Capítulo 19.

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Infelizmente cinco dias passam rápido, tive que retornar para a escola e o comentário geral entre os alunos foi a festa de Diego. Felizmente a maioria das pessoas estavam tão bêbadas que não conseguiam sequer pronunciar o próprio nome, por isso, se alguém ouviu a minha conversa com Matheus, agora provavelmente nem se lembra.
Mesmo que eu tentasse negar, prestava atenção em todos os carros que estacionavam em frente à escola, sempre na esperança de que ele fosse em algum momento desembarcar de um deles, porém perdi a conta de quantos veículos chegaram, foram embora, e nenhum deles trouxe Matheus consigo.
-Gabi, você não vai entrar? -a voz de Daianna me surpreendeu.
Ela sentou-se ao meu lado no degrau da escadaria, por alguns segundos ficamos assim, em silencio e encarando a estrada.
-Ele já deve ter chegado antes da gente, deve estar lá dentro arrumando as coisas dele assim como você vai vir comigo agora e eu vou te ajudar arrumar as suas. -ela pegou meu pulso e me levou para dentro.
Não protestei porque resolvi acreditar naquilo que Daianna falava, Matheus provavelmente já estava em seu quarto e eu precisava ir para o meu.
-Gabriela, não fica assim não. -disse ela assim que entrei no quarto.
-Como assim? Estou normal. -falei.
-Não Gabi, me desculpe, mas você não está normal.
-Daianna, relaxa! Estou bem. -falei tentando soar verdadeira mas não sei se adiantou muito.
Sentei-me na cama e ela se agachou no chão à minha frente e olhou em meus olhos como se quisesse arrancar deles a verdade.
-Tem certeza? -disse.
-Tenho. -menti.
-Ok. Gabi. Eu não vou insistir, só quero que se em algum momento, não importa quando, quiser conversar, prometa que vai me procurar.
-Eu não se...
-Só prometa, Gabi. -ela falou.
-Ok., prometo. -falei.
-Está bem, agora chega de baixo astral! Vamos às fofocas! -ela fez careta e eu ri.
-Não gosto de fofocas. -falei.
-Pouco me importa se você gosta ou não, de qualquer maneira eu vou te induzir à contar os babados gerais mesmo! -ela disse convencida.
-Você é má! -falei rindo.
-Ah, não finja, eu sei que você me ama de paixão!
-Só que não, né!
-E aí, como foi lidar com a velha Adelle? -perguntou.
-Você conhece os pais de Alinna? -falei estranhando, já que Daianna e Alinna não são amigas.
-Todos conhecemos. -falou. -O pai dela é um dos maiores colaboradores do colégio.
-Eles devem ser muito ricos pelo que eu pude observar. -comentei.
-Pois é, mas o dinheiro dele não pode comprar certas coisas.
-O que você quer dizer? -perguntei.
-O Martín, ele é formalmente casado com Adelle, mas não passa de aparência. Imagine se a mídia soubesse que o empresário milionário e dono da Adams Construcciones que sustenta filiais por todo o México tem um caso "secreto" à mais de vinte anos com a sua assessora de imprensa e que até uma casa no Havaí ele comprou para passar com ela as férias de verão?! Seria um escândalo!
Fiquei chocada. Por essa eu não esperava. Quem diria que aquele homem tão sério e "descente" pulava a cerca à vinte anos!
-E porque Adelle não se separa dele?
-Porque a Adams Construcciones chamava-se Fernandéz Construcciones e pertencia ao velho Afonso Fernandéz, pai de Adelle. Quando ele morreu, o seu "império" ficou todo para a filha, ela era muito nova e se apaixonou por Martín, ele esperto como era, à fez assinar um monte de papéis sem ter lido e lhe tomou tudo, até o último tostão. Visto que agora era o poderoso dono das empresas Fernandéz ele mudou o nome para Adams Construcciones, precisava e de uma primeira dama, então ele e Adelle fizeram um acordo. Ele bancava as loucuras dela e como pagamento ela o acompanharia nos eventos sociais como esposa. Porém conta-nos a história que os dois sequer dormem no mesmo quarto. -disse Daianna.
-Como você sabe disso tudo? -perguntei um pouco surpresa.
-A amante de Martín era minha vizinha.
-Nossa. Que mundo pequeno.
-Pois é. -falou. -Mas e aí, ela te tratou bem?
-Talvez seja apenas a minha impressão, mas acho que ela pensou que eu fosse sei lá, chamar meus amigos vândalos e juntos saquearíamos a mansão dela. -falei lembrando da maneira como se portou comigo quando cheguei.
-Tão típico dela! -Daianna revirou os olhos. -E Martín? O que ele disse?
-Dizer ele não disse nada, mas sabe aquele tipo de pessoa que te olha como se fosse inúmeras vezes superior à você? -falei.
-Sei bem como é. O futuro marido da minha irmã mais velha é bem assim.
-Como é o nome de sua irmã? -perguntei.
-Lucille, ela tem 19 anos, depois dela vem o Jason que tem 17 anos, e aí eu que tenho 16. -ela sorriu.
-Nossa. Você é mais velha que eu.
-Qual a sua idade?
-15 anos.
-Você realmente é bem nova. -ela comentou. -Escuta, você vai assistir a peça hoje à noite?
-Você será Julieta, não é?
-Sim.
-Acho que vou. - falei sem muita convicção. Não sabia se estava pronta para ver Matheus, mesmo de longe. Não depois de domingo.
-Ah por favor! -pediu. -Vai ser importante!
-Ok. -falei por fim. -Mas não garanto assistir a peça toda, pode ser?
-Pode, até porque, eu sei que você não vai resistir e vai querer assistir até o final! -ela sorriu.
Tentei sorrir também, mas não era exatamente um sorriso sincero, pois da mesma maneira que estava feliz por ela, também estava triste por mim mesma.
-Vocês não vão ensaiar antes da apresentação? -perguntei.
-Vamos. -disse ela. -Falando nisso, daqui a pouco estará na hora.
-Bom ensaio então! -disse sem poder parar de pensar que Matheus estaria lá.
Mesmo eu sabendo que seria apenas uma encenação, não poderia jamais negar que me incomodava vê-lo tocando em outra garota, mesmo que fosse Daianna.
-Não fica assim não. Nenhum dos beijos é de verdade. -falou Daianna vermelha.
-Eu nem falei nada! -disse em minha defesa.
-Você não pronunciou as palavras, mas eu sei que pensou. -ela riu.
-Acho melhor você ir para o seu ensaio antes que eu te faça engolir esse travesseiro! -falei brincando.
-Ai que medo! -disse ela irônica.
-Não me provoque se tem amor à sua vida! -disse rindo.
-Vou ignorar o fato de você estar me expulsando e irei ali ensaiar. -ela brincou.
-Feche a porta quando sair. -gritei e ela se foi.







Cadê Suas Asas, Anjo?Where stories live. Discover now