Meu Imortal - A Maldição De V...

By LarissaWalters

18.6K 3K 3.6K

HISTÓRIA CONCLUÍDA ✔ 2° lugar em Fantasia no Concurso Atlantis 1° Edição 3° Lugar em Fantasia no Concurso A.E... More

Prólogo
Capítulo I - Rosa Negra
Capítulo II - Pequena confusão
Capítulo III- Misterioso Herói
Capítulo IV- Homem de capuz
Capítulo V- Misterioso V.G
Capítulo VI- Outra vez não!
Capítulo VII - Em apuros
Capítulo VIII- Socorro
Capítulo IX- A Aberração
Capítulo X- Não é ela, Viktor!
Capítulo XI - Fuga
Capítulo XII - Alcateia
BOOK TRAILER OFICIAL (TEMPORÁRIO OU NÃO)
Capítulo XIII - Não há esperanças
Capítulo XIV - Quem sabe um começo.
Papo sério...
Capítulo XV - Lembranças
BOAS NOTÍCIAS!!!
Capítulo XVI - Fio de cabelo
Capítulo XVII - Tentando um recomeço
Capítulo XVIII - Pedido de partida
Capítulo XIX - Lar doce lar
Capítulo XX - A adaga
Capítulo XXI - Misterioso V.G. desvendado
Capítulo XXII - Pedido inesperado
Capítulo XXIII - O salão de dança
Capítulo XXV - Visita de uma velha inimiga
Capítulo XXVI - Sonhos disformes
SOCORRO!!
Capítulo XVII - Um pouco sobre a maldição
Capítulo XXVIII - Grande confusão
Capítulo XXIX - A voz em sua cabeça
Capítulo XXX - O livro
Capítulo XXXI - As letras se revelam
Capítulo XXXII - A Maldição de Viktor
Capítulo XXXIII - Fuja!
Capítulo XXXIV ­­­- O início da tempestade
Vocês decidem!
Capítulo XXXV - O retorno de Elizabeth (parte I)
Betas
Capítulo XXXV - O retorno de Elizabeth (parte II)
Alguns pontos..
Capítulo XXXVI - A voz no corredor
Capítulo XXXVII - Uma vida por uma vida (Parte I)
Capítulo XXXVII - Uma Vida por uma Vida (Parte II)
Capítulo XXXVII - Uma Vida por uma Vida (PARTE III)
Epílogo - Somente aquela que o amaldiçoou, o libertará (Parte Inicial)
Epílogo - Somente aquela que o amaldiçoou, o libertará (Parte final)
COMUNICADO IMPORTANTE

Capítulo XXIV - A Magia de uma valsa

294 46 44
By LarissaWalters

Boa leitura :D

__________________________________________________________________________________________________


          A luz fraca do sol tímido daquela manhã fria pintava o quarto sombrio de Viktor pela grande janela do local. A sua cama de cores escuras igualmente as paredes do local era acariciada pela luminosidade do dia, no entanto, Viktor que a muito estava estático sentado na poltrona que escondia-se dos raios solares, olhava um ponto qualquer mergulhado em pensamentos.Ele movia os olhos, olhava vez ou outra para diversos lugares, mas simplesmente não via nada em sua frente.

Seus pensamentos vagavam e giravam, mas sempre retornavam para o mesmo ponto: Kristen. Desde a noite passada onde a mesma houvera conhecido um dos lugares que mais lhe traziam lembranças, o local onde outrora passara momentos maravilhosos, agora era o motivo para um aperto esquisito no peito e ele nem entendia porquê.

Quando a levara àquele local tinha em mente surpreendê-la, mostrar que a mansão podia ser um lugar interessante e que ficar era uma boa opção, entretanto, não imaginara em momento algum que ela faria aquele pedido. Era algo simples sim, uma valsa apenas, um gesto bonito, uma dança que marcaria a volta dela, mas, para ele, aquilo era demais. Quando o pedido dela adentrara seus ouvidos ele se sentiu exatamente incomodado. E depois impotente.

Tudo que a moça queria era marcar aquele novo lugar que houvera acabado de conhecer, mas ele era incapaz de proporcionar isso a ela. O que ele faria, afinal? Seguraria a mão dela para logo vê-la contorcer-se de dor e padecer ali mesmo? O que poderia fazer se o mínimo de seu toque a levaria para valsar com a Morte? Não havia o que fazer se não manter-se isolado do mundo que a muito vira repudiá-lo.

