Espada e Dever - Um livro no...

By PetersonRodrigues

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Thystium é um mundo que possui os mais diversos perigos. Os inimigos atacam nas montanhas, rios, planícies e... More

Introdução
I
II
III
IV
V
VI
VII
VIII
IX
X
XI
XII
XIII
XIV
XV
XVI
XVII
XIX
XX
XXI
XXII
XXIII
XXIV
XXV
XXVI
XXVII
XXVIII
XXIX
XXX
XXXI - O fim

XVIII

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By PetersonRodrigues


Horas depois, dentro da construção.

– Você fez um excelente resumo de tudo que passou nas mãos da criatura. – disse Galiomordianstro com sua voz metálica e sem emoções. – Estou mais impressionado ainda, contudo não estão de posse da espada, presumo eu.

– Não, mas Udur garantiu que a traria para nós. – disse Gavril. – Ele é leal aos deuses, não mentiria quanto a isso. Você mesmo disse que ele é tido em alta conta pelos deuses.

– Os registros eternos confirmam o que você diz, espadachim. – disse o homem-ave. – Sei o que irão perguntar, então adiantarei. Os registros eternos são informações sobre cada um dos seres que caminham sobre Thystium. Apenas os escolhidos pelas Estrelas têm permissão para acessá-lo. Uma mente simplória simplesmente colapsaria ante a quantidade infindável de informações que o oceano subconsciente é capaz de oferecer.

– Você pode encontrá-lo, então? – perguntou Flayfh.

– O anão Udur está de fato vindo para cá. – respondeu a ave metálica. – Mas o feiticeiro ao qual vocês procuram, somente você pode encontrar. Foi o que as Estrelas me disseram. É assim que irão penitenciar você, com um mergulho no oceano de ideias inacabadas.

A clériga manteve-se compenetrada, sem demonstrar nenhum abalo ante à informação que havia recebido, enquanto Gavril dirigia-se a entrada do templo para deixar os dois servos dos deuses à sós. O guerreiro sentia sua mancha negra queimar seu corpo, a dor não era das maiores, porém incomodava o bastante.

– Você faz parte desta missão, guerreiro. – disse Galiomordianstro. – Você irá defender o templo contra os invasores, enquanto eu auxilio a clériga para que ela se mantenha viva no mundo subconsciente.

– Proteger contra o quê? – perguntou o guerreiro.

– Contra quem. – respondeu a ave. – As criaturas que seguem a vocês dois estão se reunindo e já os encontraram, seguiram as manchas negras em seus corpos, farejando como cães farejam o medo. Chegarão aqui ao amanhecer em grande quantidade.

– Os malditos devem pensar que temos a espada, não é? – perguntou Gavril dirigindo o olhar para Flayfh. – Só pode ser isso. Que assim seja então. Cuidarei do templo.

O espadachim apertou o cabo de sua espada e fechou os olhos imaginando cenários de batalha em sua mente. A mancha negra pulsava em sua pele e, ao passo que mantinha a concentração, Gavril sentia a ferida se espalhando em sua alma.

Os dois servos do Povo das Estrelas rumaram para as partes mais internas da construção através de um longo túnel rochoso e parcamente iluminado por tochas espaçadas nas paredes. Comentaram sobre uma conexão maior com os céus e a voz de ambos desapareceu conforme deixaram a entrada do local, bem como a proteção da mesma, a cargo do espadachim de olhos dourados. Flayfh arriscava alguns olhares para trás, em direção à Gavril, sequiosa por saber o que se passava na cabeça do guerreiro. Preocupada com o que viria pela frente.

**

A noite foi longa e arrastou-se o quanto pode. Gavril manteve-se desperto, sentado à porta do templo, observando o horizonte, sentindo a temperatura local cair, imaginando deuses vivendo na escuridão dos céus, iluminando tudo com seus olhos cheios de magia. Era um mundo louco de se viver.

Os primeiros raios de sol despertaram o guerreiro de seu breve cochilo. Uma horda de dezenas de criaturas dirigia-se ao templo em grande velocidade. Os Nyax pareciam maiores, mesmo à grande distância. Um frio subiu à espinha e o espadachim concentrou-se na tarefa, buscando em sua mente a voz de sua lâmina. Estava grato por finalmente poder enfrentar aquelas criaturas sem nenhuma preocupação que não fosse eliminar cada um deles. Com sorte, o próprio Feiticeiro Azulado estaria entre os invasores, poderiam vencer a maldição ali mesmo.

Uma contagem rápida revelava mais de duzentas criaturas subindo a montanha. Talvez fossem inimigos demais até mesmo para Gavril, mas o guerreiro sorria. "o dever é maior do que o homem que o carrega" dizia para si mesmo cheio de confiança.

Ele gritou do fundo de sua alma e saltou em direção aos inimigos, impulsionado por sua habilidade de voo. Não se preocupou com o pouso, desceu descarregando sua fúria contra os adversários, rompendo qualquer formação que apresentassem e deixando que sua espada cortasse seguidas vezes e atingindo dezenas das criaturas em poucos instantes.

