ASAN QUO, GUARDIÕES REAIS: TE...

By mitch_prieto

2.4K 297 90

Rick seguia uma vida monótona trabalhando em uma empresa convencional após sua separação conjugal, quando fat... More

Nota do Autor
Um: Uma Mensagem do Além
Dois: Estamos Ficando Sem Tempo!
Três: Let's Rollets
Quatro: Antigo Futuro?!
Cinco: Viemos da Terra
Seis: O Kancarô
Sete: Vamos para a montanha!
Oito: Tatô, Tatô?
Nove: O que há em Trezerg, Glenzer?
Dez: Anza, o desalmado.
Onze: Arkeris terum trarfyka
Treze: O planeta Hoag
Quatorze: O exílio de Otiron
Quinze: Martague, Martagos
Dezesseis: Estrag sa urgh, deden cotrun
Dezessete: Está feito
Dezoito: É Zalek!

Doze: Danton e Naara

59 9 0
By mitch_prieto

Não havia para onde correr, não havia dinheiro, não havia remédio, não havia doença que acabasse com aquela sensação. Não havia um meio de me livrar daquela situação, a não ser o tempo... Talvez o tempo curasse, talvez não... Talvez eu devesse viver com aquela sensação, talvez não... Mas não havia escapatória agora. Ou entregava minha vida à derrota, ou persistia friamente, cegamente, acreditando na esperança de alcançar libertação do que dentro de mim, nos recônditos de minha alma, tentava me derrotar: Eu mesmo.

— Diga de uma vez por todas o que está havendo aqui, Naara! — disse a esse ponto muito bravo.

— Está bem... Calma aí. Vou contar! — disse Naara se afastando de Danton para respirar. — Aquela velha nos disse que iria embora e que nunca mais voltaria... Então resolvemos investigar sua nova loucura. Ela entrou em um carro e nós a seguimos por quase todo esse trajeto de seiscentos e oitenta quilômetros sem que ela percebesse. Nós não queríamos vir tão longe... Mas a vimos falando com um bicho muito estranho e por isso resolvemos continuar. Até pararmos na entrada deste abrigo e sermos descobertos pelos monstros e por mamãe. Não queríamos fazer parte disso, mas ela falou com um bicho nojento que voou até Danton e o mordeu no braço enquanto ele tentava espantá-lo. Depois disso Danton caiu no chão e uma criatura grande e bege me acertou na cabeça e eu desmaiei, acordando quando você começou a bater na porta... Eu não sei o que está acontecendo com Danton, mas olhe para ele! Os músculos dele estão atrofiando aos poucos! Ele vai morrer assim! — disse Naara muito preocupada, chorando enquanto olhava para ele.

— Poxa, Naara. Entendi a situação.

— Baboo, acha que daqui da Terra podemos fazer alguma coisa por ele? — perguntei com poucas esperanças.

— Acredito que nada que tenhamos aqui na Terra possa ajudá-lo... A não ser, as oans na nave de Anza, é claro. Esse veneno é curável com uma ou duas oans — respondeu Baboo. — Ele deve ter sido mordido por um gorgriu, uma criatura parecida com o "morcego" que conhecem. Possui uma aparência horrível... Os gorgrius são muito rápidos! Eles são conhecidos como pássaros do inferno, por sua cor vermelha, orelhas que imitam pequenos chifres, no lugar do nariz um chifre de verdade, asas muito compridas. Não deve ter sido difícil morder Danton. Talvez o sangue de Léa possa ajudar contra isso também. Mas não tenho certeza — sugeriu Baboo aleatoriamente.

— Não estou entendendo nada do que estão falando, Rick! Mas ouvi Léa?! Ela está aqui também?! — perguntou Naara me olhando impressionada.

— Sim, Léa e Isabela também — respondi cerrando os olhos.

— Como você traz sua filha para um lugar tão hostil assim! Você ficou maluco?! Quer que ela morra?! É isso?! — disse Naara indignada me dando uma bronca.

— Não! Pare com seu chilique! Vamos logo atrás de Léa para tentar o que está mais fácil — disse caminhando em sentido à porta.

— Espere! Rick, quem são Danton e Naara?! Eu nunca os vi antes... — perguntou Baboo suspeita.

