Doze: Danton e Naara

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Não havia para onde correr, não havia dinheiro, não havia remédio, não havia doença que acabasse com aquela sensação. Não havia um meio de me livrar daquela situação, a não ser o tempo... Talvez o tempo curasse, talvez não... Talvez eu devesse viver com aquela sensação, talvez não... Mas não havia escapatória agora. Ou entregava minha vida à derrota, ou persistia friamente, cegamente, acreditando na esperança de alcançar libertação do que dentro de mim, nos recônditos de minha alma, tentava me derrotar: Eu mesmo.

— Diga de uma vez por todas o que está havendo aqui, Naara! — disse a esse ponto muito bravo.

— Está bem... Calma aí. Vou contar! — disse Naara se afastando de Danton para respirar. — Aquela velha nos disse que iria embora e que nunca mais voltaria... Então resolvemos investigar sua nova loucura. Ela entrou em um carro e nós a seguimos por quase todo esse trajeto de seiscentos e oitenta quilômetros sem que ela percebesse. Nós não queríamos vir tão longe... Mas a vimos falando com um bicho muito estranho e por isso resolvemos continuar. Até pararmos na entrada deste abrigo e sermos descobertos pelos monstros e por mamãe. Não queríamos fazer parte disso, mas ela falou com um bicho nojento que voou até Danton e o mordeu no braço enquanto ele tentava espantá-lo. Depois disso Danton caiu no chão e uma criatura grande e bege me acertou na cabeça e eu desmaiei, acordando quando você começou a bater na porta... Eu não sei o que está acontecendo com Danton, mas olhe para ele! Os músculos dele estão atrofiando aos poucos! Ele vai morrer assim! — disse Naara muito preocupada, chorando enquanto olhava para ele.

— Poxa, Naara. Entendi a situação.

— Baboo, acha que daqui da Terra podemos fazer alguma coisa por ele? — perguntei com poucas esperanças.

— Acredito que nada que tenhamos aqui na Terra possa ajudá-lo... A não ser, as oans na nave de Anza, é claro. Esse veneno é curável com uma ou duas oans — respondeu Baboo. — Ele deve ter sido mordido por um gorgriu, uma criatura parecida com o "morcego" que conhecem. Possui uma aparência horrível... Os gorgrius são muito rápidos! Eles são conhecidos como pássaros do inferno, por sua cor vermelha, orelhas que imitam pequenos chifres, no lugar do nariz um chifre de verdade, asas muito compridas. Não deve ter sido difícil morder Danton. Talvez o sangue de Léa possa ajudar contra isso também. Mas não tenho certeza — sugeriu Baboo aleatoriamente.

— Não estou entendendo nada do que estão falando, Rick! Mas ouvi Léa?! Ela está aqui também?! — perguntou Naara me olhando impressionada.

— Sim, Léa e Isabela também — respondi cerrando os olhos.

— Como você traz sua filha para um lugar tão hostil assim! Você ficou maluco?! Quer que ela morra?! É isso?! — disse Naara indignada me dando uma bronca.

— Não! Pare com seu chilique! Vamos logo atrás de Léa para tentar o que está mais fácil — disse caminhando em sentido à porta.

— Espere! Rick, quem são Danton e Naara?! Eu nunca os vi antes... — perguntou Baboo suspeita.

— Ah, me desculpe Baboo. Deixe-me apresentar-lhes. Baboo, Joel e Anza, essa é Naara e aquele que está na maca é Danton. Eles são meus irmãos mais novos — respondi rapidamente. — Agora vamos, Baboo. E vocês fiquem cuidando dele, por favor!

Eu e Baboo fomos rapidamente para a cantina. As meninas já estavam cansadas de nos esperar e, mal nos viram começaram a reclamar.

— Onde vocês dois estavam?! Onde estão Joel e Anza?! — perguntou Isabela impaciente.

— Léa, acabei de descobrir que Danton e Naara estão aqui, e disseram que minha mãe também está, mas cuidado... Parece que ela não está do nosso lado — informei e alertei-a.

ASAN QUO, GUARDIÕES REAIS: TERTÚLIAWhere stories live. Discover now