Atração do Amor - Série Artim...

By BmArbeit

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#Sinopse#
Capítulo 01 - Tony
Capítulo 02 - Mari
Capítulo 03 - Tony
Capítulo 04 - Mari
Capítulo 05 - Tony
Capítulo 06 - Mari
Capítulo 07 - Tony
Capítulo 08 - Mari
Capítulo 09 - Tony
Capítulo 10 - Mari
Capítulo 11 - Tony
Capítulo 12 - Mari
Capítulo 13 - Tony
Capítulo 14 - Mari
Capítulo 15 - Tony
Capítulo 16 - Mari - Parte 1
Comunicado
Capítulo 16 - Mari - Parte 2
Capítulo 17 - Tony - Parte 02
Capítulo 17 - Tony - Parte 03
Capítulo 18 - Mari
Capítulo 19 - Tony
Capítulo 20 - Mari
Capítulo 21 - Tony
Capítulo 22 - Mari
Capítulo 23 - Tony
Capítulo 24 - Mari
Capítulo 25 - Tony
Bônus - Vivi
Capítulo 26 - Mari
Capítulo 27 - Tony
Capítulo 28 - Mari
*****Aviso*****
Capítulo 29 - Tony
Capítulo 30 - Mari - FINAL
Aviso
Bateu saudade S2
Novidade
Aviso

Capítulo 17 - Tony - Parte 01

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By BmArbeit

* * * *  * CONTEÚDO IMPRÓPRIO PARA MENORES DE 18 ANOS  * * * * *

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Olho para meu pai. Esperava que dissesse qualquer coisa, menos que fosse pedir-me perdão.

— Kellan! Responde-me uma coisa. — Olha-me com o semblante triste. — Se você não estivesse doente, à beira da morte, estaria aqui para me pedir perdão por ter me negligenciado por todos esses anos? — Pergunto com um nó na garganta.

— Meu filho, há muito tempo que me arrependi, mas eu fui covarde todos esses anos. Tive medo de enfrentar os fantasmas do passado — diz desviando o olhar do meu. — Precisou uma maldita doença aparecer para eu criar coragem para enfrentá-los. Você é a melhor parte de mim. É um homem forte. Muito melhor do que eu. Por favor, perdoe os meus erros.  Eu só quero passar os últimos dias da minha vida ao seu lado. Conhecendo-o e conquistando o seu amor.

Seguro firme as lágrimas que fazem meus olhos arderem. Recuso-me a derramá-las.

— Sinceramente, eu não sei. É muito difícil esquecer anos e anos de uma vida em que você não esteve presente. Aniversários, natais, dia dos pais... Sempre havia uma cadeira vazia. A sua. A única coisa que me deu, foi seu dinheiro. E pior, você nem vinha entregar-me, apenas depositava — meu pai abaixa a cabeça envergonhado. — Fora as datas comemorativas, que pedia a sua assistente para enviar-me algum presente. Nem sequer um telefonema. PORRA! Eu era apenas uma criança abandonada pela mãe e que precisava do carinho do pai. Nada mais do que isso — falo tudo o que esteve reprimido por todos esses anos.

— Sinto muito, meu filho. Eu sei. Rasga meu coração saber que sou o culpado por toda a sua dor. Não posso voltar no tempo, mas quero mudar o agora se você me permitir. Quero demonstrar o quanto eu te amo em cada segundo que me resta de vida. Sei que não vou apagar tudo o que passou e sentiu, mas quero pelo menos deixar algumas boas lembranças. — Lágrimas escorrem pelo o rosto do meu pai. Aos poucos as paredes, que construí ao meu redor ao longo dos anos para proteger-me, vão desmoronando.

— Eu... Eu não sei se sou capaz de esquecer e perdoá-lo por todo o mal que me causou. Preciso de um tempo para processar tudo que me disse. — Ele assente. — Sobre a sua doença, gostaria de te levar em outro médico. Buscar uma segunda opinião.

Mudo de assunto. Não quero mais falar sobre o passado.

— Não vai adiantar meu filho. A quimioterapia, como lhe disse não estava tendo os resultados esperados. Além do que, cada seção estava sentindo-me pior. O melhor é esperar a minha hora chegar. — Caralho! Que velho cabeça dura.

— Você só pensa em seu próprio umbigo não é? — Falo com raiva. — Como você quer a porra do meu perdão se continua agindo como um cretino que só pensa no que é melhor para si próprio — ele passa suas mãos pelo rosto.