— Ah, me desculpe Baboo. Deixe-me apresentar-lhes. Baboo, Joel e Anza, essa é Naara e aquele que está na maca é Danton. Eles são meus irmãos mais novos — respondi rapidamente. — Agora vamos, Baboo. E vocês fiquem cuidando dele, por favor!

Eu e Baboo fomos rapidamente para a cantina. As meninas já estavam cansadas de nos esperar e, mal nos viram começaram a reclamar.

— Onde vocês dois estavam?! Onde estão Joel e Anza?! — perguntou Isabela impaciente.

— Léa, acabei de descobrir que Danton e Naara estão aqui, e disseram que minha mãe também está, mas cuidado... Parece que ela não está do nosso lado — informei e alertei-a.

— O quê?! Ela não está do nosso lado?! — perguntou Léa com espanto. — Danton e Naara?! Fazem o que aqui?!

— Depois eu explico, pode ser?! — disse ansioso. — Preciso que você ceda um pouco do seu sangue para Danton. Ele foi mordido por um gorgriu, e Baboo acha que seu sangue pode restaurar a saúde dele.

— Não! Não façam isso... — disse Elgie nos interrompendo. — Ela não pode ceder seu sangue. Fazer isso irá matá-lo de outra forma, mesmo que cure a mordida do gorgriu. A única coisa que poderá salvá-lo dessa mordida aqui na Terra, eu acredito que seja uma oan. Se a oan não salvá-lo, ele morrerá, antes mesmo que cheguemos à Ghore.

— Vamos avisá-los então! Rápido! — apressei-as e fomos até os outros.

Corremos em direção ao último laboratório, onde Danton estava. Todos o viram, e seu estado era de fato crítico, pois ele estava pior que antes... O veneno estava fazendo efeito muito rápido, estávamos ficando sem tempo, novamente.

— Elgie, quanto tempo acha que ainda temos?! — perguntei aflito, verificando a febre no rosto de Danton.

— Não sei! Pelo estado dele talvez meia hora ou menos... — respondeu Elgie incerta.

— Anza, quanto tempo sua nave demora a chegar até nossa localização?! — pergunta Joel com uma ideia.

— Acho que vinte minutos, pela distância — responde ele com pensamento deslocado. — Por que Joel?

Todos encararam Anza que demorou a compreender a ideia.

— Ah, sim! Claro! Farei neste instante...

— Chame-a agora, Anza! Agora! Por favor! — disse Elgie preocupada com o tempo.

— Anza e Joel. Fiquem na entrada do abrigo alertas à chegada da nave — orientei-os. — Naara, Léa e Elgie fiquem aqui olhando Danton. Baboo e Isabela venham comigo. Como está Volt?! — perguntei — ele pode ajudar?!

Volt respondeu com uma expressão de que lutaria se preciso, embora ainda não estivesse completamente recuperado.

— Você vai ficar bom amigão... Agora temos que ir — disse caminhando para a porta do laboratório.

— Espere, Rick! — chamou Naara. — Não entendi nada do que acabou de dizer! O que foi isso?

— Ah, Rick, estamos falando em bélico... — lembrou Léa descontraidamente.

— Naara, explicarei tudo a vocês dois depois — falei prosseguindo com os passos. — Não temos muito tempo!

Saímos dali indo em direção ao depósito.

— Aonde vamos? — perguntou Isabela.

— Vamos para o depósito. Aquela velha deve estar escondida aqui em algum lugar... Vamos achá-la e descobrir por que ela está querendo nos prejudicar, e por que fez isso com Danton — falei cauteloso. — Vamos nos separar aqui — sugeri chegando ao depósito, que estava cheio de caixas e suprimentos —, cada um para um lado... Ela só pode estar por aqui! — disse em tom áspero.

Começamos a procurar por uma senhora de cinquenta anos que compactuava com os mortons. E eu tentava entender o que aquela velha esperava ganhar com essa aliança. Era fato ela nunca ter se preocupado de verdade conosco.

— Nada aqui deste lado! — ouvi Baboo por trás da pilha de caixas.

— Nem deste lado — comentei também. — E aí, Isabela? — perguntei automaticamente.

