Laço de cetim

By Margarethhale

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A história se passa na Inglaterra de 1875 e conta a história de duas famílias intimamente ligadas, os Woody e... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27

Capítulo 8

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By Margarethhale


                  Enquanto se apoiava a janela olhando para fora, pensamentos caóticos passavam pela cabeça de Diego, o cabelo parecia apenas mais desorganizado que nunca, e tinha em uma das mãos um copo de cristal com um líquido roxo, vinho é claro, apenas para variar a despeito de seu bom e velho whisky quase acabado, precisava guardar ele para uma boa ocasião afinal de contas. Na mesma mão segurava um charuto. Admirou a um pássaro fazer rasante muito próximo a sua janela, quase acertando sua cabeça.

— Ei querido vá com calma, não pretendo roubar seus filhotes. Sou um bom tipo, confie em mim. — Sorriu, com uma fileira de dentes brancos, observando o ninho em um galho da árvore muito próximo ao seu quarto, se esticasse o braço ainda assim não alcançaria, mas com apenas mais alguns centímetros certamente poderia fazê-lo. 

                   Bom, não estava certo se era realmente um bom tipo, não naquele momento fazendo o possível para seduzir a própria prima. Era certo que não eram primos de verdade, mas cresceram juntos, e mesmo atingindo a adolescência a um bom tempo atrás jamais se imaginou com ela, na verdade aquela ideia o perturbava na época, e não é que ela era feia, mas simplesmente... Não! Talvez passar tanto tempo longe de casa e depois encontra-la tivesse dado a falsa impressão de que ela não era mais a garota dos cachinhos claros, ruivos. Eles permaneciam ali ainda, agora mais compridos que nunca e ainda desejava ter posse deles que seja, era a única mulher que conhecia com aquele tom anormal de fios, e adorava isso, mas ela continuava sendo a garota prodígio que todos adoram (menos senhora Roberts, e pensou isso com deleite). A que o enlouquecia com o barulho constante de seu piano, a mesma que o fizera roubar algumas teclas daquele instrumento (para sua coleção) quando crianças, porque simplesmente não podia mais, a garota era insaciável, e toda a vez que vinha a casa Woody lá estava ela fazendo a única coisa que conseguia fazer. Mas o plano tinha dado tão errado, mas tão errado, isto veio a descobrir pouco tempo depois, pois o tio Ian dera um novo a ela, um novo mais barulhento ainda. 

                   Como poderia estar agora pensando em um plano para a seduzir? Ainda mais quando odiava completamente olhos azuis, mesmo que já tenha tido casos com mulheres de olhos azuis detestava aquela cor tão cristalina, tão translucida que lembrava algo demasiado inocente, algo com um quê bonzinho que ele não tinha, mas os olhos tempestuosos, olhos oceânicos de Margareth Anne eram ainda piores, eram irritantes simplesmente. Quando criança também os queria para sua coleção, mas não achou uma boa ideia arranca-los do rosto dela, porque com certeza o pai o deixaria de castigo não por semanas, mas pelo resto da sua vida tola. Agora, como mesmo poderia tê-la em seus braços, como poderia estar tocando sua pele tão macia de modo indecente, como podia entrar em seu mundo de modo tão inconveniente e enfiar sua língua em sua boca, e morder seus lábios, e apertar como se fosse uma folha de papel em seus braços até a ver ofegar como um peixinho fora d'água?

                   Margareth Anne Woody não passava de uma garotinha tola, que verdadeiramente acreditava no amor, e que depois dele, pensou, jamais acreditaria novamente. Estaria fazendo um favor a ela, antes ele a lhe fazer algo errado, pois sempre fazia desde pequenos, do que um outro qualquer tolo, idiota e repugnante como o senhor região inferior atrás Valentim, além de que aquela menina precisava saber sobre a verdade por trás do amor, o amor ilusão, o amor ficção literária para vender livros bobos a meninas mais bobas ainda. Acreditava seriamente em algo diferente o que nomeava como desejo.

