Efeito Alice

By RobertaRios28

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Dois mundos completamente diferentes. Dois sonhos que se igualam. Duas vidas que se entrelaçam. Ela: um ídolo... More

Sinopse
Prólogo
Capítulo Um - A Ocasião faz a força e os verdadeiros guerreiros
Capítulo Dois - As Aparências Enganam
Capítulo Três - Eu me lembrarei de você
Capítulo Quatro - O Sentido Oposto da Frase
Capítulo Cinco - Inusitada
Capítulo Seis - Arrependimento
Capítulo Sete - A Soma de Todas as Forças
Capítulo Oito - Verde
Capítulo Nove - Diversão de Vestido
Capítulo Dez - Trauma de Pimentas
Capítulo Onze - Pessoa Errada
Capítulo Doze - Sobre Sexta
Capítulo Treze - Bolo de Chocolate
Capítulo Quatorze - Nos vemos na segunda.
Capítulo Quinze - A Morena dos Olhos Negros
Capítulo Dezesseis - Sobre Prédios e Primas
Capítulo Dezessete - Orgulho Masculino
Capítulo Dezoito - Quando se conhece a Família
Capítulo Dezenove - Nós
Capítulo Vinte - Sobre ceticismo e romantismo
Capítulo Vinte e Um - Quando o começo se parece com o fim
Capítulo Vinte e Dois - Testes para a sanidade
Capítulo Vinte e Três - Questão de preferência
Capítulo Vinte e Quatro - Quando não há ciúmes
Capítulo Vinte e Cinco - "... ao ar livre,..."...
Capítulo Vinte e Seis - O Baderneiro
Capítulo Vinte e Sete - Balde de Água Fria
Capítulo Vinte e Oito - Não pense demais
Capítulo Vinte e Nove - Para provar o ponto
Capítulo Trinta - Efeito Alice
Capítulo Trinta e Um - Combinado
Capítulo Trinta e Dois - Fato
Capítulo Trinta e Três - "A Conversa"
Capítulo Trinta e Quatro - 4x4
Capítulo Trinta e Cinco - Efeito Adam
Capítulo Trinta e Seis - Dever cumprido
Capítulo Trinta e Sete - Histórias de crianças
Capítulo Trinta e Oito - "E ela chorava..."
Capítulo Trinta e Nove - Sobre cuidados e sugestão
Capítulo Quarenta - Caça ao Presente
Capítulo Quarenta e Um - Imensurável
Capítulo Quarenta e Dois - Curiosidade inesperada
Capítulo Quarenta e Três - Quando se trata de Amizade e Reciprocidade
Capítulo Quarenta e Quatro - E eu vejo estrelas
Capítulo Quarenta e Cinco - Como um sonho
Capítulo Quarenta e Seis - Pais e Filhos
Capítulo Quarenta e Sete - Conclusões e precipitações
Capítulo Quarenta e Oito - Olhos inchados
Capítulo Quarenta e Nove - Conexão
Capítulo Cinquenta - Maré
Capítulo Cinquenta e Um - Resignação
Capítulo Cinquenta e Dois - Castigo
Capítulo Cinquenta e Três - Explosões
Capítulo Cinquenta e Quatro - Acidentes de vidro, de café fedorento e o Furacão
Capítulo Cinquenta e Cinco - Da família
Capítulo Cinquenta e Seis - Até O Sol Nascer
Capítulo Cinquenta e Sete - Trabalho Natalino
Capítulo Cinquenta e Oito - Foto em Família
Capítulo Cinquenta e Nove - Vista
Capítulo Sessenta - O tempo é curto
Capítulo Sessenta e Um - Ego Flutuante
Capítulo Sessenta e Dois - Devaneios Natalinos
Capítulo Sessenta e Três - Boas novas
Capítulo Sessenta e Quatro - Ano novo, brigas novas
Capítulo Sessenta e Seis - Soa tão bem...
Capítulo Sessenta e Sete - A Boa Promoção
Capítulo Sessenta e Oito - Promessas e Provas
Capítulo Sessenta e Nove - No Qual Alice Não Cria Expectativas
Capítulo Setenta - O Garotinho Está Crescendo
Capítulo Setenta e Um - Ainda Amigos
Capítulo Setenta e Dois - Destino Contemplado
Capítulo Setenta e Três - Tudo Entra nos Eixos
Capítulo Setenta e Quatro - Relacionamento Conturbado
Capítulo Setenta e Cinco - A Melhor Sensação
Capítulo Setenta e Seis - O Processo e o Colírio
Capítulo Setenta e Sete - Quebrado