Quando recordava-se dos inúmeros bailes oferecidos por sua família em que dançava sem direito a cansaço com a dona de seu coração agora inativo, ele quase podia sentir os pés flutuarem, dançarem por si só ao som da orquestra que pareciam tocar somente para ele e sua amada Marie.

Quando a imagem dos cabelos ruivos dela flutuando no ar a cada rodopio, a imagem do sorriso que mais parecia uma janela aberta com a majestosa luz do sol cegando todos, quando lembrava-se o modo como sua mão se encaixava perfeitamente na curva de seu corpo, seu mundo parecia querer brilhar, resplandecer em alegria. Mas, logo depois, a amarga ilusão o puxava de volta para baixo o mergulhando na mais densa escuridão de um poço sem fundo e frio.

Viktor abaixou a cabeça deixando a mesma descansar em umas das mãos que estava apoiada no braço do móvel tamanha a frustração que lhe tomara. Pensando em tudo aquilo, o que mais lhe atormentava era o tamanho da maldita impotência a que fora condenado a conviver.

Aquilo poderia ser algo extremamente pequeno e insignificante para outras pessoas mas, para ele, era uma das maiores provas que continuar "vivendo" não tinha sentido nenhum. Sequer tocar alguma coisa sem fazer um estrago era possível para si, sequer atender ao pedido de uma mulher podia satisfazer, sequer parecer normal estava ao seu alcance, sequer viver sem que algo lhe lembrasse da aberração que fora condenado a ser era algo minimamente possível para sua pessoa.

Quando ele lembrava-se dos momentos maravilhosos que tivera a proeza de realmente viver e que agora eram apenas lembranças vagas e longínquas, tudo que ele desejava era que a companheira Morte o levasse de vez para o outro lado, que aquilo tivesse um fim. Mas sempre que lembrava-se que até a Morte parecia ignorar seu pedido desesperado por socorro, que até a entidade que todos temem parece rir de seu sofrimento, ele então notava que tudo que lhe restava era lamentar pelo resto de seus dias intermináveis.

As vezes, lembrando de tudo que perdera, ele tinha a leve sensação que nunca realmente vivera suas lembranças. Parecia algo tão vago, algo tão superficial que lhe trazia a sensação que ele sempre fora aquela aberração desde o nascimento e que nunca tivera vida verdadeiramente.

Após a noite passada, quando deixara a moça jazer solitária no grande salão de dança, Viktor sequer havia ido acompanhar Margareth no jantar que estava já posto. Quando subira apressadamente os degraus da escada bifurcada e apressado adentrou o seus aposentos, desde ali, ele não havia mais destrancado a porta para nada.

Havia se posto em cima da cama, estático, olhos vagos, feições fechadas. O sono era algo que não o incomodava a muitas décadas então, quando deu por si, a luz pálida do dia cinzento adentrava a vidraça de seu quarto anunciando um novo dia. Margareth já devia ter encontrado Kristen e por essa razão sabia que não devia incomodá-lo. Sua mãe de criação conhecia bem suas reações sempre que sua maldição vem a tona.

Após o longo tempo que havia passado sentado na poltrona, Viktor finalmente levantou-se. Se sentia fadigado, cansado de tudo, até mesmo dos raios solares que mal aqueciam algo. Com passos pesados, Viktor rastejou lentamente até que já de fronte a vidraçaria fechada, ele fechou também as cortinas grossas privando o ambiente de qualquer luz.

                             ***

         Já a algum tempo Kristen estava olhando a paisagem do verde que cercava a mansão. Tudo estava muito monótono, como sempre. Seus cotovelos já começavam a doer visto o tempo em que estava apoiada sobre eles. Ela se encontrava em um corredor onde algumas janelas eram distribuídas pelo próprio deixando a luz do novo dia adentrar a melancólica mansão. Tudo estava silencioso, até os pássaros pareciam cansados demais para cantar deixando tudo muito tedioso.

Os olhos cristalinos de Kristen vagavam pela paisagem. A janela era um bom tanto alta, por esta razão, ela conseguia ver tudo muito amplamente e sem sacrifícios. Já a um bom tempo ela vira Margareth sair e esperava ansiosa o retorno da senhora.

