Depois da terceira aula, eu finalmente pude sair da sala para o intervalo, decerto nem tudo tinha voltado como era antes, eu tinha muita atenção por parte dos alfas e quase me arrependi da ideia de ter virado loiro, mas logo vi que era por causa do vídeo, e mesmo que eu viesse de turbante preto, muitos deles iriam me jogar aqueles olhares nada castos como eles estão fazendo nesse exato momento...
—Eles não cansam de te olhar? até parecem cachorros olhando o frango no forno— Hoseok falou indignado
—Era desse jeito que você olhava para mim Hoseok, alfas...— Yoongi revirou os olhos
—Eu te olhava com amor sugita— abraçou o ômega de lado e o mesmo semicerrou os olhos —não pode me comparar a esses esfomeados por carne não abatida— apontou para um grupo de alfas, Yoongi fez um bico de "eu mereço".
Hoseok era uma espécie de irmão mais velho, me protegeria até de uma agulha de vacina se pudesse.
Estávamos nos quatro em uma mesa no refeitório quase lotado, o quinteto fantástico, eu, Yoongi, Hoseok, Lisa e Namjoon era sempre assim, mas como Namjoon estava na biblioteca só nos quatro comíamos e conversávamos até a hora de bater o horário de aulas, isso se alguns alunos não vissem com algum problema do grêmio para eu resolver no meio do lanche e das nossas conversas.
—Tae, não dê mole a eles, só vão querer provar da sua carne. —Hoseok continuou ditando como um pai protetor.
—Que bela comparação Hoseok, carne e Tae, tudo haver— Lisa se pronunciou rindo ironicamente e logo depois levando um copo com suco de laranja a boca.
—É para não ter que dizer que eles só querem comer o Taehyung e depois jogar fora como eles fazem com outros ômegas— ele falou mais alto do que devia, Lisa praticamente jogou para fora todo o suco que tinha tomado, e eu? Bem, eu continuei quieto desviando sempre daqueles olhares que nunca quis.
Me sentir estranho sobre a fala de Hoseok, mas ele não estava errado.
Com o passar de uma semana, semana essa que Jungkook estava de suspenção, eu já tinha voltado a exercer todas as minhas atividades no grêmio, ninguém mais comentava sobre o ocorrido, mas os olhares continuaram, e isso me deixou um pouco mais reservado do que o normal, eu que antes puxava conversa com todo mundo oferecendo ajuda em tudo, agora só estava falando o essencial, e tão formalmente que suava frio.
Sorrir, ah esse gesto que eu tanto amo fazer, depois do ocorrido, das poucas vezes que eu deixava escapar um misero sorriso eu recebia uma cantada mesmo que de longe, e isso me deixava constrangido e muitas vezes desmotivado.
"eles só querem comer o Taehyung e depois jogar fora como eles fazem com outros ômegas."
Mesmo depois da volta do senhor "sou o alfa todo poderoso" as coisas estavam as mesmas, agradeci profundamente por ele não me dirigir a palavra até o fim do ano letivo.
Mas também já estávamos no fim do ano, e com um mês nos entramos de férias. Muitas coisas no segundo ano do ensino médio me aguardavam, eu só não sabia quais...
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Ah, as férias...
O período mais esperado de todos os jovens colegiais, finalmente não tinha que lidar com olhares maliciosos voltados a mim, mas como nada é perfeito o pior par de olhos estava ao lado da minha casa.
Ter Jungkook como vizinho era a derrota, podia até me livrar do colégio, mas não dele, sentia que estava sendo constantemente espiado pela janela que dava acesso ao quarto dele, é como se você fosse um nerd do ensino médio com o filho da puta agressor ao lado da sua casa, não tinha pra onde fugir, uma hora ou outra eu iria me esbarrar com ele.
Mas enquanto isso não acontecia, eu aproveitei as férias de verão como nunca, saindo e me divertindo com o quinteto fantástico.
E foi pensando em não encontrar Jungkook, que me peguei pensando demais nele, e com isso me veio uma curiosidade absurda sobre uma coisa.
Ele era um alfa lúpus disso eu já sabia, mas o que me fez ficar matutando foi o fato de eu nunca presenciar um cio sequer dele.
Não que eu quisesse é claro, eu sou eu, mas segundo as minhas pesquisas tal cio era de longe o mais forte e devastador do que o resto das classes, seu cheiro poderia atrair pelo prazer e medo ômegas à quilômetros de distância, e eu nunca senti tal coisa sendo o vizinho mais próximo dele.