                    Diego não pôde chamar o que pretendia realmente de vingança, pois não sentia que fosse apenas algo tolo como isto, estava apenas cobrando uma dívida de família, apenas isto. Gostava demais de Heath para odiá-lo, estudavam na mesma instituição, haviam morado juntos algum tempo, e apesar de não serem de conversar muito, ele verdadeiramente apreciava esta espécie de laço entre os dois. Seu primo era um sujeito quieto e quase não falava da vida pessoal, no entanto cresceram juntos, brincaram muito na infância e aprendera a apreciar aquele jeito soturno, e se Margareth era o preço para pagar a divida do irmão que o fosse. Agora o que precisava era de uma maneira de se controlar com aquela garota, pois sentia que aos poucos passava a perder completamente o controle, e talvez não fosse forte suficiente para parar, e este era um risco muito alto. Ela tinha que o querer por vontade própria, pois não era um patife.

                   Com um grande buquê de rosas vermelhas, Valentim apareceu à porta, tinha um sorriso bobo no rosto. Perguntou por Margareth e estava sentado na poltrona favorita do sogro na sala de estar quando a garota chegou. Primeiro pensou que o pai faria uma de suas caretas ao ver aquela cena, mas depois quando viu as rosas seus olhos mudaram. O gesto foi tão delicado da parte do noivo que se surpreendeu. Segurou-as nas mãos e tinham uma cor tão bela que não pode conter um sorriso ao cheira-las, um perfume doce entrando dentro de si como uma sinfonia agradável. Com isto, e os olhos brilhantes o abraçou com força de modo que o surpreendeu muito, e o fez. Beijou-o, tentando apertar seus lábios com força aos dele, circulando seus braços em torno do pescoço a fim de diminuir a distancia, movimentando a boca na dele, até que muito delicadamente ele retirou os braços dela de si e vermelho a encarou.

— Margareth o que está fazendo? Está louca? — Recriminou-a.

— Mas por quê? Isto não é natural? Você não é meu noivo? Vamos nos casar não lembra?— Ela movimentou as mãos no ar tentando a muito custo ser enfática, mas o que queria era sair dali imediatamente e o deixar falando para as paredes.

— Margareth por Deus, isto foi demasiadamente indecente, se portou como se fosse uma...— O tom de voz escandalizado dele, como o tom de voz da mãe, e aquela mesma expressão que ela tinha a deixou horrorizada.

— Uma o que Valentim? Termine, vamos, estou esperando. — Esbravejou ela ofendida. — Uma cortesã talvez? Era o que iria falar a mim? — Completou e viu os olhos do homem arregalarem.

— Margareth, claro que não. Em todo caso vim aqui para resolver coisas com você.

— Que coisas são essas? — Questionou ela, e ele aproximou-se colocando os braços dele nos dela, fazendo-a sentar em outra poltrona de frente para a sua.

— No jantar disseste algumas coisas, algumas coisas que não podem ser certas Margareth, e... Eu estou bastante preocupado.

— Preocupado? Você está preocupado ou sua mãe é que o esta?

— Ohh... Como... Por que é que está me atacando deste modo? Escute querida, minha mãe não tem nada a ver com isto entende? Olhe, quando nos casarmos eu não vou para Londres, tão pouco você o vai, é claro vamos para visitar, mas morar lá está totalmente fora de questão. Eu também estive pensando sabe, e acho que você já que quer tanto pode dar aulas de pianos aos filhos da minha irmã. Eu já até conversei com ela e está tudo acertado. No entanto dar aulas para outras pessoas não, de jeito algum, e tão pouco fazer concertos, tocar por aí. Não quero isto para ti, ou por acaso pensa que não posso lhe dar a vida que merece? Eu posso lhe dar tudo que almejar, joias, carruagens de luxo, vestidos, tudo que me pedir. Claro que com moderação afinal não sou o dono do mundo. — Ele sorriu levemente e ela permanecia calada, seus lábios entreabertos.