Nenhuma resposta de Isabela. Vejo Volt pulando sobre uma pilha de caixas, vindo em minha direção. Então fiz sinal para que Baboo se preparasse com o arco, pois Volt não estava com Isabela.

— Isabela?! — perguntei novamente, sacando a adaga da cintura. — Filha, onde você está?!

A velha senhora traidora aparece caladamente com um braço no pescoço de Isabela e o outro segurando uma arma de fogo que encontrara no abrigo, uma pistola de duplo calibre com carregador expandido para maior volume de munições, apontada para a cabeça de Isabela.

— Calma! Ela é Isabela! A minha filha! Sua neta! — disse tentando manter o controle dos sentimentos negativos que afloravam dentro de mim.

— Pouco me importa quem ela seja — disse minha mãe egoísta e mesquinha.

— O que você está fazendo?! Por que continua a segurar sua neta desse jeito?! — disse serrando os dentes de raiva por ver sua atitude. — Você deveria ter vergonha de estar viva ainda! Não apenas trai a sua própria raça... Você trai sua própria família! Por quê?

— Como você ousa falar assim comigo... Quem você acha que é?! — disse a velha gananciosa de um metro e sessenta e quatro, sessenta e cinco quilos, cabelos ondulados castanho-escuros, e olhar de indiferença no rosto.

— Sei exatamente quem sou. E sei exatamente o que terei de fazer se não abaixar essa arma agora! — disse firmando o pé direito à frente do corpo e apertando os dedos da mão esquerda contra a adaga em minha cintura.

Eu estava extremamente bravo, irritado. Ela nunca havia participado em nossas vidas de forma digna e ainda tentava o que eu menos esperava dela... Destruir Isabela, que me era mais preciosa.

— Você se lembra de quando foi embora e deixou tudo para trás?! — falei alto e claro, furioso. — E você se lembra de quando nos culpava por tudo, quando nós éramos apenas crianças?! Você se lembra do nascimento de sua neta?! Não?! Porque você não estava lá! Ninguém sabia onde você estava! Você sumiu depois de nos magoar com suas palavras vazias... E agora retorna para fazer isso?! — explodi todas aquelas palavras cheias de ressentimentos por ela.

— Eu tinha meus motivos... — disse ela puxando Isabela para mais perto de si.

— Calma, papai... — disse Isabela identificando tamanha emoção em minha expressão atípica.

— Motivos...? — perguntei calmamente desta vez, olhando para o chão.

— Rick, você está bem? — pergunta Baboo espantada ao olhar para mim.

Olho para a adaga de Garieus em minha mão e então sinto toda aquela energia negativa proveniente da raiva, do rancor e do medo saírem do meu corpo como suor saindo pelos poros, enquanto a adaga ia se transformando na espada lentamente... Parecia que eu estava vendo tudo em câmera lenta... Podia ver cada centímetro que a adaga crescia em minhas mãos, sentia meus olhos queimando com o vermelho que tomava conta dele e uma quantidade espetacular de adrenalina correndo pelo meu corpo. Ela solta Isabela ao presenciar minha transformação e a deixa ir, espantada ao ver-me transformado. Isabela vem até nós e se junta à Baboo.

— Por que Volt também não se transformou?! — pergunta Isabela.

Volt faz força com o corpo e com o rosto demonstrando que está tentando se transformar, mas não consegue.

— Rick, está aprendendo a controlar... — disse Baboo admirada.

— A controlar o quê?! — indaga Isabela confusa.

A velha então dá dois tiros na direção de Isabela, acertando-lhe o estômago e a coxa, derrubando Isabela no chão, que grita de dor... Vendo a situação a velha diz:

— Era disso que eu precisava! Dessa adaga em suas mãos! Ela vai me tornar invencível e eu poderei dominar a Terra! — disse aquela velha entre risos malignos. — Vamos! Entregue-a!

— Isabela! — grito por ela, a esta altura anestesiado pela energia da espada — O que você fez?!

A velha pega um pequeno controle de seu bolso e pressiona o único botão visível nele.

— Este é o sinal! — A velha solta um riso maléfico. — Em breve esse lugar estará repleto de mortons e assim que acabarem com vocês eu terei minha adaga! — disse aquele ser primitivo nos encarando.