Após a noite passada, quando fora largada no meio do grande salão de dança, tudo que ela esperava era que seu plano desse certo. Quando viu Viktor partir magoado com seu pedido inconveniente de uma valsa quando tão visivelmente tal ato não seria possível, ela sentiu seu coração apertar em culpa.

Ela não se sentira brava tampouco ficara surpresa com a reação dele. De fato ela não havia feito aquilo por querer magoá-lo ou querê-lo vê-lo mal, mas seu ato ingênuo de não lembrar-se do episódio onde o toque de Viktor a fez gritar de dor com certeza havia acabado com a noite dele. Por consequência, a dela também.

Ela detestava ter que admitir erros, seu orgulho por vezes exarcebado lhe impedia muitas vezes de praticar tal ação, entretando, naquela situação ela não via problema algum em procurar Viktor e pedir as mais sinceras desculpas para o próprio. Se ela ficaria sob o mesmo teto que ele então que fosse em uma situação de paz, algo agradável e não em um clima de tristeza como ela havia imposto sem querer.

Tamanha ingenuidade ou talvez burrisse de sua parte a fez soltar um suspiro cansado. Novamente errara com Viktor. Maldições! O olhar vago de Kristen, entretanto, abriu-se consideravelmente e ela levantou-se da sua posição incômoda quando avistou ao longe uma charrete vir na direção da mansão.

Sem esperar um minuto sequer, ela saltou dali e correu entre os corredores até avistar a longa escada bifurcada da sala. Ela desceu por eles como um raio não se importando com a possibilidade de um belo tombo. Tão rápido quanto descera as escadas, ela passou pela ampla sala do local e logo tomou a maçaneta dourada da porta negra e escancarando-a correu para o lado de fora.

A senhora descia com a ajuda do cocheiro de cima da charrete e despedia-se simpática do mesmo.

— Muito obrigada, senhor Holmes — a senhora sorriu pegando as muitas sacolas de pano nas mãos — Da próxima prometo não demorar tanto em minhas compras.

— Disponha, senhora Margareth — ele segurou na aba do chapéu fazendo um aceno educado com a cabeça para logo tomar as rédeas dos cavalos e dar meia volta.

Kristen já estava na sequência de degraus que davam para o chão de ladrilho do local, e quando o senhor já partia, ela correu apressada de encontro a senhora.

— Estava ansiosa pela sua chegada, Margareth. Deixar-me ajudá-la — Kristen tomou algumas das sacolas da senhora logo seguindo a senhora em direção a porta de entrada da mansão.

— Obrigada menina — agradeceu pela ajuda — Devo confessar que o que me pediste tomou um bom tanto de tempo. Não foi fácil encontrar.

— Mas achou? — ela não disfarçava a ansiedade na voz.

— Não foi fácil, como já disse, mas encontrei sim — a senhora sorrira orgulhosa.

Terminado de subir os degraus, Kristen logo entrou apressada com as compras dentro da mansão e, fechando a porta rapidamente, ela colocou as compras no chão imitando o gesto que Margareth havia feito.

— Onde está o menino? Não saiu ainda? — a senhora miúda perguntou abrindo umas das sacolas e procurando algo dentro.

— Não. Sequer vi sua face desde a noite passada — respondeu triste olhando vaga para a escada como se esperasse que o anfitrião descesse por ali.

— Previsível. Sempre que algo envolve seu toque ele se isola de todos para pensar. Se martirizar sozinho, talvez — Kristen não respondeu. Não havia o que dizer mesmo.

A senhora pareceu encontrar algo em uma das bolsas e puxou fazendo com que algumas compras que estavam em cima caíssem no chão. Kristen começou a apanhar os objetos quando a senhora pôs uma caixa coberta de veludo negro na frente de seus olhos tomando a atenção dela para si.

— Aqui está o que me pediste — Kristen levantou-se com os objetos que houvera apanhado e os entregando para Margareth. Ela deixou que suas mãos livres segurassem a macia superfície da caixa em forma retangular.

— Parece bem sofisticado — comentou já procurando o feixe da caixa. Achando-o, Kristen logo ergueu a tampa da caixa e então ela pôde vê-las perfeitamente. Eram brancas, delicadas, seu tecido era macio e estavam dobradas delicadamente.