— Por acaso Valentim você realmente pensa que me importam vestidos, joias, carruagens e coisas tolas materiais? O que faço com todos os meus sonhos? Você acha que eu conseguiria guardar em uma caixinha de veludo vermelha?

— Querida me escute.

— Não, não Valentim, simplesmente não. Olhe, podemos conversar outro dia, pois eu me sinto indisposta? Minha cabeça começou a latejar. — Pediu ela o encarando com seus grandes olhos azuis. Ele apenas balançou a cabeça e se levantou, mas quando o havia feito ela já havia partido sem sequer leva-lo até a saída.

                   Margareth parou na cozinha em busca de um chá de camomila que pudesse lhe acalmar os nervos. Parecia tão abatida e cansada com ruguinhas pequenas abaixo dos olhos. Respirou fundo, e viu que não havia ninguém na cozinha. Onde estaria a cozinheira ou qualquer um dos empregados? Decidiu fazer por si mesma, afinal no fundo lhe fatigava muito que todos lhe tratassem como uma incapaz fazendo tudo por ela, lhe preparando o banho, lhe vestindo, escovando e mais uma dezena de coisa. Abriu um armário alto, e olhou para milhares de potinhos com varias coisinhas coloridas que não fazia a menor ideia do que eram, até que viu um com flores brancas de miolos amarelos. Devia ser aquilo. Pegou. Escutou um barulho, ignorou um pouco, mas sua curiosidade foi maior. Notou que vinha da despensa. Ia entrar, mas percebeu que a porta tinha uma fresta aberta, quando olhou, preferiu estar cega a ver aquilo, o potinho de vidro escorregou da mão com o susto e se espatifou no chão.

— Acho que alguém nos viu. — Disse uma voz feminina, mas Margareth a este momento estava correndo para longe, pela porta dos fundos que dava direto para o jardim, escondeu-se dentro de um porão externo, puxando as portas com força e as fechando com cuidado. Tudo estava escuro lá dentro, mas por um pequeno buraquinho podia ver o que estava lá fora.

— Quem está ai? — Questionou Diego, e ela o reconheceu pelo calçado, e seu peito se comprimiu. Logo ele partiu, pensando ser um animal que havia invadido a cozinha. Desta vez havia sido bastante descuidado, para não dizer coisa diferente. 

                     Miss Woody, sentou-se a escadinha de madeira do porão, esperando algum momento. Viu algo se mover perto de seus pés, e quase soltou um grito levando as mãos a boca. Seria um rato? A ideia a aterrorizou, contraiu-se todo com espasmos involuntários. É claro que ali em baixo deveria ter todo tipo de criaturas peçonhentas, ninguém entrava ali, e ela só entrara uma única vez, também em outra ocasião para se esconder dos filhos de Juan, os gêmeos que estavam brincando de pega-pega com ela, mas o que aconteceu ali em baixo a deixou tão assustada que jurou jamais faze-lo outra vez. Ouviu vozes, sussurros. Tentou convencer os pais que a casa onde moravam era mal assombrada, mas ninguém nunca lhe acreditou afinal era apenas uma criança, e alias o que poderia ter dentro de um porão? Com estas lembranças escutou um zumbido alto, um zumbido que foi aumentando. Em sua mão sentiu uma picada, gemeu, e logo outra picada, e outra. Abriu o porão rapidamente, mas já tinha recebido tantas picadas que só podia gemer de dor. Algo frio correndo por seu corpo como arrepios. Tinha um enxame de abelhas dentro do porão. Não sabia como elas haviam chegado até lá, não fazia realmente ideia, mas aquilo parecia bem antigo.

                   Fechou as portas de madeira correndo para longe, e ainda sentia levar algumas ferroadas, precisava dar a volta em casa para poder entrar, afinal não podia ir pela cozinha. Começou a sentir-se mal, muito mal, o estomago doía, doía tanto que caiu de joelhos. Sentiu que não conseguia respirar direito, as mãos estavam inchadas como pães. Desmaiou! 



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