Black
Não consigo acreditar que Lisa está me deixando fazer parte da vida dela e da minha filha, muito menos que elas estão me aceitando tão bem.
Foi uma surpresa ótima ter recebido o convite para o jantar, e foi uma surpresa melhor ainda saber que ajudei Lisa com o problema que ela tinha.
Agora estou de volta no meu quarto de hotel com o meu telefone nas mãos, ligando para o Nick. Quero saber quando ele vai vir até aqui, também quero pedir para ele ficar de olho em uma das amantes do Greg, ela não me pareceu ser uma pessoa má, mas desde que é filha de um político importante na cidade, acho melhor ficar esperto.
- Fala mano. – Diz e eu escuto vozes de mulher ao fundo.
- Estamos indo para a Itália amanhã, então eu queria saber quando vai estar aqui. – Digo.
- Alexa me disse sobre a ex amante do falecido, ela me arrumou um apartamento no mesmo prédio que ela, então vou poder ficar de olho.
- Ótimo, as chaves dele vão estar na portaria. – Passo a informação que Alexa me deu.
- Alexa já cuidou de tudo. – Diz com orgulho.
- Sim, e eu ainda acho que devia dizer a ela que você é filho do Bradox, ela vai ficar feliz em saber. – Falo.
- Ela vai ficar brava comigo por estar mentindo para ela. – Lembra.
- Vai, mas quanto mais cedo você falar, mais rápido a raiva vai passar.
- Acho que ainda é cedo para pensar em dizer qualquer coisa para ela, sem falar que se eu contar isso ela vai descobrir que eu já sabia que ela não era filha dele, é isso ou deixar ela pensar que eu ia foder minha própria irmã, o que nunca iria acontecer.
- Pense no que eu te falei, é melhor que ela saiba por você do que por outro. – Digo e desligo.
Ando até a janela do meu quarto e admiro a vista, Nova York é uma cidade linda e agitada, e por mais que não queira admitir, senti falta de toda essa agitação, porém o clube é a minha família e ter que os deixar para trás é horrível. No entanto tudo o que estou fazendo é por um bom motivo, minhas garotas precisam de mim e eu nunca vou as deixar em segundo lugar.
Só preciso provar para Lisa que não sou um babaca e que posso ser o homem que ela precisa. E pelo que vi está noite, as coisas não vão ser tão complicadas quanto pensei.
Elas pertencem a mim, só precisam entender isso.
Deitado na minha cama eu penso em tudo o que a minha vida poderia ter sido e como as coisas estão andando. E pensar nisso me lembra que preciso pedir desculpas para Alexa, não devia ter falado com ela daquela forma. Eu de todas as pessoas sei que não devia julgar alguém por fazer a merda que tem que fazer.
****
8 Anos e 5 meses atrás
Estamos em um treinamento em uma zona de guerra, fomos escalados para ajudar na Operação da Liberdade. Uma coalisão que inclui Reino Unido, Austrália e Polônia, sob comando das tropas americanas.
Nosso objetivo aqui era desarmar o Iraque, em busca da paz, da estabilidade da segurança tanto no Golfo quanto em outros países.
Essa missão começou através da suspeita de que estariam sendo criadas armas biológicas, para serem vendidas a terroristas inimigos dos EUA.
Do meu ponto de vista uma merda completa, não se pode pacificar um pais que não quer ser pacificado, ficar aqui só vai mostrar o quanto esses terroristas precisam sem eliminados.
Afinal de contas hoje é meu pais que está sendo atacado, amanhã pode ser o seu. Mas ao mesmo tempo, noto que existe uma grande contradição, afinal um pais que vende armas para qualquer pessoa, não é o mais indicado para se dizer quem deve ou não deixar de usar armas.
- Cara, não sei você, mas essa porra mal começou e eu já estou pronto para ir embora. – Um dos meus companheiros de equipe diz ao meu lado.
- No seu lugar eu estava era me preparando, acha que eles nos mandaram até aqui por ser a mais perigosa? Isso aqui é treinamento.
- Não me falaram que ia ser assim quando me alistei. – Ele diz.
Eu só quero entender que tipo de idiota se inscreve para vir para guerra, em uma missão de pacificação e espera que seja fácil. Odeio esse tipo de gente.
- E você queria o que? Ninguém foi na sua casa te falar para se alistar, você está aqui porque quer.
- Cara que porra de problema é o seu?
- O meu problema é ter que lidar com idiota como você, que acha que tudo tem que ser fácil, isso aqui é guerra e não um passeio no parque. Pessoas vão morrer, pessoas morrem todos os dias e horas, estamos aqui para evitar que isso continue acontecendo, agora se você não está feliz com isso, saia. Ninguém aqui precisa da sua bunda insuportável por perto.
