Demi
Correspondi ao beijo, mas parei assim que Joe apertou a minha coxa e ao ouvirmos uma buzina. O empurrei e saí do carro.
--- Demi...- ele chamou.
--- Vai se fuder, Joe! - falei caminhando rapidamente.
Ele dirigia devagar, fazendo os outros carros buzinarem mais ainda.
--- Demi não seja infantil. - ele falou seco. --- Entre no carro!
--- Anda logo, babaca! - um cara gritou, furioso.
--- Ele mandou você se ferrar! - falei olhando para o cara do outro lado e segurei o riso.
--- Ta louca? Entra na bosta desse carro.
--- Vaza! Se não vai apanhar! - ri.
Ele arregalou os olhos ao ver o cara sair do carro e deu partida.
--- Medroso! Mariquinha! Viadum! Pau mole! - berrei, mas me calei ao me senti um pouco tonta, coloquei a mão na testa.
--- Moça ta tudo bem? - neguei. --- Venha! - ele segurou meu braço e me levou ate seu carro.
Ele abriu a porta e me ajudou a entrar. Respirei fundo, o ar condicionado me fez ficar um pouco melhor.
--- Onde mora? - ele deu partida.
--- Me deixe onde eu possa pegar um táxi. - sorri de leve. --- Já ficarei agradecida.
--- Tem certeza? - assenti.
--- Ta esperando um bebê? - uma garotinha perguntou, e só assim havia notado sua presença.
--- Sim! - sorri.
--- É menina ou menino? Já tem nome? Quando a cegonha vai deixar?
--- Lauren! - o homem a repreendeu, sorri.
--- Tudo bem...- garanti ao homem, passei para o banco de trás e sentei ao seu lado. --- É menina, Bricia. A cegonha está perto de vir e me fazer uma visita e trazer meu maior presente. - sorri, o melhor sorriso que eu pude.
--- Bricia, gostei! Posso por esse nome na minha nova barbie? - ela pegou a boneca e me entregou.
---Pode! - sorri. --- Que linda!
--- Igual você! - sorri, meio sem graça.
Quando eu era criança sonhava em ser perfeita como as minhas bonecas da barbie. Adivinhem? Nunca consegui. E, fui tão idiota, estava atrás de algo que não existe : perfeição. Perfeito é quando você se aceita como é e não dá ouvidos as outras pessoas.
--- Ela ta mexendo! Quer sentir? - perguntei e ela assentiu.
Peguei sua mão e a coloquei em minha barriga e ela arregalou os olhinhos azuis e logo sorriu.
--- Se assustou? - perguntei, com um sorriso.
--- Um pouco! Ela ta dançando? Não é apertado? Como ela entrou aí? Por que ela chuta? Ela vai quebrar suas costelas igual a aconteceu com a Bella dos vampiros? - ela arregalou os olhos e eu também.
--- Lauren...- o homem a repreendeu, novamente.
--- Quer almoçar conosco? Mamãe sabe cozinhar bem.
--- Tenho que ir para casa!
--- Depois do almoço você pode ir! - ri.
Ela era inteligente, faladeira - me causava um pouco de medo - mas ainda sim, era encantadora.
--- Não quero incomodar!
--- Não vai incomodar, né pai?
--- Não! Lauren gostou de você e acredite, ela nunca gosta de ninguém. - rimos e a garotinha cruzou os braços e fez bico.
Isso me fez lembrar de Marissa, e um fato, elas eram bem parecidas, na personalidade.
--- Eu gosto sim! - retrucou. --- Da mamãe, de você, das minhas bonecas, da vovó e Ted. - ela me encarou. --- Do nosso cachorro. - explicou. --- E...- ela se calou, parecia pensar. --- Dos meus unicórnios também.
--- OH MY GOOD! - berrei. --- AMO UNICÓRNIOS! - rimos.
--- Podemos brincar depois do almoço.
--- Ta tentando me comprar? - ela riu sapeca.
--- Funcionou?
--- Claro! Unicórnios, aí vou eu!- rimos.
--- Você sabe a música dos unicórnios?
--- Não! - falei fazendo biquinho.
--- Não fica triste, eu te ensino.
--- Obaaaa!
Ela cantarolou e logo a acompanhei. O homem do qual eu ainda não sabia o nome ria das nossas loucuras.
--- Oh, desculpem a minha lerdeza, me chamo Demi.
--- Lobato!
--- Lovato!
--- Isso!
--- Sou o Dylan!
--- Prazer! - falei.
--- Prazer, o nosso!
--- Mamãe gosta de você.
--- Sério? - sorri.
--- Sério...ela canta Let It Go.
--- Você sabe cantar?
--- Sei!
--- Canta pra mim?
--- Canta comigo?
--- Canto!
Cantamos o refrão e a abracei quando terminamos.
Já queria levar ela pra mim!