Capítulo Sessenta e Cinco - Ao mesmo tempo

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By RobertaRios28


Aviso: Leiam as notas finais, por favor!

Capítulo Sessenta e Cinco - Ao mesmo tempo

Alice K. Hildebrand

Merda.

Parece que eu fui atropelada por um trator. Várias, várias e várias vezes.

A sensação de solidão é gritante e parece que não conseguirei sair dela jamais.

Eu já esperava me sentir mal depois de desabafar tudo o que me atormenta, afinal, há anos eu ensaio como falar com os meus pais sobre tudo o que aconteceu, porém eu não esperava que eu fosse me sentir destruída.

Em todas estas vezes que eu fantasiei, eu acreditei que ficaria aliviada, mas logo depois eu ficaria mal por toda a situação infeliz; eu me sentiria egoísta, também, por deixar me levar pelos meus sentimentos conturbados; no entanto, logo depois, com o conforto e o apoio dos meus pais, eu passaria a me sentir aliviada e feliz por eles me entenderem e por nós resolvermos toda e qualquer desavença entre nós.

Mas, conforme já dizia algum gênio mundano e desconhecido por mim: "nem tudo são flores". Ou talvez a lei de Murphy tenha decidido me fazer sua mais nova vítima. Ou quem sabe ainda o simples fato de criar expectativas tenha me derrubado de cara no chão enlameado.

A realidade é que eu não me senti de todo aliviada pelo desabafo tardio. E eu não obtive apoio algum neste momento. Meus pais não entenderam o meu lado, e acredito que até eu mesma tenha minimizado o lado deles na hora da emoção. Eu, de fato, me senti e ainda me sinto egoísta por ter me deixado levar e por ter deixado a mágoa falar mais alto, mas também não me culpo inteiramente e não sou nobre o bastante para reconhecer os meus erros e ir atrás do perdão, aliás, quando eu tentei agir com o mínimo de humildade, fui recebida com bolas de neve e pedras na mão.

E agora eu estou sozinha, desamparada e decepcionada.

Há alguns dias eu me isolo no meu mundo particular. A minha única fuga, como sempre acontece, é o meu trabalho. Este também é a única coisa que me mantém sã.

Adam, ainda longe, não teria como me ajudar, e nem é da minha vontade que ele saiba de alguma coisa, ainda, pois isto só o deixaria chateado no momento em que ele deveria se divertir.

Aaron já possui tantos problemas que seria maldade da minha parte sequer pensar em perturbá-lo com as minhas histórias comuns.

Julie, apesar de ser uma boa amiga, não consegue entender o que se passava entre os meus pais e eu. Ela sempre tentou entender, mas nunca conseguiu.

Anthony, por sua vez, foi o único a quem eu cogitei pedir ajuda. Com ele eu sempre pude contar, nem que fosse para conversar. Nós temos essa cumplicidade que torna qualquer assunto leve e discutível.

Mas eu não tive coragem.

Apesar de abatida e chateada, a simples lembrança do ocorrido alguns dias atrás conseguia me enfurecer. Portanto, a minha melhor alternativa foi o silêncio, e eu até cheguei a pensar que eu estava lidando bem com tudo, até precisar enfrentar a desconfiança dos rapazes, que, não obstante convencidos sobre a minha normalidade, recorreram ao Adam para extrair algo de mim.