— Não... Você se engana... Esse lugar será seu túmulo! Você não deixará esse Complexo com vida! — disse quase como uma promessa.

— Mas que diabos! O que está acontecendo aqui?! — questiona Léa ao ver a cena.

— Vamos logo! A nave de Anza já chegou e eles estão transportando Danton! Não temos muito tempo! — Léa avisa apressando-nos.

— Nosso tempo já acabou faz muito tempo, Léa... Vocês ainda insistem em salvá-la, quando já a perdemos há muito tempo. Ela será dominada e vocês não poderão fazer nada! — falou ela, o que me tirou fora do sério.

— Não queremos salvar a Terra... Queremos salvar a espécie humana! — disse me virando para deixar aquele lugar enquanto Baboo e Léa ajudavam Isabela a chegar à nave. — Mas nada te importa mais. Não nos veremos novamente — disse dando as costas a ela.

— Você vai matar sua mãe, Rick?! — perguntou aquela senhora completamente alterada. — Não dê as costas para mim! — Ela grita possuída por ódio, disparando alguns tiros em minhas costas. As balas ficam presas somente à minha pele, sem penetrar.

— Não... Não a mataria. Quem se matou foi você mesma — respondi calmamente batendo as balas quentes das minhas costas. — Agora vamos! E você fica!

Com um golpe ágil e inesperado corto algumas caixas de fibra que estavam empilhadas cheias de armamentos e suprimentos, derrubando-as, obstruindo a passagem de saída dela.

— Você não pode fazer isso comigo! Eu sou sua mãe! — gritava a velha tentando escalar sobre as caixas caídas.

Corri até as meninas, e alcançando-as peguei Isabela no colo para continuarmos correndo em direção à saída. O teto começou a tremer com o som de bombas caindo na superfície. Não sabíamos se eram os mortons que minha mãe havia invocado, ou se eram os homens que tinham vindo atrás da nave de Anza. Uma bomba é lançada próximo a nossa saída, destruindo-a quando estávamos prestes a passar por ela.

— Baboo, você que conhece melhor esse lugar! E agora?! Por onde vamos?! — perguntei energeticamente.

— De volta para a plataforma de pouso! É nossa única opção agora. Vamos rápido! — disse Baboo.

— Mas não fica perto do depósito? — perguntou Léa amedrontada.

— É. Próximo de onde deixamos aquela velha encurralada — respondeu Baboo.

— Vamos logo! — apressei-as.

Corremos para a plataforma de pouso usando o mesmo corredor que passava pelos dormitórios. O lugar estava colapsando em ruínas e a energia falhava a todo instante. A plataforma estava intacta, até aquele momento nada havia a acertado.

Quando chegamos à plataforma a última nave Mícron estava decolando e, surpreendentemente, era aquela velha quem a pilotava. Ela não sabia pilotar uma coisa daquelas, então provavelmente havia acionado o piloto automático ou o modo emergência.

— Morram agora, desgraçados! — ouvimos o grito da velha pelo sistema de som da nave. A nave começou a disparar rajadas de tiros contra nós.

— Protejam-se! — Baboo nos avisa, indo ela mesma para trás de um pilar.

— Ela está saindo com a nave e pode acabar acertando a nave de Anza! Rick, temos que pará-la agora! — observou Léa ao esconder-se das rajadas disparadas contra nós.

Baboo pega uma arma enorme que estava em uma das caixas caídas no chão e começa a montá-la...

— Ela vai fugir! Rápido Baboo! Acerte ela! — grita Léa ansiosa e desesperada nos eletrizando com suas palavras.

— Volt, você consegue levá-las até o topo?! — perguntei.

Volt ainda mal, se transforma.

— Baboo, Léa, vão! Subam com Volt e Isabela! Eu vou cuidar dessa mulher... Agora vão! — disse sem dar margem para que questionassem.

Baboo termina de montar a arma e entrega-a a mim.

— Tome, Rick! É só mirar com essa peça triangular e disparar... Você tem dois disparos, depois tem que recarregar as munições pretas! Tome cuidado! Nos vemos na nave de Anza! — disse Baboo ao me abraçar bruscamente e então subir em Volt.