— Eu espero que o que planejas com isso dê certo — Margareth comentou abaixando-se para pegar as sacolas que deixou jazer no chão coberto por um longo tapete.

— Eu também espero — respondeu olhando para o objeto em mãos.

— Menina, — a senhora ergueu-se com as mãos ocupadas por duas bolsas pesadas — ajude-me com as compras, por gentileza.

                            ***

         O silêncio acariciava os ouvidos de Viktor. Suas mãos postas sobre as grades na varanda de seu quarto sentiam o metal frio na sua pele também fria e pálida. A tarde já chegava ao seu fim dando lugar pra um crepúsculo belíssimo no céu. Seus olhos amarelos vagavam pela paisagem que já nem lhe impressionava visto o tanto de vezes que vislumbrou aquela mesma imagem.

O vento acariciando o seu rosto o fez fechar os olhos para deliciar aquela sensação. As árvores balançando ao sabor do vento emitiam um som gostoso e relaxante o fazendo querer passar a noite inteira ali. No entanto, Viktor não poderia. Tinha de sair, queria sair. Ficar trancado em seu quarto nunca fora difícil para si, mas ele necessitava ir a floresta, sentir mais intensamente o frio da noite, ouvir o canto das aves noturnas próximas a si.

Aquilo acalentaria seu ser, o faria sentir harmonia.

Então Viktor adentrou de volta seu quarto fechando as vidraças que davam para a varanda atrás de si. Ele puxou as cortinas deixando seu quarto escuro novamente. O caminho para a porta já estava decorado então a ausência de luz não foi o suficiente para fazê-lo tropeçar em algum móvel.

Quando já estava no corredor, Viktor trancou seu quarto pronto para vagar pelos corredores vazios, todavia, um papel branco ao pé da porta chamara sua atenção. Ele franziu o cenho em uma reação instintiva e abaixando-se deixou o papel deslizar para sua mão. Ele estava dobrado delicadamente, parecia ser apenas um pedaço de uma folha qualquer, mas carregava consigo uma fragrância.

Ele elevou o papel até as narinas e aspirou aquele perfume tentando reconhecê-lo, porém aquele perfume não lhe disse muita coisa. Ele não o conhecia. Desistindo do perfume, Viktor desdobrou o papel contemplou um curto recado.

Encontre-me.

Era a única coisa escrita no papel. Ele manteve seu cenho franzido tentando também reconhecer aquela letra embora ele tivesse certeza que nunca a vira em sua vida. O que aquilo signicava? Quem havia posto aquilo ali? Ainda com o papel em mãos ele olhou para os dois lados do corredor procurando algo que explicasse aquilo. O que ele deveria encontrar afinal?

O corredor estava aparentemente vazio, somente sua figura estava lá. Viktor deixou que seus pés deslizassem pelo corredor e logo começara a andar. O papel ele deixou jazer dentro do bolso de sua calça. Os olhos amarelos estavam atentos, procuravam algo nos corredores que estivesse fora do lugar ou que lhe exclaressem algo.

Ele vagara por alguns corredores, mas aparentemente tudo estava em sua devida ordem. Quando já podia ver as escadas bifurcadas, entretanto, um novo papel estava próximo a mesma. Novamente ele varrera o ambiente com o olhar tentando achar alguém, mas tudo estava vazio se não fosse por ele e o papel. Ele andou calmo e logo tomou o novo papel em mãos.

Repetindo o gesto de aspirar o papel, novamente ele pôde constatar que o mesmo perfume estava lá. Preparado para novamente encontrar a caligrafia do outro bilhete, ele desdobrou e, como esperado, novamente lá estavam as letras com um recado misterioso.

O anjo voltou a chorar e a rosa parece bem mais viva.

O que diabos aquilo queria dizer?
Naquele momento, aquela frase lhe parecia uma metáfora muito bem articulada. Em sua cabeça não viera nada se não apenas uma grande interrogação. Quem estava querendo brincar consigo? Com a curiosidade extremamente aguçada, Viktor analisou variadas vezes aquele novo recado. Aquilo não lhe dizia nada tampouco parecia algo vindo de alguém sóbrio.

"O anjo voltou a chorar..."

