eu tinha bebido duas doses de vodca e ele estava carregando uma garrafa de uísque. Nenhum amor nasce assim.

— Mas nasceu Alice.

— Sim, nasceu Alice, e eu estou muito contente por ele ter sentido falta do... da pulseira e vindo me procurar. Mas não vai passar disso. Sei que eu não atraio esse tipo de homem.

— Isso dá um lindo conto de fadas, querida. Você ouviu ele dizendo que mora numa casa antiga que lembra um castelo? Então! Você é a Gata Borralheira.

Revirei os olhos.

— Não ouvi não, tia. A senhora estava fazendo tanta pergunta vergonhosa que fiz questão de não ouvir. Pelo amor de Deus, não me faça passar vergonha na frente no Miguel de novo!

Ela riu.

— Você é uma tonta! Consiga um dinheiro e compre umas roupas, fique linda quando ele vier. Arrume o cabelo e converse com ele. Ah, se fosse comigo!

Ela saiu de perto de mim ainda falando, e eu preferi não responder. Não tinha nem resposta para um papo daqueles.

Para a minha surpresa, Miguel ligou pouco tempo depois, naquela mesma tarde. Iludida, atendi ao telefone imaginando encontrá-lo feliz, ou confuso, ou pelo menos interessado na filha, mas só o que ele queria era refazer o exame, em outro laboratório, com a desculpa de que precisava ter certeza. Aquele comportamento dele estava me enervando, mas concordei, por fim. Nenhum laboratório sério daria um resultado diferente do que eu já sabia. A carinha de Alice, os olhos e o cabelo dela, eram provas mais que suficientes, mas o maldito descendente de portugueses era cego e burro demais para ver isso.

Foram mais alguns dias até o segundo exame ficar pronto, e esse foi igual ao primeiro. Os tracinhos todos nos mesmos lugares. Com esse segundo resultado em mãos, esperei ansiosa que o pai de minha filha entrasse em contato, mas ele demorou cerca de quinze dias para voltar. Não ligou nenhuma vez durante esse período. Um escritório de advogados cuidou dos trâmites legais.

Só depois de tudo acertado foi que Miguel se aproximou de Alice, ainda contido e desajeitado. Era uma tarde de segunda-feira quando ele apareceu sem avisar, e nos pegou de surpresa. Tia Elda não estava, pois não trabalhava às segundas. Ele pegou Alice no colo, mas ela chorou e quis descer, vindo até mim. Pouco depois, ele disse que tinha que ir embora e se despediu dela com um beijo. Por alguma razão, ele estava com pressa. No dia seguinte, quando eu pensava que ele já estava do outro lado do Atlântico, ele apareceu na porta do salão parecendo um verdadeiro galã de novela das nove, com uma caixa cor-de-rosa nas mãos. Quase tive um treco ao vê-lo, e minha tia, assim como outras mulheres que estavam presentes, quase me mataram de vergonha. Sutileza era uma palavra desconhecida por ali. Como eu estava trabalhando, pedi a Miguel que esperasse, mas tia Elda, que tinha acabado o procedimento que fazia, o levou para dentro da casa. Fiquei preocupada com o que ela poderia falar com ele na minha ausência.

— Quem é esse homem?! — perguntou uma cliente que vinha toda semana fazer as unhas.

— É o pai de Alice. Eles ainda estão se conhecendo.

— Meu Deus! Como você conseguiu pegar esse homem lindo? — disse a mulher sem nenhum pudor. — Ele estava bêbado, não estava?

Não me importei em ouvir isso. Sempre soube que a garrafa do Miguel e o dia ruim que ele estava tendo foram os responsáveis pelo nosso encontro e por tudo o que aconteceu entre nós.

Quando terminei o trabalho, fechei o salão e entrei pela porta que dava na casa, na área de serviços. Miguel estava na cozinha com uma xícara de café, encostado ao balcão. Tia Elda estava com Alice no colo e falava sem parar. Alice comia biscoitos de chocolate e estava muito suja, com os cabelos desgrenhados. Senti um pouco de vergonha. Miguel poderia achar que minha filha não era bem cuidada. Ah, mas o que eu estava pensando? A opinião dele não me interessava.

Quando me viu chegando, tia Elda me entregou Alice, repreendendo com o olhar o fato de ela não estar apresentável, se desculpou com Miguel por ter que sair e voltou para o trabalho. Eu agradeci mentalmente por ela ter o que fazer até a noite e me deixar em paz. Eu ficava sem graça em falar com o Miguel quando ela estava por perto

— Vou dar um banho em Alice — falei, já me encaminhando para o banheiro. — Senão você vai pensar que eu não cuido dela direito.

— Bobagem. Achei bonito a carinha dela suja de chocolate. Tirei foto. Posso tirar, não posso? Sua tia disse que podia.

— Sim, pode. Mas peça a mim e não a ela na próxima vez.

— Tudo bem.

Depois do banho, Alice tomou mamadeira no sofá, com Miguel ao lado. Observei-os enquanto arrumava a cozinha.