Volt ruge e rapidamente começa a pular nas pequenas plataformas que havia nas paredes. Elas eram aparentemente dispostas como uma saída alternativa de emergência caso não conseguíssemos sair pela entrada principal ou pela plataforma de pouso levadiça, e estavam dispostas nas paredes de forma circular, como degraus, mas com maior distância e altura. Disparei aquela arma de dez quilos contra a nave, mas o piloto automático desviou do tiro que se parecia com uma pequena bola de canhão. Carreguei a munição — que eram bolas pretas de dez centímetros — e mirei na nave Mícron novamente, e novamente ela desviou do tiro. Então carreguei duas outras munições e disparei desta vez na plataforma acima da nave, esperando que desabasse sobre ela. Mirei na Mícron, que automaticamente esquivava dos pedaços de concreto e ferro da parede que voavam por cima. A nave já estava há uns treze metros de mim, e quase saindo do abrigo... Disparei a munição que havia carregado por último, e desta vez acertei-a fazendo-a bater na parede. Para meu infortúnio a Mícron ficou presa nos ferros e fundações que haviam se despedaçado parede a fora.

Comecei então a escalar aquela parede enorme pelos escombros e pelas pequenas plataformas que não haviam sido destruídas... Fiz isso até chegar sobre a nave Mícron, que estava há quatro metros de atingir a superfície. Olhei para dentro da espaçonave arruinada pela queda e aquela velha estava presa ao assento, desacordada... Não tinha a menor pretensão de tirá-la dali, então continuei subindo até chegar ao topo. Antes de chegar ao topo vi o que estava causando todo aquele transtorno. Havia mais de cinco jatos atacando a nave de Anza e alguns mortons que vinham pelo chão tentando entrar no abrigo. Anza e Joel atacavam os mortons e não atacavam os jatos, e não entendia porque eles continuavam atirando contra a nave de Anza. Terminei de subir e avistei Volt correndo com Baboo, Léa e Isabela em direção à nave de Anza. Vi também que alguns mortons haviam mudado o curso, indo agora atrás deles... Anza então desce a nave bem próxima ao chão para que Volt entre na nave.

Estava parado vendo aquela cena quando sinto alguns tiros acertarem minhas costas... Como eu estava transformado, os tiros não atravessaram meu corpo, mas ficaram colados nas minhas costas, ardendo. Olhei para trás e vi minha mãe me encarando com uma metralhadora nas mãos, cheia de sangue na perna direita.

— Você não merece viver depois de tudo... Fique e desfrute o seu fim! — disse virando o rosto para frente e ignorando aquela alma corrompida.

Então ela atira na parede da plataforma sob meus pés, causando o desmoronar do chão, quase me fazendo cair. Consegui me segurar antes que caísse, e na minha frente avistei centenas de mortons vindo em minha direção, e eu tentando me levantar... Aquela velha continuou atirando nas minhas costas, fazendo algumas balas penetrarem desta vez... A dor começou a ficar tão forte que eu acabei por derrubar minha espada sobre a nave Mícron, fincando-se nela. E os mortons quase chegando à saída da plataforma de pouso.

Vi que ela se adiantava para pegar a espada, então pulei sem demora sobre a nave, fazendo ela se soltar um pouco mais dos destroços de aço que a prendiam. Corri até a espada, e ela também, mancando de uma perna. Eu, ao me aproximar da espada, dei um mergulho à frente pegando-a e cortando a arma em suas mãos ao meio.

— Seu verme! Eu vou acabar com você! — esbravejou ela, extremamente furiosa.

— Você realmente não merece viver.. — disse dando-lhe as costas com desgosto.

Neste momento ouvi Joel falar através de Isabela:

— Senhor! Mate-a! Ela não é mais sua mãe, deve matá-la! Ela está longe de ser a pessoa que um dia conheceu, e jamais será a mesma.

Acabei por não dar ouvidos a ele, acreditando que ela morreria naquele buraco por já estar machucada.

— Volte aqui, seu miserável! Não vai me matar? Hei! Estou falando com você! — praguejou ela, furiosa.

— Eu não faria isso... Mas sei agora que você faria — respondi ao baixar a cabeça para meu lado esquerdo.

