Cadê Suas Asas, Anjo?

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Gabriela Arenas, teve sua infância roubada quando a mãe à abandonara. O pai, grande empresário, sempre preocu... More

Prólogo
Capítulo 01.
Capítulo 02.
Capítulo 03.
Capítulo 04.
Capítulo 05.
Capítulo 06.
Capítulo 07.
Capítulo 09.
Capítulo 10.
Capítulo 11.
Capítulo 12.
Capítulo 13.
Capítulo 14.
Capítulo 15.
Capítulo 16.
Capítulo 17.
Capítulo 18.
Capítulo 19.
Capítulo 20.
Capítulo 21.
Capítulo 22.
Capítulo 23.
Epílogo
💕Obrigado💕

Capítulo 08.

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By karla_likes


Quando o beijo acabou, eu me odiei por ter que respirar. Queria que durasse para sempre.
-Quer sair comigo hoje à noite? -perguntou.
-Até parece, né! Não podemos sair do hotel sem sermos acompanhados. -lembrei à ele.
-Mas e quem falou em sair do hotel? -ele sorriu. -Relaxe!
-O quê sugere?
-Você verá.
-Acho que não é uma boa ideia. Eu odeio surpresas.
-Vamos fazer assim, apenas deixe a sua janela aberta. -ele disse.
-Em primeiro lugar, porque você não pode fazer como as outras pessoas normais e entrar pela porta? -perguntei. -E em segundo, o que eu ganho com isso?
-Por quê eu não sou normal, nós não somos normais. E... O que você ganha? -ele fingiu pensar por um minuto e então me agarrou novamente para me beijar, porém apenas aproximou o rosto do meu. -Você sabe perfeitamente que eu posso te obrigar.
-O quê você realmente quer comigo, hein?
-Eu quero você. -ele disse.
A porta do elevador se abriu e ele me soltou.
Ainda meia zonza por aquilo o que acabara de acontecer, caminhei para fora, estava no meu andar. A porta se fechou atrás de mim e eu soube que Matheus já tinha se afastado. Botei as mãos nos bolsos traseiros de meus jeans e tirei um papelzinho. Uma letra elegantíssima escreveu:

"Te espero às 21:00 horas, não esqueça de abrir a janela."

Quando foi que ele deixou aquilo ali que eu nem percebi?
-Você viu o Matheus? -a voz de Daianna me assustou quando ia entrar em meu quarto.
-Acabei de vê-lo, deve estar lá embaixo. -respondi.
-Ah, valeu mesmo, é que Chris quer falar com ele. -ela sorriu.
-Chris? -ri do nome.
-A Christina. -meu sorriso se desfez. -Ela disse que o celular dele está desligado, e ela morre de saudades do amorzinho dela! -riu.
-"Amorzinho"? -repeti sentindo o gosto azedo da palavra.
-Você não sabia? Eles estão namorando.
Só então eu entendi por quê o Matheus queria entrar em meu quarto. Ele não gostava de mim, apenas me considerava uma distração, alguém para ocupar o espaço vazio enquanto a namorada estava doente. Eu não podia acreditar que não percebi aquilo antes! Idiota! Idiota! Idiota!
Não respondi o comentário de Daianna. Apenas fechei a porta.
Eu não seria uma garota desse tipinho barato. Meu nome não estaria na listinha do garoto que toca guitarra na banda da escola! Maldita ilusão!