Que anjo seria este? — ele perguntava-se.

A cabeça de Viktor rodava, procurava um sentido para aquilo, mas simplesmente não chegava a conclusão nenhuma.

O anjo voltou a chorar; a rosa parece mais viva...

Em rápido clarão Viktor lembrou-se da noite anterior quando, no salão de dança, contemplava as feições do anjo que segurava uma rosa em mãos. Será? Será que aquela pessoa dos recados estava falando daquele anjo? Mas se fosse, quem mais além dele e Kristen poderia saber do anjo? Haveria um invasor em sua casa?

Ao pensar em tal hipótese Viktor ficara alarmado. Se havia alguém em sua casa sem ser seu convidado ele tinha de tirá-lo. Não admitiria em hipótese alguma um intruso que pudesse ameaçar sua paz já um bom tanto fragilizada. A curiosidade tomava conta de seu ser, e sem saber o que poderia encontrar, ele andou a passos rápidos indo para o corredor onde daria para o salão de dança.

Ele andava tão rápido e apreensivo que nem notou quando fechou os punhos fazendo com que o recado recente ficasse amassado. Atravessando algumas esquinas, logo a alguns metros de si ele podia contemplar a majestosa porta creme com detalhes dourados do local.

Quando já se encontrava de fronte a mesma, um pequeno pedaço de papel novamente estava posto ao pé da porta. Sem achar mais graça alguma naquela brincadeira, ele pegou o papel e rapidamente desdobrou-o lendo as palavras ali escrita.

As lágrimas dele banham seu corpo. Veja!

Ele suspirou pesado, e ao pegar a maçaneta da porta em mãos pôde então notar que a porta estava apenas encostada. Tinha alguém lá dentro, ele teve certeza.

Ele empurrara a madeira e suas dobradiças rangeram anunciando sua entrada. Ele nem sequer se dera ao trabalho de fechar a porta atrás de si e logo varreu o ambiente procurando algo ou alguém. Estava preparado para qualquer coisa.

Todavia, o que seus olhos viram não fora mais que um amplo ambiente vazio. Não tinha ninguém lá. Ele franziu o cenho e mais alarmado que nunca ele procurava qualquer coisa ali. Não havia nada apenas um detalhe que só aguçou mais sua curiosidade e apreensão.

No meio do salão, onde a terna escultura do anjo na fonte posava divinal, o anjo chorava. A fonte estava forrada de água, os olhos dos anjos a muito escassos de água agora fluíam majestoso como outrora banhando todo seu corpo.

Viktor aproximou-se dali cuidadoso, tentou entender quem houvera novamente ligado a água que dava vida para aquela antiga fonte. Quando contemplava o anjo próximo a si, no entanto, ele notara que por sobre o círculo que formava o formato da fonte havia uma caixa envolta em veludo negro e, por sobre a mesma, havia mais um bilhete.

Viktor tinha de admitir, aquilo já o estava irritando. Quem quer que fosse que estivesse fazendo aquilo deveria querer brincar com ele, mas ele não estava mais para brincadeira. Sem paciência, ele pegou o bilhete sem delicadeza e leu-o.

Vista-se, o baile já vai começar!

Novamente ele varreu o local. Baile?

Viktor então abriu a caixa e, diferente de tudo que imaginou que poderia achar dentro daquela caixa retangular, lá estavam luvas brancas dobradas.

— Que diabos isso significa? — ele murmurou pegando as luvas em mãos.

— O baile nos aguarda — uma voz ecoou no ambiente. Viktor olhou alarmado para onde ouvira vir aquela voz e, saindo devagar detrás de uma pilastra, ele encontrou uma mulher.

— Senhorita Sartórios? — ele franziu o cenho vendo ela aproximar-se lentamente. Trajava um belo vestido rosado, um decote em V era coberto por renda onde haviam pequenas rosas bordadas na mesma. A bela renda expandia-se até os braços descendo até o eu pulso. Seu cabelo estava por sobre seu ombro direito em uma longa trança; sua boca estava rosada e sua face pérola traziam consigo bochechas rosadas.

Ela estava deslumbrante.

— Demoraste um bom tanto para chegar, Senhor Greembell — ela comentou já fronte a ele sorrindo delicada. A luz da lua que adentrava as quatro grandes vidraças do local deixavam ela pálida, sua face era comparável a de uma boneca de porcelana.