Ela correu atrás de mim na intenção de fincar o metal da arma cortada em minhas costas... Então virei e empurrei-a para longe com um golpe corporal.

— Não se preocupe mais comigo... Preocupe-se com esses seus amigos! — disse apontando para cima.

Os mortons se jogavam para dentro como a água de um rio flui para a cachoeira. Comecei a subir pelas plataformas me esquivando de todos que podia, golpeando alguns que caiam exatamente em meu caminho, ás vezes até partindo alguns ao meio, demasiada a força. Saindo do buraco que até pouco tempo era uma plataforma de pouso do abrigo, corri em direção à nave de Anza chamando por Isabela, na esperança que ela me ouvisse. A nave estava sendo protegida por algum tipo de escudo magnético que fazia as balas flutuar ao seu redor. Isabela então diz a mim por telepatia:

— Rick, Anza logo vai desativar o campo magnético! Se não, não teremos energia para sair daqui!

— Diga à Anza que atire nos jatos, Isa! Pode atacar! — orientei.

As balas paradas no campo magnético então obedecem à gravidade caindo ao chão, e no mesmo instante Joel e Baboo atacam a nave com seu poder de fogo extraterrestre.

— Sinto muito, amigos... Agora virão reforços... Temos que sair daqui! — pensei comigo.

A nave de Anza vem logo em minha direção, e eu corro dos mortons que estavam desesperados para me destroçar. Anza sobrevoou próximo a mim e quando estava prestes a entrar na nave uma bomba explode logo atrás de mim arremessando-me longe ao chão. Era aquela minha mãe que havia saído do buraco e com o mesmo tipo de arma que eu acertara a Mícron, atirou para me acertar. Assim que caí ao chão vi mais um tiro vindo em minha direção... Levantei e bem rapidamente Volt me dá uma cabeçada brusca e inesperada jogando-me em suas costas, me livrando do segundo tiro. Volt nos levou rapidamente até a nave e partimos.

— Que desespero! — disse Léa aliviada.

— Volt, muito obrigado — agradeci enquanto tentava controlar a dor nas costas.

Elgie veio e me deu um forte abraço.

— Achei que você não sairia daquele buraco com vida depois de vermos tantos mortons caindo por ele — disse Elgie com um tom de afeto em sua voz.

Afastei-me desajeitadamente, fiquei vermelho, Léa notou a intenção de Elgie e Isabela ficou com ciúmes.

— Obrigado pela preocupação, Elgie — disse honestamente.

— Consegui terminar sua bainha! Aqui está! — Ela disse contente, me entregando a bainha.

Ela era muito bonita. Elgie tinha talento com as mãos. Na bainha havia uma gravação com meu nome, usando as três cores que representavam os belacianos: Vermelho sangue, roxo e azul marinho.

— Só uma pergunta... Como uso isto? — perguntei completamente perdido.

— Ah! Desculpe-me, Rick! Você a pressiona contra o corpo no lugar que quer que ela se prenda, e então ela se agarrará àquele local. É só aproximar a espada que ela a puxa. Não se preocupe, ela é a melhor que fazemos! E tem um toque de Ilúa nesta sua, então é especial.

— Obrigado novamente, Elgie. Obrigado, Lumiá! Isso vai ser muito útil para mim. Agora, preciso de uma oan urgente! A dor em minhas costas está insuportável! — reclamei.

Léa rapidamente se adianta do corredor e me oferece uma oan, olhando e mexendo em minhas costas toda ensanguentada.

— Não foi pouco que te machucaram nas costas — comenta Léa impressionada —, mas a oan já está fazendo efeito.

— Como está Danton? — perguntei.

— Está bem, já se recuperou, e logo virá para cá — respondeu Léa.

— E Naara? Onde está ela? — questionei novamente.

— Ela está com seu irmão, Rick. Tente se acalmar, está tudo bem — disse Léa tentando me tranquilizar.

— Ok. E para onde estamos indo agora? — perguntei ainda preocupado.

— Não sei. Vamos ver com os outros — disse Léa.

Saímos então, Léa, Isabela e Volt em direção à cabine, Elgie foi para o alojamento juntamente com Danton e Naara.