Sabendo também que ele nunca viajou ou até mesmo nunca faltava as aulas durante o período letivo, o que era comum tantos para alfas e ômegas nesse período.
"E eu me perguntava o porquê?"
Isso me fez pensar que o mesmo tomava supressores igual a mim, mas no caso dele isso já devia acontecer a mais tempo.
O que era perigoso para ele, já que seus instintos eram mais fortes, na hora em que ele se libertasse dos supressores, seu cio poderia ser mortal senão saciado.
Eu tinha pena do ômega que o tiraria da seca nesse período.
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Depois das férias de todos os cinemas e sorvetes de chocolate lá estava eu, de volta ao ensino médio.
Mas agora no segundo ano, decerto eu levei a sério esse ditado de vingança é um prato que se come frio, eu iria fazer tudo na hora certa, e não tinha esse ser que me fizesse desistir, mesmo porque eu não compartilharia meus planos a ninguém, nem mesmo ao quinteto fantástico.
A chegada do novo ano no colégio também trouxe alunos novos e de cara muita gente para eu orientar, aos poucos eu fui me soltando e voltei aquele ômega sorridente de antes, pois parte do colégio, ou seja, os veteranos tinham se formado e as novas turmas não sabiam da existência daquele vídeo idiota, então nada de olhares maliciosos e o resultado disso tudo era um Taehyung muito feliz.
"Era como se fosse tudo novo"
Depois de duas semanas o movimento bagunça dos novos alunos tinham diminuído, nesse tempo as panelinhas já estavam formadas o mesmo significava que o fogo no rabo dos alunos tinha diminuído.
Logo na entrada estava um aluno desorientado olhava para os papeis na mão esquerda enquanto a outra segurava a alça da mochila com a outra como se fosse a maior propriedade do mundo, de fato só era um escape para o seu nervosismo, ele estava semanas atrasado do começo das aulas, o entendo perfeitamente eu agia da mesma forma quando entrei aqui.
Fui em direção a ele pretendendo fazer o que ninguém tinha feito quando eu cheguei aqui, ajudar.
Ao me aproximar pude sentir seu cheiro adocicado, ele era um ômega sem dúvidas, mais alto de perto devo admitir.
—Olá— falei sorrindo quadrado — ele retesou um pouco mais depois relaxou, devia ter sentido o meu cheiro e me intitulado de "Um ômega que não me fará mal", era o que a maioria pensava ao ver minha carinha de bom moço, até me conhecer de verdade.
—Posso ajudar? — falei olhando de relance os papéis, ele um pouco atrapalhado, mas sorrio de volta, ajeitando os papéis.
—E- eu é... — se atrapalhou e eu não pude conter o riso interior —quer dizer, meu nome é Jin, eu sou novo e...
—Deu pra perceber— rir de canto —o meu é Taehyung, está procurando a sala? — fui direto, era o que a maioria fazia ao chegar aqui, modéstia experiência.
—É eu... — mau falou e nós fomos interrompidos por uma voz que eu conhecia bem
—A professora está na sala Taehyung, mandou te chamar ela está passando um trabalho em dupla e eu não quero fazer sem voc... — Namjoon parou ao ficar do meu lado, o olhei de soslaio e reparei que ele tinha os olhos vidrados no ômega a minha frente, nem piscava, já Jin tinha uma coloração mais rosada na cara.
Não acredito que eu já estava começando a segurar vela, tá Namjoon se fosse um alfa eu até entenderia, pois o cheiro de Jin era realmente agradável até pra mim, mas poxa ele era um beta, não era muito normal betas ficarem abobados com tal coisa.
—Muito bem, Jin! — chamei sua atenção para mim — posso ver o papel? Talvez eu saiba onde é sua sala— Jin me deu os papeis e logo voltou seu olhar ao beta que o encarava.
Deus! De uma hora pra outra eu parecia um intruso no romance de romeu e julieta, agora eu só queria sair dali!
—Oras Jin! — falei olhando o papel —você é da mesma sala que a minha, vamos eu vou te lev...
—Deixe que eu o levo Taehyung você já trabalhou muito hoje— Namjoon me cortou segurando a mão do ômega o levando para a mesma sala que a minha, olhou para trás e me lançou uma piscadela, do jeito bem safado que só ele sabe fazer, eu ainda me encontrava ainda no mesmo lugar, atônico de tudo o que tinha acontecido, demorei um pouco para me recompor e voltar para a sala, assim que cheguei na porta ouvir a voz da professora.
— Taehyung, está atrasado, sente-se por favor vamos tirar os restos das duplas — a senhora de meia idade falou assim que cheguei na porta da sala.