— Achei que você tivesse viajado — comentei, para quebrar o silêncio.

— Não, ainda estou cuidando de uns assuntos.

— Hum. Depois que você viajar, vai demorar a vir, não é?

— Uhum — ele respondeu e eu não insisti mais no assunto. Ele não era muito simpático quando não queria conversar.

Depois de tomar uma mamadeira e de assistir seu vídeo favorito, Alice dormiu. Miguel estava ao seu lado brincando com seus cabelos. Era uma cena bonita. Levei-a para a cama, e quando voltei à sala, Miguel ainda estava lá, sentado no sofá, com um papel e uma caneta nas mãos. Me sentei ao lado dele e esperei, sem saber o que fazer. Eu ainda me surpreendia por ele vir à casa de tia Elda quando poderia pedir que eu levasse Alice em outro lugar. A rua inteira estava surpresa com isso.

Miguel me estendeu os objetos e eu não entendi o que ele queria.

— Você não imagina o que Alice é capaz de fazer com uma caneta na mão. Não dê isso a ela ou tia Elda me põe pra correr daqui.

Ele sorriu, mas não comentou a respeito. Parecia ter outro objetivo.

— Sua tia vai demorar?

— Espero que sim. Quer dizer, ela tinha coisas demoradas para fazer. Por quê?

— Eu quero conversar contigo sem o risco de outras pessoas ouvirem. Pode ser agora ou é melhor levá-la a outro lugar?

Um frio na barriga e um calor repentino me avisaram que eu iria gostar muito se isso acontecesse, mas a forma com que ele falou dava a entender que o assunto era bem outro.

— Se não for demorar, acho que pode ser agora.

— Certo. — Ele se virou, ficando de frente para mim. Estava sério. — Gostaria que você se esforçasse e tentasse se lembrar dos símbolos que viu no anel. Consegue pensar em alguma coisa?

Claro, o anel. Sempre o anel! Assenti.

— Sim, alguma coisa sim. Eu olhei bastante para ele. Mas por que isso agora? Você tinha dito que...

— Sim, eu havia dito, mas me lembrei de uma coisa importante. Você é a única que pode me ajudar e a única pessoa em quem confio para tratar desse assunto.

— Estou lisonjeada, embora não veja qual a vantagem disso. O que quer que eu faça com esse papel?

— Se possível, desenhe aí, da melhor forma que puder, os símbolos que você se lembrar. Vai me ajudar a procurá-lo e a descobrir quem o roubou.

— Ok, vamos a isso. Eu nunca fui boa em desenho, espero que não se importe.

— Eu não me importo, mas por favor, seja mais caprichosa. Por que os rabiscos? — Ele apontou o dedo para a parte onde eu tinha errado e rabiscado.

— Não seja tão chato! Eu disse que não sei desenhar. Eu errei, você não erra não?

Ele se calou e ficou muito perto de mim, tão perto que era possível sentir seu cheiro de homem e perfume caro, e quando eu levantava o olhar, via seus lábios e sua barba bem cuidada. Ele, por sua vez, estava totalmente concentrado no que eu fazia. Isso era decepcionante.

— Precisa mesmo ficar tão perto? Está me atrapalhando — falei, quando senti meus dedos tremerem e precisei de uma desculpa para afastá-lo de mim. Era impossível agir friamente.

— Desculpe, é que estou curioso. Já tem mais de dois anos que eu não o vejo e você deve ter guardado os símbolos na memória.

— Aquela coisa feia nos uniu — falei sem pensar e ele me olhou nos olhos. Sorriu. Era a primeira vez que me olhava de tão perto e deve ter pensado o mesmo que eu: nós não estávamos unidos coisa nenhuma, só compartilhávamos, além do conhecimento sobre o anel, uma filha pequena. Me senti tola porque era óbvio que ele não tinha interesse em mim. As circunstâncias também não ajudavam. Em nenhuma das vezes em que nos vimos, depois da noite fatídica, eu estava decentemente apresentável. Nem mesmo um batom eu tinha tempo de passar. — Sim, eu sei que não estamos unidos, não precisa me olhar assim.

Ele sorriu e voltou o olhar para o que eu fazia. Nem para responder ele prestava.

Quando terminei, entreguei o papel a ele, que o dobrou e colocou no bolso. Foi até o quarto e olhou Alice que dormia abraçada ao seu ursinho, e depois foi embora. Num silêncio constrangido, o acompanhei até o carro, um carro que ele mesmo estava dirigindo. Ele se despediu com um aceno e nenhuma palavra.

Eu estava me surpreendendo com o empenho do Miguel como pai, embora esse súbito pedido para desenhar os símbolos do anel tenha me deixado decepcionada. De qualquer forma, ter ele por perto dava uma sensação de segurança. Eu ainda não tinha me recuperado do assalto e não estava dormindo bem à noite. Tinha medo de voltar da faculdade sozinha.

...

Continua...

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