— Desculpe-me filho. Você tem razão. Não quero mais brigar. Pode marcar a consulta que eu irei — solto o ar que nem sabia que estava prendendo.

— Amanhã mesmo vou procurar o melhor médico oncologista de São Paulo e marcar uma consulta para você — meu pai tenta disfarçar um sorriso. — Vou contratar duas enfermeiras para ficarem vinte quatro a sua disposição.

— Não precisa, filho. Posso me cuidar. Se precisar de alguma coisa peço a Nana.

— Não! A enfermeira vai cuidar melhor de você. Vou contratar duas. Uma para o dia outra para a noite. — Ele abre a boca para questionar, mas acaba desistindo.

Depois da nossa cansativa conversa ajudo-o a tomar um banho. Enquanto descansa um pouco, preparo uma sopa. Pelo seu estado de saúde, algo mais leve, é o mais indicado.

— Trouxe um pouco de sopa — bato na porta entrando logo em seguida.

— Não precisava filho. Estou sem fome.

— Não pode ficar sem comer.  — Coloco a bandeja sobre a cama. — Come pelo menos um pouco. — Ele assente e começa a tomar a sopa.

Meu celular vibra no meu bolso. Pego e olho para a tela. É uma mensagem da Mari.

M: Como foi o encontro com seu pai? Está tudo bem?

Não estou com cabeça para falar com ela. Mais tarde respondo. Guardo o celular e sento-me na poltrona do lado da cama e fico vendo a TV enquanto meu pai termina de comer. Minutos depois recolho tudo e saio do quarto deixando-o descansar. Apesar de não gostar de deixar vasilha suja, deixo tudo dentro da pia. Amanhã a Nana arruma.

Entro no meu quarto e vou direto para o banho. Fico longos minutos dentro da banheira pensando em tudo o que meu pai falou. Algumas feridas, que pensei que já tivessem cicatrizado, voltam a sagrar. Lágrimas começam a escorrer por meu rosto. Deixo que elas caiam livremente. A dor em saber que ele irá abandonar-me novamente, só que desta vez para sempre, rasga meu coração. Depois de estar com os dedos enrugados, finalmente saio de dentro banheira, um pouco mais calmo e relaxado. Deito-me na minha cama e resolvo responder a Mari.

T: Estou bem. Estamos tentando nos entender. Amanhã passo em seu apartamento.

Acordo com o corpo todo dolorido. Parece que fui atropelado. Fui dormir tão relaxo ontem. Merda. Dormir sem a Mari do meu lado faz minha noite ser horrível. Levanto-me e faço minha higiene matinal. Passo no quarto do meu pai. Ele já se levantou. Fico surpreso, pois o grande Kellan nunca foi de acordar antes do meio dia.

— Bom dia! Dormiu bem? — Cumprimento-o assim que chego à sala. Ele está sentando no sofá lendo o jornal.

— Bom dia filho. Dormi sim. Obrigado.

— Vou preparar algo para comermos. Hoje a Nana chega mais tarde — ele acena e volta a ler seu jornal.

Enquanto estou preparando nosso café da manhã escuto a campainha tocar. Deve ser a Nana e provavelmente esqueceu a sua chave. Só que minutos depois a voz da última pessoa que eu queria que visse meu pai nesse momento atinge meus ouvidos. Largo o que estou fazendo e vou direto para a sala.

— O que você faz aqui Mariana? Eu disse que ligaria. — Falo grosseiramente com ela. Droga!

— Desculpe-me. Pensei que seria uma boa ideia aparecer com o café da manhã, não pensei que incomodaria. — Eu sou mesmo um idiota.

— Desculpe-me. Não devia ter falado daquele jeito com você. Não esperava te ver agora e ainda mais conversando com ele. Não é um bom momento, eu... Meu pai... Droga! Isso é complicado, tudo o que ele me disse ontem, ainda não digeri, só preciso de um tempo, tudo bem? — Digo angustiado.

— Tony, você pode contar comigo sempre que precisar. Você sabe disso não é? Eu estou aqui para você e por você. Quando estiver preparado para abrir-se é só falar que eu venho correndo amor.

— Eu sei baby, obrigado por me entender. Só preciso de alguns dias tudo bem? — Ela assente. — E desculpe-me mesmo. Fui um babaca com você, venha, volte para mesa. Vamos tomar aquele belo café da manhã que preparou. — Ela nega e olha para o relógio.

— Infelizmente não posso. Estou atrasada. — Vejo pelo seu olhar que está mentindo, mas eu queria o que também, depois da forma que falei com ela?