Senti meu estomago revirar um pouco ao perceber que estávamos poucos metros de distancia do apartamento do Wilmer.
--- Chegamos!
Lauren saiu do carro assim que se pai a soltou o cinto de segurança e ela correu para dentro em disparada.
--- Talvez se assuste um pouco com a Jojo. - ele avisou e eu o encarei um pouco confusa. --- Ela é um tanto...- nos calamos ao ouvir um grito.
Escandalosa!
--- Aí, tô infartando! - ela falou com a mão sobre o peito. --- É a De-de...mi.
--- Mamãe...não assuste a minha nova amiguinha! - Lauren falou, revirando os olhos e rimos.
--- Desculpe querida! - ela falou mais calma.
--- Vamos entrar! - Dylan falou.
Entramos e segui-os ate a cozinha.
Jojo era tagarela, diferente de Dylan. E, Lauren...era igual a mãe.
Procurei pela mesma e não a vi.
--- Quer beber algo?
--- Uma água, por favor!
Jojo foi a geladeira e pegou a garrafa de vidro e meus olhos arregalaram de desejo ao ver o bolo que estava lá dentro.
--- Quer um pedaço?
--- Sim! - respondi na mesma hora.
Ela me entregou a água e retirou o bolo de dentro da geladeira, e me serviu com um pedaço e comi um pedacinho.
--- Mamãe faz bolos. - Lauren falou, assim que sentou ao lado com um de seus unicórnios.
--- Maravilhosos por sinal. - falei, com os olhos fechados. --- Já esta contratada para fazer o bolo de um ano da minha bebê.
--- Oh my good! - ela falou, contente.
--- Mamãe faz bolos de todos os jeitos. O ultimo é que saiu estranho. - ela fez uma caretinha e Jojo corou. - titia falou que o papai tinha no meu das pernas.
--- Lauren! - ela a repreendeu. --- Vá assistir desenhos.
--- Ah não...mas foi a tia que falou : tem bolas de golfe e o taco. - ela mudou a voz e rimos.
--- Ok! Mas o que já falamos sobre isso?
--- Que não se deve comentar sobre o bolo feio. - ela revirou os olhos.
--- Isso! Se o fizer...- ela interrompeu.
--- Ficarei de castigo.
--- Isso! Quer bolo?
--- Sim!
Ela o serviu, e sentou no banco.
--- Desculpe. - ela sussurrou.
--- De boas!
--- Demi, você tem namorado?
--- Não! - sorri de leve.
--- Posso te apresentar um amigo do papai. - ri.
--- Lauren!
--- Tudo bem! - falei olhando-a.
--- Devia ir brincar um pouco no seu quarto.
--- Vem comigo? - ela me olhou com olhos pidões.
--- Claro!
--- Vou preparar o resto do almoço e já chamo vocês.
--- Ok!
Ela levantou e pegou minha mão, me puxando e sorri. Saímos dali e fui conhecer seu quarto e que por sinal, era lindo.
Sua cama tinha muitos unicórnios e realmente, ela gostava de unicórnios.
--- Senta aqui! - ela sentou e disse pra eu fizesse o mesmo.
--- Lindo o seu quarto!
--- Como é o seu?
--- Sem graça! - fiz uma caretinha.
--- Espera!
Ela levantou e foi a poltrona rosa e trouxe consigo um unicórnio e me deu.
--- É seu!
--- Não posso aceitar!
--- Pode sim! Mamãe falou que devemos doar o que temos para fazer a vida das outras pessoas felizes. E seu quarto vai ficar bonito e você feliz, não vai?
Nem preciso dizer que me derreti, não é? Ela me abraçou e passou sua mão pequenina em meu rosto.
--- Num chora! Você ainda ta triste?
--- Oh não, anjo! - sorri. --- Estou feliz. Muito obrigada!
--- Uffa! Bricia também vai ganhar um. - ela o pegou da sua cama. --- Esse é novo! Papai me deu repetido.
--- Não posso, seu pai te deu.
--- Ele não vai se importar! Juro, juradinho. - ela levantou o dedo mindinho e eu fiz o mesmo.
--- Obrigada, de verdade! - a abracei e funguei.
--- Ta chorando?
--- De felicidade! - falei ao me separar.
Ficamos brincando por um tempo ate que ouvi a voz do pai de Lauren chamar. Saímos do quarto e parei ao reconhecer a voz.
CARALHO! ESTAVA FUDIDA.
--- Vem!
--- Eu..eu vou já! Pode chamar a sua mãe pra mim?
--- Sim! - ela saiu dali, saltitante.
--- Tenho uma nova amiga pra te apresentar. - ela falou, animada.
Entrei depressa no quarto da garota e fechei a porta. Meus olhos estavam marejados e eu estava ficando tonta. Logo a porta se abriu e eu vi tudo apagar.