— Devo confessar que estou confuso — ele disse — O que está acontecendo?

— Achaste mesmo que negando-me uma valsa eu simplesmente aceitaria? — ela sorriu.

— Por favor, me explique o isso tudo significa.

— És um bom tanto devagar para entender coisas simples — ela riu — Tudo está tão claro.

Kristen então aproximou-se dele. Ele, por sua vez recuara um passo, no entanto ela continuou a aproximar-se de si. Viktor estava estarrecido, não sabia o que fazer, dizer ou mesmo o que estava acontecendo ali.

— Não tema — ela disse doce de frente a ele. O olhar dela que estava sobre as feições dele, mas logo fora traída pelas luvas nas mãos dele. Kristen aproximou suas mãos das dele, mas ele recuou.

— Senhorita Sartórios, o que está fazendo? — ele perguntou quando ela tomou as luvas da mão dele.

— Estenda a mão — pediu. Ele, entretanto não obedecera, apenas a fitou extremamente confuso com tudo aquilo — Estenda a mão, por favor — pediu novamente.

Receoso, ele olhou para a própria mão pálida que se tornava ainda mais pálida com a luz que batia em si. Muito cuidadoso e sem saber se deveria mesmo fazer aquilo, ele estendeu a mão. Kristen então, delicadamente e sem tocá-lo, fez com que uma das luvas delizassem sob a pele dele cobrindo a mão dele com o tecido.

Na outra mão ele fez o mesmo, e então sorriu satisfeita. Viktor estava perdido, sentia como se estivesse lhe dando com a metáfora em pessoa. Com as mãos enluvadas, Kristen então as segurou entre as suas. Viktor arregalou os olhos com o gesto visto que nunca permitira  que ninguém o tocasse nas mãos, mas, ao notar o que acontecia, deixou sua face relaxar e ele então olhou para ela um bom tanto emocionado.

— Eu não a estou machucando — concluiu.

— Não, não está — ela sorria abertamente. Viktor fitou sua mão e então, pela primeira vez desde a noite passada, deixou um sorriso sincero desenhar seus lábios sem vergonha alguma.

Antes que ele pudesse falar qualquer coisa, a luz do grande lustre do local acendeu-se sozinha e iluminou todo o ambiente com uma forte luz amarelada. Viktor fitou o lustre assustado, não entendia quem fizera aquilo e porquê fizera. Kristen então, também de mãos enluvadas, tomou a face dele nas mãos fazendo com que o olhar dele voltasse novamente para si.

— Valse comigo, Senhor Greembell — sorriu terna.

— Isso fora tudo um plano? — perguntou deixando um sorriso surgir novamente.

Ela respondeu com um riso.

— Mas não há música — ele argumentou olhando para o ambiente.

— Não importa — ela respondeu. A mão dela ergueu e então, com o dedo indicador ela tocou a testa dele — Pense na sua música preferida. Deixe a melodia fluir em seus ouvidos mesmo estando no mais profundo silêncio. Faça-a tocar aqui.

Viktor sorriu. Estava impressionado. Ela sorria na sua frente esperando uma resposta dele, e então, estendendo a mão para ela, ele fez uma reverência como a muito não fazia.

— Me daria a honra dessa dança? — ele perguntara. Ela sorriu e, também com uma reverência levantando levemente o vestido, ela estendeu a mão para ele e ele a puxou para perto de si fazendo seus corpos colarem.

*(Valsa na mídia)*

Viktor então fechou seus olhos antes de dar qualquer passo. As lembranças lhe invadiam a mente e antes mesmo que notasse deu um passo para frente guiando Kristen na mesma direção. Uma bela melodia parecia soar em sua cabeça, os violinos, o piano, a orquestra, tudo estava ficando vívido em sua mente.

Seguido pela doce canção que cada vez se tornava mais real, os próximos passos de Viktor foram fluindo naturalmente. Um passo para frente outro para trás e então para os lados. Seus pés flutuavam, e quando percebeu estava deslizando pelo salão, fazendo do enorme espaço um palco. Kristen era guiado por seus passos.