— Tudo bem, baby. Prometo preparar o próximo café da manhã para compensar este — ela sorri, só que não chega aos olhos. Dou-lhe um beijo suave nos lábios antes de fechar a porta.

— A Mariana tornou-se uma bela mulher — meu pai fala assim que fecho a porta. Ignoro totalmente o seu comentário.

Tomamos nosso café da manhã em total silêncio, mas posso ver pela minha visão periférica que meu pai olha-me o tempo como se quisesse falar alguma coisa. Termino meu café e vou para o escritório. Preciso começar a busca pelo seu médico.

Algum tempo atrás tive um affair com uma bela médica. Ela gostava do mesmo estilo de vida que eu. Não demos certo, pois ela também era uma dominadora. E muito mais praticante do que eu na época, mas acabamos criando um laço de amizade. Lembro-me que sua especialização era na área neurológica. Sem pensar duas vezes, procuro seu número na minha agenda e disco. Chama algumas vezes até ela atender.

— Alô!

— Beatriz, aqui é o Tony. Tudo bem?

— Que surpresa. O famoso Tony Muller ligando-me. — Ela rir ao telefone. — Que honra! Quanto tempo meu amigo. Eu estou bem e você?

— Continua a mesma brincalhona de sempre não é? — Falo rindo. — Eu estou bem também. Gostaria de te perguntar uma coisa. Você conhece algum oncologista muito bom?

— Conheço sim. O Dr. Augusto Riviera é um dos melhores oncologistas do Brasil. O que houve Tony? Porque está precisando de um oncologista? — Sua voz soa preocupada.

— É que... que... — tenho dificuldade em falar, mas preciso. Engulo o nó que forma-se na minha garganta e continuo. — Meu pai está com um tumor no cérebro e gostaria de ter uma segunda opinião sobre o caso dele. Ele chegou ontem de Los Angeles. Fez quimioterapia lá, mas interrompeu o tratamento, pois não estava dando mais resultado.

— Oh meu Deus Tony. Sinto muito pelo seu pai. O Augusto acabou de chegar, vou te passar para ele. — Assinto e escuto-a chamando-o de amor enquanto explica do que se trata. Fico surpreso. Não imaginava que ela tinha se casado.

— Alô! Tony Muller. Sou Dr. Augusto, a Bia contou-me sobre o seu pai. Infelizmente, estou com minha agenda cheia para esta semana — dou um suspiro de desanimo. 

— Você não consegue encaixá-lo? Sei que é difícil, mas é que estou muito angustiado e preocupado — escuto a minha amiga pedindo a ele para tentar.

— Espere um minuto. Vou checar a minha agenda — aguardo alguns instantes até que ele volta. — Tony, você está com sorte. Minha secretário acabou de enviar-me um e-mail informando que um paciente cancelou a consulta. Tenho um horário livre às 13h, posso encaixar seu pai nele. — Sorrio aliviado. — Tudo bem para você?

— Claro doutor. Estarei na hora marcado com ele. Muito obrigado. — Anoto o endereço. — Obrigado novamente e agradeça a Beatriz por mim. Até mais tarde. — Encerro a ligação e respiro aliviado. Tomara que o caso do meu pai não seja tão grave.  

Nana manda-me uma mensagem avisando que só chegará depois do almoço, pois levará seu netinho ao médico. Aproveito que ela não virá na parte da manhã e comunico ao meu pai sobre sua consulta. Resolvemos almoçar perto do consultório para evitar pegar trânsito e chegar atrasado.

Quinze minutos antes, chegamos para a consulta. Não sei quem está mais ansioso. Eu ou meu pai. Acho que sou eu. Ando de um lado para o outro. Estou totalmente nervoso. Tenho medo do o médico falará.

— Sr. Kellan! — A secretário do Dr. Augusto chama o meu pai. Ajudo-o a levantar. Ele não quis vir com a cadeira de rodas.

— Boa tarde, sou o Dr. Augusto — estende a mão para o meu pai e depois para mim.

— Sou Tony, e esse o meu pai, Kellan — noto o sorriso do meu pai ao apresentá-lo.

Dr. Augusto olha os exames do meu pai. Conversa um pouco com ele sobre como foi seu tratamento. O que sentiu e está se sentindo agora. Quanto tempo que descobriu a doença. Fico surpreso em saber que tem quase um ano.