— Senhor, ficamos felizes que tenha conseguido! — Joel me apoiou.

— Sim Joel. Também fico feliz, principalmente em revê-los — comentei aliviado.

— Para onde estamos indo agora? — perguntei, tentando me inteirar dos planos.

— Para Tristão da Cunha! — disse Baboo empolgada.

— "Tris" o quê? — perguntou Léa com uma expressão confusa.

— Tristão da Cunha! É uma ilha de dez quilômetros quadrados com menos de trezentos habitantes — respondeu Baboo novamente.

— E como você sabe tanto assim, Baboo? — investiguei.

— Eu sou um gênio! — responde Baboo sorrindo. — E consegui pegar as estacas no abrigo também.

— Muito bem, Baboo! — Assim iremos longe — elogiei-a.

— Joel, temos companhia! Oito naves nos seguindo! — informa Baboo inesperadamente.

— Léa, consegue camuflar essa nave inteira? — questionei ousadamente.

— Não sei, mas posso tentar — respondeu ela receosa.

— Baboo! Pouse a nave, rápido! — disse Anza.

— Vou pousar além desta colina — responde Baboo.

Baboo rapidamente pousa a nave após passar a colina, e Léa sai para tentar camuflar a nave enorme.

— Vamos Léa! Você consegue! Vamos! — dizia Isabela encorajando-a.

— Rick, eles estão quase aqui! O que vamos fazer? — pergunta Baboo.

— Vamos nos camuflar... Aguardem um instante. Ela vai conseguir... — disse concentrado e confiante.

— Senhor... Não vai dar tempo! — disse Joel preocupado.

— Calma... Calma... Calma... — dizia lentamente. — Léa, tem que ser agora... Vamos! Você consegue! — pressionei-a.

— Léa, está funcionando! — notou Isabela toda animada.

Então aos poucos a superfície da nave foi ficando da cor das árvores ao redor. E Exatamente dois minutos depois, aviões caças chegaram lentamente sobrevoando sobre nós verificando se estávamos onde indicava o radar. Eles sobrevoaram alguns segundos sobre nós e então prosseguiram lentamente.

— Não pare ainda, Léa... — adiantei-me.

Passaram-se cinco minutos e então disse à Léa que poderia interromper a camuflagem.

— Eu consegui... — comentou Léa desmontando em cansaço.

Isabela e eu a socorremos, conduzindo-a para dentro da nave novamente. De seu nariz saía sangue... O seu novo sangue.

Então prosseguimos em direção à ilha de Tristão da Cunha. Faltava-nos ainda algum tempo até que chegássemos à ilha, porque Baboo e Anza traçaram um trajeto contornando as cidades e civilizações para evitar alardes.

— Há muitos mortons aqui na Terra, não há?! —perguntou Isabela.

— Pelo visto sim, Isa. E parece uma peste... Quanto mais matamos mais aparecem! — resmunguei.

— Está muito diferente do que da primeira vez, senhor... — comentou Joel pensativo.

— Como assim Joel? O que há de tão diferente? — questionei intrigado.

— Os mortons se instalaram na Terra muito mais cedo do que imaginávamos, eles deveriam estar nesta quantidade aqui na Terra somente daqui vinte anos... — disse Joel apreensivo.

— Gente, olha o que achei no abrigo! — Isabela mostra uma corrente de pescoço com um pingente feio e grande.

— Um colar? — questionei. — É feio não é? Onde arrumou algo tão feio?

— Achei no refeitório, e sim, é feio, mas achei que deveria trazer — disse ela olhando para a corrente de pescoço. — Como essa coisa diferente foi parar lá?

— Posso ver? — pergunta Elgie encostada ao lado da porta.

— Sim, claro Elgie! — responde Isabela indo até Elgie.

Elgie pega aquele pingente feio na mão, assopra, limpa na roupa, olha novamente, e então com sua faca parte-o ao meio...

— Hei! Ele era meu! — disse Isabela brava.

— Tudo bem, Isabela, tome de volta — disse Elgie entregando o colar com o pingente quebrado nas mãos de Isabela.

Isabela pega a corrente com o pingente partido na mão.

— Olhem! Olhem o que tinha dentro desse pingente! — disse Isabela toda alegre.