O Garoto se preocupou, obviamente, e, por telefone, tentou descobrir de todas as formas o que acontecia, e, não fosse pela boa intenção dos meus amigos, eu teria chutado cada um deles no lugar onde mais dói em um homem.

Eu consegui contornar o assunto com toda a simpatia que eu possuo, e o Adam se convenceu, por hora, de que não havia problema algum comigo.

Céus! É véspera do aniversário dele! Eu jamais conseguiria abordar qualquer assunto pesado num momento como este. Quando ele voltar, sim, eu contarei tudo a ele, sem poupar detalhes, mas agora não dá para contar nada.

Para descontrair completamente o clima pesado, eu antecipei o melhor presente de aniversário que eu poderia dar ao Adam, diante das circunstâncias. A princípio, o sexo por telefone aparentou ser demais para o pudor do meu namorado. Ele, inclusive, relutou e se demonstrou muito desconfortável com a mera sugestão do que estava por vir, mas conforme as coisas evoluíam, mais à vontade ele ficava, mais ele apreciava. No fim das contas, ele alegou ser "uma ótima loucura fazer amor por telefone".

Quando eu precisei desligar - porque algum sem noção decidiu me perturbar no conforto da minha casa - eu me dei conta do tanto que eu sinto saudades do meu Adam. Os problemas dos últimos dias me deixaram esgotada e vulnerável, e tudo o que eu queria era ter o conforto nos braços do meu amado. Ao menos, agora, o tempo da separação está quase acabando. Não demorará mais até ele voltar e eu me sentir completa outra vez.

Sem a menor vontade de lidar com pessoa alguma, eu desço as escadas e tal qual não é a minha surpresa ao me deparar com um bastante folgado Anthony largado no sofá da minha sala?

- Em situações normais eu iria me preocupar em tê-la interrompido em momentos inoportunos, mas como o Adam não se encontra... - Ele começa, rindo com muita malícia.

- Você me interrompeu num momento muito inoportuno. - Eu o interrompo com sinceridade.

Sem acreditar, ele me encara, e percebe a irritação no meu olhar.

Não é totalmente do feitio dele ser malicioso com muita gente, mas às vezes a inspiração sobe à cabeça dele...

- O que é que você estava fazendo? - Anthony soa suspeitoso, até mesmo assombrado.

- Você não vai querer saber. - Eu desconverso, afinal, não é problema dele a minha vida amorosa, mais especificamente a sexual.

- Aah, eu quero sim. - Os olhos dele são duas fendas mínimas sobre mim, e céus! Ele acha mesmo que eu fiz algo de errado!

- Eu estava com o Adam no telefone. - Lentamente, eu deixo o meu sorriso malicioso se abrir. - Nós estávamos fazendo...

- Eu já entendi! - Ele ergue as mãos com as palmas viradas para cima. Sua voz alta me faz parar de falar, mas é totalmente desnecessária. Eu não iria mesmo seguir adiante com a história. - Esse Adam está muito danadinho... Quem diria, hein?!

- A ideia foi minha. E você me interrompeu. - Minto a última parte, meus olhos falsamente irritados sobre o meu amigo magrelo parado um tanto envergonhado à minha frente.

- B-bom, não se preocupe comigo, então. Pode voltar ao que estava fazendo que eu espero aqui, quietinho e...

Eu solto uma breve e divertida gargalhada.

- Eu estava brincando. - Sob o seu olhar curioso, eu emendo: - Sobre a última parte.

Anthony revira os olhos e volta a se largar no sofá.

- Eu nunca vou conseguir achar natural essa perversão que você e o Aaron têm. - Ele murmura.

Agora é a minha vez de revirar os olhos.

- Certo, puritano, o que o trouxe, então, ao meu humilde prostíbulo? - Eu gesticulo a minha mão no ar e me sento a cerca de vinte centímetros do seu lado.

- Você. - Dispara, mas ao perceber a esquisitice trazida pela combinação das nossas falas, ele emenda com rapidez: - O seu comportamento estranho. E os seus pais. - Ele faz uma longa pausa, como que esperando eu absorver e ficar à vontade com o tema da sua visita.