Com raiva eu me levando e saio da tenda que estamos dividindo, nossos outros companheiros estão reunidos em uma das tentas maiores, conversando com, conversando e bebendo. Seja lá de onde eles conseguem bebidas alcoólicas.
Assim que me aproximo escuto um pouco do que eles estão conversando, ao que parece Saddan Hussein foi descoberto e acabou fugindo, é para todos ficarem espertos pois alguns rebeldes estão atacando as bases para facilitar a fuga do filho da puta.
- Eu bem que queria que ele estivesse vindo para cá, ia ser ótimo matar esse desgraçado. E as pessoas não falariam nada. – Um dos caras a qual não lembro o nome diz.
- Ele não seria tão estupido. – Falo. – Se for, os caras que não o pegaram antes foram estúpidos, quem estava na missão na época? – Pergunto.
- Parece que no campo estavam as forças do Reino Unido, depois de um dos ataques na praça central da capital deles, nossos amigos decidiram que queriam ir a campo. – Brandon responde.
Começamos a jogar conversa fora quando uma agitação no portão de entrada da nossa base chama atenção, em seguida um tiro é ouvido e a barraca em que eu estava voa pelos ares. Meu companheiro de quarto ainda estava lá dentro.
Porra! Por mais filho da puta que ele tenha sido, não merecia morrer daquele jeito.
- Isso foi tiro de uma XM-25. – Falo.
- O acampamento foi invadido. – Grita um dos nossos.
Entre o nosso armamento existem diversos tipos de arma e entre elas está a XM-25, um dos lançadores de granada mais potentes que existem, ele é capaz de acertar um alvo há 700 metros dele. Isso me faz duvidar que eles estejam em nosso acampamento, e sim muito próximos de onde estamos.
- Eles estão perto e não aqui, o estrago teria sido maior se fosse um tiro de perto. – Grito para o meu comandante de equipe. – 700 metros ao redor do acampamento.
- Certo, Black você e Stivens vem comigo, os outros se dividam em equipes e de três e verifiquem o acampamento.
- É suicídio ir lá fora com uma equipe de três. – Falo.
- Isso é o que temos filho, então sugiro que pegue seu equipamento e venha, não podemos deixar que ele fuja.
Sabias e palavras as minhas, por mais que naquela noite tenhamos conseguido capturar Saddan Hussein, a minha equipe foi capturada e levada até um acampamento de rebeldes. O que deu início a uma longa semana cheia de dor e sofrimento, não sei como fomos encontrados, apenas que quem nos sequestrou foi morto. Stivens e eu fomos os únicos sobreviventes, junto com algumas mulheres que haviam sido capturadas e estavam sendo escravas sexuais daqueles homens.
Meu comandante aguentou três horas sendo torturado nas mãos dos rebeldes, enquanto Stivens se manteve vivo por tempo o suficiente para que ambos saíssemos de lá.
Ver crianças e mulheres sendo estupradas, me levou há um outro nível de raiva. E por mais que estivesse com raiva de como Blair agiu quando sai de casa, eu só queria saber que ela estava bem e segura.
****
Acordo assustado no meio da noite, sendo assombrado pelos gritos que ouvi vindo das salas ao lado, de onde fui mantido em cativeiro. Faz um tempo que parei de ter esses sonhos, meu psicólogo disse que esses pesadelos vão se repedir sempre que eu me sentir pressionado ou em uma situação que não tenha controle.
Lisa é sem dúvida nenhuma, algo a qual eu não tenho controle.
Olho no meu despertador e vejo que são cinco horas da manhã, e eu não tenho sono nenhum. Tudo o que eu quero é me levantar e ir até Lisa e Hanna, mas como não posso fazer isso eu simplesmente vou até a academia do hotel e me exercito. Quando está perto de ter que ir até as minhas garotas, subo para o quarto e depois de meia hora estou pronto para a nossa viagem.
Quando chego no apartamento de Lisa, as duas estão me esperando na porta do prédio ao lado do porteiro. Lisa parece cansada e eu me pergunto se ela conseguiu dormir.
Quando desço do carro para ajudar elas entrarem, enquanto o motorista recolhe as malas, dou um beijo na testa da minha filha e um abraço apertado em Lisa, que para a minha surpresa não luta contra mim.
- Dormiu bem? – Pergunto, e vejo ela corar.
Mas que porra foi essa?
- Sim. – É a resposta dela.
- Vamos voar. – Hanna grita quando entro dentro do carro e vamos para a pista onde o jatinho está nos esperando.
Nosso voo é tranquilo, Lisa decidiu me contar tudo o que a nossa filha aprontou durante toda a vida dela, e isso inclui até mesmo os casos de alergia falsa.
Espero que tenham gostado.
Beijos
Carol...