Dentro do pingente havia uma das pedras preciosas do medalhão Niur. Todos foram vê-la. A pedra era de fato muito linda, da cor amarelo vibrante, de forma octógona e um tanto transparente.

— É uma das sete pedras do medalhão! — disse Baboo empolgada.

— Sim, é mesmo — disse Elgie nada surpresa.

— Como você sabia, Elgie? — perguntou Anza.

— Eu adivinhei pelo símbolo que vi no pingente — respondeu ela.

— E qual é esse símbolo? — perguntou Anza novamente.

— É um triângulo com um octógono no centro e duas estrelas em cada lado do triangulo, e uma estrela no centro do octógono — descreveu Elgie.

— Acho que já vi esse símbolo em algum lugar, mas não me recordo onde... — disse Anza pensativo.

Eu já estava completamente cicatrizado a essa altura, mas meu corpo precisava descansar.

— Se me dão licença, agora que estamos bem vou a algum dormitório descansar. Estou exausto — informei a todos na cabine.

— Mas você não vai comer, Rick?! — questionou Léa levemente ressentida.

— Não agora, Léa. Estou muito cansado para isso. Depois do meu descanso comerei — agradeci sinceramente.

Fui em direção aos dormitórios para recarregar minhas energias, mas no caminho, no primeiro dormitório, encontrei Naara e Danton conversando e se preparando para ir ter com os outros. Quando eu e Danton nos vimos, olhamos fixa e seriamente um para o outro. Com olhos brilhando de afeto nos abraçamos.

— Danton meu irmão! Você está bem! — disse aliviado.

— Rick, meu irmão... Por onde andava? Você me disse que faria uma viagem... Mas não achei que fosse uma viagem espacial! — disse ele um pouco espantado.

— Na verdade, meu irmão, nem mesmo eu sabia que faria tal viagem... E agora não me vejo mais nessa vida terrestre... Muita coisa mudou... Muita coisa aconteceu... — comentei com um sorriso cansado no rosto, com o mesmo carisma de sempre para com ele.

— E essa pequena faca na sua cintura? — Ele indagou. — Se for para se defender, já vou logo avisando que é melhor pegar uma arma! Essas coisas de faca são muito ultrapassadas! Achei que você soubesse disso! — disse ele um tanto decepcionado.

Sorri por um instante...

— Não é uma faca, é uma adaga... E ela é especial! — disse na tentativa de convencê-lo.

— Claro, ela vira uma espada enorme que te dá superpoderes, não é? — ironizou Danton.

— Sim. Ela faz exatamente isso! — confirmei contente.

— Rick, você está pegando pesado agora, não é? — comenta Naara se envolvendo na conversa.

— Vocês acham que estou brincando? Verão o que estou dizendo... — disse com um olhar de suspense. — Vocês devem ir conhecer a nave e os outros, eu estou precisando de um bom descanso e essa viagem vai nos tomar mais algum tempo, então vou aproveitar para recarregar minhas energias.

— Está bem, vamos encontrar com Léa que já conhecemos, e pedir que ela nos guie e nos conte mais sobre essa jornada que vocês têm feito — disse Danton.

Retirei-me daquele dormitório e segui para o próximo. Preparei-me rapidamente para tomar um banho e relaxar. O banho foi a melhor escolha antes de me deitar. Embora não fosse noite, deitei em meu alojamento com a luz apagada e dormi rapidamente.

Continue Reading

You'll Also Like

16 0 1
Prime foi liberto de sua caverna,depois de Derrotar 3 oponentes muito poderosos irá viajar o mundo em busca de um oponente
Runemals By Black Shadow

Science Fiction

5 0 1
Um mundo que já existia pra prosperidade e evolução humana, mas após o dragão cósmico Longive intervir e mudar as regras do mundo, todos os animais p...
1 0 1
Agente X é um assassino Manipulador que está foragido pela antiga Agência dele,Agora ele trabalha por si mesmo E Desvenda todos os mistérios da cida...
17 1 8
Antes de tudo de se formar no nosso universos, eles surgiram, e de deles saciaram às revoltas, maldades, ganância, hipocrisia. E mostra que até o ser...