Girava sua lâmina para todos os lados, mutilando os Nyax que estavam mais próximos. Era fácil acertar a multidão que o cercava. Quando percebia que alguns desvencilhavam-se da batalha, saltava alguns metros adiante e, com golpes rápidos e letais, impedia que prosseguissem. O chão era pintado de vermelho pelo sangue dos inimigos e do próprio espadachim que via passando por seus olhos partes dos adversários arrancadas com a potência dos golpes. As criaturas guinchavam e se retorciam, mas não paravam os ataques. Com seus dentes e garras, feriam cada centímetro que conseguissem alcançar para retaliar.

Após poucos minutos de batalha, havia uma pilha de inimigos mortos. Gavril apresentava cortes nas pernas, braços, peito, costas e um corte profundo no seu rosto e que atingia ao olho esquerdo. O espadachim arfava olhando ao redor e esperando que mais das criaturas avançassem sobre ele. Os músculos de seus braços tremiam mediante o esforço, mas ele ainda não poderia parar.

Respirou fundo e gritou mais uma vez, agarrando um dos Nyax pelas orelhas e atirando contra um grupo que estava próximo. Saltou por sobre os monstros derrubados e desferiu dez golpes em poucos segundos. Sua espada era leve, mais leve do que qualquer outra, e seus braços fortes e treinados. A vantagem numérica das criaturas parecia não significar nada e Gavril seguia derrubando tantos adversários quanto pudesse alcançar com a ponta de sua lâmina. A quantidade de mortos crescia a cada sequência de golpes rápidos desferidos pelo espadachim, que atingia com violência cada um dos inimigos. Com suas corridas e rolamentos, o guerreiro deslocava-se pelo campo de batalha e mantinha a luta afastada do templo.

Por mais que os Nyax desejassem chegar ao templo, não conseguiam vencer a habilidade e determinação de um único homem. Com uma hora de batalha, restavam menos de trinta oponentes de pé.

O guerreiro esforçava-se por ignorar toda a dor que sentia, mas era difícil manter-se de pé. Seu corpo estava coberto de ferimentos diversos, não conseguia enxergar com o olho esquerdo nem ouvir com o ouvido do mesmo lado. Sua cabeça latejava, após ter sido atingido em cheio por um dos oponentes que usava uma clava improvisada. A mancha em seu peito ardia como nunca. Por um instante a espada quase escapou de suas mãos, mas Gavril a manteve firme com um giro rápido.

– Acho engraçado como vocês nunca se rendem, nunca fogem. – disse o espadachim em meio à arfadas. – Ficam aí, apanhando e morrendo. Vocês não vão passar! Estão ouvindo? Ninguém!

As criaturas tagarelavam em sua própria língua. Rodeavam o guerreiro. Haviam desistido de chegar ao templo, tudo que almejavam agora era a morte daquele inimigo. Aproveitando-se do ponto cego do espadachim, três Nyax agarravam e morderam seu braço com toda a força que possuíam, obrigando Gavril a largar sua preciosa lâmina como que por reflexo. O braço estava tão ferido que foi incapaz de manter a força da mão.

O momento em que a espada atingiu o chão passou pela mente do espadachim em câmera lenta. As criaturas, cientes da oportunidade, investiram em carga, cravando dentes e garras por todo corpo do guerreiro e aumentando o número de ferimentos em seu corpo. A vida, breve e repleta de lutas de Gavril passava diante de sua mente. Sentia o torpor invadindo seus sentidos novamente e suas forças já esgotadas chocavam-se com sua determinação também no limite. Antes de embarcar no último e derradeiro sono, sua mente faiscou com uma fagulha de esperança. O bracelete da academia, prêmio dado aos discípulos de Benvahn e que concluíam aos treinamentos, era uma reserva de energia mágica. Não era hora de morrer ainda.

Gavril esforçou-se para firmar a postura e buscar para si o pouco de força que havia no bracelete mágico presenteado por seus mestres e então a magia inundou seu corpo mais uma vez.

A temperatura do local subiu mais de vinte graus em segundos, pois o corpo de Gavril aquecia tudo em um raio de dezenas de metros. Os Nyax que julgavam o inimigo vencido não poderiam estar mais surpresos ao serem atingidos pelo sopro de fogo que os varreu da região. 

Restavam agora menos de dez dos monstros e as forças do espadachim já haviam atingido o último dos limites.

Ele caminhou até sua espada e não conseguiu conter um sorriso debochado ao perceber o pânico das criaturas sobreviventes em meio as chamas. Elas certamente não esperavam por aquilo. Não contavam que as habilidades naturais aleatórias, presentes em todos os humanos, fossem tão destrutivas no corpo de Gavril. Contrariando todos os ensinamentos de honra aprendidos através da doutrina de Langear, o espadachim regozijou-se com a cena.

Com dificuldade ele atacou os últimos dos Nyax, que até tentaram fugir, quase fazendo com que o espadachim tropeçasse de tão fraco que estava ao caçá-los. Gavril se jogou contra os últimos dois monstros, enterrando a espada no peito de um deles e quebrando o pescoço do último com um estalo e sem fazer muita força nos braços. Despencando no chão em seguida.

Deitado em sua própria poça de sangue, Gavril respirava com dificuldade e sentia que muitas coisas dentro de seu corpo não iam bem. Pela dor que se mover causava, ele julgava ter alguns ossos partidos, talvez tivesse arrebentado alguns órgãos também. O sol batia diretamente em seu rosto. E ali ele ficou, deitado e arquejante, sentindo a brisa matinal que soprava sobre o monte decorado por uma pilha de centenas de Nyax destroçados.

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