***

Senti o colchão afundar com o peso de outro corpo. Abri meus olhos e enxerguei Matheus ao meu lado, seus olhos escurecidos, com um brilho obscuro e intenso.
-Você esqueceu de abrir a janela. -ele disse com sua voz rouca, estava pensativo.
-Eu fechei a janela. - falei. -Como você entrou?
-Tenho meus meios. -ele riu.
-Imagino que você não tenha ido pedir a chave reserva na portaria do hotel. -comentei.
-Devo dizer que você imaginou certo. -ele disse.
-O que você quer? -falei doida para ele sair logo do quarto.
-Já conversamos sobre isso. -ele disse.
Ao ver minha cara de confusão ele completou:
-Já te disse que quero você.
-E eu quero apenas saber, por quê você está aqui. -falei.
-Temos um encontro, lembra? Nós marcamos.
-Correção: você marcou. -falei.
-Tanto faz. -ele deu de ombros.
-Ok. O que quer?
-Falar com você.
-Sobre?
-Nós.
-Nunca poderá haver um nós. Existe eu e existe você. -falei.
-Eu adoraria que você não dissesse mais esta palavra. O nunca é muito forte.
-Fale logo, preciso dormir.
-Vista-se, vamos sair.
-Não, você é quem vai. -corrigi.
-Te dou cinco minutos, ou eu mesmo tiro essa sua camisola sexy, e então não poderei me responsabilizar pelas consequências. -ele sorriu safadamente e sentou na beira da cama.
Levantei as sobrancelhas significativamente.
-O que foi? -perguntou.
-Você pelo menos poderia sair e me dar privacidade para eu me trocar? -falei incrédula.
-Querida, eu vi você de camisola, não precisa mais se envergonhar de mim. -ele riu.
Eu corei.
-Saia logo daqui! -mandei.
Matheus estava sentado no parapeito largo de pedra da sacada quando acabei de pentear meu cabelo. Seus pés balançavam do lado de fora.
-Estou pronta. -falei me aproximando e sentando ao seu lado.
Quando segui o seu olhar, vi o que encarava. A lua crescente, nunca tinha visto um céu tão estrelado.
-A noite está linda. -comentei.
- Está mesmo. -ele disse, eu sabia que sua mente viajava para outro lugar, desejei saber o que ele pensava. - Sabe, quando eu era pequeno, gostava de admirar o céu com meu pai. Ele me ensinou tudo que sei. -ele apontou para uma constelação.
-As três-marias, não é? -falei.
-Sim. É a minha preferida. Papai costumava falar que sua teoria era de que elas representavam as três coisas mais importantes em uma pessoa.
-Quais são essas coisas? -perguntei.
-Fé, amor e esperança. -ele sorriu. -Uma das poucas coisas que me lembro de meu pai é a imagem de ele me falando que um homem deveria ter fé sobre tudo em Deus e em se filho, Jesus, e depois ter fé que uma pessoa pode mudar, acreditar. Esperança que dias melhores virão e acreditar que o amor pode sim transformar até o pior coração congelado.
-E você acredita? -perguntei.
-Acredito em Deus, em seu filho, acredito que seu amor pode mudar as pessoas, e desde muito cedo fui obrigado à crer na teoria de que dias melhores viriam. Mas eles nunca vem. -ele baixou a cabeça e encarou o chão lá embaixo.
Eu sabia que algo o torturava, algo referente aos seus pais o machucava. Ele estava triste, e isso doía em mim. Faria qualquer coisa, seria qualquer coisa, se isso o fizesse feliz.
-Matheus, às vezes tudo o que você precisa é simplesmente abrir os olhos e ver ao seu redor, ver que você não é nenhum Super Homem para suportar tudo sozinho. Algumas dores quando divididas ficam mais fáceis de serem sentidas. -peguei sua mão direita e a envolvi nas minhas.
Ele finalmente olhou para mim, seus olhos estavam marejados. Eu não queria vê-lo chorar.
-Olha, se você não quiser falar, eu entendo, mas... Quantos anos você tem, afinal? -perguntei.
-Dezessete. E você? -ele falou.
-Quinze. -respondi e ele sorriu. -O que foi?
-Você é novinha.
Sorri.
-Além do seu incrível conhecimento sobre o céu, há algo mais sobre você que eu não saiba? -sorri.
-Tem muito sobre mim que você não sabe. -disse ele.
-Ok, você poderia me contar.
-Matheus Dennyl, 17 anos, melhor guitarrista da escola...
-Exibido. -murmurei.
-Talvez. -ele riu.
-Olha! -apontei o céu. -Acho que vi uma estrela-cadente.
-Na verdade, é apenas um meteorito.
-Meteorito? -perguntei.
-Pedras espaciais, basicamente.
-Ok, pedrinhas alienígenas. -repeti da minha maneira e ele riu. -Mas o que isso tem a ver com as estrelas-cadentes?
-As "estrelas-cadentes", como você chama, são pedrinhas alienígenas. -ele sorriu gesticulando o céu. -Quando entram na atmosfera terrestre, entram em combustão. -explicou.
-E o que acontece com as "pedras"? -perguntei.
-Algumas são dissolvidas pela Ionosfera, o que forma um rastro luminoso. Outras por serem grandes demais acabam caídas na Terra, como meteoros.
-Nossa, você sabe bastante sobre o assunto. -falei boba.
Desde pequena essa coisa de estrelas e planetas me encantou, mas eu jamais decoraria algo assim.
-Só o básico. -ele falou.
-Vem! -ele pegou a minha mão e me conduziu pelo quarto, corredor e elevador.
-Aonde vamos? -perguntei quando saímos no pátio do hotel.
-Quer a verdade?
-Sempre.
-Não sei. -ele sorriu.
-Sério? -falei surpresa.
-O problema de vocês patricinhas é que não entendem a expectativa do desconhecido.
-Eu não sou patricinha. -cuspi.
-É, sim. -ele sorriu.
- E você é um caipira! -retruquei.
-Mas você é louca por esse caipira, né?!
-Não sou não! -cruzei meus braços.
-Viu, está agindo como uma patricinha. -ele falou.
-Arght! -bufei. -Você me irrita!
-Eu sei. -ele riu.
-Você está rindo? -ele não me respondeu. -Ai cara, nem sei por que eu vim aqui.
-Mas eu sei. -ele ficou sério -Sua boca diz uma coisa, mas seus olhos revelam outra.
Bufei mas ele puxou minha mão tão forte que perdi o equilíbrio contra seu peito. Ele me agarrou forte com as mãos em minhas costas.
-Me solta! Seu caipira, seu... -ele me beijou e calou qualquer xingamento.
Levada pelo momento, pousei minhas mãos em seu peito e senti uma vibração acelerada. Seria seu coração?
Se fosse, estava batendo exatamente compassado com o meu. Isso quase me comoveu. Quase.
Matheus ainda era o garoto perfeito que balançava meu coração, e que tinha uma namorada. E por essas e outras razões eu deveria ficar o mais longe possível.
Por mais vaca que Christina fosse, ela tinha mais do que eu jamais poderia sonhar em ter. Ela tinha o amor do Matheus, e eu respeitava isso. É super errado eu ficar me esfregando nele como se fosse desimpedido, solteiro, livre, leve e solto. Porque eu sei que as coisas não são assim.
Por mais difícil que fosse, o empurrei para longe sem olhar em seus olhos, eu sabia que se olhasse, eles me convenceriam a ficar, e acredite, eu queria ficar, queria muito. Mas não podia.
Ele tentou pegar minha mão, mas eu o recusei e corri para dentro do hotel. Ouvi-o chamar por mim, mas ao invés de olhá-lo ou mesmo espera-lo. Apresei-me no elevador.
Quando a porta se fechou eu o vi de relance, a confusão em seus olhos fizeram eu me encolher. Não queria deixá-lo sem uma explicação, mas se tentasse, eu não conseguiria.












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