— Sr. Kellan, vou solicitar que refaça todos os exames. Preciso saber como está o tumor antes de tomarmos qualquer decisão. Aqui estão as guias. Na saída peça a minha secretária que ela agendará para amanhã mesmo e na quinta-feira nos encontramos para saber o resultado. Pode ser nesse mesmo horário? — Meu pai assente ao apertar a mão do Dr. Augusto. Faço o mesmo.

No caminho para casa paro em uma floricultura e peço para entregar um buquê de rosas vermelhas para o meu anjo. Eu fui um verdadeiro babaca com ela hoje cedo. Espero que me perdoe.

Chegando em casa notei que meu pai estava pálido. Perguntei se estava bem. Disse que sim. Alegou que era só o cansaço mesmo.

Não vejo a Mari desde segunda. Ela não disse nada sobre o buquê. Sei que ando distante também, mas não está sendo fácil para mim. Essa bomba que meu pai soltou, desestruturou-me completamente. Perdi completamente o controle da minha vida. Estou vivendo esses dias meio que no automático. Nem no estúdio e nas reuniões estou indo. O tempo passa por mim como um trem bala. Parece que foi ontem que eu tive o corpo suado do meu anjo sobre o meu e hoje estou aqui no consultório do Dr. Augusto com meu pai para saber o resultado dos seus exames.

— Boa tarde! Como está sentindo-se Sr. Kellan?

— Estou um pouco fraco, mas bem — meu pai sorri.

— Vamos ver o que diz seus exames — ele começa a analisá-los e não gosto nada da cara que faz.

— Tem alguma coisa errada doutor? — Pergunto preocupado.

— Calma meu filho. Deixa o doutor terminar — meu pai cola a mão sobre o meu ombro.

— Infelizmente, o caso do seu pai Tony é mais grave do que eu imaginava — olho para o meu pai, mas seu semblante continua o mesmo como se já soubesse.

— Como assim?

— Nos exames anteriores o tumor estava com um tamanho reduzido onde poderíamos tentar retirá-lo, mesmo sendo arriscada a cirurgia, mas agora é impossível. Ele praticamente dobrou de tamanho. A cirurgia nesse caso é fatal. O que podemos fazer é voltar com a quimioterapia.

— Doutor, seja sincero, se eu voltar a fazer a quimioterapia, qual a chances de curar-me? — Meu pai pergunta. Olho para ele chocado. Como pode estar sendo tão pé no chão enquanto estou um caco de homem perante eles.

— Sr. Kellan, infelizmente, as suas chances são mínimas, cerca de dez por cento no máximo. Eu vou ser sincero a quimioterapia iria só prolongar um pouco mais a sua vida. — Meus olhos ardem com as lágrimas não derramadas.

— Eu imaginava. Quanto tempo eu terei de vida?

— Não tem como eu te dizer ao certo, mas no máximo de três a quatro meses. Sinto muito — lágrimas escorrem livremente pelo rosto do meu pai. Engulo em seco para não chorar também. Meu coração parece que vai sair do peito pela tamanha dor que estou sentindo.

— Eu não quero voltar para a quimioterapia. Quero passar os últimos dias sem passar pelos os maus que ela provoca — Dr. Augusto assente.

— Tudo bem. A decisão é sua. Vou te receitar alguns remédios no caso de dor. E quero vê-lo uma vez a cada quinze dias para vermos como anda a evolução do tumor — meu pai concorda.

— Obrigado doutor — agradeço por sua atenção e explicação.

No caminho para casa meu pai tenta falar comigo, mas não estou preparado para falar. Estou ainda digerindo a ideia de que daqui no máximo quatro meses estarei enterrando meu velho.

Entramos no meu apartamento e vou direto para o meu quarto. Preciso ficar sozinho. Não quero ver e nem falar ninguém. Desligo meu celular e ligo meu Ipod no último volume. Deixo a música tentar acalmar o meu coração e curar minha dor.

Estou cansado de ficar enfurnado nesse quarto. Desde que cheguei daquela terrível consulta do meu pai, na quinta-feira, que me enfurnei aqui. Preciso sair para espairecer. Essa semana foi bem intensa. Ganhei meu pai de volta, mas com prazo de validade. Não é muito justo que agora que possamos tentar recuperar uma parte do tempo perdido, temos apenas malditos quatro meses para isso. Mesmo falando que não me importava, sempre senti sua falta. Antes da mulher que me colocou no mundo abandoná-lo, ele era o melhor pai de todos. Depois virou apenas o cara que bancava minhas contas enquanto eu não podia fazer isso. Talvez toda a culpada do dor que estamos passando agora seja dela, ela nos abandonou, era para ela estar aqui cuidando do meu pai. Se não fosse a Nana, talvez hoje eu fosse um viciado em drogas ou no álcool, ou sei lá mais o que. Não posso esquecer da família do Otávio, que ajudou-me bastante. A Helena foi como uma mãe para mim, mas somente com a Nana eu conseguia abrir meu coração. Apenas ela conhece minhas dores e fraquezas. Queria correr para o aconchego dos braços do meu anjo, mas não quero que ela me veja assim. Um fraco e impotente. Ela sempre me viu forte e controlado e mantendo a minha vida nos trilhos. Preciso voltar a ser esse homem antes de procurá-la.

