Dezessete: Está feito

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Já estávamos nos acostumando com aquela rotina... Matar monstros, levantar recursos, descobrir lugares, desvendar mistérios... Isso havia se tornado nosso dia a dia... Nossa rotina.

— Para Belácia, pai? — perguntou Isabela, chamando-me novamente de pai.

— Sim, filha... Mas por que agora me chama de "pai" ou "Rick"?! Por que a mudança grotesca?! — perguntei quase me sentindo ofendido.

— Não é grotesca, pai! É mais madura... E fique tranquilo, eu sempre vou ter o mesmo apreço por você! — disse Isabela sorrindo agradavelmente.

— Hum, ok minha menina... — disse com um aperto no coração, abraçando-a carinhosamente.

Eu sabia que eram leves indícios de que ela estava amadurecendo, e confesso que me trazia medo. Não medo de que ela fosse capaz de seguir sozinha... Não, não era isso. Era medo de perdê-la... Medo de simplesmente perder meu espaço em sua vida.

— Rick? ... Rick? ... Rick! — Léa chamou-me.

— Desculpe! Estava com a cabeça em outro lugar... — justifiquei-me.

— Tudo bem... Você deveria ir até a cozinha. O tal do Cerilax está acordado e Joel quer falar com você — avisou Léa.

— Ok. Muito obrigado, Léa! — agradeci ainda um pouco perdido.

Fui em direção à cozinha, e encontrei Joel esperando por mim no corredor próximo à porta.

— Senhor, tem certeza de que vamos fazer isso? — questionou ele se referindo a deixar Cerilax em Martágue.

— Sim, Joel. É o melhor a ser feito por agora. Ele certamente irá compreender. Deixe-me falar com ele — disse passando por Joel para entrar na cozinha.

— Senhor? — disse Cerilax acordado.

— Por favor, Governador, não me chame assim. Pode me chamar de Rick — disse humildemente.

— Poderia ser solto agora? Essas cordas estão apertadas. Sinto-me um pouco melhor agora — pediu Cerilax.

— Sim, Cerilax. Na verdade, pretendemos deixar-lhe em Martágue. Não podemos levá-lo até seu planeta, pois não somos bem-vindos lá, nem podemos levá-lo à Belácia, pois você não é bem-vindo lá — tentei explicar a ele a situação em que nos encontrávamos.

— Entendo... Poderia dar uma sugestão? — disse Cerilax apreensivo.

— Pode falar — respondi abertamente.

— Sua nave possui sistema de projeção? — perguntou Cerilax.

— Creio que sim. Por quê? — retruquei.

— Ótimo! Então poderiam me ejetar em Taturô? Lembro-me de uma nave que deixamos no planeta... — sugeriu Cerilax.

— Está bem. Se isso vai te ajudar podemos fazer desta forma — concordei.

— Deixe-me soltá-lo. Você deverá ficar perto de mim até que chegue o momento de ser projetado para Taturô, ok? — disse recuando.

— Está bem — concordou Cerilax.

— Nem todos te querem bem nesta nave. Agora vamos — disse ao cortar-lhe as amarraduras.

Dirigimo-nos até a cabine. Queria saber quanto tempo levaria para chegarmos até Taturô, e como faríamos para projetar Cerilax da nave.

Quando entramos a cabine de navegação os olhos de Elgie estalaram e focaram Cerilax, que se sentiu intimidado.

— O que esse assassino está fazendo aqui entre nós, Rick?! — disse Elgie sem cautela, agressiva.

ASAN QUO, GUARDIÕES REAIS: TERTÚLIAWhere stories live. Discover now