E eu só sinto cansaço por me lembrar disso.

- Ah, não. - Eu suspiro e me deixo cair deitada no sofá, demonstrando toda a minha falta de ânimo. - Tudo isso já me deixou esgotada demais por tempo demais e já deu o que tinha que dar.

Percebo o homem me estudar por alguns longos segundos antes de se pronunciar:

- Sei como é... - Murmura baixinho. - Eu vi que você está um pouco abatida e os seus pais estavam estranhos uns dias atrás. Hoje eu os vi de novo e estão ainda mais estranhos. Pensei que você gostaria de conversar. Já que o Adam não está por perto, você não tem um apoio direto. - Seu olhar é atencioso sobre mim, exalando aquela conexão de melhores amigos que temos desde sempre. - O Aaron está atolado nas loucuras dele, por isso você precisará se contentar apenas com a minha ajuda.

Eu me sinto confortável para conversar com ele e com o Aaron, pois sempre estiveram aqui por mim quando eu precisei, quando eu preciso. Não que eu seja ou tenha sido uma pessoa muito aberta quanto aos meus problemas, mas sempre pude desabafar com eles quando era necessário.

- A sua ajuda já é muito bem vinda e o suficiente. E eu agradeço. - Suspiro, e só volto a falar após ele, com bastante insistência, me incitar a tal. - Os meus pais cismaram comigo. Por causa da ida à França no Natal. - Eu bufo, a irritação voltando à tona, e entre rosnados e reviradas de olhos, eu conto tudo a ele. - Eu me senti tão bem quanto mal. Eu não queria falar sobre isso porque eu já me estressei o que eu tinha para estressar e não queria mais reviver tudo aquilo.

A compreensão o domina e seu suspiro me mostra o tanto que ele me entende.

- Não se sinta culpada. - Eu abro a boca para negar a sua afirmação, mas a sua expressão de deboche me faz calar, tamanha é a minha indignação com a sua atitude. - Eles não foram legais com você durante anos, e mesmo que estivesse tudo caminhando para vocês se resolverem, eles preferiram jogar tudo para o alto.

Eu aceno com a cabeça.

- Eu não estou culpada, Anthony. Eu estou irritada e decepcionada por isso mesmo que você disse. Depois de anos nós começamos a nos resolver, mas tudo parece ter sido sem importância. - O peso que há em meu peito é grande demais e, a cada palavra dita, ele parece diminuir, ou, ao menos, mais fácil de administrar. - A última vez que eu tive um Natal com os meus pais foi há oito anos, sendo que no Natal seguinte eles decidiram viajar pela América sem me incluir. Depois que o meu pai sofreu tudo aquilo, o Natal e as outras datas perderam a importância para nós. E, de verdade, eu não me sinto culpada por ter decidido viver por mim com o Adam. Eu estou com raiva por eles apenas não entenderem o meu lado e se portarem como crianças mimadas que não sabem aceitar um "não" como resposta.

Tenho a plena consciência de que eu metralhei o final. Minha respiração está acelerada e meu coração bate forte, forte e pesado. Mas o gelo na minha nuca é o reflexo perfeito do meu alívio, da calma que, aos poucos, se apossa de mim.

- Mas dá para ver que você está tensa, Alice. Você se sente culpada, sim, por alguma coisa. - Ele insiste.

- Eu não sei... - Eu tento forte colocar os meus pensamentos em ordem para tentar explicar a mim mesma tudo o que eu sinto, e, depois de muito tentar, consigo, enfim, dar voz aos meus sentimentos: - Eu acredito que eu tenha me sentido mal por minimizar o que eles sentiam, entende? Eu já fui muito minimizada por eles, sei como a sensação é ruim, e então eu fiz algo parecido. Eles queriam que ficássemos juntos desta vez, mas mesmo que eu já tivesse os meus planos, eu poderia ter conversado melhor com eles. E quando nós conversamos, uns dias atrás, eu joguei tudo na cara deles, sem nem me importar com mais nada, apenas com o meu próprio alívio. E é uma merda o que eu estou sentindo, porque eu nunca senti merda nenhuma parecida com esta.