Pego as chaves do meu carro e dirijo meu Maverick pelas ruas de São Paulo, vagando pela escuridão do sábado à noite. Não faço ideia por onde passei até chegar ao único lugar que vai conseguir acalmar os meus pensamentos. O Clube Dark. Aqui é o lugar onde aprendi a controlar a minha raiva e lidar com as minhas fraquezas. Hoje eu vim apenas como um mero observador. Não quero participar de nenhuma cena. Estaciono meu carro e entrego a chave ao manobrista. Cumprimento os seguranças e vou direto para o bar.

Ricardo está fazendo seu show com as coqueteleiras. Ele é um dos melhores que eu conheço nessa área. Sento-me em um banco próximo do balcão.

— Fala Rick, beleza cara?

— Tudo ótimo Tony. Mas pela sua cara estou vendo que o dia não foi lá muito bom.

— Na verdade, a semana que foi uma merda. Pode trazer-me uma dose de Blue Label com gelo, por favor? — Rick olha-me surpreso.

— Você bebendo? A coisa deve ter sido séria mesmo para te fazer querer beber. Nunca vi você colocar uma gota de álcool na boca em todos esses anos que nos conhecemos — diz enquanto pega a garrafa e despeja uma dose bem caprichada para mim.

— Foi uma semana do cão. Nunca precisei beber, mas depois destes últimos dias preciso desta dose — tomo em um gole só. Rick ri da cara que faço.

— Cara, vamos participar de uma cena. Vou ver quem está disponível. Não tenho costume de pegar submissas que trabalham aqui no clube, mas por um velho amigo abro uma exceção. Topa?

— Valeu! Mas tudo o que quero é continuar tomando e curtindo o meu whisky — faço sinal para que coloque mais uma dose. —Tenho alguém especial. Não quero ninguém além dela.

— Isso é bobagem. Vamos fazer uma cena como nos velhos tempos. Vou pedir a Lêda para que veja alguma das suas preferidas que esteja disponível e vamos para a sala Vip3.

— Tudo bem, mas hoje serei apenas um voyeur — ele assente e sai para falar com a Lêda enquanto fico tomando minha dose.

Lembro-me de quando o conheci. Parece que foi ontem. O Dark estava começando. Rick planejou e organizou cada detalhe daqui praticamente sozinho. Desde a cor das paredes até os sabonetes do banheiro. Tudo foi meticulosamente escolhido por ele. Quem o vê fazendo drinks não imagina que ele seja o dono de tudo isso aqui. Mas é verdade. Ricardo Moraes, mais conhecido como Rick, o bartender, é o dono do mais famoso Clube Dark.

Ricardo volta alguns minutos depois informando que a Laila nos encontrará em trinta minutos na sala Vip3.

Ficamos conversando, relembrando histórias do passado. Alguns exibicionistas estão jogando e chamam nossa atenção. Apenas observamos. O tempo passa e somos avisados que nossa sala está pronta. Peço mais uma dose antes de seguirmos para lá.

Chegamos na sala e encontramos a Laila ajoelhada vestindo apenas um robe transparente vermelho. Essa cor lhe cai muito bem. Se fosse outro tempo, até me interessaria por ela, mas só tenho olhos para o meu anjo. Além do mais só estou aqui para não fazer desfeita para um grande amigo.

Ricardo é mestre em muitas artes de dominação. Estudou muito sobre o assunto antes de abrir o Dark e tornar-se um Dom. Ele resolve usar a técnica de Shibari, que consiste em uma amarração artística japonesa. Rick amarra a Laila e pendura-a no teto, vendando seus olhos. Pega um chicote e começa a passar pela brancura da bunda dela. Sem avisar aplica a primeira chicotada, arrancando um gemido rouco da garganta dela. Ele levanta o chicote para dar a segunda chibatada quando a porta se abra fazendo com que seu olhar de prazer mude para raiva e incomodo.