Sem querer me gabar, mas a maioria dos professores não reclamavam com a minha pessoa, se eu chegava atrasado nas aulas eles sabiam que provavelmente eu estava ajudando ou resolvendo algo.
— Sim professora— falei sentando em minha carteira, mas antes de concluir o ato eu não pude evitar de reparar em um canto mais afastado da sala, e ele estava lá, o alfa dos meus pesadelos.
Sim pesadelos, uma noite durante nas férias eu me esqueci de tomar um comprimido da tabela de supressores, eu tive um sonho erótico, regada a muitas estocadas e gemidos, tudo estava muito bom pra ser sincero, a pessoa que me dava prazer a princípio tinha sua face turva, mas ao botar seus lábios a curvatura do meu pescoço e sussurrar entre arfares, eu arregalei os olhos e acordei com um pulo da cama pois eu sabia de quem era a voz que dizia as seguintes palavras...
"gemi pra mim taetae"
Ao me dar conta de que meu primeiro sonho erótico foi com Jungkook eu apelidei de pesadelo.
E nunca mais me esqueci de tomar os supressores.
Nas últimas duas semanas de aula eu não tinha reparado na sua presença, talvez por ele realmente não ter vindo, mas como nada é perfeito, ele estava lá e os olhos escuros vidrados em mim, o que me fez engolir em seco, com a lembrança do "pesadelo".
— Vamos, alunos ainda falta três duplas a serem formadas...— a professora ditava
— Eu e Jin vamos fazer! — olhei para o lado onde a voz de Namjoon saia, e ele já se encontrava ao lado do ômega, fiz bico.
Que safado! Ele não foi me procurar para justamente fazer o trabalho comigo?! Parecia um alfa, não aguenta ver um rabo lubrificado!
—Faltam duas, se não se juntarem eu escolho — a professora falou — Taehyung você pode fazer com Jungkook— arregalei os olhos e virei para trás de relance, vendo o alfa sorrir de lado.
— Não! — falei tão rápido e mais alto do que esperava, fazendo a sala toda olhar para mim — quer dizer, não tem outra pessoa? — tentei disfarçar o nervosismo mas o estrago já estava feito.
— Poderia até te colocar com outra pessoa Taehyung, mas Jungkook faltou nos primeiros dias de aula e sabemos que você pode ajudá-lo, não é mesmo?!— ela estava praticamente dando o veredito, simplesmente não tinha como contraria-la naquele momento.
Concordei com a cabeça, mesmo contra a minha vontade, eu iria ter que fazer esse maldito trabalho com esse maldito ser.
O resto aula foi basicamente sobre como a gente iria fazer o trabalho, e para completar a professora passou mais um monte de atividades, o que consequentemente deixaria o trabalho para ser feito em casa.
Antes da professora finalmente sair da sala, senti alguém sentar ao meu lado, e pelo cheiro eu já sabia quem era.
—Isso não foi escolha minha. — Sua voz era despreocupada.
—Não me importo, desde quando não me importune, só quero que terminemos isso o mais rápido possível— falei anotando alguma coisa no caderno sem o olhar.
— Então... na minha casa ou na sua? — quase engasguei com a sua fala, seu tom era de alguém com pensamentos indecentes, o que me fez lembrar do meu "pesadelo" instantaneamente.
Eu não iria no matadouro dele nem que me pagassem.
— Na minha — falei rápido sem lhe dar o direito de contestar.
— Ok. Vou lá as duas— falou simplista e se levantou, me dando as costas.
Mas pera ele não é quem decide que horas vai ou não, a casa é minha!
— Não é você que decide isso, somos uma dupla e a casa é minha — falei franzido e ele parou, se virou e inclinou até sua boca alcançar meu ouvido esquerdo.
—Eu não sou você Taehyung, quando eu quero uma coisa eu consigo, não vou correndo pro banheiro bater uma para o meu vizinho depois de ter um sonho erótico gemendo o nome dele e depois convencer a mim mesmo de que tudo não passou de um pesadelo, eu vou está na sua casa hoje as duas horas, se quer mesmo se livrar de mim faça por onde, e concorde — dito isso ele virou de costas para mim e saiu como se nada tivesse acontecido, enquanto eu ainda digeria o que ele falou na sala com minha cara de bunda.
Tá, talvez eu tenha me convencido falando alto demais de que essa safadeza que meu subconsciente criou fosse um pesadelo, e talvez só talvez, os gemidos que eu dei tenham saído do sonho pra realidade, essa última me faria xingar-me milhares de vezes aquela manhã.