Anthony parece constrangido por começar a rir. A intenção dele era permanecer sério, mas ele aparenta surpresa e diversão no mesmo nível.

- Você sempre gostou de se vingar em dobro das pessoas. - Ele comenta, seu olhar quase como um pedido de desculpas pela sua gargalhada.

E merda, eu sou exatamente assim, mas as circunstâncias são bem diferentes...

- A questão é que não estamos falando de quaisquer pessoas, cara, mas sim dos meus pais... - Eu suspiro, derrotada. - Nos dias que eu passei com a família do Adam eu consegui ver tanta coisa com outros olhos... Mas, acima de tudo, eu percebi a importância da família. Eles se valorizam e se amam acima de tudo, um sempre apoia o outro, independente das dificuldades. - Eu conto a ele, sentindo o êxtase em cada poro do meu ser. - Comigo, com os meus pais, na primeira brecha que surge, nós brigamos. Nós passamos a ignorar a importância da família e, por mais que a gente tente, parece impossível reverter isso. Eu fico decepcionada por sermos assim.

Leves batidas são dadas na minha perna, em um gesto de total condescendência.

- Vocês deviam fazer terapia, sabe? Tipo aquelas de casal, só que com pais e filha. - Ele dá de ombros ao falar suavemente.

Eu demoro uns bons segundos para entender o real significado da sua fala, e, quando entendo, começo a gargalhar.

- Essa é uma ótima indireta bem direta para me fazer parar de falar dos meus problemas com você. - Eu digo, um tanto divertida.

- Pois é. Não aguento mais as suas loucuras. - Ele bufa, fingindo irritação, mas logo torna a falar a sério: - Essa coisa toda de vocês se reaproximarem é nova demais. É uma ideia bem recente e parece que eles querem recuperar o atraso, mas vocês precisam ir com calma.

A capacidade para enxergar os mínimos detalhes de algo e de resolver problemas é algo inato do Anthony.

- E não é querendo que as coisas melhorem que elas irão, de fato, melhorar. Vocês precisam de diálogo; precisam correr atrás; precisam de paciência e de tempo. Seis anos de má convivência não serão superados facilmente em um piscar de olhos. - Ele conclui.

Sua pose de dono da verdade não é nada forçada, afinal, é um fato indiscutível o quão certo ele está.

Algo que a mãe do Adam disse na nossa ceia martela na minha mente: "... nós não apenas torcíamos e acreditávamos, nós nos esforçamos para tudo melhorar...".

Sem querer e imaginar, a minha sogra acabou por falar algo que, indiretamente, é tudo o que eu preciso considerar para a nova convivência com os meus pais e para a minha própria paz de espírito.

- Ótimo... Era tudo o que eu precisava ouvir... - Tenho ciência de que a minha voz soou como uma divagação. - Você não gostaria de fazer um curso para ser psicólogo? Você leva jeito. E o seu salário iria triplicar...

Minha brincadeira o diverte, mas ele se sente na obrigação de negar.

- Mas se você quiser, eu posso ir lá levar um papo com os seus velhos. - Sua feição é maldosa para me fazer acreditar que irá para brigar.

- Sua proposta é muito tentadora. - Eu falo às gargalhadas.

- Ótimo. Agora me conta sobre a família do seu namorado. A mãe dele foi mesmo ruim igual você pensou que seria? - Anthony me encara em expectativa, curioso de verdade e já se divertindo ao ter uma breve ideia do que eu vivi na casa do Adam.

E durante as próximas quatro horas, nós dois ficamos jogando conversa fora sobre qualquer assunto, daquele jeito que não fazíamos há muito tempo.