— Oh! Desculpe Senhor. Estava procurando o mestre Tony, meu Dom. — Viviane interrompe a sessão caminhando em minha direção. — Oi querido, ouvi dizer que estava aqui, então corri para vir lhe agradar.

— Não estou afim. — Viviane está começando a me dar nos nervos.

— Posso fazer companhia ao senhor, Mestre.

— Não Vivi, eu quero ficar só. Já lhe disse que não estou afim.

— Você está querendo compartilhar essa branquela horrorosa com o Mestre R. — Não acredito que esteja retrucando-me. Rick não diz nada, apenas observa, mas pela sua cara não gostou nada do ela acabou de disser sobre a Laila. Ele nunca foi muito fã da Vivi. Apenas permitiu que continuasse no clube por minha causa.

— Viviane, minha vida não lhe diz respeito. — Digo nervoso. Ela lambe os lábios ao aproximar-se mais de mim.

— Desculpe-me mestre. Eu só pensei que como não veio acompanhado daquela outra horrorosa, talvez quisesse uma mulher de verdade — fala passando as mãos pelo meu corpo. Sinto nojo ao sentir seu toque.

— Nunca mais se atreva a falar algo sobre a Mariana. Para o seu conhecimento ela é muito mais mulher que você. — Digo mais alto do que pretendia e retiro as suas mãos do meu corpo. Minha vontade é de bater nela até que aprenda a me respeitar, mas controlo-me, pois sei que a vadia irá gostar. — Que seja a primeira e última vez que se intrometa assim na minha vida.

— Como ousa falar assim comigo? — Vivi pergunta olhando-me como se pudesse matar-me com o olhar.

— Como ousa falar assim comigo? — Repito suas próprias palavras. — Perdeu a noção da sua função aqui? Ou melhor, no clube? Eu já lhe disse que não quero nada com você, portanto não tem nada para fazer aqui. Por favor, saia. — Vivi sai bufando do quarto, mas antes me olha com ódio.

Ricardo e Laila voltam para sua cena, só que agora ela não está mais vendada. A porta abre-se novamente, mas rapidamente fecha-se. Deve ter sido o vento. Ignoro. Volto minha atenção para o casal. Rick posiciona em frente à Laila e começa a bater em seu rosto levemente. Ela sorri satisfeita.

Espero eles fazerem uma pausa para despedir-me. Estou cansado e bêbado. A discursão com a porra da Vivi deixou-me pior. Vim para o Dark para relaxar e ao invés disso fiquei mais estressado por causa daquela maldita. Se não tivesse tão bêbado iria agora mesmo para a casa do meu anjo. Só ela tem o dom de relaxar o meu corpo e acalmar o meu coração.

Despeço-me da Laila e do Rick. Agradeço pelo ombro amigo e peço desculpa pela cena com a Vivi.

Resolvo deixar o meu carro no estacionamento do Dark e ir de táxi. Não tenho condição nenhuma de ir embora dirigindo. Amanhã cedo busco ele ou peço a algum dos seguranças de confiança levar para mim.

Chego em casa e vou direto para o banho. Preciso tirar o cheiro do álcool e do perfume daquela maldita da minha roupa. Termino meu banho, enrolo uma toalha na cintura e vou até o quarto do meu pai para checá-lo. Ele dorme tranquilamente.

Não estou com ânimo de vestir algo e acabo dormindo nu. Acordo com meu telefone tocando. CARALHO, que dor de cabeça dos infernos. Onde está esse maldito telefone. Encontro-o caído embaixo da cama. Olho para a tela e vejo o sorriso da minha linda. Sorrio.

— Seu filho da puta, desgraçado. Eu aqui toda preocupada e você fodendo sua amiguinha no Dark ontem à noite. Quer saber de uma coisa Tony? Me esqueceeeeeee, seu idiota. — Mari grita sem mesmo esperar que eu diga ‘alô’ e desliga na minha cara. Fico olhando para o telefone com cara de idiota. Que merda é essa? O que aconteceu?

  

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O capítulo de hoje é dedicado a todas vocês que adoram nossas estórias e que sempre participam.  

Meninas, vamos sair do outro lado da vida e vir a tona!!!! Deixem de ser fantasminhas e sejam camaradas!!!! 

Apareçam, comentem , curtam...

Deixem seus recados, críticas, sugestões. Esse feedback nos ajuda a melhorar e nos motiva a continuar.

Beijos

Bmr Arbeit

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 PRÓXIMO CAPÍTULO: 05/06

 

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