O grande ambiente outrora mergulhado no silêncio agora parecia um verdadeiro baile. A música parecia tão perto que Viktor poderia jurar que Kristen a ouvia também. Seus passos eram pura sincronia, o salão era só deles. Viktor então permitiu-se abrir os olhos, mas o que seus olhos lhe mostraram foi a mais bela imagem em anos.

O salão estava cheio, vários convidados os olhavam sorridentes maravilhados com a sua valsa. A orquestra tocava como se para os Deuses, todos vestidos de gala, mulheres suspirando para estar no lugar de Marie.

Ela estava com o corpo colado ao seu, seus passos pareciam ser a mais perfeita sincronia, o vestido rosado que trajava flutuava a cada giro, a trança ruiva se jogava ao vento. Tudo estava iluminado. O majestoso lustre cobria todos com a sua luz, semelhante a própria lua sobre suas cabeças. Muitos casais esperavam o anfitrião terminar sua valsa para então ocuparem o meio do salão.

Marie sorria abertamente fronte a si e Viktor a rodopiava, levantava-a pela cintura fazendo com que parecesse o mais angelical anjo. Estava tudo perfeito. Passo ante passo, rodopios e vôos, Viktor se sentia por sobre as nuvens, o chão parecia sumir de seus pés e ele voava, pairava sobre o piso dos Deuses.

A mão na cintura de Marie era o mais perfeito encaixe, o sorriso iluminado dela era a mais pura luz esculpida pelos anjos.

Rodopios, passos e mais passos, quando a canção já estava chegando ao fim, então, a multidão que a pouco estava ali, a orquestra que tocava angelical, tudo começou a se dissipar, o salão começava a ficar vazio, os músicos iam sumindo, os murmúrios de admiração foram sendo silênciados. E então, quando deu-se conta, o salão estava vazio, todos haviam sumido e em seus braços, Marie que a pouco sorria dera lugar para Kristen que sorria com igual felicidade.

A dança acabou, e Viktor fizera uma breve reverência honrado e feliz por aquela dança.

— Eu senti o céu sob meus pés — ela suspirou sonhadora deixando seus olhos fecharem-se.

— Eles estavam — Viktor falou doce ainda um bom tanto inebriado pelos momentos de antes.

Ela abriu os olhos, o cristalino azul dela faiscaram para Viktor. Ela sorriu, e sem que ele esperasse, ela saltou em seus braços o acolhendo em seu abraço.

— Eu nunca irei esquecer esse momento. Esta valsa se repetirá muitas vezes em minha cabeça, Viktor — ela sussurrou ao pé do ouvido dele. Viktor demorou para associar a cena, e então, lentamente e contido, ele retribuiu o abraço enlaçando a cintura dela com seus braços.

— Eu também não esquecerei nem sequer um detalhe Senhorita Sartórios — retribuiu olhando por sobre o ombro dela fitando a escultura do anjo transbordando em água.

____________________________________________________________________________________________

4177 palavras.

Olá, olá Jubinhas de meu ❤ Como estão? Aceitam um café? ☕

Esse foi de longe o capítulo mais mágico que já escrevi. A valsa acompanhada da música me tomou de uma forma tão grande que meu coração saltou em amor. ❤❤ Espero que tenham sentido isso também, esse capítulo demorou 4 dias para ficar pronto, mas o amor que empreguei nele foi de uma vida inteira.

O que acharam? Sentiram a magia? O que irá acontecer? Me falem!!!

Que tal uma ⭐? DÁ LIKE!

Aguardo manifestações 🎉🎉

Até logo ❤❤

Continue Reading

You'll Also Like

182K 32.4K 104
Atenção: Essa história é a tradução de uma novel chinesa. Título original:我怀了全球的希望 Título Inglês:I'm Pregnant with the Hope of the Entire Planet Auto...
79K 2.7K 76
Amar alguém é um sentimento muito profundo, amar alguém é como um propósito em sua vida! "Todos precisamos de um propósito, e o meu propósito é ela...
2K 263 28
Valerie Carson é uma jovem mulher cuja a vida para ela, sempre lhe pareceu razoavelmente monótona, desde sua não tão longínqua juventude até a agora...
1.6K 201 18
Jovem, rebelde e sonhadora, Julieta quer se ver livre das imposições dos pais e perseguir seu sonho de abrir seu próprio restaurante. Aos 18 anos, se...