- O Aaron está se enrolando pra cima da sua amiga ruiva. E pra cima da irmã do seu segurança. - Ele despeja dois minutos depois de anunciar a sua partida, já sabendo que eu ficaria curiosa e o impediria de ir embora até que me contasse tudo.

De volta ao sofá, desta vez puxado pelo braço por mim, Anthony gargalha e explica aos risos:

- A irmã do segurança é aquela tal morena que ele conheceu na viagem, lembra? - Ele revela como se fosse algo corriqueiro e que eu já estivesse cansada de saber.

Mesmo falando desta forma, eu sou surpreendida. Eu devo ter estado muito desligada para não perceber logo alguma dica vinda deles, ou então ambos conseguiram disfarçar muito bem.

- Nós organizamos aquela força tarefa para deixá-lo mais tranquilo, e as duas entraram no jogo. - Diante do meu olhar assombrado ele explica. - Acontece que ele relaxou demais com a nossa ajuda e começou a investir nas duas. Ao mesmo tempo. E levou dois enormes pés na bunda. Ao mesmo tempo. E ele continua indo pra cima delas. Ao mesmo tempo.

- A Maysa é a tal de Dubai?! Não brinca! - Mesmo com o que foi contado, eu consigo focar apenas neste pequeno detalhe.

Anthony revira os olhos e confirma.

- Ele revelou sem querer. Estava bêbado e me ligou pedindo socorro, porque o imbecil inventou de dirigir. Ele enfiou o carro num muro e a polícia o prendeu. Eu tive que salvar o traseiro do infeliz e até hoje está me devendo uma boa fortuna por causa daquele dia. Enquanto o cara chorava as pitangas no banco do carona do meu carro, ele deixou escapulir esse pequeno detalhe sobre a Maysa. - Anthony conta tudo num misto de diversão e irritação.

E é tudo inacreditável e divertido demais para acreditar!

- Isso tinha que acontecer com ele, não é mesmo? - Eu comento, fazendo-nos rir mais ainda.

- Ele está desorientado! Para ele é demais ser rejeitado por duas mulheres de uma só vez. - Anthony fala. - Mas nem isso o impede de ir à caça.

Eu reviro os olhos para a analogia besta, mas normalmente usada por ele e pelo Aaron, sabendo, também, o que sempre se segue a esta fala.

- Ele diz que precisa se exercitar e que as suas necessidades não exclusivas a uma só pessoa. - Ele também revira os olhos.

Apesar de ser mulherengo também, Anthony é mais discreto e mais respeitador do que o Aaron é. Ambos discutem sem pudores, às vezes, sobre as mulheres com quem vão para a cama, mas o Anthony sempre preferiu tratá-las com maior respeito.

- No fim das contas, ele não muda mesmo. - Suspiramos. - E é por atitudes e falas assim que ele continua solteiro.

- Ele ainda não mudou, mas a questão é que tudo o que está acontecendo com ele é demais. Não dou dois meses para ele mudar. - Ele diz, em tom de aposta.

- O Aaron é um cara legal, apesar dos pesares. Ele vai mudar, uma hora, mas não vai ser tão cedo assim. - Pensativa, eu digo aquilo que chega à minha mente no instante.

Todo o seu jeito por causa da paternidade, nos últimos dias, nos faz crer que ele irá mudar sim, ficará mais responsável e maduro em alguns assuntos, e de fato já apresentou uma pequena - mas considerável - evolução, porém ainda há um caminho considerável até lá...

- Nós nos vemos amanhã, no trabalho? - Anthony se levanta, preparado para ir embora.

- Claro. Vamos almoçar juntos? - Eu questiono. - Tenho vistoria em uma obra logo cedo.

- Eu acho que posso fazer o sacrifício de ficar uns minutos a mais por lá, amanhã. - Ele brinca.

Após algumas reuniões informais com ele e com o Aaron, Anthony decidiu trabalhar apenas por meio período, ao invés de tirar férias prolongadas, conforme eu sugeri como agradecimento por terem assumido o meu lugar quando eu estive ausente. Já o Aaron decidiu trabalhar normalmente, pois ele simplesmente precisa ocupar a cabeça com algo.

