Treze: O planeta Hoag

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Lembro-me daquele sonho sempre que vejo nuvens escuras carregadas de água. Tive aquele sonho tantas vezes que seria quase impossível não me recordar com detalhes. Eu corria por uma rua larga com objetos plásticos e papéis voando por todos os lados. A ventania contra mim, o céu escuro, devido às nuvens de chuva... Os raios caíam por todos os lados e, muito longe, cerca de sessenta quilômetros à frente, vi nuvens densas que saíam do chão, como fumaça de uma fogueira, mas em proporção gigantesca. Eu alcançava o topo da rua, um raio caía sobre mim e eu acordava... Nunca soube o porquê sonhava tanto com aquele sonho, mas eu sonhava, e sonhei novamente enquanto dormia na nave durante o percurso à ilha de Tristão.

Não sei por quanto tempo dormi, mas acredito que não fora por mais de uma hora e meia. O banheiro estava com a porta entreaberta e o chuveiro ligado. Levantei-me e fui ver quem estava lá, achando sinceramente que fosse Danton. Abri a porta vagarosamente para me certificar de quem estava ocupando meu banheiro. Pelo comprimento do cabelo eu sabia exatamente quem era... Mas o que ela fazia em meu banheiro? Enfim, ela estava lá, e era de fato linda. Seu corpo tinha uma forma única, de beleza rara, parecia que havia sido esculpido à mão. De repente nosso olhar se encontra deixando-me completamente envergonhado, forçando-me a desviar o olhar do corpo despido diante dos meus olhos...

— Desculpe, Rick! Não queria te acordar! Meu banheiro está com problemas, então resolvi usar o seu, e como você estava dormindo achei que não te atrapalharia... — disse Elgie vergonhosa.

— Não, Elgie, de forma alguma, pode usá-lo. Vou encostar a porta para você ficar à vontade — resmunguei com o olhar fixo para o lado.

— Já estou à vontade, Rick, mas faça como quiser. — Elgie respondeu com tom malicioso.

— Tudo bem. Olhei para ela uma última vez e decidi encostar a porta antes que as coisas fugissem de meu controle. Vesti-me e saí do dormitório a fim de encontrar algo para comer antes que chegássemos ao nosso destino.

Enquanto eu ainda andava pelo corredor da nave, vi Léa vindo em minha direção. E logo após passar por mim Elgie sai do meu alojamento. Léa olhou para trás e prosseguiu.

— Tudo bem, Léa? — ouvi Elgie perguntar.

— Tudo perfeito, Elgie! — disse Léa asperamente.

Achei que aquela situação me traria desconforto... Relevei tudo e prossegui. A última coisa que queria agora era uma discussão de relação. O que não existia com ninguém.

Prossegui em direção à cabine para saber qual era nossa situação. Lá encontrei todos, menos Léa e Elgie que haviam ido para seus dormitórios.

— Estou de volta, pessoal! — disse animado. — A que distância estamos da ilha de Tristão? Atualizem-me, por favor — questionei.

— Estamos a exatamente dezenove minutos da ilha, Rick — respondeu Baboo prontamente.

— Certo. Obrigado, Baboo! Já sabemos onde está o portal? Temos algum Complexo aqui em Tristão? — prossegui.

— Eu sei que há um Complexo, mas sinceramente não vi onde fica. Sei onde fica o portal — respondeu Baboo novamente.

— Sem problemas, Baboo. Não temos a intenção de ir até o Complexo em Tristão de qualquer forma — disse despreocupado. — Mas o portal, onde está? — prossegui.

— Estou levando-nos às coordenadas indicadas, e, me parece que ele fica num lugar alto... — respondeu ela suspeita.

— Muito bem, Baboo. Não queremos perder tempo, então nos leve diretamente ao portal, tudo bem? — disse firme.

ASAN QUO, GUARDIÕES REAIS: TERTÚLIAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora