Minha estúpida coragem

By GleicyKavanagh

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Inconformada com a vida sem o prestigioso Leonel Blanchard, Esther vê seu mundo desabar ao se mudar para Port... More

Minha Estúpida Coragem
Autora
Prefácio
Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
capítulo 04
Capítulo 05
A Tragédia
Capítulo 6
Capítulo 8
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Seis dias depois
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Leonel
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 45
Capítulo 46
Seis meses depois...
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Dance for you: Dançar para você (Beyoncé)
Enquanto Esther não sabia...
Desespero

Capítulo 7

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By GleicyKavanagh

   Ele quer me beijar, ele quer me beijar, recito em minha mente. Não posso fazer isso, ele vai casar. Resista, Esther, pelo seu filho. Não consigo, Leonel é lindo demais. Seu cheiro é embriagador, essa boca próxima à minha...
— Esther — sussurra que nem um manto. Meu corpo arrepia.
— Não! — empurro ele para o lado, mas ele me agarra fortemente pelos braços. Grito. Uma mão agarra minha cintura e a outra minha cabeça, o corpo dele fica colocado no meu.
— Me solte, Leonel.
   A força dele é muita, não me dá tempo nem para respirar. Ele instiga sua ereção em mim, como está acostumado a fazer.
— Escute aqui, seu robusto, eu não vou ser sua amante. Ouviu bem? — grito. Ele ri.
— Você me ama, não ama?
— Tire as mãos de mim! — tento lutar contra ele, mas é impossível.
— Esther, me ouve, por favor.
— Saí.
— Me ouve! — ele altera a voz. E eu paro de entrebater-se para encará-lo.
— Todo esse tempo você foi um covarde. Onde está sua inteligência, Leonel? Eu vou te dar um filho e você rebate com uma nova mulher ao seu lado.
   Ele me olha, transparecendo fugazmente, parece perdido em meus olhos.
— Você não sabe o quanto estou magoada. O homem que eu amo vai me destruir por dentro e por fora. Eu sei que você nunca sentiu o mesmo por mim, mas pelo menos gostaria que você me respeitasse, assim como eu faço.
— Esther... eu... sofri quando te transferi para Porto Alegre. Achei que nunca mais ia te ver, ai você aparece grávida, confunde minha cabeça, meus pensamentos. A Lara me tirou de uma depressão horrível, por sua culpa fiquei assim.
— Foi por sua culpa, você é o responsável por isso — repreendo-o com repugnância.
— Tem razão, sou eu o responsável — ele me solta vagarosamente.
   Não! Estava tão quente e gostoso nossos corpos colados. Ele vira a cara, cabisbaixo.
— Você faz muita falta — murmura, e me encara com muito ódio. O que foi agora? Aproximo, hesitante. Não entendo sua reação, mas me arrisco, colocando minhas mãos no ventre.
— Leonel, lute por nós três.
   Ele emudece, confuso. Coloco sua mão direita em minha barriga.
— O seu pequeno ou pequena está aqui, esperando pela luz do dia.
— Eu não vou ser um bom pai.
— Claro que vai.
— Esther, você não devia estar grávida. Com certeza essa gravidez é de risco.
   Baixo a cabeça. É verdade. A gravidez é de risco.
— A médica disse que eu posso morrer no parto.
   Ele fica imóvel, estupefato, e se desvencilha de mim indo em direção à porta. Ele caminha devagar, sem tirar os olhos lacrimejantes dos meus. Ele vai embora quase chorando. O que deu nele? Uma onda de emoções de repente tomou seu âmago de suplício. Ele sai sem me dar um tchau. Deve estar sentindo remorso de saber que posso morrer por causa da gravidez.
   Uma dor enorme no ventre me ataca rapidamente, perco o fôlego e fico pálida.
— Yany! — grito já sem forças. Caio no sofá, desaprumada. Ela desce as escadas rapidamente e me acude.
— Esther, o que houve? — ela me sacode. — Esther!
— Estou com muita dor.
   Ela entra em desespero.
— Ai, meu Deus? Dor em que lugar, Esther?
— No ventre — gemo.
— Deite aqui no sofá, por favor.
— O que você vai fazer? — olho para ela, que está indecisa com as mãos na cabeça. Yany anda de um lado para o outro pensando em algo. E a dor dentro de mim continua.
— Acho que é com o bebê, Yany.
— Eu vou na cozinha esquentar água.
— Para que vai servir?
— Vou colocar sobre a sua barriga. Eu aprendi isso com a minha mãe, espere aí.
   Ai, droga! Será que água morna vai resolver? A dor não para. Leonel não deveria ir embora agora. Meio minutos depois Yany está de volta à sala. Abaixo a saia rapidamente.
— Pronto. Pronto — diz ela, colocando um pano encharcado e quente em minha barriga.
— Isso não resolve — rezingo descrente.
— Ah, Esther, vire essa boca para lá. O Leonel também me ensinou isso uma vez e deu certo.
   Reviro os olhos. Tudo tem que ser Leonel Blanchard.
— Cadê o Leonel?
   Viu? Ela sempre tem que lembrar dele.
— Ele foi embora, Yany — murmuro mal-humorada.
— Ah! E agora, passou a dor?
— Um pouco. Por favor, pegue um cobertor para mim, vou dormir aqui, no sofá.
— Não, lá em cima tem dois quartos. Grávidas têm que dormir confortavelmente, você sabe disso.
— Mas aqui está confortável.
— Eu já disse que não, Esther.

7:40 AM

   A MANHÃ DE DOMINGO está ensolarada, pássaros cantam ao pé da janela, o cheiro de rosas do lado de fora é inebriante, o ar está fresco. A dor que me atormentava ontem à noite passou rapidamente, graças a um pequeno pano quente e molhado que Yany colocou sobre a minha barriga.
   Estou deitada na cama, sozinha, encolhida nos cobertores. Um turbilhão de pensamentos me vem a cabeça: os fins de semana ao lado da minha família, as farras à noite com os meus irmãos. Tudo isso acabou. Meus olhos se tornam lacrimejantes à medida que a saudade invade meu coração.
Pego o celular em cima da cômoda marrom, ao lado da cama. Olho para o relógio — sete e quarenta da manhã. Procuro pelo número de minha mãe. O celular chama.
— Oi.
— Oi, mamãe.
— Filha! Ah, filha!
   Ela parece feliz, consigo notar um sorriso enorme do lado do telefone.
— Minha menina, que bom que você me ligou. Achei que, depois dessa viagem, você não ia falar mais conosco.
— Não fale assim, eu sempre penso em vocês todos.
— Fico feliz em saber, meu amor. Como está?
   Segurando a emoção forte por não poder te abraçar.
— Estou bem — falo baixinho, contorcendo-me no colchão.
   Ela suspira alto no celular, parece preocupada com algo. Emudecemos durante uns segundos, mas eu o quebro, pois não aguento mais.
— Estou com saudades, mamãe.
   O choro toma conta de mim.
— Estou com saudades dos domingos que passávamos todos juntos.
   Ela também cai em prantos de choro. Fecho os olhos, agonizando a dor.
— Também estou com muitas saudades, menina. O seu pai não é tão duro quanto parece, ontem ele disse que estava sentindo a falta de sua pequena Marihá. Eu não sei porque ele está tão ríspido ultimamente. Deve ser pela sua ausência, filha.
— Ai, mamãe, perdão por tudo — murmuro entre soluços.
   Essa tristeza não sai do meu peito, da minha alma. Sinto falta de todos.
— Chega, Esther, você já pediu perdão várias vezes para mim. Eu sou sua mãe, claro que vou perdoar e, além do mais, estou feliz porque vou ganhar um neto. Você também está, não é, mesmo?
— Não! Não! Esse filho é de um homem grosseiro, incompreensível, duro, frio. Leonel Blanchard não tem piedade de ninguém, mamãe. Ele não é como você pensa, por trás daquela postura de médico exemplar, ele... — pauso para respirar. — ...não é bom com as pessoas. Sinceramente, eu adoraria tê-lo conhecido antes dessa tal Jaqui. Essa vagabunda destruiu ele, mamãe. Ele não era assim.
— Calma. Você tem que virar essa página, Esther. Isso tem que ser já.
— Não, mamãe! — quase grito. — Como vou esquecer esse homem? Como? Foi ele quem me deflorou, o primeiro. Eu não posso esquecer a relação tão bonita que tivemos, nunca tive namorado, você sabe disso. Não peça para eu virar página nenhuma, porque eu o amo, mamãe, eu o amo, aprendi a amar com ele! — quase grito de novo, batendo no travesseiro com muita raiva.
   Como ela me pede uma coisa dessas? Não é fácil esquecer uma pessoa que marcou sua vida. Você tem que lutar por ela, se não der certo, simplesmente deixe outro penetrar seu coração. É o que farei com Leonel.
   Mais tarde, depois do almoço, Yany e eu resolvemos voltar aos velhos tempos — jogar playStation comendo pipoca. Eu disse a ela tudo que minha mãe havia falado de manhã para mim. Ela também concordou comigo. Isso é uma das coisas que eu amo em Yany, ela é da mesma opinião de outrem.
Estou quase ganhando ela no jogo de futebol.
— Você foi convidada para o casamento do Leonel? — pergunto, concentrada no jogo.
— Fui. Inclusive, o convite está aqui — ela pausa para abrir uma gaveta ao lado do aparelho que liga a TV. Olho para o cartão.
______________________________
Convite

♪ Cara Yany, gostaríamos da sua presença no nosso casamento, que acontecerá no dia 13 de março de 2011, às 20:30 da noite. O local da festa irá ser na nossa futura-mansão, situada no Leblon - casa 342.
De: Lara Aguilera & Leonel Blanchard
Para: Yany Winger
Contamos com a sua presença
______________________________

O convite é bonito, todo enfeitado, mas ele não sabe o quanto isso me dói. Yany observa minha reação, olho de relance para ela. Entrego o convite em sua mão.
— Me desculpe, Esther.
— Não tem problema.
— Será que esse casamento vai sair, mesmo?
   Dou de ombros.
— Tomara que sim, só posso lhe desejar felicidades.
— Sério?
   Faço que sim com a cabeça, desanimada.
— Eu amo ele, não posso desejar nenhum mau. Se ele quer casar e tentar ser feliz, deixe ele.
— Ah, Esther — ela pega minhas mãos, compreensiva, e faga meus dedos. — Tomara que você encontre um pai legal para o seu filho.
— Obrigada — sorrio.
— Vamos a um bar?
— Bar? — franzo as sobrancelhas.
— É. Lembra da galera da faculdade?
— Sim.
— Eles costumam ficar lá enchendo a cara. Eu bebo cerveja, você bebe suco. Que tal?
— Tudo bem.
— Então vamos.
   Levantamos do chão de um modo desconfortante, Yany dá uma rápida arrumada nos cabelos, eu também.
— A gente vai sair desses trajes? — pergunto meio rindo.
— Ah, você está de pijama, eu estou de vestido.
— Vou trocar de roupa.
   Vou ao quarto trocar minha roupa. Coloco as malas em cima da cama, opto por uma saia justa preta, uma blusa de cetim amarela bem decotada expondo os seios, um salto alto com pedrinhas de cristais combinando com a saia. Estou pronta para sair.
   Desço as escadas vagarosamente para não cair. Yany joga uma olhadela de cima abaixo em meu visual.
— Nossa, você está muito sexy, amiga.
   Sorrio, corando que nem um pimentão. Não consigo conter aos elogios alheios, coro mesmo. Pego minha bolsa no sofá.
— Vamos.
   Saímos de casa como duas garotas rebeldes. Yany está de um vestido preto caído no ombro esquerdo, é curto e usa um salto também da cor preta. No caminho nos divertimos cantando a música History da banda One Direction. Ela ecoa no alto-falante do carro que dei para Yany quando fui embora do Rio. Somos duas doidas varridas e agitadas pelo som da música. Não me lembro o endereço do bar, mas fica no bairro Leblon — onde Leonel mora. Gostaria de saber se a noivinha dele mora lá.
   O carro de Yany é uma Mercedes V8 azul, ganhei do meu pai quando completei meus dezoito anos. Ela é potente e corre rápido, mais tarde vou dar uma volta sozinha do meu ex-carro. Quero adrenalina hoje, não estou nem aí com ninguém.

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