- O Adam volta quando? As aulas voltaram ontem. - Anthony questiona, e é surpreendido quando eu informo ser daqui a uma semana. - Vai demorar bastante ainda, então.

A contragosto eu aceno com a cabeça. Não é novidade a minha insatisfação por ficar tanto tempo longe do meu Adam; o que me conforta é saber que ele está bem e feliz com a sua família.

A risada baixa do Anthony me chama a atenção e eu passo a encará-lo.

- Você não esconde mesmo a sua insatisfação... Isso é ciúmes ou possessão? - Ele zomba bastante humorado e eu mordo a língua para não responder em um tom azedo que é apenas saudades. - Aaron e eu compramos um presentinho para o garotinho.

Isto desperta a minha total atenção e curiosidade.

- E é surpresa para os dois. - Ele se apressa em concluir.

Eu reviro os olhos e suspiro, abrindo mão desta discussão.

- Eu estava pensando em ensiná-lo a dirigir. Ele não iria aceitar bem que eu pagasse para ele, nem que eu desse algum carro de presente, mas eu quero ensiná-lo a dirigir. - Eu revelo a ele de repente o que eu penso há alguns dias.

Anthony começa a rir, puramente divertido.

- Você não tem paciência para explicar nem a um pedestre como chega à esquina da sua casa. - Ele ri mais ainda diante do meu olhar furioso.

- Pois saiba que eu tenho muita paciência com o meu Adam, babaca. - Eu rosno, irritada. - Eu ia, inclusive, chamar você e o Aaron para ajudar nas aulas, mas acabei de desistir desta ideia absurda. Eu mesma o ensino. Sozinha.

- E vai deixar que eu perca toda a diversão?! Jamais! - Ele gargalha alto. - Aaron e eu não iremos perder esta por nada na vida!

Sua feição de pervertido me faz rir e empurrá-lo porta a fora.

- Saia logo daqui! - Eu o expulso, e dentro do elevador, eu ainda posso ouvi-lo gargalhar e gritar:

- Deixe o carro preparado! E espero que o seguro esteja em dia!

****************************




Oe, gente!

Tudo bem?

Um aviso meio chato, mas necessário: Minhas aulas voltaram no dia 1º de janeiro. Estou fazendo duas matérias de projeto, que estavam atrasadas (a faculdade não estava oferecendo essas duas e, agora, para "tirar" o atraso do pessoal do quinto período, a faculdade liberou as matérias e gente está fazendo as duas em janeiro). Fato é que isso está me atrapalhando a escrever; eu não consigo me concentrar direito na escrita, porque as matérias são puxadas e os trabalhos que preciso fazer são bem complicados e o tempo é muito curto. Eu, como bolsista, não posso correr o risco de ir nem um cadin mal nessas matérias que são fundamentais para o meu curso :/

Por este motivo eu decidi pausar as postagens do livro aqui, por algumas poucas semanas (já fiz outras vezes e sempre voltei. Não desistam de mim agora! <3 hueheuheue). Hoje, neste exatíssimo momento, eu tenho apenas mais dois capítulos prontos, e estão sem revisão e sem título, ou seja, o meu "estoque" pra postagem finalmente chegou ao fim kkkkkkkkkkk e agora, além da faculdade, tem o fato do livro estar na reta final pra me deixar ainda mais pressionada. Quero finalizar o livro do jeitinho que tem que ser, perfeitinho pra mim e pra vocês. Entregar algo de qualquer maneira pra vocês, que sempre acompanharam e apoiaram (tanto a história quanto a mim) não chega nem perto de ser uma opção kkkkkkkk

Então, mais uma vez, eu peço a paciência, a compreensão e o apoio de vocês.

Então...

Este foi o sexagésimo quinto capítulo.

Espero, de verdade, que estejam gostando!

Volto em breve, com mais.

Bjão!







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